Uma entrevista e uma des-homenagem a Roger Scruton parte I
Um filósofo conservador??
ROGER SCRUTON
Idealmente falando, nenhum filósofo deveria se enquadrar à ideologias e sim, sempre buscar entendê-las e, se possível, superá-las, por serem distorções da realidade em prol de perspectivas particulares. Mas, o exato oposto tem acontecido, até por serem eles os maiores responsáveis pela diversificação ideológica ou, de uma maneira mais crua de falar, pelo esquartejamento contínuo do corpo da verdadeira e única filosofia. Enfim, aqui, vou demonstrar como que pensamentos equivocados de alguém que viveu uma vida com o broche especial de ''intelectual'', podem ser identificados em apenas uma entrevista. Se ele não estava passando bem quando se prestou à ela, se foi a idade ou se é isso mesmo que pensa... Para quem o admira, deseja comentar embaixo e ver seu comentário mantido, que busque fazê-lo com educação, apesar de admitir que pretendo ser ácido, como de costume. Outro alerta, de pré-julgamento, já que nunca li suas obras e duvido que não tenham nada de interessante ou útil nelas. Me basearei totalmente no que disse aí [se foi uma entrevista editada ou encurtada, também não posso dizer].
Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/comportamento/noticia/2019/06/roger-scruton-os-conservadores-dizem-o-que-as-pessoas-querem-ouvir-cjxg4z6yr03pv01o9m9sfbqfs.html
CONTRAPONTOS
REPÓRTER PERGUNTA: ''Um de seus principais livros chama-se Como Ser Um Conservador. Afinal, o que significa ser um conservador?''
ROGER SCRUTON: ''O conservadorismo significa uma constante consciência da sua herança e da história da sua nação. Esse é o desejo do conservador. Afinal, tudo no mundo está sob ameaça. Tudo pode mudar, mas todos sabemos as coisas boas que queremos manter – e as coisas ruins que queremos mudar. O conservador acredita na ênfase às coisas boas. E trabalha duro para conservá-las.''
O que é ter uma CONSTANTE CONSCIÊNCIA DA HISTÓRIA DE SUA NAÇÃO?? É O MESMO QUE BUSCAR COMPREENDE-LA??
É o mesmo que buscar por soluções para os seus problemas? Com quais critérios?? De harmonia social ou crescimento econômico?? De não repetir os mesmos erros, aprendendo com eles??
E quanto à herança...herdar dívidas [pobreza, violência, preconceitos, destruição do meio ambiente] também conta como ''herança''??
TODOS SABEMOS AS COISAS BOAS QUE QUEREMOS MANTER
Mas o que Zezinho acha bom, eu posso achar ruim. Por isso que deve haver um intermediador universal para se chegar a um consenso verdadeiramente harmônico e baseado em fatos [ou verdades.. e já comentei sobre elas, sua diversidade e hierarquia de importância].
Como definir ''coisas boas''?? E que ''coisas ruins'' queremos mudar??
Todos quem??
A maioria??
E com base em qual critério de identificação: cultural, sócio-econômico..??
O ''CONSERVADOR'' ACREDITA NA ÊNFASE ÀS COISAS ''BOAS''... E O TRABALHO DURO DE CONSERVÁ-LAS
Primeiro: não acho que seja tão ''duro'' assim conservar boas ações. De fato, tem sido uma ''dureza'' manter nações, mas isso acontece porque pessoas têm sido exploradas por outras para tal, e não que se consista em uma inevitabilidade. E também quando persiste a existência de ''sabotadores congênitos'' de boas ações [eu poderia pensar na grande maioria dos políticos, especialmente os de ''direita''].
Segundo que, sobre qual conservador que o ''filósofo'' está se referindo???
Porque o que eu percebo é que a maioria dos autodeclarados conservadores não parecem estar preocupados em manter ou favorecer ''coisas boas'' ou então as definem de maneira excessivamente subjetiva, baseados naquilo que sempre os favorece e/ou que desfavorece ''desafetos de instinto''..
