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quinta-feira, 22 de julho de 2021

Breve problemática sobre a esquerda social-democrática ou liberal

A luta contra o capitalismo tem sido totalmente eclipsada pela luta contra o racismo.

Agora, os burgueses ricos não são mais os maiores responsáveis pelas desigualdades sociais sociais, e sim os brancos... (??)

Percebam que as "elites" neoliberais compraram essas ideias, já que lhes é muito conveniente tirar o foco ou a responsabilidade de si mesmas e direcioná-lo para outros grupos, criando "bodes expiatórios"...

Mas será que é o certo a se fazer??

Claro que não porque a luta mais importante tem sido substituída por lutas menores e, pior, alienadas entre si. É como se um exército, ao invés de lutar unido, lutasse separado por categorias. Assim, ao invés de um inimigo e um objetivo em comum, passaria a ter vários inimigos e objetivos diferentes.

As pautas identitárias deveriam somar e não dividir. Por isso que têm funcionado tão bem para desarticular e desestabilizar as frentes progressistas.

 A esquerda liberal pensa que está domesticando o capitalismo, mas o oposto está acontecendo, pois tem sido absorvida, acomodada e usada como um meio para atender aos seus fins, o globalismo, em que as pautas identitárias são aplicadas, não em prol mas contra a humanidade, visando escravizá-la, destruindo lentamente nações e culturas para a construção de uma civilização global sob o comando estadunidense. O problema não seria exatamente uma civilização global, até porque, com a evolução tecnológica, especialmente dos meios de transporte, é esperado que, ao longo do tempo, nos tornemos mais e mais conectados e, portanto, mais culturalmente homogêneos, mas de ser baseada em mentiras e com más intenções.


É possível combater as desigualdades sociais e raciais ao mesmo tempo. É possível combater os desmandos e os caprichos do capitalismo e do conservadorismo ao mesmo tempo. Por isso que seria muito importante reconhecer que não existe luta separada. Porém, a partir da hegemonia das pautas identitárias sobre as trabalhistas, ao invés do combate a todas as injustiças, tem ocorrido a substituição de uma injustiça por outra.

Os exemplos mais notáveis, atualmente, são o sistema de cotas e o multiculturalismo que, além de não resolverem os problemas sociais, ainda provocam novos.

No caso das cotas raciais para o serviço público, além de discriminarem brancos pobres, também não contemplam a maioria das populações visadas, já que apenas uma minoria delas que consegue passar em concursos ou entrar na universidade, e o mesmo para a população branca. E não por terem sido privadas de uma "educação de qualidade", mas porque apresentam inclinação, potencial ou mesmo vontade de trabalhar em certas profissões que acabam por estar entre as menos rentosas. 

Enquanto isso, a discussão mais importante, que está diretamente relacionada com as desigualdades sociais causadas pelo sistema capitalista, sequer é abordada.

Então, por que ao invés do estabelecimento de sistemas de cotas com critérios anti-meritórios, como a raça, não lutamos pelo fim das desigualdades salariais exorbitantes entre as profissões??

Afinal, essa luta alcançaria a todos que têm sido injustiçados...

Os equívocos da esquerda liberal não param por aí. O seu incentivo a um multiculturalismo sem controle, especialmente para os países desenvolvidos de maioria branca, é outro exemplo de estratégia tola que tem adotado para, supostamente, combater o racismo, as desigualdades sociais globais e o envelhecimento demográfico. Primeiro que, ao incentivar a imigração massiva de povos com culturas e feições distintas para esses países, inevitavelmente tem contribuído para aumentar, ao invés de diminuir o racismo, e ainda por cima fortalecendo politicamente a extrema direita. Em relação às desigualdades globais, mesmo se muitos milhões de africanos, por exemplo, migrassem para a Europa, ainda haveriam muitos outros milhões que permaneceriam na África, vivendo em condições precárias.

Mas, não seria melhor se lutassem por uma política internacional baseada na ajuda ou solidariedade aos países subdesenvolvidos do que deixar que continuem a ser sabotados ou mantidos economicamente dependentes e pobres??

De grande preferência, ajudá-los a se "desenvolver" de maneira ecologicamente correta... aliás, buscando adotar a mesma política para si mesmos.

Assim, o número de imigrantes e refugiados é provável que diminuiria bastante porque a maioria não teria mais razão para sair de suas terras natais...

Mesmo que a imigração em massa consiga diminuir o ritmo do envelhecimento demográfico, não significa que irá solucioná-lo, porque, a longo prazo, com a população nativa  apresentando taxas de fecundidade muito abaixo do limite mínimo de reposição, apenas uma quantidade muito grande de estrangeiros para estancar essa sangria (sem falar que muitos deles, ao longo do tempo, também ajustariam as suas taxas de fecundidade aos níveis locais).

Mas, a que custo??

Imagine uma Itália em que a maioria dos habitantes têm olhos puxados, pele escura e/ou sobrenomes não-italianos?? Será que continuaria sendo Itália?? Será que vale a pena destruir uma cultura e um povo apenas para "salvar a economia" ou "combater o racismo"?? Isso não seria o mesmo que genocídio??

A esquerda liberal parece estar tão obcecada em "combater" o que ela livremente chama de racismo, alargando artificialmente o seu conceito e, ao mesmo tempo, negando a existência de racismo legítimo contra brancos, que tem se esquecido de buscar entender os motivos para as baixas taxas de fecundidade especialmente dos 'nativos" dos países desenvolvidos, e também de outros países, incluindo o Brasil, até para pensar nas melhores soluções para este problema.

