Minha lista de blogs

segunda-feira, 20 de abril de 2020

O que é a psicologia evolutiva, ideologicamente?

O que é a psicologia evolutiva, ideologicamente?

A priori, é uma ciência que estuda o comportamento humano por uma perspectiva evolucionista, mas, que tem sido cooptada por indivíduos ou interesses conservadores, pois procura super-naturalizar o caminho evolutivo tortuoso que a espécie humana tem percorrido. Por exemplo, se a maioria dos seres humanos são egoístas e conformistas acríticos, então, devemos aceitar essas características de bom grado, como irreversíveis e/ou como evolutivamente válidas, afinal, se a maioria é assim, deve ser porque elas apresentam algum "valor evolutivo" importante. Se a maioria acredita em "deus(es)", então, a crença mitológica  tem um "valor evolutivo" ou "adaptativo" importante...

Aqui, despreza-se o que esses comportamentos realmente são...

Egoísmo e conformismo acrítico: expressões instintivas, inferiores em termos de racionalidade. Assim como para a crença em absurdos ou fantasias reconfortantes...

domingo, 19 de abril de 2020

Reexplicando a relação entre autocentrismo perceptivo "animal" e "religião"/mitologia

Reexplicando a relação entre autocentrismo perceptivo "animal" e "religião"/mitologia


Fiz um texto em que tentei explicar minha teoria para a natureza essencial da prática religiosa ou mitológica, pela metáfora do marca-passo. Eu tentei e acho que não fui bem sucedido, mesmo depois de umas melhorias aqui e acolá. Aqui, volto a esse projeto e busco pontua-la rapidamente...

Metáfora do copo

Pense nos seres vivos não-humanos e em suas capacidades de compreensão da realidade como um copo cheio d'água, sem transbordar, em que não existe a percepção de "horizontes" ou "aléns"; não existe a ideia de vazio se já estão preenchidos por seus afazeres de adaptação; sem dinâmica ou perturbações mais intensas em seus ritmos perceptivos, em suas certezas intrínsecas. Essa metáfora representa seus comportamentos estereotípicos, instintivos, autolimitados, sem interrogações, apenas exclamações.
Agora pense na autoconsciência humana como um copo transbordando de água, em que a submissão instintiva ao ciclo adaptativo de vida não lhe é mais suficiente. Assim, cada gota de água que cai para fora do copo equivale ao pensamento que vai além da dimensão primária de adaptação, além da competição, da reprodução e da cooperação, do tempo presente, da própria sobrevivência. Que/também quer saber do que são feito as estrelas, por que pensamos, de onde viemos, para onde vamos. No entanto, ao longo da história evolutiva humana, um mecanismo que visa conter essa expansão, diga-se, natural de nossa  compreensão ou consciência, vai se tornando central na cultura, resultando no aumento proporcional de pessoas que apresentam necessidade intrínseca de contenção de sua curiosidade e percepção,regredindo para o nível mais básico de compreensão e vivência da realidade. Esse mecanismo se chama "religião", ainda que eu sempre prefira chamá-lo de mitologia. Ao invés de uma relativamente constante cascata de pensamentos curiosos sobre a realidade objetiva, ocorre uma construção (resposta auto-imune) de uma "represa" na mente, que contém esse aguaceiro de questionamentos, dúvidas, incertezas, certezas inconvenientes/angústias. Todos os seres vivos não- humanos vivem suas perspectivas de realidade como se fossem representações objetivas ou fidedignas da mesma. Portanto, não existe para eles qualquer necessidade de preenchimento ou de contenção daquilo que já tomam como preenchido ou seguro, suas experiências existenciais. Em contraste, o ser humano é aquele que está mais aberto para a confrontação ou interação com a realidade objetiva, isto é, que está menos sujeito à submissão de seus instintos, de sua subjetividade ou versão pré-constituída da realidade. Uns mais que outros. Mais perceptivamente subjetivo é o ser humano, menos racional ou essencialmente inteligente (que, até certo ponto, independe de seu potencial cognitivo quantitativo).

Como eu sou bom em metáfora, lá vai mais uma. A consciência do ser vivo não-humano como uma porta encostada onde que apenas alguns raios de sol entram. A autoconsciência do ser humano como uma costa bem mais aberta e frouxa, podendo ser mais fechada ou totalmente escancarada para que o sol penetre mais profundo dentro de sua perspectiva de corpo em frente à porta. O filósofo é o que escancara a porta. O mitólogo é o que mais a encosta.

Os seres vivos não humanos são todos autocêntricos, interessados predominante a totalmente em seus modos de vida ou perspectivas de realidade. A mitologia é a representação artística deste mesmo autocentrismo, em que o universo passa a girar em torno do ser humano, e com direito até a um deus-criador como "pai".
Formigas, felinos, elefantes, insetos, enfim... todos, experimentam seus modos de existência como se estivessem no centro da realidade. A religião ou mitologia, ao invés de puxar o ser humano para uma consciência de dimensão mais elevada, essencial e purificada das obrigações adaptativas, parece fazer o oposto, reforçando aquilo que também temos de comum aos outros seres vivos, menos inteligentes, o autocentrismo, que para eles é natural e para nós têm sido esse artifício com grandes implicações morais e evolutivas, em sua grande maioria, negativas, se, ao invés de abraçarmos nosso caminho evolutivo, por ela, estamos retrocedendo ou contendo a maximização de nosso potencial.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Argumentos versus verdades

Argumentos versus verdades

Em condições filosoficamente ideais, não existem argumentos, apenas verdades. Mas, em nosso mundo dominado por múltiplas ideologias se passando como detentoras da " única verdade" ou Sabedoria, a argumentação faz-se necessária, até para que seus apoiadores possam justifica-las para si mesmos e defende-las de críticos//céticos.


Por exemplo, uma questão que ainda continua a ser alvo de polêmica e disputa político-ideológica:

A diversidade sexual (LGBT++) deve ser (re)criminalizada ou não?

De acordo com as regras vigentes, dois grupos, um favorável e outro contra, apresentarão justificativas para defender seus posicionamentos. No entanto, já existe uma série de verdades de vários tipos, aqui, tradicionalmente denominadas de "argumentos", que enfraquecem de sobremaneira a defesa por uma total condenação, isto é, de qualquer indivíduo lgbt, apenas por causa de sua identidade.

Eis algumas delas:

- Homossexualidade (atração pelo mesmo sexo) não é doença, nem síndrome, porque não mata ou provoca sintomas clínicos potencialmente fatais (verdade biológica);

- É uma variação natural da sexualidade humana (verdade biológica);

- Ao longo da história, lgbts têm sido condenados injustamente em muitas sociedades (verdade histórica), por isso que agora, mais do que nunca, é preciso fazer justiça;

- Só existe uma vida para ser vivida (verdade existencial)...

Até mesmo algumas verdades inconvenientes, ainda não são capazes de, legitimamente, solidificar bases para uma condenação total, por exemplo, "LGBTs estão em alto risco de contaminação por DSTs". Verdade, mas não são todos...

A condenação de cada indivíduo LGBT por ser LGBT é indefensável a partir de uma ótica racional ou apenas mais realista.

 Exemplos de argumentos comumente usados por homofóbicos e suas refutações ou exposição de verdades:

- Não é natural (se pertence à natureza, então é natural)

- Não é normal (ou comum... nem por isso, equivocado)

- Deus condena (deus não existe)

- É doença (já sabemos que não é)...

Argumento versus opinião pessoal

Durante um certo tempo, eu acreditei na superioridade absoluta do argumento sobre a opinião pessoal. Hoje, percebo que argumentos são, geralmente, verdades e/ou conhecimentos não-subjetivos, usados para defender opiniões pessoais ou verdades subjetivas. É a diferença entre dizer "Eu não gosto", opinião pessoal, de "Eu não gosto porque x ou y", argumento.

O problema de quando a extrema "direita" usa o bom senso e as democracias se recusam...

O problema de quando a extrema "direita" usa o bom senso e as democracias se recusam...

  ... e um adendo sobre o conceito mais essencial para elite

A OMS se recusa a culpabilizar a China* ou o governo chinês pela pandemia de Covid-19... mas isso é BOM SENSO. Pense se a ex União Soviética tivesse negado sua responsabilidade pelo acidente nuclear em Chernobyl?? Essa comparação é verdadeira sim. Infelizmente, subhumanos da extrema "direita" são os que mais têm forçado a essa realidade enquanto que muita gente Do bem tem decidido evitar fazê-lo... Resultado: por alguns poucos passos de bom senso, a extrema direita, em termos macropolíticos, ganha credibilidade e em cima das democracias ocidentais, incluindo sua instituição máxima, a ONU... É tão difícil assim usar o bom senso nessas situações??