"TUDO NO MUNDO ESTÁ SOB AMEAÇA"
Concordo, desde sempre. Mas seria interessante identificar precisamente quais seriam essas ameaças. Dica preciosa: parasitismo (exploração) e predação (opressão) são algumas das piores ameaças para nós. Quem será que mais as pratica, os ambientalistas, por acaso??
''REPÓRTER PERGUNTA: O que seriam essas “coisas boas”?
ROGER SCRUTON: Isso varia conforme cada país. O Brasil, por exemplo, é um caso especial. Já no Reino Unido, temos leis e um sistema de governo milenar que são preciosos aos britânicos. Isso é o que queremos manter. Além de um belo meio ambiente. Temos um processo político e uma religião que queremos manter. Em resumo, todas essas coisas relacionadas à herança nacional. O conservador é simplesmente alguém que diz: “Essas são as coisas boas e elas nos pertencem. Então, vamos mantê-las”
OK, não explicou o que seriam essas ''coisas boas'' no Brasil... conhecimento mínimo sobre a segunda nação em importância das Américas?? Também vi, em outro trecho da entrevista, que não fez o trabalho de casa para tentar entender o fenômeno Bolsonaro... Será que todos os britânicos acham seu governo milenar [monarquia parlamentarista?], precioso?? E por quais motivos?? Validamente racionais ou instintivos??
Scruton diz, mais na frente, que não gosta do termo ''POPULISMO'', provavelmente porque aposta na ideia de que ''o povo'' tem quer ter TOTAL direito de determinação sobre o seu país. Eu já fiz um texto aqui problematizando sobre um excesso que chamei de DEMOCRACISMO. Parece que a maioria dos ''britânicos'' [não sei se, escoceses, galeses.. ou especialmente os ingleses] apoia a continuidade da existência da monarquia como parte do sistema político... e cultural do país. Ok. Mas, ainda assim, eu tenho que saber, se eu busco pela sabedoria, quais são os motivos ou razões verdadeiros para que apoiem a monarquia, baseados em quê?? Se eu encontrar um paralelo entre gostar de assistir Big Brother ou outro ''Reality Show'' e de gostar das fofocas da família ''real'', não ficarei surpreso. A maioria dos britânicos pensa que sua identidade nacional é forjada FUNDAMENTALMENTE pela existência de uma família ''real''?? Algo para se pensar, ah, mas o genial Scruton foi humilde o suficiente para deixar isso para nós..
O filósofo, se busca pela sabedoria, também ou especialmente, busca por verdades essenciais, e de compreender a natureza diversa e hierárquica das verdades. Ao dar o veredito ''queremos manter ''nossa' religião'', ele demonstra que não está preocupado em, primeiro, compreender a natureza essencial da religião, que eu gosto de denominar mais apropriadamente de mitologia, e a religião como um termo que resgatei e redirecionei para o âmago da filosofia (busca, compreensão e vivência a partir das verdades absolutas).
Scruton só quer manter as ''coisas boas''.. de acordo com uma visão conservadora.
O ''conservador'', segundo Scruton, aponta para as coisas boas, mas com base em quais critérios de ''bom'' ou ''ruim'', provavelmente subjetivos.. e diz que é preciso ''preservá-las''. Preservar a ''família real'', então, deve ser uma dessas ''coisas boas''. Desprezar o papel central e histórico desta família quanto às mazelas sociais do povo britânico, não parece elementar em sua análise. A ''herança nacional'' é o que importa, não interessa a qualidade dessa herança ou melhor, dessas heranças, porque não estamos falando de um bloco monolítico de ideias, ideais e perspectivas, mas de uma variedade muito mais particular de ''coisas boas e ruins' que cada indivíduo ''herda'' ou tem herdado de acordo com as suas posições/identidades na sociedade..