Pois se saíssem um pouco de suas bolhas de militância ou conformidade ideológica e se prestassem a isso, perceberiam que, na grande maioria das vezes, a culpa é da exploração capitalista, da sanha dos mais privilegiados em querer lucrar acima do bem estar coletivo.

Não estou querendo incentivar que casais heterossexuais, principalmente nos países "desenvolvidos', tenham o mesmo número de filhos que os seus bisavós, até porque a população humana precisa parar de crescer. Mas que, se existe um interesse entre eles em ter, em média, dois filhos, que sejam atendidos. Ah, e não conseguirão alcançar esse objetivo com a perpetuação de um custo de vida artificialmente elevado nas áreas urbanas, ok?

Claro que não comentei sobre todos os equívocos crassos cometidos pela esquerda liberal ou social-democrática, nem entrei em detalhes sobre o seu relativo sucesso, especialmente na Escandinávia, em que, primeiro, foram as pautas trabalhistas que ganharam maior destaque para, então, as identitárias se tornarem dominantes e... começarem a azedar suas conquistas (??), mas, não preciso repetir que isso só tem diminuído a sua popularidade/credibilidade perante amplos setores da população, preciso??

quinta-feira, 15 de julho de 2021

O vestibular discrimina pessoas com perfis cognitivos assimétricos ou ''especialistas''

 




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Lá vou eu, de novo, na iminência de prestá-lo, depois de já ter me formado em geografia uns seis anos atrás. Agora, devo tentar para psicologia. Mais um desafio para o qual estou sendo empurrado.


E lá vou eu


"ESTUDAR"


Que todos entendem como


DECORAR A MATÉRIA DA PROVA


Logo eu, que estudo todo santo dia, porque penso, observo, analiso, tenho ideias, pensamentos, escrevo, apago, erro, acerto, duvido de mim mesmo, aprendo e reaprendo.


Sei que memorizar é parte do aprendizado. Mas decorar não, se é superficial, extrínseco aos desejos, à vontade genuína de aprender.


Eu sei que o meu desempenho não tem sido igual nas matérias escolares, que tenho tido facilidade para aprender geografia, história... e o exato oposto nas exatas.


E que isso é "normal".


Que não é uma falha minha, se não pedi para nascer assim. Se não há nada de errado em ser assim. Desculpe, mas eu não sou o único com "dificuldades de aprendizagem", aliás ninguém é perfeito, ninguém sabe ou é bom em tudo. Por isso que, primeiro, deveriam reconhecer quem eu sou, até para me ajudarem a aproveitar o que posso oferecer à sociedade e a mim mesmo. Acho que tenho demonstrado um pouco pelos meus textos.


Não, eu não tenho "ansiedade matemática". Minha incapacidade de aprendê-la além do básico não é uma questão psicológica mas cognitiva mesmo. Não é falta de esforço ou vontade. Eu não sou um vagabundo inumerado que não "estuda" matemática porque não quer...


Mas eu estudo!!


Só que eu estudo: observo, analiso, penso, julgo, o que me interessa, no que percebo alguma afinidade ou facilidade.


Foi sempre assim, desde a escola.


Também dependia do tipo ou da qualidade do professor. Por exemplo, quando estudei com uma certa professora de geografia (Ana*), uma das poucas que reconheceu minhas capacidades criativas, que nos pedia para desenvolver o raciocínio em suas provas ao invés de nos forçar à decoreba, eu fui um dos primeiros alunos da sala. Mas, quando estudei com outro professor (Augusto*) de geografia que se prestava a passar provas com questões de múltipla escolha, eu fui recíproco ao seu desdém, ao menos naquela época.


*nome fictício


Agora, o mesmo desdém de sempre pela diversidade cognitiva humana, no vestibular. Para piorar, ainda tem um sistema de cotas injusto que não se interessa pela competência mas pelo "nível de oprimidade" do indivíduo. Será que, um dia, também criarão cotas para gagos residuais, como eu???


De qualquer maneira, acredito que, se essas provas de vestibular também contemplassem os tipos especialistas, não haveria a necessidade de cotas, nem mesmo as de escola pública, mas é apenas um palpite primário..


Mas, o melhor mesmo seria mudar o modelo da prova tradicionalmente aplicado, porque favorece apenas os vestibulandos (ou enemianos) com os perfis cognitivos mais simétricos ou os que são mais generalistas, do tipo CDF, que tiram notas altas em quase todas as matérias. Sem falar que, perfis assimétricos como o meu, parecem estar associados com uma maior capacidade criativa, até pelos relatos biográficos de muitos gênios quanto às suas "dificuldades de aprendizagem" específicas.


Isso também serve para os (demais) concursos públicos... tomem nota.


Parece ser justo ou meritório que todos estudem e façam a mesma prova para serem avaliados pelos seus desempenhos nela.  No entanto, isso só seria realmente justo se fôssemos todos como folhas em branco ou que nos diferenciássemos apenas pelo esforço que aplicamos em... decorar a matéria.


Se eu vou tentar para psicologia, perdoem-me o linguajar, mas por que caralho eu deveria estudar física e química?? Se pelo menos dessem pesos diferentes às provas, de acordo com o curso.. pois se pretendo me aprofundar no conhecimento sobre a mente humana, então, eu preciso saber mais ou especialmente sobre as áreas relacionadas. Eu sei que também tem matemática na psicologia. Mas não é o mais importante. Enfim, eu sei que já passou da hora do vestibular tradicional, e de todo sistema de ensino, dar espaço a um modelo de avaliação que se baseie na verdade da diversidade cognitiva e psicológica humana. Enquanto esse "milagre" não acontece, lá vou eu tentar me preparar psicologicamente, abandonando parcialmente os meus interesses específicos, que cultivo desde há um bom tempo, incluindo a própria psicologia, para tentar decorar fórmulas matemáticas e regras gramaticais...