* A China é uma ditadura burocrático-militar. Se é o principal oponente econômico dos EUA, não significa que seja um país maravilhoso por causa disso,  até por já serem mutuamente dependentes. Se a China fosse um real oponente dos EUA, construiria uma sociedade verdadeiramente utópica ou ideal, ensinando ao mundo o verdadeiro caminho para a evolução humana. É ignorância achar que este país é comunista, que o governo é do povo (como se isso ainda fosse absolutamente necessário... se uma sociedade complexa, tal como um organismo complexo, precisa de hierarquia. O problema não é a hierarquia por si mesma, mas o nível de desigualdade entre as diferentes partes desse sistema...repetindo).

A existência de elites, não no sentido econômico, mas de pessoas mais especializadas em determinadas funções, também parece inevitável. Portanto, um governo do povo, desta multiplicidade de identidades que compõem um povo, também seria marcado pela harmonia potencial de vários grupos de elite, isto é, de especialistas, e salvaguardado a constância de diálogo entre eles e não-especialistas. Interessante repensarmos o conceito de elite... Não apenas como aqueles que dominam uma sociedade, mas como aqueles que detêm expertise..

Tal como eu tenho feito com outros conceitos, por exemplo, de família e liberdade, aqui, também busquei pela expressão conceitual mais universal de "elite", que seria qualquer grupo detentor de poder ou expertise, neste caso igualando os conceitos desses termos-chave, de poder, no sentido de conhecimento de um grupo sobre outros grupos e que também cabe às elites político-econômicas, que detêm poder ou conhecimento, no sentido de controle, em relação ao "povo", em relação a indivíduos ou grupos comparativamente não-empoderados, alienados quanto aos seus jogos de tramoias, dissimulação e corrupção.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Uma entrevista e uma des-homenagem a Roger Scruton parte II

Continuação...

REPÓRTER PERGUNTA: ''E como o senhor avalia Jair Bolsonaro?''

ROGER SCRUTON: "Não sei nada a respeito. Seria muito grosseiro da minha parte começar a criticá-lo sem fazer uma análise. Eu sei que Bolsonaro é um presidente controverso – mas quem, na política brasileira, não é controverso? Deixe-me ver, quando chegar (ao Brasil), o que eu acho."

....

''Quem na política brasileira não é controverso?''

Será que ele pensa que TODO político brasileiro é corrupto e/ou nazifascista?

REPÓRTER PERGUNTA: ''Mas, na direita, há inclusive um movimento que questiona o aquecimento global.''

ROGER SCRUTON: ''Sim. Isso é uma reação a essa agitação da esquerda, dizer que isso não faz sentido, que não está acontecendo. Racionalmente, eu diria que, sim, provavelmente está acontecendo. Mas o debate deveria ser o que fazer, sentar e estudar a ciência e a política. E, se pudermos, chegar a uma conciliação. Não existe uma solução, porque você não pode impedir o mundo de queimar combustíveis fósseis. Como podemos parar a China ou a Índia? Mas podemos pesquisar para descobrir outro tipo de combustível que não envolva a queima de combustíveis fósseis. É isso que deveríamos estar fazendo: procurando outras fontes de energia que não afetem o clima. É uma questão muito mais científica do que qualquer outra coisa.''

REAÇÃO À AGITAÇÃO DA ESQUERDA...

Esquerdas são as culpadas...
How dare you, Greta?? Você irritou as direitas!!

O tempo de debater com ''calma britânica'' passou. Aliás, tem-se tentado o debate...

No mais, não é apenas o aquecimento global mas, o que está implícito ou explícito, a super-exploração do meio ambiente, fauna e flora, para que uma minoria lucre imensamente. São essas "coisas boas" do mundo conservador que conservadores querem preservar, o direito ao primitivismo, ao egoísmo e à irresponsabilidade. Portanto, um dos principais motores da super-exploração do meio ambiente é o capitalismo mas, o cético conservador Scruton, presumo que jamais se rebaixaria culpando-o abertamente, pois isso o faria parecer marxista aos olhos dos seus amigos, ainda que, também, segundo ele "o capitalismo não tem nada a ver com conservadorismo".

Isso é uma questão científica apenas?? Mas e a beleza [filosofia]??

Como parar China e Índia?? Talvez  a resposta esteja no próprio Ocidente..

REPÓRTER PERGUNTA: Para o senhor, a União Europeia ameaça a democracia no continente. Por quê?

ROGER SCRUTON: A União Europeia começou como uma aliança entre democracias, mas foi aumentando o seu poder e se tornando mais poderosa para burocratas que não são democraticamente eleitos. É uma força contra a democracia. Há muitas características boas, mas, mesmo assim, é incompatível com o real processo democrático. Por isso, eu acho que, individualmente, as nações europeias precisam de suas próprias democracias e se voltar contra a burocracia."

Democracia, ele parece confundir com populismo e que também chamo de democracismo. No mais, concordo que a União Europeia não dialoga e sim impõe. Mas, isso tem sido o modus operandi das instituições tradicionais desde que o mundo é mundo. Parece que, se sou eu ou o meu grupo que está impondo algo, então, isso é aceitável, independente se o que estamos impondo é o mais certo ou não. Tento tatear o que quer dizer quando diz ''burocracia'' e quando diz ''democracia'', talvez democracismo. Se ele pensa que democracia é o governo da maioria, sinto-lhe informar mas não é isso não... Até já dedilhei um breve texto sobre essa confusão primária.

 REPÓRTER PERGUNTA: ''O senhor também escreve sobre a beleza. por que a considera tão importante?

ROGER SCRUTON: Vivemos envolvidos em um mundo de mecanismos e máquinas. Precisamos parar de olhar ao nosso redor para apreciar o que estamos recebendo. Essa satisfação é uma espécie de exemplo moral. Precisamos olhar para o mundo como um presente. A beleza é isso. Quando você enxerga algo como um presente, isso brilha como um endosso a sua própria existência. É o que acontece ao vivenciarmos belos lugares, belas pinturas, belas músicas e, também, uns aos outros quando estamos em paz. É isso que eu quero dizer como beleza: essas experiências que estão fora desse mundo mecanicista. Deveríamos fazer isso o tempo todo e não permitir que o mundo seja incrustado com tanta feiura, que é o que está acontecendo''.

Que bom, Roger!! Procure por essas pessoas que amam o belo. Apenas lhe previno que muitos dos maiores amantes da beleza, na natureza ou meio ambiente e, de maneira geral, são pessoas mais sensíveis, tendenciosamente de esquerda, coitadas... Quem sabe, se procurar bem, você encontra um legítimo esteta conservador de raiz. Mas, cuidado, ele pode ser apenas frívolo em relação a essa questão. Claro, pode ser que o encontre em seu paraíso, já que não está mais entre/nós. 

Esse mundo mecanicista que é produto de... comunismo??

 'Conservadorismo' não tem qualquer culpa, correto?? Eu sei que conservadores/veganos, em sua maioria, amam a natureza...

Então, antes, o ''mundo'' era embelezado pelo tradicionalismo conservador, desprezando múltiplas injustiças ou feiuras (exemplo, um retrato pintado da rainha Elizabeth do século XVI), já que, ''beleza interior'', deve ser papo de hippie comunista, né??

Guerras?? Não é conservadorismo ou produto dele.
Imperialismo?? Não.
Colonialismo?? Não.
Industrialismo ou desenvolvimentismo?? Tampouco.

Tudo isso tem destruído a beleza... mas, o conservadorismo, pelo que parece, segundo Scruton, só pode se manifestar se for de maneira pura, do contrário, "terá traços conservadores", mas não o será, igual o Trump..

Lista com algumas verdades muito impopulares

Lista com algumas verdades muito impopulares

1. Ateísmo

Chega a ser cansativo para quem lê os meus textos, mas é isso. Deus ou deuses não existem. Não existe vida após a morte. Não existe céu, purgatório ou inferno. Acabou, acabou. Não se preocupem. Depois da morte não há mais dor. Somos "abençoados" por termos uma inteligência sofisticada, mas que também nos leva à "maldição" de sabermos que somos criaturas insignificantes dentro do esquema cosmológico.

1.1 Quem acredita [com veemência] em impossibilidades lógicas...

... é muito provável de padecer de um transtorno mental de natureza esquizotípica... crentes em metafísicas não são diagnosticados como pacientes com transtorno psiquiátrico, porque a maioria é "funcional' à sociedade, apresenta comportamentos dentro da normalidade (ou domesticação), por serem muito numerosos e por seus cultos terem sido historicamente empoderados.. sim, existe o lado lógico ou reconfortante de acreditar em mitologias, mas, não conseguir diferenciar realidade de fantasia (e amadurecer) evidentemente que se consiste em um caso de psicose.

