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sábado, 15 de julho de 2023

Sobre fanatismo político-ideológico

 I. Fanatismo não é mentalmente saudável 


Em um mundo realmente racional, todos aqueles que estão fanaticamente doutrinados seriam identificados e tratados como portadores de um transtorno, já que claramente se consiste em uma perturbação mental, mais especificamente um desvio ao pensamento mais ponderado ou sensato. Por exemplo, um lulista ou um bolsonarista fanático não seria visto apenas como um indivíduo pleno de suas faculdades racionais que aderiu a um posicionamento ideológico ou político, tal como se faz no mundo real, mas, justamente, como um indivíduo que apresenta uma deterioração* dessas mesmas faculdades por ter aderido a um sistema de crenças de maneira totalmente acrítica ou fanática, tratando-o como a única verdade (e justamente por não ser). 

* Isso se realmente apresenta uma deterioração ou se está apenas refletindo o nível real de suas capacidades racionais.

Mas para que esse procedimento seja implementado, primeiramente a psiquiatria deveria considerar o fanatismo político-ideológico como um transtorno. Porém, a mesma apenas reflete a ordem social e política dominante do seu tempo em que o mesmo só é considerado como tal se associado a um transtorno já definido e se o indivíduo que está a sofrer disso desafiar essa ordem, ao invés de considerá-lo como um transtorno por si mesmo. 

II. O fanatismo ideológico está psiquiatricamente aparentado à mentira patológica

Na verdade, seria até possível de classificá-lo como uma expressão psicótica, do tipo delirante, se todo fanatismo ou fundamentalismo, ideológico-político ou religioso, expressa uma deficiência para pensar e julgar de maneira racional, com imparcialidade e objetividade, que torna o indivíduo afetado muito propenso a acreditar e espalhar mentiras: notícias falsas, falácias... em outras palavras, à mentira patológica e que, nesse caso, ainda tem um fator extra de complicação, o fato de que toda doutrinação ideológica também adota fatos legítimos, pontos de vista superficialmente ponderados e meias-verdades em suas narrativas, considerado fundamental para convencer os que estão mais suscetíveis a endossá-las.  

Sobre fanatismo e fanáticos

 Fanáticos não costumam ter amigos, mas aliados;


Todo fanático tem um "Goldstein", um ou mais inimigos que adora odiar, pelos quais tem uma obsessão patológica;

Todo processo de doutrinação ideológica é repetitivo, reconhecível e, portanto, caracteristicamente bizarro;
 
Todo fanático é corrompível, porque não pensa duas vezes em distorcer a verdade para que se adeque às narrativas da sua doutrinação;

Todo fanático, por ser ou estar facilmente corrompível, também está mais propenso a se dessensibilizar quanto a atos de crueldade, desde que não sejam considerados como tal por seus pares de doutrinação ou pelas narrativas de adoção; 

Todo fanático pensa que não é fanático;
 
Todo fanático é um autoritário chato que não aceita nem mesmo divergências mínimas à sua cartilha ideológica;

Moderação sem ponderação é extremismo. É um fanatismo pela moderação;

Uma característica marcante de todo fanático, que também é de todo pseudo cientista e de todo pseudo intelectual: uma incapacidade de não entrar em constante contradição e, então, de não agir com hipocrisia, porque tende a internalizar narrativas ideológicas sem qualquer e verdadeira autocrítica;

O fanatismo também é uma tentativa de compreender a realidade da maneira mais resumida possível. 

Mira no essencialismo, mas acerta no subjetivismo;

O fanatismo não é apenas ignorância ou alienação, no sentido tradicional, sobre aquilo que ignora, mas também sobre justamente o que se supõe não ser ignorado. Por exemplo, o fanático igualitarista, que não apenas despreza as diferenças intrínsecas entre grupos humanos, como também distorce de maneira grotesca o nível de igualdade entre eles.

