Depois de acordar para a única realidade que existe, para a implacabilidade do tempo, para a igualdade da vida e a urgência de respeitá-la e aproveitá-la ao máximo, sabendo que não haverá eternidade após a morte, o mais desperto passa, inutilmente, a esperar que os outros façam o mesmo, que abram seus olhos e percebam o que é mais importante, o que está mais certo ou justo, e se juntem à luta por um mundo ideal, pela construção de um oásis em meio ao "deserto do real". Então, vai percebendo que a maioria nunca irá despertar, que é uma ave rara em meio a uma massa de doutrinados que preferem acreditar em suas próprias ilusões do que encarar a realidade de frente, com coragem e resignação. Ele vai se tornando arredio, arrogante, cínico, depois de ter se desanimado. Arredio, com medo da loucura humana, tão constante em sua hegemonia. Arrogante ou recíproco aos verdadeiros arrogantes, que distorcem a realidade para que se pareça com o que desejam. E cínico à normalização absoluta de mentiras e injustiças nas sociedades humanas. Ele tenta sobreviver nesse mundo cruel e falso. Tenta ser tolerante com quem não despertou, com que nunca irá despertar. Tenta se afastar dos mais alienados...
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