Uma pessoa que acredita em duendes = ''loucura'.

Um culto empoderado ou dominante com muitas pessoas acreditando em duendes = ''religião'' [mitologia].

2. Existência limitada do livre arbítrio ou da plasticidade comportamental humana, sugerindo que fatores hereditários e/ou genéticos têm um papel muito importante nos nossos comportamentos

Um balde de água fria em um ''wishful thinking'' muito poderoso...

Se o ser humano tem livre arbítrio, é muito mais limitado do que pensa. O cérebro não é idêntico aos outros órgãos e sistemas do corpo em nível de involuntarismo, mas tampouco é como uma esponja que a tudo absorve. Somos os seres vivos com os comportamentos mais plásticos, mas não significa que essa plasticidade não tenha limitações. É uma verdade inconveniente ou impopular, porque vai contra essa ideia da modernidade, de que a humanidade é ultra-adaptável.

Menos...

Existem variantes dessa verdade que eu preferi exemplificar aqui embaixo.

2.1. Diferenças intrínsecas (genéticas ou biológicas), médias, entre grupos e indivíduos humanos, causadas por processos seletivos (aplicação da seleção natural nos contextos histórico-culturais de nossa espécie)

Essa é  uma verdade muito impopular entre os progressistas. Logo, tendem a chama-la ou a confundi-la com: racismo científico, darwinismo social, pseudociência racista do século XIX, supremacia branca, etc.. Mas é verdade. E bem chata, porque pode abrir brecha para justificar exploração, preconceitos e desigualdade social. No entanto, a distorção previsível e maliciosa das direitas não significa que seja verdadeira.

Se é verdade que, em média, as elites são mais inteligentes (ou mais espertas...) que as classes trabalhadoras, isso não valida a exploração de uma classe sobre a outra. No mais, saber a verdade, se mais ou menos espinhosa com os seus sentimentos, é sempre melhor na hora de buscar por soluções realmente eficazes para os problemas que impedem a consolidação da justiça social, e não apenas tratar seus sintomas, acreditando que a doença desaparecerá através da aplicação de medidas paliativas ou superficiais...

2.2. A influência da educação na inteligência do estudante é muito menor do que se pensa ou se deseja, especialmente pelo professor

Uma das razões para a ineficácia predominante da psiquiatria é a parca compreensão de que nenhuma mudança acontece sem que venha do próprio indivíduo e isso significa que só pode ser possível se estiver em sua alçada.

Exatamente o mesmo para a educação.

O estudante não é um ser passivo, uma folha em branco ou uma massinha de modelar com limite indefinível de capacidades. Se, por exemplo, ele não nasceu com facilidade ou potencial para, de fato, aprender matemática (complexa), não apenas para tirar boas notas, então, não existe nada que se possa fazer nesse sentido, de tentar aumentar (forçar) suas capacidades além dos seus limites naturais. Ainda é possível pensar em estratégias objetivas que visam melhorar a qualidade do seu aprendizado, daquilo que consegue alcançar, por exemplo, fazendo com que se concentre no estudo de matemática financeira, mais diretamente útil no (seu) dia a dia, isso se ele for capaz ou tiver motivação suficiente para buscar por essa melhoria. Aprender bem aquilo em que é capaz de aprender.


3. A monogamia e a poligamia [evidentemente sem a ocorrência de traições], como melhor hábito para evitar a contaminação por DSTs (especialmente nos tempos em que se tinha pouco conhecimento sobre elas)

A "liberdade" do solteiro, que não quer ter compromissos fechados e de longo prazo, vem com o risco ampliado de contrair DSTs. Em outros tempos, o melhor hábito para evitar essas doenças era o da monogamia ou da poligamia sem deslealdades. Mas não mudou muito. A monogamia, especialmente, tem sido pintada como retrógrada e limitada por aqueles que assumem comportamentos promíscuos, mas é uma das melhores maneiras de se proteger. É uma verdade impopular nesses tempos modernos em que o amor romântico tem sido tratado como uma ilusão e também em que a tolerância por divergências tem se tornado raridade nas relações conjugais.

4. A humanidade, em média, não presta. A maioria não é racional

A história humana não é como uma sucessão de finais felizes. Toda civilização tem se desenvolvido de maneira excessivamente verticalizada, em que alguns poucos detêm poder excessivo sobre muitos outros resultando numa relação sistematicamente abusiva, de exploração. A humanidade se transformou numa praga que tem drenado o equilíbrio do planeta em que habita, escravizado e exterminado boa parte da fauna e da flora. Isso significa que não somos uma espécie racional apesar de sermos a única com potencial para a racionalidade. Por enquanto, o mal tem vencido em forma de parasitismo, predação e estupidez (alienação).

4.1 O povo brasileiro, em média, comparativa e idealmente falando, é cruel e estúpido

Lê pouco, pensa pouco, age mais por instinto do que pela razão: é passional, inconveniente, corruptível, mal educado, agressivo; se vai mal em exames internacionais de avaliação da educação, não é porque os pobres professores não sabem ensinar, se muitas vezes se preocupam mais em sobreviver dentro de uma selva ou sala de aula, mas é porque ''o brasileiro'', em média, não quer saber de expandir seus conhecimentos (até por não ter esse potencial), e muitos dos que querem, o fazem apenas pensando em vantagens econômicas e não, a priori, pelo simples prazer de aprender. Esses arrogantes eufóricos se preocupam muito mais com a aparência do que com a essência. Quando falo de povo, também me refiro às elites, e a brasileira está entre as piores, de tal modo que se ''parece' com parasitas oportunistas que só pensam em lucrar, sem qualquer compaixão com quem supostamente compartilham a mesma nacionalidade. A escravidão oficial acabou, mas a "informal" não apenas permanece pois também é a regra em ''nossa'' sociedade.  A consciência de classe é um artigo raro e em ameaça de extinção. É o "pobre" que vota em partido de rico, é o classe média que pensa que é elite. Era um país socialmente triste, mas ao menos com uma cultura muito rica, alegre e uma natureza exuberante. Agora, até o que tem de belo, incluindo "suas' riquezas naturais, está sendo gravemente ameaçado pela imbecilidade coletiva sem controle desta elite carniceira e deste povo [bobo] passivo (auto)agressivo e[ou] irracional. Seria apropriado se o país fosse colocado em quarentena e uma junta internacional chamada para analisar profundamente o que poderia ser feito para tentar salvar o que lhe resta. No entanto, a ONU faz jus à sua condição de herdeira direta da Liga das Nações, por também ser essa inutilidade simbólica. A todo momento eu uso a expressão "em média" por alguma razão importante.. Evidentemente que não me refiro a todo brasileiro mas àqueles em que essa carapuça cai bem e percebo que não são poucos.


4.2 Você [muito provavelmente] não é o gênio racional que pensa

Quando as questões são universais, a maioria pensa que suas opiniões (instintivas) estão sempre certas, secreta ou abertamente. A popular ideia de que a verdade é relativa por ser supostamente apenas subjetiva, é muito conveniente para que justifiquem suas vontades de permanecerem de costas para o dever filosófico, convictas dentro de suas zonas de conforto. Quando pegas de surpresa, a maioria das pessoas demonstra mais ignorância do que conhecimento e nem me refiro a domínios muito complexos, mas sobre matérias básicas, das ciências humanas, que são ensinadas na escola, como história e geografia. Na hora de pensar moralmente, a conveniência pessoal costuma prevalecer sobre o que é mais universalmente certo, a partir do melhor que a filosofia pode oferecer. Estamos mais [uns mais que outros] para criaturas predominantemente instintivas, que usam a linguagem para racionalizar nossas preguiças intelectuais [e/ou morais] do que para literais "homo sapiens".

5. Comer carne é imoral

Animais não-humanos têm sentimentos, sentem dor, amam, compreendem, mesmo com suas limitações específicas de espécie. Ao contrário da narrativa mitológica, animais não-humanos não são bestas autômatas feitas por deus para nos servir. É uma verdade inconveniente saber que eles estão muito mais próximos de nós e que, especialmente, algumas espécies domesticadas, têm sido cruelmente exterminadas para alimentar uma humanidade cada vez mais numerosa e continuamente perturbada.


6. Eugenia não é absolutamente horrível e pode ser muito importante na promoção da justiça social

Eugenia é a ênfase na seleção de traços/fenótipos considerados desejáveis ou na não-seleção de traços/fenótipos considerados indesejáveis. Pode ser usada para o bem ou para o mal e isso é impopular. É mais fácil condena-la de uma vez, mas não parece o mais correto. A eugenia tem sido adotada por grupos de extrema direita, isto é, um assunto tão sensível e com enorme potencial de transformação, tomado por truculentos, tal como colocar um elefante dentro de uma sala de cristal e esperar que não a destrua. O principal problema da eugenia são as pessoas erradas que mais se interessam por ela.. e não ela mesma. Apesar do seu potencial transformador, pode ser aplicada de maneira ponderada ou cirúrgica.