Sobre transtornos contextuais

 Nem a timidez e nem a introversão são transtornos mentais. Mas, contextualmente falando, os mais introvertidos, que tendem a ser mais tímidos, especialmente em sociedades em que há uma preferência quase patológica pela extroversão, como o Brasil e os EUA, tendem a apresentar maiores dificuldades de adaptação no meio social e mesmo profissional em que se encontram, aumentando o risco de que desenvolvam transtornos mentais, como a ansiedade e a depressão. Por isso que, nesses casos, pode-se dizer que não são transtornos que expressam diretamente alguma condição congênita, tal como o TDAH* e o autismo, porque resultam de contextos, isto é, de uma combinação individual de traços de personalidade, ou de maneira geral, de intrinsicidades, incluindo outros traços, com os ambientes de criação e vivência. Em outras palavras, é uma soma de fatores que resulta em um contexto desfavorável. Por exemplo, um indivíduo introvertido que vive sua infância acuado em um ambiente hostil à sua presença e que, ao longo do tempo, acaba apresentando um quadro de ansiedade social.


* Apesar de ser considerado um transtorno mental de natureza mais intrínseca, existe um estudo muito interessante que descobriu que, portadores de TDAH


se adaptam melhor em certos ambientes, sugerindo que, talvez, também seja um transtorno mais contextual. 

Infelizmente, parece que a ignorância em relação a esse tipo de transtorno predomina entre profissionais da saúde mental, incluindo pesquisadores, já que, além de não ser plenamente diferenciado da categoria de condições de natureza mais congênita, como o autismo, em que o contexto não é o fator mais relevante para se manifestar (apesar de também ser importante para a capacidade de adaptação do portador), ainda é tratado como um desajuste absolutamente ajustável à normalidade e que, portanto, o melhor "tratamento", juntamente com uma intervenção medicamentosa precoce ou compulsória, é o incentivo à imitação de comportamentos normativos, desprezando a natureza psicológica do "'paciente", como que o seu contexto o está influenciando, como ajudá-lo a se ajustar de acordo com as suas possibilidades e não de acordo com um modelo convencional de adaptação, que não é capaz de incorporar. Na verdade, um transtorno mental contextual seria uma maneira que o indivíduo encontrou para se adaptar a um contexto desfavorável, diga-se, uma maneira mais reativa, subconsciente, preventiva e/ou defensiva. Como conclusão, é necessário entender o que acontece, contextualmente, para, então, propor intervenções que realmente busquem ajudar o indivíduo a se adaptar da melhor maneira, de acordo com os seus potenciais e limites. Primeiramente, de reconhecer que esse tipo de transtorno ou de diferença existe.

A atual decadência do cinema estadunidense e o que os melhores filmes têm a ver com isso??

 Se não for muita ignorância de minha parte considero o filme Interestellar o maior filme de ficção científica de Hollywood da última década e, até o momento em que escrevo esse texto, nesse ano de 2023 "d.c", não tenho conhecimento de outro filme que o tenha superado, que pode ser considerado um mal sinal se estamos falando de quase 10 anos de diferença, se já era para terem aparecido filmes desse gênero e, no mesmo nível, porque era justamente o que acontecia há três, quatro décadas atrás. Também não faz sentido por causa dos recentes avanços da astronomia, fonte inesgotável de criatividade para as artes, especialmente para a sétima. Então, a falta de filmes excepcionais, produzidos pelos estúdios de Hollywood (Disney...), que não são remakes (destacando que a grande maioria dos remakes dos últimos anos também não têm agradado em qualidade) é apenas um dos sintomas de sua decadência. Pois uma das causas mais importantes para a mesma é o patrulhamento ideológico-identitário que tomou conta de Los Angeles (Orlando...), resultando em um aumento considerável de filmes homogeneamente submissos a esse patrulhamento, baseado em uma abordagem repetitiva e cansativa das mesmas pautas sociais e narrativas ideologicamente viciadas, com uma constante desconstrução de papéis típicos e "licença poética" para enfiar "diversidade" racial mesmo em filmes históricos que se passam em espaços-tempos monoétnicos ou em "remakes" de filmes consagrados que, originalmente, tinham elencos menos "diversos", tudo isso para supostamente "resolver" o problema da falta de representatividade de minorias raciais e sexuais* na indústria do cinema do Tio Sam, mas também, é claro, para continuar ganhando muita verdinha $$$...


