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segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Uma hipótese a partir das correlações encontradas entre mês ou estação de nascimento e tendências psicológicas

Existem alguns estudos interessantes que têm encontrado correlações positivas, porém, relativamente modestas, entre o mês ou a estação de nascimento e certas tendências psicológicas: de que aqueles que nascem no período do inverno, especialmente no fim do inverno e início da primavera, pelo menos no hemisfério norte, estariam em maior risco de desenvolver transtornos mentais, especialmente a esquizofrenia. E a explicação mais comum seria de que as mulheres grávidas que concebem nesse período estariam mais expostas a infecções virais, e que, em uma eventual infecção, seus filhos poderiam apresentar efeitos de longo prazo, mais tarde na vida, incluindo transtornos mentais. Outro possível fator seria a indução do tempo frio a uma deficiência em vitamina D que contribuiria para complicar o desenvolvimento normal das gestações. A correlação entre prematuridade (ou baixo peso ao nascer) e esquizofrenia (e psicopatologia, de maneira geral) também tem sido percebida. Talvez, um desenvolvimento normal do cérebro que é abruptamente interrompido por fatores externos também pode ser um gatilho de longo prazo para a expressão de um transtorno mental. Ou pode ser que o fator genético e, portanto, hereditário, explique boa parte dos transtornos de natureza psiquiátrica, se, primeiro, um casal cujos dois componentes apresentam o mesmo transtorno, estão em maior risco de passá-lo aos seus descendentes naturais do que um casal com apenas um portador, e especialmente no caso de não haver qualquer sinal explícito de transtorno mental entre um par de humanos biologicamente aptos a procriarem entre si ou que já o tenham feito. Pois é justamente essa última possibilidade que me parece a mais provável por talvez ser a menos extraordinária. Primeiro, porque relacionamentos assortativos, em que há um interesse mútuo e ativo de enlace por percepção de similaridades fenotípicas, geralmente uma combinação de biotipo, personalidade e circunstâncias sociais, aumentam a probabilidade de que indivíduos de sexos opostos com os mesmos riscos de saúde, incluindo os psiquiátricos, se envolvam em uma relação e que se frutifique em descendência natural. Segundo que, o mecanismo proposto para explicar a correlação entre nascer no inverno (frio, do hemisfério norte) e desenvolver certos transtornos mentais, precisa de uma comprovação empírica e não é o do meu conhecimento que ela exista até à data em que escrevo esse texto, digo uma comprovação em humanos. Terceiro que, a maioria dos indivíduos que nascem no período do inverno não se tornam esquizofrênicos, ainda que seria interessante ver se existe uma maior proporção de indivíduos que nascem nesse período (especialmente em regiões de clima temperado) e que, se não chegam a se tornar esquizofrênicos, apresentam outros transtornos psiquiátricos, ou pelo menos uma maior expressão de traços de personalidade e cognição associados. Quarto que, indivíduos humanos dotados de perfis de personalidade diferentes (que são padrões predominantemente estáveis de comportamento) tendem a apresentar hábitos diferentes, provavelmente também de acasalamento. Ainda mais diretamente relacionado com essa correlação entre mês ou estação de nascimento e tendências psicológicas, uma das diferenças de comportamento ou personalidade que pode explicá-la é a de preferência climática em que, aqueles que gostam mais do tempo frio (ou que não apresentam esse tipo de preferência), se sentem mais motivados nesse período do ano, até mesmo para fazer sexo//procriar (ou não apresentam diferenças de motivação ao longo do ano), e o padrão oposto para aqueles que preferem o tempo quente. Por exemplo, indivíduos mais emocionalmente instáveis que tendem a se sentir mais "deprimidos" ou menos motivados no tempo frio, ainda mais em ambientes em que o inverno é rigoroso, inclusive para manter relações sexuais, e o padrão oposto para o período mais quente do ano. E já que a gravidez humana dura, em média, nove meses, uma gestação que foi iniciada no verão ou na primavera, fechará o seu ciclo no outono ou no inverno. Então o que talvez tenhamos como elemento mais importante nessa situação é a influência do tipo de personalidade e que expressa vários aspectos biológicos: hormonais, mentais, genéticos... , e não necessariamente o do meio agindo diretamente no organismo humano, ainda que o influencie de maneira indireta, pelo comportamento.

Ok, mas então como explicar esse padrão em regiões de clima tropical e equatorial, se esses climas se caracterizam por variações menos significativas de temperatura??

Pois mesmo se acontece uma menor variação térmica nessas regiões, o fator subjacente é o mesmo, de que existem diferenças de traços mentais entre os seres humanos que resultam em diferenças de hábitos, além do fato de que esses traços mentais não serem apenas abstrações, por também expressarem aspectos mais orgânicos e variavelmente hereditários do corpo. Então, mesmo se esse padrão não se confirma em todas as regiões, sua possível ausência de universalidade correlativa não invalida a sua comprovação de correlação específica. Mas, talvez, essa correlação não passe de uma "confusão genética" (ou genetic confounding, da expressão original em inglês), em que uma correlação que acusa uma causalidade ambiental para determinada tendência de comportamento, na verdade, tem como fatores subjacentes, primários e mais influentes, as características biológicas, como os traços de personalidade e que também são transmitidos de pais para filhos. E, antes de finalizar esse texto, me pergunto se o risco de parto prematuro (ou mesmo de aborto espontâneo) também pode ser uma predisposição intrínseca e variavelmente hereditária, não apenas um incidente completamente aleatório, isto é, que não apresenta a mesma probabilidade de acontecer com qualquer mulher grávida?? Eu sei que existem estudos mostrando diferenças desse risco entre grupos étnicos ou raciais (durante uma pesquisa rápida sobre esse tópico, encontrei estudos mostrando que, de fato, existe uma comprovação indireta de influência genética em relação a esse risco)...