Por exemplo, para eliminar fascistas (congênitos)!! [sem falar dos ''lobos em pele de cordeiros os falso-socialistas'']

Detectando, esterilizando, se possível castrando e/ou isolando pessoas com traços definitivamente sociopáticos, já que não tem qualquer tratamento eficaz nem cura para esse transtorno mental tão inconveniente ao nosso bem-estar. E podendo fazê-lo com o mínimo de violência [ainda que, no início, seja esperado resistência e, portanto, confrontos]. Gente ruim, tóxica, age com base em seus instintos predatórios ou parasitários, praticamente não mudam de conduta, apesar de poderem modular a frequência de ruindades que praticam. Tem muita gente que não pensa assim, que acredita na regeneração do ser humano ou que a crueldade é produto apenas das circunstâncias.. Mas, estão apenas errados, pois se baseiam exclusivamente em seus sentimentos e não em rigor empírico-analítico..  A melhor maneira de acabar com a maldade humana seria indo direto em sua fonte ''genética' ao invés de, por pensamentos supostamente empáticos, esperar que lobos se transformem em cachorros pela simples exposição de argumentos racionais. Não é apenas uma questão de convencimento...

Os mais altruístas apresentam grande dificuldade de compreender que não é possível ensinar bondade e compaixão a indivíduos muito egoístas. Para piorar, eles condenam a justiça proporcional, que é o modelo moral mais avançado, por causa de seus instintos excessivamente docilizados (racionalizados por suas inteligências). Condenam um dos poucos mecanismos que são usados [imperfeitamente] para, ao menos, tentar conter e punir crimes cometidos. Sentem uma necessidade, eu diria, narcisista, de purificação (que é um desequilíbrio) moral em relação aos seus comportamentos. Muitos desses ditos altruístas são "religiosos" ou teístas. Acreditam literalmente que suas boas ações lhes darão um lugar certo no paraíso. Também tem aqueles que são ateus ou agnósticos, igualmente sentimentalistas [que ou aquele é excessivamente sentimental, não confundir com uma pessoa sensível, se estamos nos referindo a alguém que excede nessa faceta de comportamento a ponto de  corromper seu discernimento intelectual e moral].

Invoco novamente àquela frase que resume tão bem quando a bondade é perfeitamente conivente com o "mal":

"De boas intenções, o inferno está lotado".

E para reforçar os efeitos deletérios para quem tem compaixão excessiva com quem não tem.

"Crie corvos e eles comerão os seus olhos"

Frases tão antigas da sabedoria popular nos mostram o básico do bom senso, infelizmente, muito difícil de ser compreendido por aqueles que se afirmam mais bondosos. Acham que para tratar o mal é necessário unicamente a ''bondade', isto é, mesmo com quem já desgraçou vidas inocentes. Não é mais uma questão de bondade aí, mas de narcisismo [inconsciente] mesmo, de uma autotranscendência egoísta em que o indivíduo, dito altruísta, busca ser absolutamente bondoso [supostamente], e isto prevalecendo sobre o seu discernimento moral, de certo a errado, praticando a injustiça de sentir pena, perdoar ou mesmo chegando ao cúmulo de defender facínoras, pensando que os entendem. São ingênuos e/ou instintivamente dóceis. Bondade, em sua frequência habitual, não é ingenuidade nem mesmo sacrifício suicida, especialmente a partir da sabedoria.

Se um jardim está infestado de ervas daninhas então é preciso tratá -lo, sem, necessariamente, ter que destruí-lo. O mesmo cenário realista para a humanidade. No entanto, o altruísta típico confunde bondade com fraqueza.  Parece até que está mais preocupado em ser visto e se perceber como moralmente superior do que de buscar pela sabedoria, mesmo se isso custar sua reputação especialmente perante seus pares ideológicos.

6.1 A possibilidade de eliminar doenças genéticas graves

Além de dar um ultimato à existência de seres humanos incorrigivelmente imorais, a eugenia também poderia eliminar a expressão de doenças genéticas muito graves cujos modos hereditários já são conhecidos. Ao invés de esperar que alguns seres humanos nasçam com essas doenças que encurtarão ou dificultarão suas vidas, rastrear caminhos de hereditariedade para se possível extirpar suas expressões, tal como foi feito com a varíola.

O que há de errado nisso??

Existem algumas doenças terríveis que apresentam um padrão de hereditariedade muito claro, como a doença de Huntington. Sabendo que seu risco de transmissão é muito alto, seus portadores devem ter o dever moral de não passar essa provação adiante, possivelmente evitando constituir famílias. Eu não pensaria duas vezes se fosse o meu caso. Ainda assim é complexo, pois depende muito do polimorfismo que estamos falando. Por exemplo, no caso de alguns transtornos psiquiátricos, intrinsecamente associados com uma maior expressão criativa. A possibilidade de eliminar a maioria desses transtornos em gerações futuras, com o cuidado de preservar a diversidade psico-cognitiva humana saudável, é uma clara demonstração do quão necessária é a sinergia entre conhecimento e sensibilidade para uma possível prática mais sistemática de eugenia e,  portanto, o quão equivocados estão aqueles que a tomam  para si como espelho para as suas prepotências não-resolvidas. Tal como enfiar um fio em um buraco de agulha, o trabalho eugênico ideal [ou mais verdadeiro] eloquentemente dispensa essa estupidez emocional e filosófica. Falta à maioria dos autodeclarados eugenistas compreender isso.. A eugenia é mais no sentido de podar do que de vandalizar com a ''árvore'' humana. Por exemplo, sabemos que doses até não-parcimoniosas de ansiedade, melancolia e/ou flutuação de humor costumam ser orquestrais para a fertilidade de uma mente criativa. Podem inclusive ser compreendidas como manifestações de mentes mais naturais ou menos domesticadas. A genialidade criativa (bem como uma personalidade mais filosófica) é, por si mesma, limítrofe entre aquilo que chamamos de normalidade [domesticação] e loucura. Ao invés de apenas pensar  em produzir uma humanidade mais saudável, é fundamental enfatizar pela preservação de sua diversidade, que não é causalmente deletéria [obviamente], bem como de sua naturalidade, isto é, possivelmente ampliando suas virtudes, como a empatia e a autoconsciência, instrumentais para a maximização de nossa segurança existencial coletiva. Portanto, a possibilidade de eliminar para sempre ''aqueles'' que nascem com instintos predatórios e/ou parasitários, partindo da conclusão que não podem ser ''curados'' ou mesmo seguramente controlados, se são as principais fontes de conflitos entre nós, me parece muito desejável. É exatamente como ''limpar'' ou afastar predadores do ambiente em que se vive...

7. A beleza não é tão relativa assim

A beleza não está apenas nos olhos de quem vê. De fato, no quesito ''aparência'', existem pessoas que saem largamente na frente, porque foram mais agraciadas pela natureza em relação às suas aparências. No entanto, todos nós temos que correr atrás, afinal, um corte de cabelo que não combina com o rosto, uma maquiagem mal feita, um estilo de roupa meio ''bizarro'' ou que não case com o estilo pessoal, pode diluir bastante a beleza [harmonia], em seu conjunto geral. Ainda assim, é inegável a existência de gente que já nasce mais ou menos bonita e essa é uma verdade impopular. Tudo aquilo que diz às pessoas que elas têm limites, é impopular, especialmente no mundo atual em que somos doutrinados a acreditar que todos os nossos sonhos são possíveis ou que nossas diferenças são apenas relativas.

domingo, 5 de abril de 2020

Uma entrevista e uma des-homenagem a Roger Scruton parte I

Uma entrevista e uma des-homenagem a Roger Scruton parte I

Um filósofo conservador??

ROGER SCRUTON

Idealmente falando, nenhum filósofo deveria se enquadrar à ideologias e sim, sempre buscar entendê-las e, se possível, superá-las, por serem distorções da realidade em prol de perspectivas particulares. Mas, o exato oposto tem acontecido, até por serem eles os maiores responsáveis pela diversificação ideológica ou, de uma maneira mais crua de falar, pelo esquartejamento contínuo do corpo da verdadeira e única filosofia. Enfim, aqui, vou demonstrar como que pensamentos equivocados de alguém que viveu uma vida com o broche especial de ''intelectual'', podem ser identificados em apenas uma entrevista. Se ele não estava passando bem quando se prestou à ela, se foi a idade ou se é isso mesmo que pensa... Para quem o admira, deseja comentar embaixo e ver seu comentário mantido, que busque fazê-lo com educação, apesar de admitir que pretendo ser ácido, como de costume. Outro alerta, de pré-julgamento, já que nunca li suas obras e duvido que não tenham nada de interessante ou útil nelas. Me basearei totalmente no que disse aí [se foi uma entrevista editada ou encurtada, também não posso dizer].

Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/comportamento/noticia/2019/06/roger-scruton-os-conservadores-dizem-o-que-as-pessoas-querem-ouvir-cjxg4z6yr03pv01o9m9sfbqfs.html

CONTRAPONTOS

REPÓRTER PERGUNTA: ''Um de seus principais livros chama-se Como Ser Um Conservador. Afinal, o que significa ser um conservador?''

ROGER SCRUTON: ''O conservadorismo significa uma constante consciência da sua herança e da história da sua nação. Esse é o desejo do conservador. Afinal, tudo no mundo está sob ameaça. Tudo pode mudar, mas todos sabemos as coisas boas que queremos manter – e as coisas ruins que queremos mudar. O conservador acredita na ênfase às coisas boas. E trabalha duro para conservá-las.''

O que é ter uma CONSTANTE CONSCIÊNCIA DA HISTÓRIA DE SUA NAÇÃO?? É  O MESMO QUE BUSCAR COMPREENDE-LA??

É o mesmo que buscar por soluções para os seus problemas? Com quais critérios?? De harmonia social ou crescimento econômico?? De não repetir os mesmos erros, aprendendo com eles??

E quanto à herança...herdar dívidas [pobreza, violência, preconceitos, destruição do meio ambiente] também conta como ''herança''??

TODOS SABEMOS AS COISAS BOAS QUE QUEREMOS MANTER

Mas o que Zezinho acha bom, eu posso achar ruim. Por isso que deve haver um intermediador universal para se chegar a um consenso verdadeiramente harmônico e baseado em fatos [ou verdades.. e já comentei sobre elas, sua diversidade e hierarquia de importância].

Como definir ''coisas boas''?? E que ''coisas ruins'' queremos mudar??

Todos quem??
A maioria??
E com base em qual critério de identificação: cultural, sócio-econômico..??

O ''CONSERVADOR'' ACREDITA NA ÊNFASE ÀS COISAS ''BOAS''... E O TRABALHO DURO DE CONSERVÁ-LAS

Primeiro: não acho que seja tão ''duro'' assim conservar boas ações. De fato, tem sido uma ''dureza'' manter nações, mas isso acontece porque pessoas têm sido exploradas por outras para tal, e não que se consista em uma inevitabilidade. E também quando persiste a existência de ''sabotadores congênitos'' de boas ações [eu poderia pensar na grande maioria dos políticos, especialmente os de ''direita''].

Segundo que, sobre qual conservador que o ''filósofo'' está se referindo???

Porque o que eu percebo é que a maioria dos autodeclarados conservadores não parecem estar preocupados em manter ou favorecer ''coisas boas'' ou então as definem de maneira excessivamente subjetiva, baseados naquilo que sempre os favorece e/ou que desfavorece ''desafetos de instinto''..

"TUDO NO MUNDO ESTÁ SOB AMEAÇA"

Concordo, desde sempre. Mas seria interessante identificar precisamente quais seriam essas ameaças. Dica preciosa: parasitismo (exploração) e predação (opressão) são algumas das piores ameaças para nós. Quem será que mais as pratica, os ambientalistas, por acaso??

''REPÓRTER PERGUNTA: O que seriam essas “coisas boas”?

ROGER SCRUTON: Isso varia conforme cada país. O Brasil, por exemplo, é um caso especial. Já no Reino Unido, temos leis e um sistema de governo milenar que são preciosos aos britânicos. Isso é o que queremos manter. Além de um belo meio ambiente. Temos um processo político e uma religião que queremos manter. Em resumo, todas essas coisas relacionadas à herança nacional. O conservador é simplesmente alguém que diz: “Essas são as coisas boas e elas nos pertencem. Então, vamos mantê-las”

OK, não explicou o que seriam essas ''coisas boas'' no Brasil... conhecimento mínimo sobre a segunda nação em importância das Américas?? Também vi, em outro trecho da entrevista, que não fez o trabalho de casa para tentar entender o fenômeno  Bolsonaro... Será que todos os britânicos acham seu governo milenar [monarquia parlamentarista?], precioso?? E por quais motivos?? Validamente racionais ou instintivos??

Scruton diz, mais na frente, que não gosta do termo ''POPULISMO'', provavelmente porque aposta na ideia de que ''o povo'' tem quer ter TOTAL direito de determinação sobre o seu país. Eu já fiz um texto aqui problematizando sobre um excesso que chamei de DEMOCRACISMO. Parece que a maioria dos ''britânicos'' [não sei se, escoceses, galeses.. ou especialmente os ingleses] apoia a continuidade da existência da monarquia como parte do sistema político... e cultural do país. Ok. Mas, ainda assim, eu tenho que saber, se eu busco pela sabedoria, quais são os motivos ou razões verdadeiros para que apoiem a monarquia, baseados em quê?? Se eu encontrar um paralelo entre gostar de assistir Big Brother ou outro ''Reality Show'' e de gostar das fofocas da família ''real'', não ficarei surpreso. A maioria dos britânicos pensa que sua identidade nacional é forjada FUNDAMENTALMENTE pela existência de uma família ''real''?? Algo para se pensar, ah, mas o genial Scruton foi humilde o suficiente para deixar isso para nós..

O filósofo, se busca pela sabedoria, também ou especialmente, busca por verdades essenciais, e de compreender a natureza diversa e hierárquica das verdades. Ao dar o veredito ''queremos manter ''nossa' religião'', ele demonstra que não está preocupado em, primeiro, compreender a natureza essencial da religião, que eu gosto de denominar mais apropriadamente de mitologia, e a religião como um termo que resgatei e redirecionei para o âmago da filosofia (busca, compreensão e vivência a partir das verdades absolutas).

Scruton só quer manter as ''coisas boas''.. de acordo com uma visão conservadora.

O ''conservador'', segundo Scruton, aponta para as coisas boas, mas com base em quais critérios de ''bom'' ou ''ruim'', provavelmente subjetivos.. e diz que é preciso ''preservá-las''. Preservar a ''família real'', então, deve ser uma dessas ''coisas boas''. Desprezar o papel central e histórico desta família quanto às mazelas sociais do povo britânico, não parece elementar em sua análise. A ''herança nacional'' é o que importa, não interessa a qualidade dessa herança ou melhor, dessas heranças, porque não estamos falando de um bloco monolítico de ideias, ideais e perspectivas, mas de uma variedade muito mais particular de ''coisas boas e ruins' que cada indivíduo ''herda'' ou tem herdado de acordo com as suas posições/identidades na sociedade..

REPÓRTER PERGUNTA: ''Nos últimos anos, o mundo assistiu ao Brexit e às eleições de Donald Trump, Jair Bolsonaro e do húngaro Viktor Orbán, entre outros. O senhor concorda que vivemos uma onda conservadora?''

ROGER SCRUTON: ''Bom, se eles são conservadores, isso é outra pergunta. Eu não gosto dessa palavra ... de populismo. Um novo sentido às pessoas que querem recapturar a sua identidade. Trata-se disso. A identidade é o que faz com que as pessoas permaneçam juntas, como uma comunidade. Isso está ameaçado por uma série de motivos: migração, dificuldades econômicas, perda da religião, colapso da educação e assim por diante.''

Primeiro que, como eu já falei várias vezes nos meus textos com versos e em prosa, nós, individualmente,  não temos apenas uma, mas várias identidades. Segundo que, a ideia de resgate de identidades é uma premissa importante para o progressismo cultural, só que baseado no âmbito individual, que é ainda mais concreto ou verdadeiro, já que o indivíduo é mais verdadeiro que as comunidades ou grupos aos quais se insere [ou é inserido]. Do indivíduo resgatar suas identidades, ao invés de ser espremido dentro de apenas uma "identidade nacional" compacta, parece o mais correto.. até por não força-lo a ser quem ele não é.