 Obs.: nem vou entrar em detalhes sobre o completo desleixo em relação à avaliação objetiva de capacidade moral dos candidatos, um aspecto muito relevante que deveria ser levado em conta...

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Sobre Q.I e racionalidade, com um exemplo atual: Suécia e pandemia de covid-19

 





https://i.insider.com/5274eafbecad0479613c3ca3?width=1000&format=jpeg&auto=webp


A média de QI do povo brasileiro é de uns 87. O da Suécia está em torno de 100. Esse é um dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento de uma nação, ter uma população, em média, tecnicamente mais inteligente. Em círculos menos politicamente incorretos, aponta-se para a educação como o principal responsável pelo "sucesso'' de um país. Mas, independente se é mais o ambiente ou a biologia que explica a Suécia contemporânea, o que importa é que, desde que a pandemia de covid-19 começou, o seu governo e a sua população têm "patinado" de maneira considerável para compreender essa situação extraordinária e lidar com ela da melhor maneira possível. Porque, se é de uma doença nova, contagiosa e perigosa para certos grupos, que estamos falando, então, o bom senso nos aconselha que devemos conter a sua propagação ao invés de deixá-la solta, fechando fronteiras e impondo quarentenas, que são opções historicamente eficazes e viáveis. Pois tem sido justamente o oposto que esse país tem feito, mantendo tudo aberto, incluindo escolas e comércio, e com o apoio predominante da população...


Bem, logo no início da pandemia, por causa do pouco conhecimento sobre essa doença, ainda existia alguma brecha para tomar decisões alternativas ao que já estava sendo defendido pelas autoridades científicas e sanitárias mais competentes, de conter a propagação de um vírus contagioso pelo método mais conhecido, com distanciamento social e imposição de quarentenas. No entanto, especialmente quando chegou na Europa, foi constatado que não havia uma melhor maneira de lidar com essa situação. Então, a partir do desenrolar dos acontecimentos, cada mito ou desinformação sobre a covid-19 começou a cair, um por um...

... menos em alguns lugares.

1⁰: de que seria tal como uma gripe comum.

Pois a matança que tem provocado, desde os primeiros surtos, na China e na Itália, nos mostra que não são doenças equivalentes.

2⁰: de que já existem remédios capazes de tratá-la.

Se até meados de 2021 (DC), em que estamos, ainda não foi inventado nenhum remédio capaz disso...

3⁰: de que só é perigosa para idosos e pessoas com comorbidades.

Bem, já temos visto muitos casos de jovens aparentemente saudáveis que morreram de covid.

4⁰: de que assintomáticos e crianças não podem transmitir esse vírus.

Podem sim.

5⁰: de que máscaras não funcionam para proteger da contaminação.

Estudos têm comprovado o que, pelo bom senso, já se sabia, de que sim, elas funcionam, apesar de não serem infalíveis.

6⁰: de que, se até 70% da população se infectar, o vírus perderá a sua força.

Manaus (infelizmente) já nos mostrou que não, porque além de acontecerem casos de reinfecção, também têm os 30% de indivíduos sem anticorpos que continuarão vulneráveis.

E 7⁰: de que apenas os países que impuseram quarentenas e fechamento de fronteiras terão consequências econômicas negativas.

Bem, a Suécia não se fechou em nenhum momento e, mesmo assim, em 2020, teve uma queda do PIB similar à dos outros países nórdicos, que praticaram medidas de contenção do vírus.

No entanto, quase todos esses mitos continuam a predominar sobre os fatos correspondentes, até agora, tanto nas tomadas de decisões do governo quanto no senso comum do povo sueco, cabendo ao primeiro apenas continuar vagamente recomendando o distanciamento social.

Resultado, desde o início da pandemia até a metade deste ano de 2021 (DC), a maioria continua sem usar máscaras nas ruas e sem praticar o distanciamento que deveria fazer. Consequentemente, o número de contaminações e mortes tem sido muito maior do que nos países vizinhos, com populações parecidas em tamanho.

Tudo parece indicar que o desgoverno daquele país tem, secretamente, imposto a "estratégia" da imunidade natural de rebanho, sabotando qualquer medida que controle o surto e/ou enganando a população para que se exponha ao contágio sem saber das reais/possíveis consequências.

Os relatos que tenho lido de suecos e estrangeiros que vivem naquele país parecem realmente indicar que a maioria da população tem acreditado e, da maneira mais acrítica e ingênua possível, nas desinformações que o seu governo tem transmitido e, então, aderido à elas tal como se fossem verdades absolutas.

Lembre-se de que estamos falando de um país cuja média de QI gira em torno de 100...

Não é apenas na Suécia que as pessoas têm desrespeitado essas recomendações básicas, mas é o único lugar em que isso tem acontecido com o total endosso do próprio governo (incluindo autoridades estaduais e municipais) e, pelo que parece, da maior parte da população, o que, com certeza, se consiste em um fenômeno aparentemente contraditório, se tratando de um lugar conhecido por seu nível civilizacional avançado, que se diz tão orgulhoso de sua "racionalidade superior". Pois sua reação tem sido tão patética que eu até estou duvidando seriamente da qualidade do seu sistema de ensino, já que, com base nesse comportamento coletivo pra lá de irracional, parece que não tem ensinado à população a cultivar uma saudável desconfiança do seu governo e a pensar de maneira cientificamente correta, pelo uso sistemático do pensamento lógico-racional.