REPÓRTER PERGUNTA: ''Nos últimos anos, o mundo assistiu ao Brexit e às eleições de Donald Trump, Jair Bolsonaro e do húngaro Viktor Orbán, entre outros. O senhor concorda que vivemos uma onda conservadora?''
ROGER SCRUTON: ''Bom, se eles são conservadores, isso é outra pergunta. Eu não gosto dessa palavra ... de populismo. Um novo sentido às pessoas que querem recapturar a sua identidade. Trata-se disso. A identidade é o que faz com que as pessoas permaneçam juntas, como uma comunidade. Isso está ameaçado por uma série de motivos: migração, dificuldades econômicas, perda da religião, colapso da educação e assim por diante.''
Primeiro que, como eu já falei várias vezes nos meus textos com versos e em prosa, nós, individualmente, não temos apenas uma, mas várias identidades. Segundo que, a ideia de resgate de identidades é uma premissa importante para o progressismo cultural, só que baseado no âmbito individual, que é ainda mais concreto ou verdadeiro, já que o indivíduo é mais verdadeiro que as comunidades ou grupos aos quais se insere [ou é inserido]. Do indivíduo resgatar suas identidades, ao invés de ser espremido dentro de apenas uma "identidade nacional" compacta, parece o mais correto.. até por não força-lo a ser quem ele não é.
Concordo parcialmente com ele que, mudanças abruptas e massivas nas sociedades ocidentais, que podem ou têm contribuído para aumentar obscurantismos, bem como conflitos interculturais, causados pela imigração em massa. Só se esqueceu de completar que esses conflitos são efeitos colaterais das muitas besteiras colossais do colonialismo europeu [branco--''americano''], né? No entanto, também é perceptível o forjar de novas comunidades baseadas em outros conceitos, além dos ''conservadores'' [racial, sócio-econômico ou religioso]. As dificuldades econômicas são provocadas, em sua grande maioria, por [autodeclarados] conservadores e, baseados em uma ideologia que talvez o ''filósofo' rejeite como parte da 'herança conservadora', o capitalismo. Eu sou da opinião pedante que a essência do capitalismo é o materialismo, que é a ênfase no acúmulo de capital/bens como medida universal de relação social, de julgamento de competência, poder e até de caráter. Nada mais conservador do que o preconceito com base em classe social (classismo). Claro que tem ocorrido mudanças no tipo de elite hegemônica, ao menos no mundo ocidental, de ''aristocratas' herdeiros de posses e bens para burgueses: empresários e multimilionários, ''self-made men''. O que também mudou é que se passou a enfatizar o "capital" sobre o bem material. De qualquer maneira, as semelhanças essenciais/são bastante significativas. As estruturas do conservadorismo são basicamente materialistas. O capitalismo seria apenas um tipo diferente de materialismo.
O ''colapso da educação'' é um argumento comum entre os conservadores, especialmente porque assim, podem culpar a adoção de medidas progressistas nas escolas. Claro, mas, o nível de inovação acadêmica continua alto, né?? O percentual de analfabetos, na maioria dos países ocidentais, é muito mais baixo do que durante o longo passado dourado, quando o mundo ocidental estava mergulhado no "tradicionalismo". E, dizer que existe um colapso corrente na educação dos ou de todos os países ocidentais parece um pouco exagerado... Um colapso mesmo seria o equivalente à retração significativa de habilidades adquiridas nas escolas, algo que não parece ser a realidade. É verdade que tem havido um aumento de obscurantismos, em sua maioria, adotados por... autodeclarados conservadores.. O principal deles é a "religião".
Um filósofo, de verdade, se busca pela sabedoria ou por verdades e seus melhores usos, deve ser crítico à ''religião'', até porque, se qualquer um seguir o único caminho que leva ao seu conhecimento essencial e, neste caso, existencial, chegará ao ateísmo e à condenação histórica, moral e intelectual das mitologias. O filósofo verdadeiro se difere de um pensador comum porque ele não está em condições de negar fatos. Em um mundo ideal, todo filósofo deve ser um cientista e todo cientista deve ser um filósofo, se diferindo em que o cientista é mais especializado e o filósofo é mais holístico.
