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quarta-feira, 5 de agosto de 2020

A verdade essencial sobre os testes de QI


Os testes de QI, em essência, mensuram nossa capacidade de uso das ferramentas culturais ou abstratas, inventadas pelo ser humano para se comunicar, categorizar/organizar e compreender as coisas do mundo, basicamente as linguagens: escrita ou vocabulário, matemática e espacial (com exceção da linguagem falada). E, para isso, todos nós temos que ter ido à escola ou expostos ao aprendizado dessas ferramentas, especialmente durante a primeira infância. Do contrário, não poderemos usá-las com o mínimo de proficiência, por exemplo, quanto ao meu "QI verbal" em mandarim que, com certeza, está em torno de 0 pontos.

Da mesma maneira que não existiriam tenistas se não existisse o "Tênis" e suas regras. Ainda assim, é possível perceber que algumas pessoas se destacam mais na prática desse esporte, tanto por esforço repetitivo quanto pela descoberta de uma facilidade mais intrínseca [aliás, um tende a levar o outro].

O mesmo para a inteligência (acadêmica).

Portanto, quando dizem que o componente genético "ou' de "herdabilidade" de nossas pontuações em testes cognitivos gira em torno de "30% a 70%" com base em estudos com gêmeos idênticos,  não compreendem que os testes de QI não refletem um conjunto de instintos 100% naturais, mas uma combinação de potencial biológico associado à existência dessas ferramentas.

QI é muito parecido com o esporte*

A principal diferença é que essas ferramentas culturais são de vital importância para que o ser humano possa se desenvolver e se reconhecer como tal**, enquanto que ninguém precisa aprender a jogar tênis a partir de 1 ano de idade para alcançar esse objetivo.

* outro exemplo é a capacidade de aprendizado em informática, cada vez mais importante. Talvez até poderíamos pensar em um QI de informática.. (neste, também não me sairia bem).

** novamente, com exceção da (qualidade da) linguagem falada ou comunicada que os testes não mensuram;

-Também me refiro, evidentemente, às linguagens inventadas para ajudar pessoas com deficiência a se comunicarem.

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