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sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Altruísmo patológico ou empatia subdesenvolvida??

 Vejamos a situação da África em que, segundo projeções da ONU, sua população dobrará de 1 para 2 bilhões até 2050 e para 4 bilhões até o final do século XXI. Pois se os países africanos, especialmente os da África subsaariana, em média, já não conseguem prover o básico para os seus habitantes, imagine quando tiverem se multiplicado?? Além de não existir nenhum padrão consistente de que estejam, em sua maioria, se desenvolvendo, social e economicamente, essa explosão demográfica pode acelerar a destruição do meio ambiente no continente onde mais tem sido preservado. 


Bem, eu estou me colocando na situação de todos os que estão diretamente envolvidos, dos africanos e das espécies não-humanas locais, prevendo que, se essa tendência de crescimento populacional não for interrompida ocorrerá uma tragédia humanitária e ecológica de grandes proporções.  


Já um indivíduo que se define como humanista, do tipo que tem uma fé inabalável pela humanidade, geralmente considerado como mais empático, é possível que problematize esse discurso intervencionista, acusando quem o defende de neocolonialismo ou racismo, argumentando que, apenas os africanos que podem decidir sobre si mesmos, que não podemos interferir na quantidade de filhos que eles almejam ter, mesmo se for para ajudá-los. 


Eu até poderia pensar que se trata de um caso de altruísmo patológico, quando o indivíduo sacrifica ou pensa em sacrificar o seu próprio bem estar em prol dos outros. Mas, agora, vendo por outro ângulo, mais parece ser uma espécie de empatia subdesenvolvida, porque despreza o contexto, e as possíveis consequências dos seus desdobramentos, a médio e longo prazo, enfatizando apenas a perspectiva pessoal, pelo respeito máximo à autonomia dos indivíduos humanos (excluindo os animais, claro...), ao invés de considerar ambos. 


Além do subdesenvolvimento, esse tipo de abordagem empática também parece ser um produto do medo do indivíduo de ser visto como racista ou insensível perante os outros, especialmente por aqueles com os quais compartilha os mesmos valores; do seu narcisismo de querer ser reconhecido como um "bien pensant" e/ou de sua ignorância ao acreditar que está defendendo o mais certo, de estar com a "consciência tranquila". O altruísmo patológico existe, mas esse não é o caso, pelo menos não em um sentido intelectual.


Portanto, esse exemplo mostra que, para ser verdadeiramente empático é sempre preciso levar em consideração todas as perspectivas do contexto que está em análise, do contrário, pode até ser com boa intenção, mas terá lugar cativo no "inferno", se não for baseada no conhecimento sobre a situação, aumentando o risco de causar mais problemas, e sofrimento, do que de atenuar ou eliminar os existentes. 

Introvertido ou lógico? Extrovertido ou instintivo?

 Não é apenas por estar em um ambiente denso de pessoas e estímulos sensoriais que isso pode me sobrecarregar, sendo eu, mais introvertido, porque também depende de quem são essas pessoas e que tipo de ruídos estamos falando. O que realmente me deixa desconfortável é estar em um ambiente em que eu sinto uma atmosfera potencialmente  hostil ao meu redor, principalmente se percebo diferenças comportamentais ou de personalidade marcantes das pessoas, em relação a mim, que estão no mesmo local. Pois parece que a minha "introversão" não é apenas uma preferência para estar sozinho, mas também uma inclinação para pensar e agir de maneira mais lógica e seletiva em interações sociais. Por isso, quando estou ao lado de pessoas com as quais tenho construído relações de maior intimidade ou confiança, eu fico mais relaxado, até para ser eu mesmo, sem que me sinta sobrecarregado. Já quando estou com desconhecidos ou conhecidos que não tenho uma relação muito próxima, eu fico mais travado, preocupado com a opinião deles, com o que podem fazer, e isso me deixa desconfortável. Ainda mais se forem hostis, arrogantes ou desrespeitosos... Claro que eu me sinto ótimo quando estou comigo mesmo. Mas isso não significa que dispense estar em boa companhia, eu só não gosto de estar mal acompanhado. Pois pode ser daí que veio essa ideia de que nós, introvertidos, somos aqueles que, essencialmente, preferem estar sozinhos. Eu acho que não é bem isso. 


