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terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Alienação à direita, à esquerda e a iluminação filosófica

 As ideologias de direita e de esquerda defendem por duas perspectivas incompletas e opostas da realidade, que se completariam se entrassem em um entendimento mútuo. Em outras palavras, elas são partes de um mesmo todo que é a iluminação filosófica, a busca pelo conhecimento, sem filtros ideológicos de qualquer espécie, especialmente sobre as questões mais importantes (as mais básicas), muito disputadas por essas ideologias. 


Igualdade e desigualdade


A alienação de direita foca excessivamente nas desigualdades ou diferenças hierárquicas, naturais ou artificiais, no sentido de inferioridade, equivalência ou superioridade. Já a alienação de esquerda foca excessivamente na igualdade, diga-se, muito mais na igualdade humana do que também considerando as outras espécies.


A esquerda é uma tentativa de transcender a direita, mas, na verdade, só tem substituído uma alienação por outra, porque ao enfatizar a realidade da igualdade passa a ignorar e/ou a distorcer a realidade das desigualdades. 


Em suma, a direita supernaturaliza a desigualdade e desnaturaliza a igualdade, e a esquerda faz o oposto: supernaturaliza a igualdade e desnaturaliza a desigualdade; porque sobrepõem seus ideais (a direita, o ideal de hierarquia e a esquerda de igualdade) especialmente sobre os fatos que consideram inconvenientes.


Por exemplo, enquanto a direita, particularmente a extrema direita,  supernaturaliza as nossas diferenças comparativas e/ou hierárquicas (sociais, raciais, cognitivas, especistas, etc) e despreza que também somos todos iguais, em essência, seres vivos/humanos e (muito provavelmente) finitos, a esquerda supernaturaliza a nossa igualdade e, como consequência, despreza justamente as diferenças que a direita exalta.


A alienação é a ignorância, o desprezo, o desconhecimento. Ambas a praticam só que para lados ou perspectivas diferentes. 


A transcendência é a superação, o avanço a um nível superior. A esquerda, ao substituir uma alienação por outra, simplesmente não consegue superar o nível de compreensão parcial da realidade no qual se encontra a direita.  


Essência e aparência


A essência é aquilo que é mais importante, universal, primordial e decisivo; é a perspectiva mais profunda da realidade (é a impermanência de tudo e, então, a igualdade de tudo). A igualdade e, portanto, a essência de toda vida é a de viver e morrer, de ter um princípio e um fim.


A aparência é a perspectiva mais superficial da realidade; é aquilo que é imediatamente cognoscível aos sentidos. A aparência, mesmo sendo concretamente causal, também é uma ilusão. Por exemplo, a aparência das diferenças hierárquicas e/ou desiguais das espécies em comparação à essência que têm em comum, de serem vidas.


Apenas o ser humano que, por causa de sua inteligência, é capaz de reconhecer a igualdade da essência, de ver além das aparências.


Pois a esquerda tende a enfatizar pela igualdade da essência e se alienar à desigualdade das aparências. E, por sua vez, a direita se aliena à igualdade da essência enquanto se excede com a desigualdade das aparências. A iluminação filosófica é o exercício de considerar e lidar com ambas as realidades, da essência e das aparências, abolindo todas as alienações. 


Exceções às regras 


A esquerda, especialmente a esquerda identitária, busca celebrar a diversidade de tipos culturais, físicos e comportamentais humanos, claro, nomeadamente os que estão de acordo com a sua ideologia; uma ênfase pela diferença que tende a ser mais positiva ou não-comparativa.


A direita, especialmente a tradicional, tende a promover pela inibição da individualidade e, então, da diversidade de comportamentos em prol da conformidade à sua doutrinação; uma forma mais autoritária ou negativa de igualdade, mais no sentido de uniformização. 

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