Concordo parcialmente com ele que, mudanças abruptas e massivas nas sociedades ocidentais, que podem ou têm contribuído para aumentar obscurantismos, bem como conflitos interculturais, causados pela imigração em massa. Só se esqueceu de completar que esses conflitos são efeitos colaterais das muitas besteiras colossais do colonialismo europeu [branco--''americano''], né? No entanto, também é perceptível o forjar de novas comunidades baseadas em outros conceitos, além dos ''conservadores'' [racial, sócio-econômico ou religioso]. As dificuldades econômicas são provocadas, em sua grande maioria, por [autodeclarados] conservadores e, baseados em uma ideologia que talvez o ''filósofo' rejeite como parte da 'herança conservadora', o capitalismo. Eu sou da opinião pedante que a essência do capitalismo é o materialismo, que é a ênfase no acúmulo de capital/bens como medida universal de relação social, de julgamento de competência, poder e até de caráter. Nada mais conservador do que o preconceito com base em classe social (classismo). Claro que tem ocorrido mudanças no tipo de elite hegemônica, ao menos no mundo ocidental, de ''aristocratas' herdeiros de posses e bens para burgueses: empresários e multimilionários, ''self-made men''. O que também mudou é que se passou a enfatizar o "capital" sobre o bem material. De qualquer maneira, as semelhanças essenciais/são bastante significativas. As estruturas do conservadorismo são basicamente materialistas. O capitalismo seria apenas um tipo diferente de materialismo.
O ''colapso da educação'' é um argumento comum entre os conservadores, especialmente porque assim, podem culpar a adoção de medidas progressistas nas escolas. Claro, mas, o nível de inovação acadêmica continua alto, né?? O percentual de analfabetos, na maioria dos países ocidentais, é muito mais baixo do que durante o longo passado dourado, quando o mundo ocidental estava mergulhado no "tradicionalismo". E, dizer que existe um colapso corrente na educação dos ou de todos os países ocidentais parece um pouco exagerado... Um colapso mesmo seria o equivalente à retração significativa de habilidades adquiridas nas escolas, algo que não parece ser a realidade. É verdade que tem havido um aumento de obscurantismos, em sua maioria, adotados por... autodeclarados conservadores.. O principal deles é a "religião".
Um filósofo, de verdade, se busca pela sabedoria ou por verdades e seus melhores usos, deve ser crítico à ''religião'', até porque, se qualquer um seguir o único caminho que leva ao seu conhecimento essencial e, neste caso, existencial, chegará ao ateísmo e à condenação histórica, moral e intelectual das mitologias. O filósofo verdadeiro se difere de um pensador comum porque ele não está em condições de negar fatos. Em um mundo ideal, todo filósofo deve ser um cientista e todo cientista deve ser um filósofo, se diferindo em que o cientista é mais especializado e o filósofo é mais holístico.

REPÓRTER PERGUNTA: ''Então, o senhor não os classifica como conservadores?''

ROGER SCRUTON: ''É muito difícil descrever Trump como conservador. Ele tem – e todo mundo tem – elementos conservadores. Para colocar em palavras, ele é um personagem excêntrico. Não é uma pessoa que você pensaria espontaneamente como um líder ou como um exemplo. Ele é um homem de negócios que age da maneira mais ultrajante possível. Mas algo dele sensibilizou as pessoas comuns. E esse é o ponto, certo?''

O ''conservador'', segundo a visão do Roger Scruton, é um ser angelical, perfeitamente cético e extremamente racional. Esse tipo ''ideal'', ''verdadeiro'' ou ''puro'' de conservador, que ele e outros procuram, ou é muito raro, ou não existe, ou está neste exato momento escrevendo um texto o refutando mas sem se referir a si mesmo como tal, por falta de identificação. O conservadorismo, na prática histórica, tem se configurado como um conjunto de ideologias de natureza animalista, rigidamente hierárquica, patriarcal, e eu acrescentaria ou detalharia mais: parasitária, frívola, obscurantista/falaciosa e predatória.. A maioria dos conservadores, em especial, cairão ou expressarão ao menos uma dessas características.
 ''MAS ALGO DELE SENSIBILIZOU AS PESSOAS COMUNS. E ESSE É O PONTO, CERTO?''
Uma ode ao democracismo, como sempre. Esse é o ponto para se indagar o porquê, antes de chegar à conclusões que reafirmam convicções pessoais não-analisadas. E, sensibilizar não parece o termo mais adequado e sim, dessensibilizar. Bem, Hitler e Mussolini também dessensibilizaram pessoas comuns... E aí? Enganar também pode ser outro termo, mais adequado que sensibilizar.
No mais, não é injusto concluir que opiniões de pessoas comuns não podem ser sempre tomadas de maneira absoluta como vereditos precisos sobre o que é mais verdadeiro/correto ou não, por serem mais ingênuas ou manipuláveis, socialmente conformistas e menos reflexivas sobre suas próprias ações e, portanto, também sobre a realidade [os problemas do mundo]. Mas, é conveniente para o sábio Scruton, já que são, em média, mais conservadoras e porque têm sido cooptadas pela mídia digital de direita, também por culpa do seu abandono pelas esquerdas (ou o fato dessas terem chegado muito atrasadas nos espaços das mídias digitais).

REPÓRTER PERGUNTA: ''No Brasil, o senhor tornou-se uma referência para a nova direita. É possível aplicar suas ideias conservadoras em um país tão diferente do Reino Unido?''

ROGER SCRUTON: ''O erro do Brasil foi ter sido colonizado pelos portugueses. O Brasil deveria ter sido colonizado pelos ingleses. Isso tornaria as coisas muito mais simples. Vocês querem a tradição política britânica, e é por isso que sou popular – eu represento essa tradição. Em meio a essas constantes tempestades tropicais, vocês querem uma injeção desse senso britânico de calma. É lógico que meu conservadorismo é sobre o Reino Unido e está baseado no nível desse país, mas ele contém ideias que são relevantes para o mundo. Sou um filósofo que está sempre tentando expressar as suas visões de modo emocional, literal e intelectual, tentando ir ao encontro do coração do pensamento conservador. Isso é particularmente relevante para o Brasil, onde as pessoas são, como todos sabem, calorosas e afetivas.''

A primeira parte deve ser ''coisa de entrevista''. Se fosse ele, teria sido comedido ao afirmar que é popular no Brasil. O quão popular no Br
asil ele deve ser?? Será que leem os seus livros?? E/ou o seguem como um outro guru?
E de que a maioria dos brasileiros deseja uma república parlamentarista. Como se isso fosse resolver o problema da corrupção aqui.

O apelo POPULISTA dele é uma constante inequívoca.

''CALMA BRITÂNICA'' para governar. Bem, países africanos e o subcontinente indiano têm ''ótimas recomendações'' sobre a invasão e o domínio britânicos. Mas, ''calma'' ou fleuma para quê, no intuito de agir de que modo?? Caudilhos políticos são causados por quem? Por abstrações como o tipo de governo, ''tempestades tropicais'' ou por pessoas com [certas] convicções psico-ideológicas e [certas] superestruturas acobertadoras (conservadoras)??

O conservadorismo tem um coração?? Séculos de exploração, escravidão e preconceitos nos dizem que, se tem, deve ser do tipo bem gelado.

Excessos de frases vagas e charmosas que cativam tias do zap e pessoas que acham que filosofia é aquilo que suas subjetividades determinam como certo e errado.

Um filósofo que expressa apenas as SUAS visões ou verdades subjetivas sem criticá-las [analisá-las ou revisá-las], sem buscar ampliar sua compreensão de mundo, pode até ser, por diploma e/ou popularidade, mas não por vocação.

Sim, meu caro, calorosas e ''afetivas'' e isso já é um combo. Simpáticas eu diria, mas, muitas aqui não são exatamente EMPÁTICAS. Uma dica, a maioria das menos empáticas se declaram como ''conservadoras''.. Será que no Reino Unido é assim também??

REPÓRTER PERGUNTA: ''No Brasil, também ressurgiu nos últimos anos a defesa do liberalismo econômico. Para o senhor, o capitalismo necessita de controle?''

ROGER SCRUTON: ''Os clássicos filósofos liberais que as pessoas adoram, como Adam Smith e John Stuart Mill, sempre defenderam que o necessário é uma economia baseada nos princípios liberais e nada mais. Isso foi estabelecido, mas também significa controle, e que limites que não podem ser ultrapassados. Nós ultrapassamos essas barreiras ao permitir corporações nacionais fora da jurisdição de qualquer país. Chegamos a uma nova situação ao deixarmos isso acontecer sem perceber o quão imenso é o crescimento dessas corporações para além do poder de qualquer Estado-nação. Basta olhar para o Google, por exemplo. É uma corporação aterrorizante que pode controlar todos nós.''

Eu já comentei, no texto recente, sobre o conceito mais coeso [provável e lógico] de liberdade e que, a partir dele, a ideia de liberdade econômica adquire uma outra imagem, bem mais ''progressista', eu diria.. No final, parece que apela pelo controle estatal da internet. Foi exatamente isso que eu li?? (A priori, o controle estatal da internet não é algo intrinsecamente ruim nem bom, em teoria... O problema é quem a controlaria, com quais métodos e critérios).