REPÓRTER PERGUNTA: ''Então, o senhor não os classifica como conservadores?''
ROGER SCRUTON: ''É muito difícil descrever Trump como conservador. Ele tem – e todo mundo tem – elementos conservadores. Para colocar em palavras, ele é um personagem excêntrico. Não é uma pessoa que você pensaria espontaneamente como um líder ou como um exemplo. Ele é um homem de negócios que age da maneira mais ultrajante possível. Mas algo dele sensibilizou as pessoas comuns. E esse é o ponto, certo?''
O ''conservador'', segundo a visão do Roger Scruton, é um ser angelical, perfeitamente cético e extremamente racional. Esse tipo ''ideal'', ''verdadeiro'' ou ''puro'' de conservador, que ele e outros procuram, ou é muito raro, ou não existe, ou está neste exato momento escrevendo um texto o refutando mas sem se referir a si mesmo como tal, por falta de identificação. O conservadorismo, na prática histórica, tem se configurado como um conjunto de ideologias de natureza animalista, rigidamente hierárquica, patriarcal, e eu acrescentaria ou detalharia mais: parasitária, frívola, obscurantista/falaciosa e predatória.. A maioria dos conservadores, em especial, cairão ou expressarão ao menos uma dessas características.
''MAS ALGO DELE SENSIBILIZOU AS PESSOAS COMUNS. E ESSE É O PONTO, CERTO?''
Uma ode ao democracismo, como sempre. Esse é o ponto para se indagar o porquê, antes de chegar à conclusões que reafirmam convicções pessoais não-analisadas. E, sensibilizar não parece o termo mais adequado e sim, dessensibilizar. Bem, Hitler e Mussolini também dessensibilizaram pessoas comuns... E aí? Enganar também pode ser outro termo, mais adequado que sensibilizar.
No mais, não é injusto concluir que opiniões de pessoas comuns não podem ser sempre tomadas de maneira absoluta como vereditos precisos sobre o que é mais verdadeiro/correto ou não, por serem mais ingênuas ou manipuláveis, socialmente conformistas e menos reflexivas sobre suas próprias ações e, portanto, também sobre a realidade [os problemas do mundo]. Mas, é conveniente para o sábio Scruton, já que são, em média, mais conservadoras e porque têm sido cooptadas pela mídia digital de direita, também por culpa do seu abandono pelas esquerdas (ou o fato dessas terem chegado muito atrasadas nos espaços das mídias digitais).
REPÓRTER PERGUNTA: ''No Brasil, o senhor tornou-se uma referência para a nova direita. É possível aplicar suas ideias conservadoras em um país tão diferente do Reino Unido?''
ROGER SCRUTON: ''O erro do Brasil foi ter sido colonizado pelos portugueses. O Brasil deveria ter sido colonizado pelos ingleses. Isso tornaria as coisas muito mais simples. Vocês querem a tradição política britânica, e é por isso que sou popular – eu represento essa tradição. Em meio a essas constantes tempestades tropicais, vocês querem uma injeção desse senso britânico de calma. É lógico que meu conservadorismo é sobre o Reino Unido e está baseado no nível desse país, mas ele contém ideias que são relevantes para o mundo. Sou um filósofo que está sempre tentando expressar as suas visões de modo emocional, literal e intelectual, tentando ir ao encontro do coração do pensamento conservador. Isso é particularmente relevante para o Brasil, onde as pessoas são, como todos sabem, calorosas e afetivas.''
A primeira parte deve ser ''coisa de entrevista''. Se fosse ele, teria sido comedido ao afirmar que é popular no Brasil. O quão popular no Br
asil ele deve ser?? Será que leem os seus livros?? E/ou o seguem como um outro guru?