Então, filmes que apresentam uma linguagem mais universal, sem lacracão**, especialmente a da ruim, e que são produtos de uma maior liberdade criativa, como Interestellar, se tornaram cada vez mais raros, reverberando no aumento de críticas e na queda brusca de audiência das produções hollywoodianas e de outros estúdios estadunidenses.

* Eu já problematizei essa ideia de representatividade nesses textos "Representatividade versus capacidade" e 
"Problemática sobre a representatividade". 

** Sem narrativas viciadas em vitimismos simplórios tipicamente identitários...

Sobre testes de personalidade...

 ... e testes psicométricos, de maneira geral


A priori, apenas uma impressão e que pode ser ignorante também, até porque nunca fiz testes reais de QI ou de personalidade aplicados por profissionais. Então, parece que, para a maioria deles as questões são quantificadas de maneira igual, com o mesmo valor. Só que talvez fosse melhor se dessem valores mais altos às questões de maior relevância, por exemplo, as que são mais críticas para um diagnóstico primário de transtorno mental ou condição neurológica, como o autismo. Assim, eu acredito que aumentaria a precisão desses testes. 

Já quanto aos testes de QI, dar valores mais altos às questões mais difíceis de cada teste* (?) ou então para as que avaliam aspectos mais centrais de cada capacidade. Por exemplo, dar valores mais altos para as questões de interpretação de texto do que para as de analogia de palavras ( sinônimos, antônimos...) e conhecimento de palavras (tamanho do vocabulário), se as primeiras são mais abrangentes e necessárias no mundo real. 

* Eu acho que me daria mal se essa proposta fosse adotada hahaha =_=

quinta-feira, 13 de julho de 2023

quarta-feira, 12 de julho de 2023

QI não existe... tal como os mais aficionados por QI pensam

 Primeiramente, QI é o nome oficial de certos testes cognitivos. Segundo, também é nome que dão às pontuações obtidas dos testes. Terceiro que, QI basicamente se limita a isso, porque não é uma característica biológica ou cognitiva. Os testes supostamente quantificam nossas capacidades, mas, na verdade, eles as comparam e ranqueiam. As pontuações buscam servir como referências iniciais, tal como os nomes que damos às localizações geográficas. Portanto, os testes, como comentado, comparam e estimam, também no sentido de ranquear. A estimativa de capacidade É a posição ou a localização em um ranking estabelecido, de acordo com as pontuações. É tal como categorizar com base em como que um objeto ou sujeito se posiciona dentro de um cenário de comparação. Portanto, não existem pessoas "de" QI alto, médio ou baixo, tal como existem pessoas com muito, médio ou pouco peso. Uma pessoa dotada de grandes capacidades cognitivas não é o mesmo que uma pessoa "de" QI alto, justamente porque enquanto a primeira existe, a segunda não. As pontuações dos testes psicométricos (talvez a própria psicometria) são uma demonstração perfeita de uso relativamente equivocado da matemática para um campo em que não é estritamente necessária, uma pretensão de precisão quantitativa quanto a um tópico em que os aspectos qualitativos são tão ou mais importantes que os "quantitativos". Aliás, são os únicos que realmente existem, mesmo em relação às capacidades (convergentes) que os testes abordam, como a aritmética e a linguagem. Eu até poderia concluir que os testes de QI são um método falso de mensuração (direta), se partem de valores numéricos totalmente abstratos, particularmente pela média-padrão 100. Porém, como já comentei outras vezes e, é sempre importante enfatizar, mesmo que não mensurem realmente* ou que, analisem primariamente a capacidade de respondê-los, se correlacionam positivamente com vários fatores relacionados à inteligência. 


Um adendo sobre personalidade

Testes de personalidade tal como os testes de QI? 

Mas se todo teste testa algo, então, um teste de personalidade não está nos testando, mas nos ajudando a construir para compreender nossos perfis psicológicos. Acho, então, que deveríamos denominá-los de "questionários de personalidade" e não "testes". 

* Na verdade, a comparação é uma maneira indireta de mensuração, mais no sentido de estimativa, em que é a diferença entre dois ou mais objetivos, ou sujeitos, que a determina.