'É UMA CORPORAÇÃO ATERRORIZANTE QUE PODE CONTROLAR TODOS NÓS'

Historicamente, o estado-nação tem agido assim, a partir de instituições culturais conservadoras..


''REPÓRTER PERGUNTA: A esquerda costuma dizer que os conservadores ignoram pautas sociais e identitárias. o senhor concorda?

ROGER SCRUTON: ''É algo bastante minoritário. Em geral, a esquerda é uma coleção de minorias quietas e educadas que querem dominar a maioria. A maioria das pessoas não têm problemas de identidade sobre gênero sexual e aspectos raciais, elas estão interessadas naquilo que compartilham com as outras – o seu país e a ordem política. A esquerda está sempre brava com os conservadores porque os conservadores dizem o que as pessoas realmente querem ouvir e o que realmente as une. E não essas pautas que são relevantes apenas para pequenas minorias de grandes cidades.''

A primeira parte da resposta não parece ser uma resposta à pergunta.
Os conservadores ignoram pautas sociais//identitárias, sim ou não??
''É algo bastante minoritário...'' e então seu conceito sobre o que são as esquerdas.

Resposta correta de alguém com honestidade intelectual:
Sim, a maioria desdenha, diz que é 'mimimi', vitimismo e, se espremidos um pouco mais, admitem que não estão nem aí, que são egoístas mesmo.

Mas, e  a maioria sócio-econômica, de classes trabalhadora e média??
Maioria preta e parda, em países como o Brasil??

Claro que a maioria das pessoas são ultra bem resolvidas sobre questões centrais em suas vidas como raça [''muita imigração pro Reino Unido'', Scruton, Roger] e sexo...

Essas questões por serem centrais, no entanto, são irresolvíveis, no máximo controláveis. Dentro da heterossexualidade, já existe um bocado de complexidade,  por exemplo.

 No mais, a maioria das pessoas que buscam apenas serem respeitadas quanto às suas inclinações sexuais incomuns não têm problemas de identidade.. É justamente pela não-repressão que elas almejam consertar preconceitos internalizados sobre si mesmas e expressar aquilo que sentem e o que são, quanto a essa faceta de suas individualidades...

Troque '' a[s] esquerda[s] sempre brava[s]s com conservadores'' por PESSOAS SENSATAS, PONDERADAS OU RACIONAIS [muitas que não são partidariamente esquerdistas] sempre bravas com..

 "Minorias que querem controlar MAIORIAS"

Que maioria, a elite??

Pobres e pessoas comuns, excluídas pelas elites, em sua maioria, conservadoras, são, supostamente, minorias. Indivíduos são minorias mas também a maior maioria... Enfim... ele aponta para a ponta do iceberg e eu vou mais fundo.

Compartilhamos muito mais identidades do que o oposto. Exemplos: todo mundo é filho, a maioria tem irmãos, amigos. Todo mundo é ser humano e toda vida é vida. Não entendo. Se as pessoas estão mais interessadas naquilo que compartilham umas com as outras, então, por que supostamente não estariam em relação a conceitos universais como respeito, amizade e/ou amor?? Mais uma falácia, de tantas que esta entrevista contém: uma falsa dicotomia. Um cérebro, acho eu, e, especialmente um cérebro inteligente, consegue dar importância tanto à ORDEM POLÍTICA quanto às pautas identitárias. No mais, o identitarismo de minorias historicamente excluídas e oprimidas FAZ PARTE DA ORDEM POLÍTICA, ou melhor, da HARMONIA POLÍTICA. Como sempre, sir Scruton, que supostamente ama ou amava 'as'' classes trabalhadoras britânicas, de longe, provavelmente, as usa como escudo argumentativo, apelando ao democracismo. ''O que a maioria pensa é o certo e/ou o mais importante''. Parece até com um projeto de gente que, desgraçadamente, ''governa'' este país sombrio de 2019 e, agora, 2020 DC. Se a maioria, segundo a visão dele, pensasse diferente, então encontraria uma outra desculpa para mudar de tática.

Se as pessoas tivessem como identidade elementar a nação, não apenas no sentido superficial ou abstrato de nacionalidade, então não teríamos desigualdades sociais, para começo de conversa. Dizer que compartilhamos nossa nação depende do nível de equidade/qualidade desse compartilhamento.

OS CONSERVADORES DIZEM O QUE AS PESSOAS QUEREM OUVIR

Muita calma nessa hora. Mais racionalidade, ponderação. Ah, me esqueci! Um homem genial como ele não precisa disso... ambos, conservadores e progressistas, têm coisas importantes a falar que ''as pessoas'' querem ouvir. No mais, é difícil tentar dar mais detalhes à frases tão opacas como essa.

Outro problema mas, a mesma constância de argumentos populistas: também é muito importante dizer às pessoas o que elas NÃO QUEREM OUVIR, um papel importante para quem se diz ''filósofo''. Não por implicância mas por ser seu papel expor todas as verdades, organizando-as de acordo com suas importâncias: localizações ou significâncias.

''O QUE REALMENTE AS UNE''

O fato de sentir maior conexão com certos grupos não significa que eu tenha que desprezar ou desejar o ódio absoluto a outros grupos.. dependendo do grupo, claro.

São frases vagas que eu sempre pensei serem pragas de alguns ou muitos intelectuais de esquerda e coaches, mas percebo aqui que são as preferidas pelo ''filósofo'' de direita.

Quando fala "o que realmente une as pessoas", parece que está excluindo de "pessoas", as minorias. Enfim, ele idealiza o conservadorismo de maneira tão profunda que pensa que antes, as pessoas, de maneira geral, eram harmoniosamente unidas em torno de uma identidade nacional digna de orgulho inquestionável. Tão distante da realidade...

As pautas identitárias evidentemente que são muito mais relevantes para as minorias sexuais urbanizadas, desprezando que existem outras pautas, como a feminina, que não é minoritária. No entanto, elas não foram levantadas a troco de nada. LGBTs são minoria, mas estão presentes em praticamente todas as famílias [árvores genealógicas]. Ensinar às pessoas o mínimo de conhecimento do tipo ''ser gay [LGBT] não é pecado, porque não define caráter'', para que, nas interações ''da maioria com as minorias'', prevaleça o máximo possível de respeito mútuo, apesar de achar bem difícil que isso aconteça sempre, quando temos uma horda de ''racionais'' conservadores incapazes de sublimar seus instintos primitivo-agressivos. No mais, é interessante ele não citar as ELITES, que são uma minoria mas que, historicamente e GRAÇAS AO CONSERVADORISMO CULTURAL, têm pautado, autoritariamente, boa parte das diretrizes culturais e morais das sociedades humanas. Tão conveniente...

''REPÓRTER PERGUNTA: Essas pautas são irrelevantes para a sociedade em geral?

ROGER SCRUTON: ''Depende de quais pautas, porque todas as pautas se tornam relevantes para a sociedade se você responder a elas. A questão é como você responde a elas. A maioria das pessoas não está agitada com a agenda LGBT. Para a maioria, essa questão é minoritária e pode ser acomodada na mesma solução que serve a todas as outras coisas – a bondade humana. Isso é o que os conservadores sempre recomendam.''

Primeiro... ele cita fontes sobre isso?? Seria muito bom se a maioria das pessoas, especialmente políticos/líderes ''religiosos" de direita, não estivessem ''AGITADOS'' com a ''agenda'' LGBT, que a diversidade sexual fosse considerada ''algo menor'' ou ''sem importância'' por essa ''maioria'', pois é justamente o oposto que acontece. Especialmente para uma minoria não muito pequena, ''educada e inteligente'' de autodeclarados conservadores ortodoxos, que desde os tempos bíblicos têm implicância com a diversidade natural da espécie, aliás, com a própria realidade. A "agenda" LGBT é justamente pensando em reduzir  todo esse agito milenar conservador em relação à intimidade sexual alheia.

Independente disso, desde quando o termômetro do bom senso precisa obedecer ao termômetro das massas [senso comum]?? A todo momento, ele faz um apelo escancarado ao populismo, claro, de grupos largos de pessoas manipuladas por ''conservadores que sempre recomendam a bondade 'humana' ''.

Conservador é um termo MUITO VAGO, pois não é uma denominação específica, com um único conceito. Quando isso acontece, é sempre melhor conceituar o termo com base em sua expressão histórica e concreta ou corrente. Baseados assim, percebemos que, a última coisa que conservadores típicos recomendam, é a bondade humana ou, baseados em seus conceitos de bondade a partir de inteligências emocionais não muito desenvolvidas...