E de que a maioria dos brasileiros deseja uma república parlamentarista. Como se isso fosse resolver o problema da corrupção aqui.
O apelo POPULISTA dele é uma constante inequívoca.
''CALMA BRITÂNICA'' para governar. Bem, países africanos e o subcontinente indiano têm ''ótimas recomendações'' sobre a invasão e o domínio britânicos. Mas, ''calma'' ou fleuma para quê, no intuito de agir de que modo?? Caudilhos políticos são causados por quem? Por abstrações como o tipo de governo, ''tempestades tropicais'' ou por pessoas com [certas] convicções psico-ideológicas e [certas] superestruturas acobertadoras (conservadoras)??
O conservadorismo tem um coração?? Séculos de exploração, escravidão e preconceitos nos dizem que, se tem, deve ser do tipo bem gelado.
Excessos de frases vagas e charmosas que cativam tias do zap e pessoas que acham que filosofia é aquilo que suas subjetividades determinam como certo e errado.
Um filósofo que expressa apenas as SUAS visões ou verdades subjetivas sem criticá-las [analisá-las ou revisá-las], sem buscar ampliar sua compreensão de mundo, pode até ser, por diploma e/ou popularidade, mas não por vocação.
Sim, meu caro, calorosas e ''afetivas'' e isso já é um combo. Simpáticas eu diria, mas, muitas aqui não são exatamente EMPÁTICAS. Uma dica, a maioria das menos empáticas se declaram como ''conservadoras''.. Será que no Reino Unido é assim também??
REPÓRTER PERGUNTA: ''No Brasil, também ressurgiu nos últimos anos a defesa do liberalismo econômico. Para o senhor, o capitalismo necessita de controle?''
ROGER SCRUTON: ''Os clássicos filósofos liberais que as pessoas adoram, como Adam Smith e John Stuart Mill, sempre defenderam que o necessário é uma economia baseada nos princípios liberais e nada mais. Isso foi estabelecido, mas também significa controle, e que limites que não podem ser ultrapassados. Nós ultrapassamos essas barreiras ao permitir corporações nacionais fora da jurisdição de qualquer país. Chegamos a uma nova situação ao deixarmos isso acontecer sem perceber o quão imenso é o crescimento dessas corporações para além do poder de qualquer Estado-nação. Basta olhar para o Google, por exemplo. É uma corporação aterrorizante que pode controlar todos nós.''
Eu já comentei, no texto recente, sobre o conceito mais coeso [provável e lógico] de liberdade e que, a partir dele, a ideia de liberdade econômica adquire uma outra imagem, bem mais ''progressista', eu diria.. No final, parece que apela pelo controle estatal da internet. Foi exatamente isso que eu li?? (A priori, o controle estatal da internet não é algo intrinsecamente ruim nem bom, em teoria... O problema é quem a controlaria, com quais métodos e critérios).
'É UMA CORPORAÇÃO ATERRORIZANTE QUE PODE CONTROLAR TODOS NÓS'
Historicamente, o estado-nação tem agido assim, a partir de instituições culturais conservadoras..
''REPÓRTER PERGUNTA: A esquerda costuma dizer que os conservadores ignoram pautas sociais e identitárias. o senhor concorda?
ROGER SCRUTON: ''É algo bastante minoritário. Em geral, a esquerda é uma coleção de minorias quietas e educadas que querem dominar a maioria. A maioria das pessoas não têm problemas de identidade sobre gênero sexual e aspectos raciais, elas estão interessadas naquilo que compartilham com as outras – o seu país e a ordem política. A esquerda está sempre brava com os conservadores porque os conservadores dizem o que as pessoas realmente querem ouvir e o que realmente as une. E não essas pautas que são relevantes apenas para pequenas minorias de grandes cidades.''
