Nem totalmente à esquerda,
Muito menos à direita
A trilogia de filmes Matrix é uma brilhante metáfora filosófica originalmente pensada para criticar o sistema capitalista (e, por tabela, a sociedade conservadora que o mantém), perceptível pela multidão de engravatados andando nas ruas daquela Nova Iorque de mentira, projetada nas mentes dos escravos humanos; pela diversidade étnica da única cidade livre, fora da matrix, Zion; e pela analogia do ser humano comum como um pilha de energia explorada por "elites" maquiavélicas (máquinas). No entanto, desde que o último filme da franquia foi lançado, em 2003, algo esquisito começou a acontecer com a sua tão celebrada metáfora: sua usurpação por políticos e ideólogos de direita. Tal como se tivesse sido cooptada por senhores Smiths. Não digo que esteja totalmente desprovido de lógica compará-la com o politicamente correto.. das esquerdas progressistas, que distorce, nega ou manipula certas verdades que consideram "inconvenientes" aos seus ideais e que ganhou muita influência nas últimas duas décadas. No entanto, os que se agarram à essa reinterpretação, se esquecem que também existe um politicamente correto conservador que tem sido imposto goela abaixo por séculos a fio, e que é tão ou mais problemático que o da esquerda autodeclarada iluminista. Portanto, esse discurso de ser a favor da liberdade do indivíduo ou contra (qualquer forma de) exploração, opressão e alienação (Matrix) é hipócrita e/ou ignorante, se o que de fato defendem é a volta do PC deles. Isso, por acaso, é o mesmo que escolher pela famosa pílula vermelha, da verdade??
Certo que não.
Pois, ao tomarmos a verdadeira pílula vermelha, seguindo a metáfora, sairemos de nossas próprias "matrizes" ou bolhas de auto-conformidade ideológica, em que nossas opiniões subjetivas hegemonizam e limitam nossa capacidade de compreensão objetiva e essencial (ou filosófica) da realidade, se quase sempre se sobrepõem à busca honesta por verdades objetivas para, então, entrarmos no único mundo em que existimos, do hiperrealismo, onde são as verdades mais importantes, as existenciais, que passam a ser prioridades em nossas vidas. Ateísmo e justiça//harmonia social, portanto, se tornam fundamentos absolutos, afinal, quando deixamos o labirinto das cadeias alimentares e percebemos que só existe uma vida finita e frágil para viver, e que isso nos faz essencialmente iguais, egoísmo e divisionismos absolutos deixam de fazer sentido. Pela pílula vermelha, nos tornamos muito mais progressistas do que conservadores No entanto, também não caímos no outro extremo de apagarmos os equívocos e crimes cometidos supostamente em nome da justiça social, por exemplo, ditaduras como a de Stálin, nem as distorções de verdades "inconvenientes" mesmo se bem intencionadas, que são prática comum de muitos progressistas, por exemplo, de que não existem diferenças intrínsecas (porém seletivamente maleáveis) entre as raças/populações humanas.
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