Eu também penso que, seu eu tenho poucos amigos não é apenas porque prefiro ter poucos, mas porque percebo uma relativa escassez de amigos em potencial nos ambientes sociais em que tenho transitado. 


Portanto, por essa análise, a personalidade introvertida seria mais como uma personalidade lógico-social, em que as relações interpessoais são mediadas pelo nível de confiança ou intimidade, receptividade ou reciprocidade. Já a extrovertida seria mais como uma personalidade instintivo-social, em que existe uma necessidade intrínseca para estar em ambientes sociais e/ou interagir com os outros. Ou talvez, no caso da introversão, eu esteja falando especificamente sobre o meu tipo...


Territorialidade versus dominância


Outra provável diferença é que a primeira é mais territorial, autocêntrica, intelectualmente autônoma e/ou independente de socialização, enquanto que a segunda é mais dominante, agregadora ou intrusiva, e dependente de socialização, do tipo que tende a disputar o domínio ou protagonismos dentro de espaços sociais, numa roda de "amigos', no ambiente de trabalho, etc... A primeira é mais propensa a respeitar territórios individuais. Já a segunda, por ter esse ímpeto de dominar, de se impor, está mais propensa a desrespeitá-los.  


Eu sei que poderia terminar esse texto sem fazer julgamentos, mas eu acho que a personalidade lógico-social é a mais inteligente, tanto no sentido intrapessoal, por causa de sua maior seletividade, cuidado ou precaução em relação à lugares e pessoas, quanto no interpessoal, porque se relaciona com maior respeito pelo espaço ou território alheio, especialmente quando não se expressa de maneira desequilibrada, sem que o indivíduo se torne excessivamente arredio à interações.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Maturidade filosófica

 Não importa quem você é, onde vive, o que faz, seu nível profissional, educacional, se é rico, classe média ou pobre, se está no ápice da vida ou à beira da morte, porque a maturidade mais importante de todas não é a de ser um vencedor da civilização, mas de enfrentar a realidade, sem tapar os olhos ou reprimir os sentidos. É a maturidade mais simples e decisiva de todas, de apenas seguir a filosofia, em sua essência, de buscar a verdade e nada mais que a verdade, sem cair na tentação de adulterá-la para agradar a si mesmo. E começando com as verdades mais absolutas, de compreender e aceitar que tudo será em vão, que todo sucesso mundano é um castelo de areia sendo consumido pelo tempo, que não há um sentido da vida além ou maior que ela mesma, que não há escapatória, e que o único refúgio é o amor, a amizade e a união. Não é fácil reduzir-se em humildade e apenas aceitar esses fatos, e outros tantos, e ir aceitando, sem discutir, sem lutar, construindo meios de sobrevivência ao acordar do mundo das ilusões e perceber que vivemos no deserto do real (tal como o do filme Matrix), em uma realidade desoladora, porém a mais verdadeira. Mas são muitos os que nunca despertam, que são indiferentes, colaboradores ou protagonistas das mentiras humanas e de suas consequências terríveis. Que agem como delinquentes, irresponsáveis, achando que são os mais maduros.  São apenas os mais loucos. 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

2 tipos de "teoria de conspiração"

 A teoria de conspiração que é uma mentira óbvia


1⁰ exemplo: Terra plana


De que o planeta Terra tem o formato de um disco plano e que essa suposta verdade está sendo escondida por governos e cientistas...


2⁰ exemplo: Reptilianos


De que as "elites mundiais" são seres extraterrestres com aparência de réptil que teriam vindo para o planeta Terra a muito tempo e escravizado a humanidade.


A única parte não-absurda é a de que as "elites" têm, de fato, oprimido e explorado o "povo" ao longo dos séculos.