A primeira parte da resposta não parece ser uma resposta à pergunta.
Os conservadores ignoram pautas sociais//identitárias, sim ou não??
''É algo bastante minoritário...'' e então seu conceito sobre o que são as esquerdas.
Resposta correta de alguém com honestidade intelectual:
Sim, a maioria desdenha, diz que é 'mimimi', vitimismo e, se espremidos um pouco mais, admitem que não estão nem aí, que são egoístas mesmo.
Mas, e a maioria sócio-econômica, de classes trabalhadora e média??
Maioria preta e parda, em países como o Brasil??
Claro que a maioria das pessoas são ultra bem resolvidas sobre questões centrais em suas vidas como raça [''muita imigração pro Reino Unido'', Scruton, Roger] e sexo...
Essas questões por serem centrais, no entanto, são irresolvíveis, no máximo controláveis. Dentro da heterossexualidade, já existe um bocado de complexidade, por exemplo.
No mais, a maioria das pessoas que buscam apenas serem respeitadas quanto às suas inclinações sexuais incomuns não têm problemas de identidade.. É justamente pela não-repressão que elas almejam consertar preconceitos internalizados sobre si mesmas e expressar aquilo que sentem e o que são, quanto a essa faceta de suas individualidades...
Troque '' a[s] esquerda[s] sempre brava[s]s com conservadores'' por PESSOAS SENSATAS, PONDERADAS OU RACIONAIS [muitas que não são partidariamente esquerdistas] sempre bravas com..
"Minorias que querem controlar MAIORIAS"
Que maioria, a elite??
Pobres e pessoas comuns, excluídas pelas elites, em sua maioria, conservadoras, são, supostamente, minorias. Indivíduos são minorias mas também a maior maioria... Enfim... ele aponta para a ponta do iceberg e eu vou mais fundo.
Compartilhamos muito mais identidades do que o oposto. Exemplos: todo mundo é filho, a maioria tem irmãos, amigos. Todo mundo é ser humano e toda vida é vida. Não entendo. Se as pessoas estão mais interessadas naquilo que compartilham umas com as outras, então, por que supostamente não estariam em relação a conceitos universais como respeito, amizade e/ou amor?? Mais uma falácia, de tantas que esta entrevista contém: uma falsa dicotomia. Um cérebro, acho eu, e, especialmente um cérebro inteligente, consegue dar importância tanto à ORDEM POLÍTICA quanto às pautas identitárias. No mais, o identitarismo de minorias historicamente excluídas e oprimidas FAZ PARTE DA ORDEM POLÍTICA, ou melhor, da HARMONIA POLÍTICA. Como sempre, sir Scruton, que supostamente ama ou amava 'as'' classes trabalhadoras britânicas, de longe, provavelmente, as usa como escudo argumentativo, apelando ao democracismo. ''O que a maioria pensa é o certo e/ou o mais importante''. Parece até com um projeto de gente que, desgraçadamente, ''governa'' este país sombrio de 2019 e, agora, 2020 DC. Se a maioria, segundo a visão dele, pensasse diferente, então encontraria uma outra desculpa para mudar de tática.
Se as pessoas tivessem como identidade elementar a nação, não apenas no sentido superficial ou abstrato de nacionalidade, então não teríamos desigualdades sociais, para começo de conversa. Dizer que compartilhamos nossa nação depende do nível de equidade/qualidade desse compartilhamento.
OS CONSERVADORES DIZEM O QUE AS PESSOAS QUEREM OUVIR
Muita calma nessa hora. Mais racionalidade, ponderação. Ah, me esqueci! Um homem genial como ele não precisa disso... ambos, conservadores e progressistas, têm coisas importantes a falar que ''as pessoas'' querem ouvir. No mais, é difícil tentar dar mais detalhes à frases tão opacas como essa.
