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quinta-feira, 8 de junho de 2023

Ainda sobre a inexistência do ''livre arbítrio''

 Já nascemos com cérebros primariamente constituídos com base na herança genética combinada dos nossos pais e possivelmente também nos efeitos do ambiente uterino de nossas mães. Isso significa que já nascemos com algum tipo de personalidade e de desenvolvimento cognitivo; com uma programação de desenvolvimento e comportamento relativamente determinista. Em relação ao livre arbítrio, esse fato citado (e muito provável) sugere que o mesmo, se a partir de seus conceitos, é uma impossibilidade, pois desafia a própria natureza de organismos vivos, inclusive do humano. 

 

II. "Livre de influências externas"

Literalmente falando, todas as nossas decisões são influenciadas pelo que acontece ao nosso redor, pelo que sentimos e percebemos. Portanto, o livre arbítrio, isso se o seu conceito for "capacidade de tomar decisões sem influências externas", não existe, tal como pelo conceito "capacidade de tomar decisões sem nenhum condicionamento anterior", se até mesmo o pensamento racional também é tendencioso, por privilegiar a imparcialidade e a objetividade sobre os seus respectivos opostos. 

III. Se já não falei, refalo aqui: livre arbítrio é um sinônimo relativamente distante para capacidade racional. Então, sim, a capacidade racional existe, mas, conceitualmente, não é o mesmo que livre arbítrio. Este é mais como um conceito ruim que se tornou muito popular, especialmente no mundo ocidental. É um conceito com uma definição irrealista, porque a capacidade racional não é nossa capacidade de tomar decisões sem qualquer preconceito ou viés, mas de pensar de maneira imparcial e objetiva, também/ou de ponderar e refletir ações e consequências. Como falei acima, a racionalidade também é um viés, só que do anti-viés. O "livre arbítrio", se existisse, dependeria muito de nossas capacidades racionais, do quão desenvolvidas estão ou quão desenvolvíveis são. Mas também das circunstâncias em que nos encontramos, de como as julgamos. Mas a dinâmica que existe aqui não é a três e sim entre a nossa racionalidade e o meio. Pois se uma maior capacidade racional não é o mesmo que perfeição de raciocínio e julgamento, então, nem os indivíduos mais sensatos e ponderados escapam de cometer atos irracionais. Eles só estão mais bem equipados para aprender com os seus erros ou refletir seus pensamentos e ações. Infelizmente, a irracionalidade tem sido mais dominante. 

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