A teoria de conspiração que é mais um exagero do que uma mentira absoluta


3⁰ exemplo: "Big Farma"


De que a indústria farmacêutica tem como única finalidade lucrar com os medicamentos que produz, que são, em sua grande maioria, ineficientes e até que algumas doenças graves foram inventadas por ela, como a AIDS.


Bem, não é equivocado concluir que, o lucro seja um dos objetivos mais importantes da indústria farmacêutica, por ser uma indústria capitalista, mais até do que "servir ou ajudar a sociedade".  Mas não é verdade que todos os remédios que produz são ineficientes, inventados -única e exclusivamente- para dar lucros aos seus fabricantes. E também não parece factível que a AIDS tenha sido uma invenção de cientistas que trabalham nessa indústria.


4⁰ exemplo: Dominação mundial do povo judeu


É fato e não antissemitismo que, organizações e indivíduos judeus estão super-representados em posições de poder, apesar de seus valores demográficos oficial e comparativamente diminutos (população aproximada de 20 milhões). Mas eles não são os únicos que estão desproporcionalmente presentes em centros de proeminência ou comando, e "fazendo o mal". Apenas veja a desproporção de homens brancos, gentios ou não-judeus, heterossexuais, "conservadores" e  capitalistas nas mesmas posições de destaque...


Também não é verdade que suas contribuições têm sido homogeneamente ruins, de modo que, essa "teoria" de que dominam o mundo sozinhos, e apenas para "fazer o mal", mais parece um exagero do que uma mentira óbvia.

Sobre capitais e inteligência

 Eu fui uma dessas crianças que memorizava nomes de capitais, especialmente as de países europeus e americanos (com exceção para a maior parte das pequenas Antilhas). Isso acontecia de maneira bem lúdica, a partir de brincadeiras com mapas, em que chegava a inventar países, enquanto aprendia mais sobre os existentes. O tempo passou e essa saudável obsessão também seguiu o seu rumo. Só que parte do que memorizei, sem querer querendo,  permaneceu cristalizado na minha mente. Eu me lembro que as pessoas se espantavam quando me perguntavam e eu dizia, sem titubear, o nome da capital de um país pouco conhecido, que eu havia gravado. Isso acontece até hoje. Mas acabei concluindo que, decorar nomes de capitais é uma espécie de "conhecimento inútil", daqueles que servem mais para impressionar os outros ou como curiosidade, do que para algo mais prático na vida. Recentemente, ao voltar a pensar sobre essa minha "habilidade", primeiro, mudei de opinião em relação à sua utilidade já que, em um mundo cada vez mais globalizado, a geografia, bem como a história (enfim, as ciências humanas) mostram-se ainda mais relevantes. Segundo que, talvez, essa "habilidade" pode refletir algo mais sobre a nossa inteligência, em um sentido mais geral, do que apenas memorização específica. Por isso, resolvi pesquisar, mas não encontrei nenhum estudo acadêmico ou científico, nem em inglês, sobre essa relação.


Pois sobrou para mim, pra variar, o atrevimento de especular por conta própria, com base nos (poucos) conhecimentos que tenho acumulado e em raciocínio lógico. Para isso, vou usar as pontuações nos testes de QI apenas como referenciais para a "inteligência", se eu sei que a mesma não se limita à avaliação feita por esses testes.


Rapidamente, é preciso falar o básico sobre QI: que a sua média gira em torno dos 100 pontos, sendo que, mais alta é a pontuação, a priori, "mais inteligente", e o oposto no sentido contrário. E, também, que as médias de QI variam de país para país. Por exemplo, nos "mais desenvolvidos", elas tendem a se situar em torno dos 100 pontos, enquanto que, em alguns, a média está acima desse valor, como é o caso de Singapura que está em torno dos 105 pontos. Em contraste, o Brasil, um país "em desenvolvimento", tem uma média nacional provavelmente menor que 90 pontos, que é considerada baixa. Existem poucos estudos buscando estimá-la. Essa média, portanto, tem sido baseada nesses estudos e, também, no desempenho do país em exames internacionais, que avaliam o nível de ensino das escolas, nomeadamente o PISA.