Já para quem também pensa que a média de QI é um fator relevante para explicar a inteligência de um indivíduo ou de um povo, definitivamente não tem feito grande diferença ter uma média boa, pelo menos no caso da Suécia, por exemplo, e se comparado ao Brasil. Até pelo contrário, se muitos dos que mais têm acreditado e propagado desinformação sobre a covid-19 são justamente os que, segundo as pontuações em testes cognitivos, deveriam ser os menos prováveis a cometer esses equívocos crassos.

A conclusão mais plausível que eu tenho chegado, e desde a um bom tempo, é a de que, mesmo se existe uma correlação positiva e até lógica entre maior inteligência ou QI e melhor inteligência ou racionalidade, ela não parece ser tão robusta assim, mediante a grande quantidade de pessoas com pontuações elevadas em testes cognitivos que têm se deixado enganar por notícias falsas ou desinformações potencialmente perigosas, e não apenas sobre a pandemia. Pois mesmo com uma população muito mais educada e, aparentemente, mais inteligente que a do Brasil, a Suécia, seu governo e o seu povo, em média, tem agido igual ou até pior do que "nós", brasileiros.

Para efeito básico de comparação, finalmente e pelo menos por agora, parece que a maioria do povo brasileiro está insatisfeita com as ações do "nosso" desgoverno. Enquanto que, segundo uma pesquisa recente, a maioria dos suecos continua serenamente satisfeita com as medidas que têm sido adotadas pelo seu desgoverno...

QI alto sem racionalidade quase sempre tem efeitos deletérios na capacidade do indivíduo de usar a sua inteligência, diga-se, com inteligência, pois, com esse perfil, ele costuma  se encher tanto de autoconfiança que acaba adotando o hábito insalubre de racionalizar suas crenças de maneira excessiva, tomando-as como verdades incontestáveis, do que, com humildade, "apenas" buscar por fatos, ser autocrítico ou aceitar quando está errado. Pois mesmo quando ou se age com leviandade, sabendo das consequências das suas ações, porque o cerne da razão é justamente a sanidade ou a lucidez básica de sempre preferir pela verdade do que pela mentira, mesmo e ou especialmente se não corresponde com o que gostaria. 

sexta-feira, 11 de junho de 2021

Limites da prática e da ética em cenários hipotéticos de eugenia aplicada

 Será que a possibilidade da prática de eugenia é sempre tão ruim??



Primeiro cenário: "humanismo" ou disgenia??


A perpetuação do debate sobre se é o meio ou a biologia que mais influencia a inteligência humana é sem sentido, porque, falando francamente, é possível perceber que apresenta uma forte carga intrínseca ou se você quiser usar esse termo, genética. Por exemplo, pelos padrões de comportamento que encontramos nos outros e em nós mesmos, também observáveis pelas semelhanças médias de personalidade e de capacidade cognitiva dentro das famílias biológicas. O que importa agora é saber o quão determinante é a biologia. Mas não nesse texto porque aqui eu só quis te introduzir para esse fato e te mostrar que não basta uma "educação de qualidade" para todos e esperar igualdade de resultados, a partir do momento que apresentamos diferenças intrínsecas de potencial ou de desenvolvimento intelectual. As mesmas regras sociais também não funcionam para todos se apresentamos diferenças de personalidade.

Agora, imagine que, com esse conhecimento fixado em sua mente, você percebe que, em média, os casais heterossexuais com maior escolaridade estão tendo poucos filhos, enquanto que os que têm apenas o ensino fundamental completo estão procriando muito mais. Qual é a única conclusão que você poderia chegar??

De que essa população está "emburrecendo".

Baixa capacidade cognitiva, apesar de não ser exatamente uma sentença de morte, se correlaciona com uma série de comportamentos de risco, principalmente com: maior impulsividade para cometer crimes, se viciar ou simplesmente agir com imprudência; maior incidência de transtornos mentais; sem falar que, em termos sociais e econômicos, ainda mais em uma sociedade de capitalismo tardio, como a nossa, aqueles com menor capacidade, em sua maioria, também acaba trabalhando nas profissões menos valorizadas, aumentando significativamente o risco de acabarem na pobreza relativa ou absoluta.

Eu poderia, grosseiramente falando, concluir que, nesta população estão nascendo mais futuros "pedreiros" do que futuros "engenheiros" (e, perdão por isso, mas acho mais eficaz falar deste jeito).

E se eu lhe disser que isso está realmente acontecendo, e no Brasil??

Sim, maior o nível de escolaridade por aqui, menor a taxa de fecundidade e o exato oposto para o menor nível. Não é à toa que a "igreja" evangélica tenha crescido tanto nos últimos anos... parece até que é um projeto de longo prazo de estupidificação em larga escala do povo brasileiro, fazendo com o que o mais irracional e o menos inteligente se multipliquem tal como "ervas daninhas"...

Se a eugenia não fosse tão demonizada, especialmente por intelectuais progressistas, não pareceria tão tóxico sugerir que, famílias cuja maioria dos seus componentes têm baixa capacidade cognitiva, deveriam evitar ter muitos filhos, inclusive para não acabarem extrapolando a regra malthusiana em que o número de bocas para alimentar supera a capacidade de alimentá-las. Eu já comentei que a eugenia pode ser e tem sido usada para o mal, especialmente porque tem sido sequestrada pela extrema direita. Mas, que também pode ser usada para o bem, se sua prática for justa e cuidadosa.