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Verdades muito duras sobre o Brasil de agora e do futuro ( previsão de cenário altamente distópico)

Verdades muito duras sobre o Brasil de agora e do futuro ( previsão de cenário altamente distópico)

- O Brasil não tem condições de se tornar um país capitalista "desenvolvido', especialmente porque sua população não está no mesmo nível cognitivo que 100% dos 20 países com maior IDH. O QI do brasileiro, em média, gira em torno de 85. A média Greenwich é 100, a mesma dos EUA e da Europa Ocidental. Indivíduos com maiores pontuações em testes de QI geralmente apresentam: melhores capacidades verbais, aritméticas, de pensamento abstrato, interesse por história, geografia, ciências, maior discernimento moral e controle de seus instintos... A única maneira do país se tornar capitalisticamente desenvolvido, seria pela prática da eugenia, objetivando aumentar a proporção de pessoas tecnicamente inteligentes (e/ou limitar a fecundidade das menos..) ou, então,  pela atração massiva de imigração qualificada. Ainda não seria o ideal pois não haveria controle de qualidade.

Uma melhor educação não faz milagres sozinha. A inteligência, assim como a personalidade,  tem uma forte carga genética. As circunstâncias têm um papel mais secundário, afinal, se o indivíduo não nasce com potencial, nada poderá ajudá-lo a se tornar o que não pode ser. Ainda não é um determinismo absoluto, pois nascer em um ambiente muito desfavorável pode dificultar o desenvolvimento de capacidades individuais...

Superdotados, que vêm de famílias "pobres", nos mostram que a qualidade da educação tem um papel bem mais limitado para o aumento da inteligência humana do que a maioria dos educadores pensam ou gostariam. Também é possível dizer que os brasileiros com altas habilidades têm sido pouco "aproveitados" por viverem em uma sociedade classista, onde outro QI (quem indica) é bem mais requisitado.

Mesmo se o Brasil se tornasse desenvolvido nos moldes capitalistas, a inexistência de um sistema público de saúde nos EUA e a superexploração do trabalho no Japão são exemplos elucidativos de que não basta ascender ao clube dos riquinhos, pois também é essencial assegurar um forte estado de bem-estar social que ampare a população, tal como acontece na Escandinávia;

- Se o povo não ajuda, por não ser adequadamente inteligente, as "nossas" elites também não, por serem, em sua maioria, de oportunistas, muito mais preocupadas em manter seus privilégios do que com o verdadeiro desenvolvimento do país, com base na melhoria generalizada do padrão de vida, com melhor distribuição de renda e direitos reforçados;

- A democracia representativa, vigente no Brasil, não funciona, porque o povo não sabe votar, com frequência escolhendo candidatos por simpatia do que por honestidade e qualidade de suas propostas, que exige  conhecimento em ciências humanas, fundamental para compreender a política.. A maioria dos brasileiros são de despolitizados (pessoas que não se interessam por política) e de pseudo-politizados (pessoas que se interessam por política, mas não a compreendem, tratando-a como se fosse um campeonato de esporte coletivo). Para piorar, os privilégios indevidos que são dados ao ocupante de cargo político no Brasil atraem um grande número de parasitas, transformando a corrupção em regra;

- As esquerdas brasileiras também são parte deste grande problema que é o Brasil. Estalinistas e progressistas burgueses dominam totalmente o cenário político esquerdista no país, com a ausência de uma via racional socialista. De um lado, temos um largo grupo de pensadores binários, rígidos, presos a um ''passado' de revoluções e ditaduras sangrentas. Do outro lado, temos progressistas burgueses excessivamente enviesados em pautas identitárias, que têm dividido mais do que agregado: votos, frentes de avanço em políticas humanistas e de combate ao capitalismo selvagem e ao neofascismo digital,sem falar que também abraçam pseudociência ou obscurantismo que nega diferenças intrínsecas de gênero, raça...;

- O aumento da influência da igreja evangélica (que, curiosamente, deu um salto durante os governos petistas...) na sociedade brasileira, é equivalente à epidemia de um vírus perigoso, porque a mesma nada mais é do que uma máfia, tal como a italiana, que manipula e rouba dinheiro de uma população/de/fiéis predominantemente periférica, esquecida pela igreja católica (transformada em religião de branco rico no Brasil),e que não tem nenhum compromisso com o desenvolvimento do país, apenas com seus lucros ''abençoados''. Um país dominado por essa corja de psicopatas e sua massa de mínions acéfalos/zumbificados caminharia para se transformar no que o Afeganistão, outrora moderno e secular, é hoje.

A racionalidade também apresenta forte caráter congênito. Aquele que já nasce predisposto para uma maior facilidade de ponderação analítica e moral, inevitavelmente chegará a fatos que contestam a veracidade das mitologias, tal como seu absurdo lógico[''mulher virgem é 'semeada' com o espermatozoide do 'criador' do universo''...], seus históricos de estupidez, alienação e opressão, ao ateísmo e à busca pela justiça social.

O crescimento da igreja ou máfia evangélica está diretamente relacionado com um processo de Disgenia,corrente no Brasil, pouco comentado por ser "politicamente incorreto", em que os menos inteligentes (e os menos racionais) têm mais filhos que os mais inteligentes, fenômeno também observado em outros países como a Islândia, perceptível pelo diferencial nas taxas de fecundidade de quem têm maior e menor escolaridade. Mais gente cognitivamente limitada, pior para o Brasil, melhor para a máfia evangélica e para os políticos corruptos. Menos inteligente e, especialmente, menos racional for o indivíduo, mais propenso a mergulhar de cabeça em crenças mitológicas, votar errado, ser fanático/preconceituoso e consequentemente desprezar ciência e filosofia. A máfia evangélica ainda se alia ao hiper-capitalismo, aos ''empresários de bem'' ou, parasitas de colarinho branco, isto é, enquanto expropria o dinheiro suado de seu ''gado'', defende a perpetuação da idiocracia capitalista que lhe é perfeitamente complementar. Não tenho conhecimento de que os "ensinamentos de Jesus" se consistam em roubar dinheiro dos outros e pregar o ódio. De um país beirando à democracia social, com uma constituição moderna, que se fosse levada a sério melhoraria substancialmente a qualidade de vida da população, para um buraco obscurantista...

Com a redemocratização, o país foi a passos lentos tentando se recuperar dos estragos causados pela ditadura militar, mas, agora, com o fracasso da esquerda petista e com a ascensão da extrema direita, está caminhando rapidamente em direção à sua própria ruína. A longo prazo estará condenado se nada de inteligente, organizado, eficiente e conclusivo for feito.

Em um mundo povoado e dominado por psicopatas e psicóticos, a única receita para começar a combatê-los é imitando suas estratégias de poder, diga-se, bem lógicas, de pensarmos na construção de estruturas sociais concretas, de segurança, coesão e gratificação, que abranja (no sentido de agradar) uma ampla parcela da população/e vá substituindo as capitanias hereditárias dos conservadores, não muito diferente do que sempre digo, de apenas sermos fiéis aos nossos ideais de igualdade, fraternidade e liberdade. Sou ainda mais ousado e receito pensar seriamente em medidas drásticas para lidar com esses selvagens primitivos, podendo ter que usar de violência aberta contra eles, já que são os principais responsáveis por todos os nossos problemas e conflitos desnecessários, pelo subdesenvolvimento do Brasil!! Proibir "igrejas" evangélicas, prender "pastores", aumentar consideravelmente os impostos sobre os mais ricos, são exemplos de ações que poderão ser necessárias se não agora, em um futuro próximo. Mas, para isso, os progressistas precisariam resolver uma série de questões/cruciais e é aí que o desafio parece ser ainda maior.  Aqui,enumerei algumas dessas pendengas:

-O fim da hegemonia petista dentro do progressismo brasileiro, ou profunda reforma de um partido que tem se mostrado facilmente corrompível, eleitoreiro, mais preocupado com as próximas eleições e seu projeto de poder do que com o destino do país;

-Modernização de partidos comunistas menores, de pararem com esse vicio de linguagem marxista, estereotipada e calcificada, sem precisar abandonar a justiça social;

-Reforma das políticas identitárias, buscando acabar com os divisionismos que têm criado sem esquecer/de/manter as correções históricas;

-Priorização absoluta da pauta ecológica,finalizando com políticas desenvolvimentistas, tão adoradas por estalinistas e maoístas;

- Escolha e incentivo massivo de religiões progressistas, tal como o espiritismo como substituta[s] da máfia evangélica;

- Por fim, uma macro-organização, hierarquicamente moderna (flexível), descentralizada, totalmente aberta para ideias racionais e múltiplas lideranças jovens, entre todas as frentes de esquerda e centro no país.

 Todos os meus textos sobre política, ideologias e filosofia são fontes confiáveis, precisas, eu diria, confiante,  de como abordar todos esses problemas, pois/se nada disso for feito, até a esperança de um país melhor, até então inabalável, estará seriamente ameaçada.