Fontes: 

Season of birth in schizophrenia: a maternal-fetal chronobiological hypothesis




Heritability of Schizophrenia and Schizophrenia Spectrum Based on the Nationwide Danish Twin Register


Family history is a predictor of current preterm birth


The Role of Genetics in Preterm Birth


Levels of the stress hormone cortisol are higher in women who give birth in the autumn and winter than those who give birth in the spring or summer, finds a new study by researchers at Cardiff University.

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Sobre o negacionismo das mudanças climáticas causadas por ação antrópica

 Acreditar que transformações de grande impacto, causadas pela ação humana, não tem ou terão nenhum efeito no clima local e do planeta é de um contrassenso clássico, de se achar que ações de grande impacto não provocam cadeias reativas de magnitude aproximada, de negar o mecanismo básico da ação e reação. 

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Ambientes muito intensos reduzem a sofisticação perceptiva. Da não-série: por que o ambiente temperado é o melhor cenário para aumentar a inteligência do tipo humana

Inuits assim como qualquer outro ser, vivo ou humano, precisam prestar muita atenção ao ambiente em que vivem do contrário perecerão. No entanto apesar de detalhista os ambientes gélidos em que vivem também são minimalistas. Isso reduz a quantidade e diversidade de informações que precisam capturar para construir e manter a sua cultura e claro selecionando os mais aptos para fazê-lo por tempo indeterminado ou constante.

Ambientes muito frios: espaço minimalista em diversidade de desafios/ espécies /tempo constante ou estável.

Em ambientes muito secos ou com qualquer outra manifestação constante e extrema da natureza também tenderão a selecionar por um maior pragmatismo e portanto menor sofisticação criativa para a sobrevivência. Nesses ambientes ''excessos' podem ser fatais e geralmente não há tempo para especulações. 

Viver em climas quentes por outro lado exige maior sofisticação perceptiva mediante a maior diversidade de desafios. No entanto em relação ao tempo/clima o nível de previsibilidade é muito maior. Os desafios para sobreviver estão a curto prazo porque a noção de passagem do tempo tende a ser reduzida talvez tal como tende a acontecer com as tribos humanas que vivem em áreas mais inóspitas. 

Ambientes tropicais/quente e úmido: espaço maximizado em diversidade ecológica/ tempo constante ou estável. 

Ambientes tropicais parecem selecionar para uma "criatividade de curto alcance" ou de "curto prazo".

Ambientes temperados: os ambientes temperados (de clima temperado) são intermediários entre o clima frio/e polar e o clima quente/tropical apresentando verões invariavelmente quentes e invernos invariavelmente frios. Antes do estabelecimento de sociedades complexas quando as comunidades humanas se encontravam em contato muito mais direto com a natureza é de se esperar logicamente que a mesma tivesse uma influência muito maior em relação à pressão seletiva entre ou para os seres humanos e que portanto o lugar onde viviam era fortemente determinativo para o molde cultural, psicológico e fisiológico das comunidades.


 Com o advento da civilização o ser humano passou a ser mais selecionado para as atividades de dentro dessas sociedades complexas resultando em um aumento desse tipo ou proposta de inteligência, via domesticação/cooperação, uma maior especialização de capacidades (e habilidades desenvolvidas/e alcançadas). 

A maioria das grandes civilizações humanas que são conhecidas brotaram em ambientes temperados, não muito frios, diga-se: antigas civilizações do Oriente Médio, do Mediterrâneo, Egito, vale do Indo, sudeste da China e áreas montanhosas das Américas. 

Os ambientes temperados requerem providência ou preparação para os dias mais frios de inverno e maior coleta de alimentos, dentre outras tarefas, nos dias mais quentes de verão. Ambientes com fontes de água também foram e são evidentemente fundamentais para o estabelecimento de sociedades mais complexas. Mas neste caso eu estou me referindo ao período anterior às civilizações ou pré história tentando tatear de maneira evidentemente amadora na aurora da inteligência humana. Portanto de acordo com que os seres humanos foram se deslocando de uma área conhecida para uma nova, pressões seletivas específicas a essa área começaram a operar. E quando o ser humano chegou ao clima temperado, ou em ambientes intermediários entre o frio dos pólos, o calor dos trópicos e a seca dos desertos, ele teve de lidar com um clima que basicamente apresenta um pouco de cada ambiente, especialmente os dos trópicos e os dos pólos e ainda rico em fauna e flora, ao contrário da avaria natural dos pólos. O que puxou a inteligência humana foi a expansão do pensamento abstrato que é essencial para o planejamento e também para a invenção. Percebe-se que a maioria das comunidades humanas pré civilizadas, e talvez mesmo as mais "ferais", ainda apresentarão algum pensamento abstrato. 

Ambientes temperados: espaço mediano em diversidade ecológica/ tempo instável a constantemente instável.