Pronto, agora irei nos dividir em três grupos: os que não conseguem memorizar nem as capitais mais fáceis; os que conseguem memorizá-las, além de algumas outras, especialmente dos países mais conhecidos; e os que se destacam nessa "habilidade".


Bem, parece lógico pensar que, aqueles que não conseguem memorizar nem as capitais mais fáceis, tal como a do estado ou do país em que vivem, é mais provável que pontuarão baixo nesses testes. Eu estimo uma média de 90 pontos ou menos.


Já, quanto aqueles que conseguem memorizar essas informações básicas, adquiridas especialmente durante a infância e adolescência, é provável que pontuarão mais alto, uma média de 90 pontos ou mais.


Por fim, aqueles que apresentam bom a excelente desempenho nessa "habilidade" é provável que pontuarão acima da média 100 ou, com certeza, mais alto que a população geral, se a maioria das pessoas não parece muito versada em saber um pouco mais, mesmo sobre o próprio país. Por estarmos falando de geografia, um conhecimento importante das ciências humanas, também acho relevante comparar as médias de QI verbal dos maiores memorizadores de nomes de capitais, excetuando a parte aritmética, do que restringir a comparação apenas à média geral de QI. Pois eu aposto que, num eventual estudo, a média verbal deste grupo será maior do que sua média geral.


Sinal muito específico de superdotação intelectual??


Um dos pontos mais interessantes, a meu ver, que também parece ser um dos mais especulativos aqui, é se existe uma correlação positiva entre capacidade de memorizar nomes de capitais e superdotação acadêmica, a priori, definida de acordo com os testes de QI. Mas, por serem habilidades aparentemente tão específicas, eu acredito que, se existe essa correlação deve ser especialmente em relação à parte verbal dos testes, por ser a mais requerida nas ciências humanas. Por isso, continuo  com essa dúvida: se a grande maioria dos "CDFs" são de bons a excelentes memorizadores de nomes de capitais??


Localização geográfica...


Pois parece que, essa "habilidade", de memorização de capitais ou cidades, está intimamente relacionada com a de localizar países em mapas. Por isso, seria interessante saber se esses que conseguem memorizar muitas capitais também apresentam maior facilidade para memorizar outras informações geográficas: indicadores socioeconômicos, demográficos, culturais e históricos... em outras palavras, se, em média, seus conhecimentos geográficos estão em um nível mais aprofundado.

Uma (nova) analogia para explicar o capitalismo e especulação sobre uma hipotética sociedade sem dinheiro

 O capitalismo é exatamente como ter que pagar o pedágio a empresas privadas para que mantenham as rodovias e, também, para poder dirigir nelas, por ser o dinheiro, seu símbolo máximo, um intermediário "obrigatório" entre o desejo ou objetivo e a sua realização, e que está sob monopólio de certos grupos. Apenas pense que o capitalismo é a diferença entre um serviço ser prestado por solidariedade, cooperação e/ou vocação e de ser por interesse financeiro. Entre construir e manter estradas visando o bem comum e de fazê-lo pensando especialmente no próprio bem ou retorno.


O dinheiro representa o valor ou a recompensa pelo trabalho executado. No entanto, sabemos que existem muitas profissões em que o salário não faz jus à sua relevância, e outras em que o oposto acontece. Ou seja, não bastasse o dinheiro substituir uma forma de recompensa que poderia ser mais direta ou honesta, ainda por cima não é meritocraticamente repartido, afinal, se fôssemos colocar na ponta do lápis, concluiríamos que, por exemplo, o trabalho prestado por uma empregada doméstica vale mais do que o seu valor atual, enquanto que a profissão de juiz vale bem menos do que tem sido determinado. Não estou necessariamente defendendo que juízes e empregadas devessem receber os mesmos salários ou que as empregadas devessem receber mais, mas que, pelo menos, as suas diferenças não fossem tão gritantes e injustas...


