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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Sobre uma dicotomia político-cinematográfica: Blanche (esquerda) versus Stanley (direita) e com muitos "spoilers"

 




Texto originalmente publicado em 22 de janeiro de 2016 em um velho blog e cuja ideia principal irei comentar novamente aqui...



Blanche DuBois é a personagem principal do romance e que também virou filme, Um Bonde chamado Desejo, de Tennesse Williams. Ela é a irmã mais velha de Stella que é casada com Stanley Kowalski, um casal de classe trabalhadora que vive em Nova Orléans. Blanche aparenta ser uma mulher fina, educada e um pouco afetada, enfim, uma dama da alta sociedade. O completo oposto de Stanley, um tipo glutão, bem masculino, cheio de músculos, testosterona e grosseria, típico das classes mais baixas. Stella é a personagem mais equilibrada da trama, uma típica dona de casa, jovem, sensível, preocupada com a irmã que foi morar com ela e emocionalmente dependente de seu marido, Stanley. Aos poucos, a relação entre os três deteriora, chegando ao ponto de ruptura, quando as mentiras de Blanche são descobertas por ele e Stella, grávida, decide se afastar dos dois, ainda mais depois da internação de sua irmã em uma clínica e por não aguentar mais os abusos físicos e psicológicos de Stanley.

Clinicamente falando, Blanche representa um caso de mentira patológica, uma condição psiquiátrica em que o portador apresenta uma necessidade incontrolável de mentir, a ponto de acreditar nas próprias fantasias. Mas ela não é a única desse romance que pode ser diagnosticada com transtorno mental, porque Stanley também se encaixa, particularmente no de personalidade anti social, por causa do seu jeito muito insensível e sádico de ser. 

Então, algum tempo atrás, tive a ideia de associar esses personagens e suas relações, de maneira metafórica, ao espectro político-ideológico vigente no mundo ocidental, em que Blanche representaria certos tipos ou traços comuns à esquerda, tal como um apego à fantasias idealistas (ou irrealismos); Stella representaria o centro, mais silenciosa e coadjuvante, ainda mais em tempos de polarização ideológica, e Stanley certos traços ou tipos de extrema direita, excessivamente sincero e insensível, ao ponto do sadismo. A primeira é mais feminina, artística e intelectualmente inclinada, sensível e mais propensa a mentir para não ofender, especialmente em relação a certos grupos e também sobre si mesma. E o último, o seu oposto, mais masculino, voltado para o mundo físico do que mental e mais propenso a ofender para não mentir (ou dizer a verdade sobre o que pensa e sente), também pelo simples descompromisso de não ser respeitoso com os outros, ainda mais com aqueles que considera inferiores. 

O pseudo e o anti intelectual 

Blanche DuBois, assim como acontece com a esquerda, pretende se passar pelo que não é. Ela, como uma dama da alta sociedade. A esquerda, como detentora absoluta de sabedoria e razão. Ambas, portanto, cairiam numa categoria de anti intelectualismo, de negacionismo da realidade, mas pretendendo não fazê-lo. Já Stanley Kowalski, assim como acontece com a direita, faz questão de ser fiel à própria autenticidade, só que ou por isso fechado para reflexões e críticas. De certa maneira, também acabam negando fatos que não corroboram ou confirmam suas auto imagens. Daí, expressariam um anti intelectualismo, de suspensão do pensamento crítico em prol de suas emoções ou instintos. 

Valendo lembrar que o pseudo intelectualismo é basicamente um anti intelectualismo, só que disfarçado de sofisma.

Como conclusão, ambos(as) negam realidades que não se alinham às suas visões de mundo. Mas, enquanto as primeiras, Blanche e esquerda, pretendem ser ou acham que são o que não são (muito insuficientemente), Stanley e direita fazem questão de serem o que são e apenas isso, desprezando qualquer desvio, independente de sua qualidade ou potencial construtivo. Stella seria a terceira via, ainda que, tal como acontece com o centro no espectro político-ideológico, ela, durante a trama,  tende a ser demasiadamente tolerante com o seu marido e a sua irmã. 

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Escrever em poesias é sempre bom...



... mesmo que não seja, mesmo se for só poeticamente, esta é a minha mente, curto o ritmo, gosto de rimas, lamentos e reclamações. Gosto desta música sem sinfonia, são as palavras os seus instrumentos musicais. Não é sempre bom, é sempre melhor rimar do que datilografar em pensamento. Palavra, palavra, palavra, ponto. Eu prefiro, palavra, bolacha, dilata e ponto, de exclamação ou de acento. Meu mundo é de metáforas e analogias. E nada mais correto do que musicar-lhe à rimas em meus textos poeticamente concretos. Não é fluido como emoções a brotar do inconsciente, é uma tentativa de misturas entre o intuitivo e o convergente. Dar uma ordem ao caos de beleza que se consiste este descompasso. Controlar a explosão de rimas desvairadas, soltas pelo ar, catá-las e fazê-las trabalhar, explicando ao invés de sentir. Quero explicar, mas fazendo bem aos ouvidos. Canso-me fácil, é minha ansiedade doce a me ninar, balança demais o berço, longo penso, não dá pra ler sem ter o que rimar, sem ritmo de música, sem este jogo de palavras, o tédio se tornará como o ar, soberano e totalitário.