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domingo, 15 de novembro de 2015
Aforismos lógicos sobre melancolia e depressão
O amor fatalista/realista pela vida versus a desilusão absoluta...
O melancólico ama a vida e é por isso que tanto sofre. Por sentir tamanho realismo quanto às suas percepções e suas memórias internalizadas/vivências, contato direto/ profundo com tudo aquilo que está ao seu redor, que interage consigo, o melancólico caminhará para se tornar um apreciador inquisitivo quanto à beleza da vida e do sofrimento que ela nos causa, a busca incessante pelo sentido, porque o mesmo se traduz em certeza. O melancólico assim como outros tipos próximos a si em termos de natureza enfático-perceptiva, é profundamente ligado à pureza da realidade, não se deixando engolfar por distrações artificiais fabricadas pelas civilizações humanas. O pensamento positivo tende a funcionar de maneira excepcional, especialmente em mentes impressionáveis ou que são incapazes de buscarem pelo realismo do existir, mesmo apresentando certa capacidade cognitiva. O pensamento positivo se caracteriza pela construção de pensamentos enfaticamente positivos sobre a fenomenologia, isto é, que desprezam observações negativas e com isso desprezam também a totalidade da realidade percebida que é produzida com base na diversidade de valores que são internalizados, se a memória humana possa ser compreendida sobre esse prisma, isto é, enquanto uma ''aprisionadora'' de ''valores''/vivências ou sensações parcial a predominantemente visuais sobre tudo aquilo que vivemos e que internalizados.
O melancólico é quase sempre um neuroatípico, isto é, que apresenta uma panaceia irregular de sensações existenciais enquanto que o depressivo é quase sempre um neurotípico.
O depressivo raramente passa pela melancolia em direção ao estado de depressão, porque não tem tolerabilidade para suportar por muito tempo este conflito interno constante, em que a mais pura das alegrias se transforma na mais profunda das tristezas a uma base quase que diária. Sendo um neurotípico, o depressivo tende a interpretar o estado de tristeza permanente de acordo com as suas características menos complexas de pensamento.
''Tristeza é ruim, tristeza permanente é pior ainda...''
A melancolia por si só, já pode ser entendida como um ato de criatividade potencial ou criação por se consistir na observação perceptiva e potencialmente criadora dentro de um contexto mental não-eufórico, e geralmente, as epifanias criativas tendem a ocorrer em momentos de euforia.
O melancólico não é um depressivo mas pode se tornar e quando isso acontece, é um mal presságio de que algo de ruim possa acontecer com ele, nomeadamente o suicídio. A melancolia é uma luta e quando se transforma em uma depressão, então isso significará que se terá perdido a luta.
A melancolia também pode ser compreendida como uma ''idealização'' da vida, mas talvez seja melhor vermos esta ênfase perceptiva do melancólico como um hiper-realismo de tudo aquilo que nossos macro-sistemas de crença/pensamento positivo se esquivam de popularizar entre os seus súditos.
A melancolia é uma tentativa de ajustamento dentro de uma constância perceptiva profundamente realista onde que inexoravelmente nos levará até o limbo da lamentação pelo existir sem ter quaisquer certezas que possam nos reconfortar. Metaforicamente falando, o melancólico é como um trem em direção ao precipício sem ter qualquer noção do que terá logo abaixo e tendo toda a consciência quanto à inevitabilidade natural deste caminho chamado vida e também da angústia existencial absoluta, chamado morte, o não-existir dentro de um corpo, de um clausura, de ''não ter'' um sistema pessoal retroalimentável e logicamente coeso (que o sábio tem racionalmente coeso).
Portanto a tristeza do melancólico tende a se dar por causa de seu profundo apego à vida enquanto que a tristeza do depressivo se dá por razões radicalmente opostas, isto é, pelo desapego à mesma. O conhecer é uma das formas mais puras e significativas de amor e o melancólico sabe intuitivamente do valor que a vida tem, ele se torna profundamente angustiado por causa de sua incompreensão (e a todos nós) quanto ao sentido da vida. O valor é incomensurável, o sentido é misterioso e incompreensível.
O depressivo por sua vez tende a ser incapaz de conceber o valor da vida, especialmente da sua.
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