Como em "De Volta para o Futuro",
Mas o passado nunca volta
As fotos se transformam
Como aquela do meu batismo
Com os meus padrinhos ao lado
E minhas avós neste mundo
Quer dizer, naquele mundo
De um momento
De muitos que não existem mais
Agora, nos restam: eu e os meus pais
Na foto principal
Em outras fotos: primos e tios que (ainda) vivem
Que ainda compartilham o mesmo ar de existência
O mesmo balão de ilusão e crença
Até que suas faces se tornem sombras tristes
Seus dias, as lembranças dos outros
Até que os outros desapareçam em seus últimos sopros
Se fechando em suas solidões também
Até que os outros dos outros, enfim, que caiam todos na escuridão de um infinito desdém
Por isso, apenas o amor que mantém
Que me equilibra para não cair cedo demais
Que evita que me empurre no mesmo lago, sem água nem fundo
Apenas o amor que irriga minhas veias tão gastas e desiguais,
Meu cérebro tão exaltado,
Meu coração de pulso.
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