Mesmo em uma sociedade mais socialmente justa, um desequilíbrio na proporção de famílias ou de indivíduos com baixa capacidade cognitiva acabaria criando uma grande população de dependentes crônicos do Estado, não necessariamente ou apenas pela menor inteligência, mas, também, por causa dos comportamentos de risco associados tal como uma maior tendência para agir por impulso, resultando, por exemplo, em ter filhos antes de lhes ter garantido qualquer segurança financeira. Eu penso que, se as classes média e alta têm contido suas taxas de fecundidade desde há umas quatro décadas atrás, justamente pensando nesses gastos, então, as famílias mais pobres também deveriam ser ajudadas a se planejarem, até porque a maioria da população não mais vive no campo, nem a mortalidade infantil é tão alta, tal como era no início do século XX, sem falar da crescente mecanização do trabalho que acaba reduzindo e muito a oferta de emprego para esse grupo. Eu sei que, a maneira como tem acontecido, definitivamente não tem sido a mais correta, mas, se estamos falando de capitalismo...

Portanto, se havia mesmo a necessidade de se ter muitos filhos, no passado, ainda menos agora, especialmente para os da classe trabalhadora.

É bom senso pensar que precisamos de mais pessoas com boa capacidade para resolver e não para causar mais problemas. Portanto, promover o planejamento para famílias, geralmente mais pobres, com médias baixas de capacidade cognitiva, e incentivar aqueles com as maiores capacidades a ter mais filhos, não me parece, a priori, o fim do mundo.
 
Ainda sobre pessoas que causam mais problemas ao invés de resolvê-los, existe um tipo de personalidade que está mais associado a esse risco e que se consiste no segundo cenário que estou propondo, inclusive como complemento ao primeiro, continuando a mostrar que a eugenia não é o mesmo que nazismo.

E, novamente, parece que eu preciso estar sempre "ensinando" aos "aprendizes de iluministas" que, liberdade não é o mesmo que irresponsabilidade e que algumas ou muitas vezes precisaremos de ajuda alheia, mesmo se não solicitada, especialmente se for para melhorar nossas vidas ou aumentar nosso bem estar.

Segundo cenário: e se a personalidade anti-social também for variavelmente hereditária ou predominantemente determinada pela biologia??

Tudo parece crer que sim, que pessoas de má índole não são apenas ou unicamente produtos do seu meio porque "já nascem" com predisposições comportamentais para agir de maneira frequentemente egoísta, inescrupulosa e/ou cruel.

Mas o quão hereditárias seriam??

Um casal heterossexual de psicopatas têm quantas chances de produzir filhos igualmente psicopatas??

Segundo ponto, como definir, através de ações específicas, o nível de sociopatia??
 
Continuar a comer "carne" sem ter o mínimo de peso na consciência, mesmo depois de saber como acontece o processo macabro de produção industrial, poderia ser considerado uma expressão contextualizada e, a priori, isolada de sociopatia??

Ser ganancioso, materialista, sempre querendo acumular mais dinheiro e nunca ser generoso poderia ser considerado uma expressão mais generalizada de sociopatia??

Votar em partidos políticos (dica: geralmente conservadores) que pregam preconceitos, alienação/crenças religiosas (ou destruição do meio ambiente) e exploração/capitalismo, mesmo sabendo das consequências geralmente nefastas acaso forem/quando são eleitos??

Etc...

Terceiro ponto, a partir do momento em que estabelecermos os limites mais recônditos da expressão de sociopatia, devemos buscar saber qual é a verdadeira proporção demográfica dessas pessoas ... que também poderia chamar de "anti sociais".. que, talvez, varie de acordo com a população analisada: classe social, raça, cidade, região ou país, etc... Por exemplo, parece que tem mais sujeitos anti-sociais entre evangélicos pentecostais, no Brasil, do que entre ateus (não estou querendo dizer que todo evangélico pentecostal é anti-social ou que todo ateu é um "santo"... cuidado para não fazer a interpretação correta, hein?!).
 
Pois se buscarmos pela abordagem abrangente proposta no segundo ponto, creio que a proporção de sociopatas, dos menos (geralmente de narcisistas ou tipos que são frequentemente indiferentes à ocorrência de injustiças) aos mais perigosos (psicopatas), será bem alta, talvez em torno ou acima de 30% de uma população típica??

Quarto ponto, o que pensar em fazer a partir disso??

O que eu costumo defender: identificação precoce desses sujeitos, progressivo cerceamento de suas liberdades individuais, que variará de acordo com o nível de sociopatia apresentado, proibindo-os de exercer posições de poder ou de influência, promovendo a esterilização (se a personalidade anti-social apresenta carga hereditária) e, especialmente em relação aos mais perigosos, isolamento absoluto da sociedade (levados para instituições especificamente designadas para recebê-los), com possível castração química dos mais rebeldes ou incontroláveis. E olha que eu estou falando do tratamento mais "humano" que poderíamos dar a eles a partir de um cenário de conscientização social, tanto sobre a verdade da influência, biológica ou genética, predominante nos nossos comportamentos quanto sobre o grande mal que direta e indiretamente causam...

Ah, mas não se preocupe, principalmente você, amiguinho progressista, porque acho muito difícil que este texto será lido, um dia, por gente importante, realmente racional e que suas observações sejam aplicadas de maneira sistemática. De qualquer modo, a função do filósofo, além de dizer obviedades que muitas vezes nem todos querem ouvir, também é a de propor resoluções ideais, igualmente impopulares. Portanto, pode ficar sossegado porque se não acontecer um milagre, o Brasil, pelo menos, já é um país condenado.