Outro problema mas, a mesma constância de argumentos populistas: também é muito importante dizer às pessoas o que elas NÃO QUEREM OUVIR, um papel importante para quem se diz ''filósofo''. Não por implicância mas por ser seu papel expor todas as verdades, organizando-as de acordo com suas importâncias: localizações ou significâncias.
''O QUE REALMENTE AS UNE''
O fato de sentir maior conexão com certos grupos não significa que eu tenha que desprezar ou desejar o ódio absoluto a outros grupos.. dependendo do grupo, claro.
São frases vagas que eu sempre pensei serem pragas de alguns ou muitos intelectuais de esquerda e coaches, mas percebo aqui que são as preferidas pelo ''filósofo'' de direita.
Quando fala "o que realmente une as pessoas", parece que está excluindo de "pessoas", as minorias. Enfim, ele idealiza o conservadorismo de maneira tão profunda que pensa que antes, as pessoas, de maneira geral, eram harmoniosamente unidas em torno de uma identidade nacional digna de orgulho inquestionável. Tão distante da realidade...
As pautas identitárias evidentemente que são muito mais relevantes para as minorias sexuais urbanizadas, desprezando que existem outras pautas, como a feminina, que não é minoritária. No entanto, elas não foram levantadas a troco de nada. LGBTs são minoria, mas estão presentes em praticamente todas as famílias [árvores genealógicas]. Ensinar às pessoas o mínimo de conhecimento do tipo ''ser gay [LGBT] não é pecado, porque não define caráter'', para que, nas interações ''da maioria com as minorias'', prevaleça o máximo possível de respeito mútuo, apesar de achar bem difícil que isso aconteça sempre, quando temos uma horda de ''racionais'' conservadores incapazes de sublimar seus instintos primitivo-agressivos. No mais, é interessante ele não citar as ELITES, que são uma minoria mas que, historicamente e GRAÇAS AO CONSERVADORISMO CULTURAL, têm pautado, autoritariamente, boa parte das diretrizes culturais e morais das sociedades humanas. Tão conveniente...
''REPÓRTER PERGUNTA: Essas pautas são irrelevantes para a sociedade em geral?
ROGER SCRUTON: ''Depende de quais pautas, porque todas as pautas se tornam relevantes para a sociedade se você responder a elas. A questão é como você responde a elas. A maioria das pessoas não está agitada com a agenda LGBT. Para a maioria, essa questão é minoritária e pode ser acomodada na mesma solução que serve a todas as outras coisas – a bondade humana. Isso é o que os conservadores sempre recomendam.''
Primeiro... ele cita fontes sobre isso?? Seria muito bom se a maioria das pessoas, especialmente políticos/líderes ''religiosos" de direita, não estivessem ''AGITADOS'' com a ''agenda'' LGBT, que a diversidade sexual fosse considerada ''algo menor'' ou ''sem importância'' por essa ''maioria'', pois é justamente o oposto que acontece. Especialmente para uma minoria não muito pequena, ''educada e inteligente'' de autodeclarados conservadores ortodoxos, que desde os tempos bíblicos têm implicância com a diversidade natural da espécie, aliás, com a própria realidade. A "agenda" LGBT é justamente pensando em reduzir todo esse agito milenar conservador em relação à intimidade sexual alheia.
Independente disso, desde quando o termômetro do bom senso precisa obedecer ao termômetro das massas [senso comum]?? A todo momento, ele faz um apelo escancarado ao populismo, claro, de grupos largos de pessoas manipuladas por ''conservadores que sempre recomendam a bondade 'humana' ''.
Conservador é um termo MUITO VAGO, pois não é uma denominação específica, com um único conceito. Quando isso acontece, é sempre melhor conceituar o termo com base em sua expressão histórica e concreta ou corrente. Baseados assim, percebemos que, a última coisa que conservadores típicos recomendam, é a bondade humana ou, baseados em seus conceitos de bondade a partir de inteligências emocionais não muito desenvolvidas...
Nenhum comentário:
Postar um comentário