Nos últimos anos, o fascismo tem sido usado de maneira excessiva, especialmente por progressistas (inclusive por mim mesmo), para se referir a qualquer regime autoritário e/ou tirano. No entanto, este é um termo específico de um lugar e período históricos: a Itália do entre-guerras da primeira metade do século XX e, portanto, não deve ser generalizado como se fosse sinônimo primário de autoritarismo. O ideal é o de buscarmos por termos mais abrangentes, sem endereço fixo na história. Por isso que, neste breve texto, irei introduzir minha proposta para solucionar esse equívoco que se tornou prática comum no cenário político. Os dois termos substitutos para o fascismo são:
Ultraconservadorismo e autoritarismo extremista
O autoritarismo extremista é todo regime político, cultural e/ou econômico em que, diálogo, conciliação ou concessão (em busca da justiça ou verdade) não são regras fundamentais em sua dinâmica social e que não tem como objeto principal a maximização do bem estar de todos os indivíduos e grupos que constituem uma sociedade.
Os únicos sistemas ou ideologias conhecidos que são, EM TEORIA, os menos autoritário-extremistas, são: a democracia (moderna) e o comunismo.
O que difere o fascismo do capitalismo é que o primeiro enfatiza seu autoritarismo no aspecto cultural e o segundo no econômico.
Fundamentalismo religioso, absolutismo monárquico e pseudo-comunismo também são autoritarismos extremistas.
Além do fascismo, o nazismo, o absolutismo monárquico e o fundamentalismo religioso também são ultraconservadores.
O ultraconservadorismo é a exacerbação de características comuns ao conservadorismo:
- Obediência ou submissão absoluta às autoridades com base em pouco ou nenhum diálogo entre as partes envolvidas;
- Supressão da individualidade, supostamente em prol do coletivo (na verdade, é em prol das "elites" dominantes). Uma falsa dicotomia;
- Divisão radical dos grupos sociais em: elites "naturais", "asseclas" (classes que sustentam e defendem as "elites"), "marginalizados" e "inimigos da nação" (opositores), visando justificar exploração e opressão, especialmente em relação aos dois últimos (alienação existencial);
- Especismo: tratamento predatório ou conveniente em relação ao meio ambiente, flora e fauna: seres vivos não-humanos, domesticados e silvestres;
- Anti intelectualismo: o conhecimento apenas como um meio para manter o poder ou domínio social das elites, sem se preocupar, de fato, com a melhoria constante da sociedade e de sua compreensão sobre o mundo. Verdades "inconvenientes" sempre descartadas. A arte é reduzida à mera figuração estética e a moralidade relativizada. A filosofia, portanto, é substituída por uma mitologia, em seu papel de guiar nações.
Uma intelectocracia também seria autoritária e extremista??
O ideal não é perguntar se seria ou não autoritária e extremista, mas o quão, para quem e por quais motivos ou intenções. Afinal, é inevitável que ocorram imposições e medidas duras. O que diferencia uma tirania, como o fascismo, e uma sociedade moralmente correta, é a gravidade das consequências das decisões que são tomadas pelas autoridades, mesmo sem participação efetiva do "povo". A intelectocracia, conceitualmente, se assemelharia ao comunismo e à democracia moderna, por também ser favorável pelo bem estar de todos (que o merecerem por suas ações).
Impor medidas ou ordens que causarão sofrimento desnecessário e por razões torpes = tirania
Impor medidas ou ordens mesmo depois de ter havido diálogo e tentativa de conciliação mas que é para o bem de todos os envolvidos = democracia moderna, comunismo e intelectocracia (em teoria e por prática absolutamente alinhada à teoria).
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