Terceiro cenário: Transmitir sua doença hereditária ao seu filho ou não? Eis a questão...

Se você descobre que tem uma doença hereditária e grave ou se passa a apresentar sintomas psiquiátricos que também indicam uma doença ou desordem que causa grande sofrimento, especialmente se não tratada, então, você têm em suas mãos a possibilidade de decidir se vai arriscar ter um filho que pode se tornar, por exemplo, esquizofrênico no início da vida adulta, ou ainda pior, que pode estar condenado à devastação programada de uma doença de Huntington, geralmente a partir dos trinta, quarenta anos. No entanto, não parecem ser poucos os portadores dessas condições que se deixam levar pelo desejo egoísta de serem pais biológicos do que de não arriscar o bem estar dos seus hipotéticos filhos se nem pensam como viável a prática de adoção...

Aqui, a eugenia também não parece tão ruim assim...

Quarto cenário: nível de sofrimento individual e ao outro como um dos principais critérios em uma possível prática sistemática de eugenia


Eu já comentei em outro texto que, esse debate binário e simplista sobre o que é saudável e o que é doentio precisa ser melhorado, já que parece existir um espectro mais amplo e que não é toda condição que cairá em um dos dois rótulos podendo ficar mais para o "meio". Esse debate é fundamental para uma prática ética de eugenia. Aqui, eu vou usar quatro exemplos para analisá-lo e propor observações: "homossexualidade", síndrome de down, esquizofrenia e doença de Huntington.

Segundo esse mesmo debate predominante, um grupo afirma que todas essas condições são doenças.

Outro grupo exclui a homossexualidade.

Já, um terceiro grupo, também exclui a síndrome de down.

Mas, qual deles que estaria mais certo??

Eu acho que nenhum, justamente por pensarem de maneira binária para abordar o assunto.

Em relação à homossexualidade, não dá pra dizer que seja igual à heterossexualidade, mas também não dá pra dizer que seja doença e nem desordem, que seria uma expressão mais branda de uma condição de desequilíbrio e, portanto, variavelmente mórbida. Porque se a homossexualidade não tem características suficientes para se equivaler à heterossexualidade e nem para cair numa categoria de desordem, acaba em uma zona cinza entre comportamentos considerados perfeitamente "normais" e comportamentos, estados ou condições considerados variavelmente mórbidos, sendo, novamente, a desordem como a sua expressão mais leve, de desequilíbrio. Também temos que pensar no nível de sofrimento intrínseco que a condição pode causar ao seu portador e, também, aos demais. Nesse aspecto de análise, o nível de sofrimento intrínseco da homossexualidade é baixo, mesmo que esteja positivamente correlacionada com comportamentos de risco e com hostilidade irracional, especialmente de tipos mais irracionais. Porque nascer gay a priori não causa nenhum sintoma específico à condição que debilita a saúde ou o bem estar de maneira causal. Portanto, em uma situação em que fosse possível detectar sinais da homossexualidade em fetos não haveria razão lógica ou racional para abortá-los. Seria o mesmo se fosse detectado que o feto nascerá estrábico, com olhos castanhos ou mais baixo do que a estatura dos pais.

Porque o que também diferenciaria uma prática ética de uma prática não-ética de eugenia seria se os progenitores deliberadamente escolhessem por si mesmos como gostariam que fossem os seus filhos, usando critérios subjetivos.

Os comportamentos de risco que muitos homossexuais, especialmente os do sexo masculino, se sujeitam, e que contribui para aumentar os seus níveis de sofrimento, parecem estar relacionados com uma combinação de fatores desfavoráveis: grande estresse provocado pela discriminação ainda muito enraizada; hegemonia de uma ideologia hedonista que parece pregar como regra a irresponsabilidade, confundida com liberdade, associada à prática sexual promíscua, enfim, praticamente uma cultura feral sem o mínimo de regras básicas de comportamento sexual que possam estabelecer ou inculcar limites à maioria dos componentes que pertencem ao grupo; predisposição comportamental para se enveredar em comportamentos de risco e, também, para a sensibilidade emocional. Enfim, pode-se concluir que os fatores extrínsecos parecem ser mais influentes do que os intrínsecos para a carga de sofrimento de se nascer LGBT. Caberia, portanto, a sociedade evoluir em seu tratamento aos outros que muito do sofrimento indiretamente causado por essa condição desapareceria. Partindo do pressuposto que, a carga de estresse a que são acometidos pode ser comparada até a um trauma.

Em relação à síndrome de down, mesmo que seja uma desordem, inclusive a nível fenotípico, por alterar as características faciais e físicas do seu portador, não pode ser considerada uma doença, porque apresenta, em média, um alto nível de estabilidade sintomática (ou é aquilo que eu percebo). Claro que apresenta comorbidades intrinsecamente associadas e por isso que é categórico denominá-la como uma desordem. De qualquer maneira, em relação ao nível de sofrimento intrínseco que causa ao portador e aos demais, principalmente ao portador, não parece ser alto. Em termos de capacidade do portador da síndrome de down de cometer atos de crueldade, também parece ser bem baixa, bem abaixo da média humana. É verdade que existem casais que não conseguem superar ter um filho ou uma filha com down, mas a partir da promoção positiva da diversidade, tem havido uma maior aceitação por muitas famílias. Infelizmente, graças à prática lamentável daquilo que tenho chamado de "eugenia de mercado", milhares de abortos de fetos com down têm sido administrados a partir do momento que essa informação ou possibilidade foi disponibilizada. Essa situação nos mostra que, enquanto a eugenia continuar nas mãos de idiotas morais, continuará a ser sinônimo de coisa ruim.

