A média de QI do povo brasileiro é de uns 87. O da Suécia está em torno de 100. Esse é um dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento de uma nação, ter uma população, em média, tecnicamente mais inteligente. Em círculos menos politicamente incorretos, aponta-se para a educação como o principal responsável pelo "sucesso'' de um país. Mas, independente se é mais o ambiente ou a biologia que explica a Suécia contemporânea, o que importa é que, desde que a pandemia de covid-19 começou, o seu governo e a sua população têm "patinado" de maneira considerável para compreender essa situação extraordinária e lidar com ela da melhor maneira possível. Porque, se é de uma doença nova, contagiosa e perigosa para certos grupos, que estamos falando, então, o bom senso nos aconselha que devemos conter a sua propagação ao invés de deixá-la solta, fechando fronteiras e impondo quarentenas, que são opções historicamente eficazes e viáveis. Pois tem sido justamente o oposto que esse país tem feito, mantendo tudo aberto, incluindo escolas e comércio, e com o apoio predominante da população...
Bem, logo no início da pandemia, por causa do pouco conhecimento sobre essa doença, ainda existia alguma brecha para tomar decisões alternativas ao que já estava sendo defendido pelas autoridades científicas e sanitárias mais competentes, de conter a propagação de um vírus contagioso pelo método mais conhecido, com distanciamento social e imposição de quarentenas. No entanto, especialmente quando chegou na Europa, foi constatado que não havia uma melhor maneira de lidar com essa situação. Então, a partir do desenrolar dos acontecimentos, cada mito ou desinformação sobre a covid-19 começou a cair, um por um...
... menos em alguns lugares.
1⁰: de que seria tal como uma gripe comum.
Pois a matança que tem provocado, desde os primeiros surtos, na China e na Itália, nos mostra que não são doenças equivalentes.
2⁰: de que já existem remédios capazes de tratá-la.
Se até meados de 2021 (DC), em que estamos, ainda não foi inventado nenhum remédio capaz disso...
3⁰: de que só é perigosa para idosos e pessoas com comorbidades.
Bem, já temos visto muitos casos de jovens aparentemente saudáveis que morreram de covid.
4⁰: de que assintomáticos e crianças não podem transmitir esse vírus.
Podem sim.
5⁰: de que máscaras não funcionam para proteger da contaminação.
Estudos têm comprovado o que, pelo bom senso, já se sabia, de que sim, elas funcionam, apesar de não serem infalíveis.
6⁰: de que, se até 70% da população se infectar, o vírus perderá a sua força.
Manaus (infelizmente) já nos mostrou que não, porque além de acontecerem casos de reinfecção, também têm os 30% de indivíduos sem anticorpos que continuarão vulneráveis.
E 7⁰: de que apenas os países que impuseram quarentenas e fechamento de fronteiras terão consequências econômicas negativas.
Bem, a Suécia não se fechou em nenhum momento e, mesmo assim, em 2020, teve uma queda do PIB similar à dos outros países nórdicos, que praticaram medidas de contenção do vírus.
No entanto, quase todos esses mitos continuam a predominar sobre os fatos correspondentes, até agora, tanto nas tomadas de decisões do governo quanto no senso comum do povo sueco, cabendo ao primeiro apenas continuar vagamente recomendando o distanciamento social.
Resultado, desde o início da pandemia até a metade deste ano de 2021 (DC), a maioria continua sem usar máscaras nas ruas e sem praticar o distanciamento que deveria fazer. Consequentemente, o número de contaminações e mortes tem sido muito maior do que nos países vizinhos, com populações parecidas em tamanho.
Tudo parece indicar que o desgoverno daquele país tem, secretamente, imposto a "estratégia" da imunidade natural de rebanho, sabotando qualquer medida que controle o surto e/ou enganando a população para que se exponha ao contágio sem saber das reais/possíveis consequências.
Os relatos que tenho lido de suecos e estrangeiros que vivem naquele país parecem realmente indicar que a maioria da população tem acreditado e, da maneira mais acrítica e ingênua possível, nas desinformações que o seu governo tem transmitido e, então, aderido à elas tal como se fossem verdades absolutas.
Lembre-se de que estamos falando de um país cuja média de QI gira em torno de 100...
Não é apenas na Suécia que as pessoas têm desrespeitado essas recomendações básicas, mas é o único lugar em que isso tem acontecido com o total endosso do próprio governo (incluindo autoridades estaduais e municipais) e, pelo que parece, da maior parte da população, o que, com certeza, se consiste em um fenômeno aparentemente contraditório, se tratando de um lugar conhecido por seu nível civilizacional avançado, que se diz tão orgulhoso de sua "racionalidade superior". Pois sua reação tem sido tão patética que eu até estou duvidando seriamente da qualidade do seu sistema de ensino, já que, com base nesse comportamento coletivo pra lá de irracional, parece que não tem ensinado à população a cultivar uma saudável desconfiança do seu governo e a pensar de maneira cientificamente correta, pelo uso sistemático do pensamento lógico-racional.
Já para quem também pensa que a média de QI é um fator relevante para explicar a inteligência de um indivíduo ou de um povo, definitivamente não tem feito grande diferença ter uma média boa, pelo menos no caso da Suécia, por exemplo, e se comparado ao Brasil. Até pelo contrário, se muitos dos que mais têm acreditado e propagado desinformação sobre a covid-19 são justamente os que, segundo as pontuações em testes cognitivos, deveriam ser os menos prováveis a cometer esses equívocos crassos.
A conclusão mais plausível que eu tenho chegado, e desde a um bom tempo, é a de que, mesmo se existe uma correlação positiva e até lógica entre maior inteligência ou QI e melhor inteligência ou racionalidade, ela não parece ser tão robusta assim, mediante a grande quantidade de pessoas com pontuações elevadas em testes cognitivos que têm se deixado enganar por notícias falsas ou desinformações potencialmente perigosas, e não apenas sobre a pandemia. Pois mesmo com uma população muito mais educada e, aparentemente, mais inteligente que a do Brasil, a Suécia, seu governo e o seu povo, em média, tem agido igual ou até pior do que "nós", brasileiros.
Para efeito básico de comparação, finalmente e pelo menos por agora, parece que a maioria do povo brasileiro está insatisfeita com as ações do "nosso" desgoverno. Enquanto que, segundo uma pesquisa recente, a maioria dos suecos continua serenamente satisfeita com as medidas que têm sido adotadas pelo seu desgoverno...
QI alto sem racionalidade quase sempre tem efeitos deletérios na capacidade do indivíduo de usar a sua inteligência, diga-se, com inteligência, pois, com esse perfil, ele costuma se encher tanto de autoconfiança que acaba adotando o hábito insalubre de racionalizar suas crenças de maneira excessiva, tomando-as como verdades incontestáveis, do que, com humildade, "apenas" buscar por fatos, ser autocrítico ou aceitar quando está errado. Pois mesmo quando ou se age com leviandade, sabendo das consequências das suas ações, porque o cerne da razão é justamente a sanidade ou a lucidez básica de sempre preferir pela verdade do que pela mentira, mesmo e ou especialmente se não corresponde com o que gostaria.