Mas, pra quê o dinheiro??


Muitos pensam que é necessário por ser um meio eficiente de agilizar trocas comerciais e recompensar, em larga escala, as pessoas pelos seus trabalhos ou contribuições. No entanto, é ingenuidade pensar que o dinheiro foi criado apenas para facilitar as nossas vidas, porque, na verdade, tem sido especialmente para quem o controla. A priori, o maior problema nem seria a sua existência, mas a partir do momento em que é usado como principal critério de poder político, cultural e econômico na sociedade, ao invés do mais ideal, que esse critério fosse as qualidades intrínsecas e logicamente relacionadas com a capacidade de governar com responsabilidade. E só para piorar, aqueles que nos governam e que controlam e organizam as atividades econômicas não são os indivíduos mais capacitados para exercer essas funções tão importantes, pois, graças ao capitalismo, tem-se perpetuado essa ignóbil tradição, herdeira de outros sistemas opressores, como o feudalismo, de deixar sociedades nas mãos dos mais gananciosos e inescrupulosos. Enfim, uma legítima idiocracia sustentada por uma massiva propaganda que visa justamente nos passar a ideia mentirosa de vivermos em sociedades próximas ao ideal de meritocracia (ou da intelectocracia).


Portanto, uma sociedade sem dinheiro até poderia ser possível de existir, mas, primeiro, se a sua "elite", que são aqueles que a organizam e controlam, fosse composta exclusivamente pelos mais sábios, por serem os menos materialistas. Segundo e obviamente, se não existisse nenhum outro intermediador entre desejo e recompensa, além do próprio trabalho, e que fosse suficiente para a aquisição de bens materiais e imateriais, especialmente os mais básicos, que se desejasse e necessitasse. Terceiro, que a recompensa, além da aquisição direta de desejos e necessidades, diga-se, moralmente respeitosos, também fosse a própria satisfação de ajudar ou cooperar na sociedade em que se vive.


Um exemplo provável de mudança ideológica em uma sociedade intelectocrática ou ideal: minimalismo consciente ao invés do consumismo exagerado


Em uma sociedade regida apenas pelos mais sábios, e não pelos mais ricos ou socialmente influentes, o cenário atual de consumismo desenfreado, propositalmente atiçado por empresários e industriais, com o nobre intuito de aumentar os seus lucros, seria substituído pelo minimalismo consciente, em que as pessoas aprenderiam a consumir com parcimônia, dando preferência pelo que é mais essencial, inclusive ajudando a estabelecer e a manter uma relação sustentável com o meio ambiente.


Confrontação de um cenário real de sociedade capitalista com um cenário hipotético de uma sociedade (implicitamente intelectocrática e) sem o monopólio do dinheiro


Imagine que Seu Joaquim tem uma padaria e, para mantê-la, ele precisa de dinheiro que pague os seus funcionários, que compre mercadorias, que pague a manutenção do estabelecimento e as suas contas a partir dos lucros que obtém. Tudo gira em torno do dinheiro. Sem ele, Joaquim não seria ninguém, pois sua vida, assim como as nossas, vale menos que cédulas de papel.


Agora, vamos imaginar que Seu Joaquim não vive em uma sociedade capitalista e sim em uma intelectocracia onde o dinheiro foi "aposentado" de circulação, sendo substituído pela ajuda ou cooperação direta.


Então, sua vida passa a se organizar da seguinte maneira:


Ele tem uma padaria, que construiu e estabeleceu, graças à ajuda de parentes, amigos e vizinhos (a partir de troca de favores e, também, de bens pessoais). O pagamento dos seus funcionários se dá a partir do acesso a uma quantidade calculada porém farta dos produtos da padaria, que recebe de empresas, cooperativas e indústrias, que existem unicamente para servir e cooperar, e não para o acúmulo individual e desigual de lucros aos seus "donos". Se ele e os empregados quiserem adquirir outros bens, eles podem ir nas lojas especializadas. Já os seus clientes também têm acesso limitado, com valores relativamente fixos para a aquisição, aos produtos do seu estabelecimento. Afinal, sua padaria tem como função, alimentar, especialmente a população local, e não para enriquecê-lo, se ele não precisa disso para sobreviver. Também vale o velho e bom escambo, que podem resultar em vantagens extras na hora da aquisição dos bens que ele oferece. Depois de muitos anos mantendo sua padaria com a mesma aparência, ele resolve fazer uma reforma, visando ampliar suas dimensões. Para isso, contrata conhecidos e não-conhecidos para ajudá-lo: pedreiros, engenheiro... Lhes paga com acesso mais amplo aos seus produtos (claro, com tempo limitado desse acesso mais farto, de acordo com o período em que trabalharão lá). As diferenças de padrão de vida entre os indivíduos que exercem ofícios de categorias distintas são muito menores do que as que existem nas sociedades capitalistas. Porque todos têm direito a, no mínimo, uma casa ou um apartamento bonito e confortável, a um emprego estável, inclusive com a possibilidade de mudar de profissão, e acesso garantido a bens materiais e imateriais. Pessoas diferentes podem e costumam ter gostos diferentes. O engenheiro que está como chefe da obra do Seu Joaquim, por exemplo, é músico amador. Ele tem conseguido adquirir (verbo substituto de comprar) instrumentos musicais, vinis antigos... já os três pedreiros contratados não compartilham com o mesmo passatempo.


Tudo nessa sociedade gira em torno da cooperação e da verdade nas relações e não do lucro ou do prestígio social frívolo, ainda que, pessoas com realizações excepcionais, continuem a ser admiradas. De qualquer maneira, todos são admirados, respeitados e recompensados de maneira justa. Todos buscam trabalhar, se não no que mais gostam, pelo menos no que demonstram maior aptidão.


Mas, infelizmente, eu tenho sérias dúvidas de que uma intelectocracia, e sem o dinheiro como principal moeda de troca, como a do exemplo hipotético, funcionaria, ainda mais com essa humanidade que temos por agora, muito irracional. Eu sei que seria muito improvável que esse modelo funcionasse com a existência de sociopatas e psicopatas, livres, leves e soltos e, os mais espertos, empoderados, se é justamente o controle social e econômico por esses sujeitos que têm resultado nas idiocracias em que estamos. Por isso, penso que, o dinheiro, novamente, não é o principal vilão, e sim quem o controla, que ele poderia ser mantido em uma sociedade ideal ou intelectocrática, mantendo apenas a sua função mais básica, que não é de gerar desigualdades exorbitantes e enriquecer uma minoria de abutres.

Racismo "negativo" e "positivo"

 O racismo "negativo" é o preconceito contra certo grupo racial ou étnico.


Exemplo: de se cultivar opiniões sempre negativas sobre a raça negra ou os negros.


Já o racismo "positivo" é o fanatismo por certo grupo racial ou etnia.


Exemplos: de se cultivar opiniões sempre positiva sobre a raça negra ou os negros.


Ambos são lados de uma mesma moeda, da ideia de supremacia ou de perfeição de um grupo, se enfatizado em si mesmo (positivo) ou se em comparação a outros grupos (negativo).


Mas e a possibilidade de se sentir orgulho dos grupos aos quais se associa, como que isso fica??


Eu já comentei que o "orgulho branco" se difere do "orgulho LGBT" porque o primeiro se enfatiza no desprezo por outras raças do que no orgulho por sua própria raça (por mais debatível possa ser esse sentimento). No entanto, mesmo quando há ênfase no próprio grupo, sem ser tendenciosamente comparativo com outros, isso pode acabar gerando essa espécie de "supremacia positiva" ou de fanatismo, e que pode ser em relação à outras categorias, de gênero, por exemplo. Por isso, o racismo positivo precisa ser levado em consideração tanto quanto o negativo, na hora de se buscar analisar e julgar grupos humanos da maneira mais imparcial e justa possível.