Em relação à esquizofrenia, uma desordem,  quase uma doença psiquiátrica, altamente incapacitante e com elevada herdabilidade, causa sofrimento intrínseco tanto ao seu portador quanto aos seus familiares e amigos, sem falar que, em alguns casos não tratados, o indivíduo "esquizofrênico" pode agir com violência. Não haveria razão de sujeitar um futuro ser humano ao risco de padecer desse sofrimento. Foi o que falei no terceiro cenário.O caso da doença de Huntington é ainda mais óbvio, tanto por ser uma doença devastadora quanto por apresentar um padrão mendeliano de hereditariedade.

Ainda em relação ao critério do sofrimento, novamente volto à personalidade anti social para mostrar que, sim, sua expressão tem causado grande sofrimento, não apenas aos seres humanos e, portanto, entra na categoria de condições objetivamente indesejáveis a partir de uma proposta de abordagem racional sobre a eugenia. Na verdade, uma das mais indesejáveis. Afinal de contas, mantê-los seria o mesmo que cultivar aqueles que mais causam problemas até mais do que os "tolos".

Personalidade melancólica??

Eis aí uma provável e significativa exceção em termos de sofrimento individual e compartilhado, como critério básico para uma possível prática eugênica e ética, porque, vezes, a questão principal não é apenas a probabilidade de nascer com uma predisposição para se tornar mais melancólico mas que também esteja causalmente relacionada à de se tornar mais realista, em um sentido filosófico, de conseguir amadurecer a ponto de enfrentar de frente as verdades mais duras, que são as existenciais, do que se deixar ser engolfado pelas próprias opiniões subjetivas: desejos, ânsias ou expectativas, corrompendo a sua capacidade de perceber e interpretar objetivamente a realidade, resultando, por exemplo, no abraço acrítico à crenças religiosas. Porque melancolia e racionalidade costumam ser complementares.

Se como o resultado de um aprofundamento filosófico e não "apenas" como tendência intrínseca, que se expressa sem ter uma razão anterior, a melancolia (existencial) é fundamental para a espécie humana, por nos situar na realidade das verdades mais importantes, que são as existenciais ou absolutas, enfim, de servir como um farol que sempre aponta para a sanidade ou lucidez máxima que o exercimento da verdadeira filosofia requer.

segunda-feira, 7 de junho de 2021

"Humanismo" ou especismo disfarçado??

Um tipo de ''igualitarismo'' que exclui as outras espécies...

O que é mais importante pra você, a vida de um animal (não-humano) indefeso ou a de um ser humano cruel, especialmente se já tiver cometido crime hediondo??
 
A vida de um chimpanzé ou de um Adolf Hitler?? 

Pra mim, é a vida de um animal indefeso ou capturado, mas para muitos dos autodeclarados "humanistas" a vida de um ser humano "criminoso", mesmo aquele que comete crime hediondo ou bárbaro, vale mais. 

Querem ver só? 

Por exemplo, por que não "podemos" usar esses "criminosos" em experimentos científicos (por critérios realmente objetivos), mais especificamente em testes para uma nova vacina, também como maneira de tentar reparar o mal que já causaram do que capturar animais e submetê-los aos riscos desses testes??
 
Bem, foi o que a Xuxa, inoxidável rainha dos baixinhos, propôs em uma rede social, provocando uma onda de "indignação" entre os que se definem como "moralmente superiores", em sua maioria, de "progressistas";  os que, atualmente, mais têm monopolizado discussões morais em debates públicos, sempre se posicionando como supostos juízes perfeitos do que é certo e errado, como se também não fossem tendenciosos em seus julgamentos. 

Pois eu vos digo que a maioria desses tais "humanistas" parece até que são de "supremacistas humanos" ou de especistas, pelo simples fato de colocarem vidas não-humanas num patamar absolutamente inferior, em importância, mesmo se comparadas aos piores exemplares de nossa espécie. Porque esse fanatismo os faz pensar que "nascemos" puros de maldade, que é a sociedade que nos corrompe e que, portanto, ''todos'' nós merecemos uma segunda chance (menos as vítimas). Porque são do tipo que parece buscar por uma espécie de "purificação" moral a partir de uma (suposta) bondade absoluta (menos com animais não-humanos*), chegando até a condenar a penalização proporcional à gravidade do crime, mesmo sendo a melhor maneira de praticar justiça, especialmente a partir do cenário atual em que a prevenção predominante dos mesmos não é plenamente possível.

(*Também existem veganos e similares que são antipunitivistas e, que, apesar de potencialmente equivocados quanto ao seu antipunitivismo, pelo menos parecem ser mais coerentes com a sua linha de pensamento, de compaixão incondicional para "todos" os seres vivos, inclusive para os seres humanos mais cruéis] 

Essa cândida supremacia humana, defendida pelos tais humanistas, ainda se estende para outras áreas, por exemplo, psicologia e biologia, porque acreditam que a nossa espécie superou totalmente as leis da seleção natural e da hereditariedade e, portanto, cabendo à biologia um papel insignificante de influência nos nossos comportamentos. Pensamento que consideram uma verdade incontestável, até para se posicionarem contra qualquer possibilidade de eugenia, que logo definem como sinônimo de nazismo... 

Mas, ao contrário de "fazer o bem", essas crenças só têm feito mal a nós e, também, à natureza, primeiramente por não serem baseadas em evidências ou fatos.

