Os testes de QI, em essência, mensuram nossa capacidade de uso das ferramentas culturais ou abstratas, inventadas pelo ser humano para se comunicar, categorizar/organizar e compreender as coisas do mundo, basicamente as linguagens: escrita ou vocabulário, matemática e espacial (com exceção da linguagem falada). E, para isso, todos nós temos que ter ido à escola ou expostos ao aprendizado dessas ferramentas, especialmente durante a primeira infância. Do contrário, não poderemos usá-las com o mínimo de proficiência, por exemplo, quanto ao meu "QI verbal" em mandarim que, com certeza, está em torno de 0 pontos.
Da mesma maneira que não existiriam tenistas se não existisse o "Tênis" e suas regras. Ainda assim, é possível perceber que algumas pessoas se destacam mais na prática desse esporte, tanto por esforço repetitivo quanto pela descoberta de uma facilidade mais intrínseca [aliás, um tende a levar o outro].
O mesmo para a inteligência (acadêmica).
Portanto, quando dizem que o componente genético "ou' de "herdabilidade" de nossas pontuações em testes cognitivos gira em torno de "30% a 70%" com base em estudos com gêmeos idênticos, não compreendem que os testes de QI não refletem um conjunto de instintos 100% naturais, mas uma combinação de potencial biológico associado à existência dessas ferramentas.
QI é muito parecido com o esporte*
A principal diferença é que essas ferramentas culturais são de vital importância para que o ser humano possa se desenvolver e se reconhecer como tal**, enquanto que ninguém precisa aprender a jogar tênis a partir de 1 ano de idade para alcançar esse objetivo.
* outro exemplo é a capacidade de aprendizado em informática, cada vez mais importante. Talvez até poderíamos pensar em um QI de informática.. (neste, também não me sairia bem).
** novamente, com exceção da (qualidade da) linguagem falada ou comunicada que os testes não mensuram;
-Também me refiro, evidentemente, às linguagens inventadas para ajudar pessoas com deficiência a se comunicarem.
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