Por exemplo, porque muitos acreditam que não existem diferenças intrínsecas na capacidade de desenvolver o discernimento moral, se supostamente apenas a criação (que recebemos) e o ambiente (em que vivemos) que podem moldar nosso caráter, corruptos natos continuam dominando a política, tal como permitir que ervas daninhas tomem conta de uma plantação por causa da crença de que todas as plantas são iguais. Como resultado, esses mesmos políticos inconsequentes, ao serem eleitos, passam a defender e a aprovar leis anti-ambientalistas ou pró-lucros-para-capitalistas-safados. Pois se os tais "humanistas" mudassem de opinião, aceitando que a índole não é apenas fruto do meio, até poderia ser possível pensar em instituir mecanismos que impedissem corruptos/corruptíveis de se candidatar a cargos políticos, só para começar. Imaginem só se isso se tornasse realidade e, finalmente, parássemos de associar política com corrupção?? Se, de fato, começasse a funcionar como se deve, para o nosso bem?? 

Em relação aos tais experimentos com animais, me parece que muitos deles são "apenas" experimentais, porque, segundo alguns estudos que visam analisar os seus níveis de eficácia, aproximadamente 90% têm falhado para encontrar evidências sobre o que teorizam ou buscam, provavelmente por serem baseados em hipóteses mal pensadas e, portanto, por infligirem sofrimento absurdo e desnecessário a milhares de seres vivos plenamente sencientes. E, tudo isso, supostamente, pelo "bem da ciência"... Pois caberia passar um pente fino para saber quais as pesquisas "com animais" que não poderiam ser deixadas "de lado", pelo menos de imediato, e quais que poderiam. Com certeza que, "testes" para cosméticos, seriam uma das primeiras a entrar nesta lista. Além disso, também é bom senso sempre buscar melhorar a parte teórica, porque, novamente, não parece que tem sido baseada em hipóteses bem construídas, mas, partindo de concepções ideologicamente tendenciosas e precipitadamente adotadas se passando como se fossem o oposto, por exemplo, e uma das mais notáveis, o "behaviorismo". 

A urgência e a emergência de uma misantropia racional

 O humanismo é uma crença irracional na supremacia benigna da espécie humana, como se fôssemos absolutamente superiores às outras formas de vida, inclusive moralmente. No entanto, quanto mais nos aprofundamos sobre todos os problemas que a "humanidade" têm causado à natureza/às outras espécies e à ela mesma, enfim, sua crueldade e estupidez asquerosas, mais misantropos nos tornamos. Do predomínio contínuo de instituições que pregam crenças absurdas, tal como as religiosas, ao invés da (verdadeira) filosofia; do péssimo uso da ciência, há muito tempo mancomunada com inescrupulosos empoderados; da degeneração moderna das artes, tanto pelo capitalismo quanto pelo relativismo cultural de esquerda; pela própria degeneração da espécie em termos de qualidade intelectual e moral, eu diria mais, de racionalidade.

 
Dica, apenas uma "educação de qualidade" não irá resolver esse problema por ser muito mais profundo do que professores ingênuos e bem intencionados costumam pensar.

Pois se o obscurantismo tem vencido essa "guerra santa", então, não há razão para celebrar, mas, para lamentar a própria existência deprimente da humanidade, de tratá-la não como uma dádiva e sim como uma maldição ou praga, por sempre causar tanta destruição e sofrimento. O cenário é francamente desolador e não importa o quão brilhantes possam ser as luzes do "progresso" industrial, diga-se, ilusões tecnológicas, porque não há razão para celebrar o que tem "evoluído" de maneira tão equivocada e, sabe-se lá o que de pior nos aguarda, com essa espécie imatura, covarde, bruta, perigosa, enfim, insana. Vale  ressaltar que a misantropia não é uma percepção intrinsecamente racional porque depende do estado da espécie humana. Por isso que se tornou racional ser misantropo do que o oposto. Mas, não significa que, então, tenhamos, nós, que nos iluminamos com essa triste verdade, sair por aí matando humanos aleatoriamente. Se, por ser racional, o primeiro e mais importante passo é saber e aceitar essa realidade lastimável da maioria de nossos semelhantes, de reconhecê-la em nós mesmos, mesmo se não formos os maiores canalhas ou os maiores panacas, porque canalhinhas e panaquinhas ainda seremos.  

Ciclo da estupidez: da direita à esquerda

 A direita conservadora se apropria de um conceito básico ou de um campo de ações relevante, por exemplo e, respectivamente, verdade e isolamento/alocação de indivíduos considerados ''inaptos'' para o convívio social, de viverem sozinhos ou sem ninguém para cuidar deles. Então, distorce o conceito de verdade tornando-o tudo aquilo que determina como certo ou verdadeiro e faz o mesmo com a alocação de indivíduos, definindo os critérios para isolamento em "manicômios" de acordo com os seus preconceitos instintivos e não a partir de análises imparciais. Aí, aparece a esquerda progressista ou pretendente à iluminista e passa a negar a existência da verdade e a lutar contra qualquer possibilidade de isolar/alocar indivíduos através da ideologia anti-manicomial. 


Por quê?? 

Porque ao invés de analisar o conceito de verdade e essa ação específica, por si mesmos, o fazem a partir de perspectivas tendenciosas impostas pela direita conservadora... como resultado, relativiza a verdade, negando a existência da sua própria sua objetividade e inventa uma ideologia desequilibrada que, claramente, tem potencial para causar mais problemas do que resolver os existentes, tudo porque a santa direita havia se apropriado deles e lhes corrompido antes.