Charlie Kirk, ativista conservador estadunidense, foi assassinado durante uma apresentação em uma universidade no estado de Utah. Ele foi assassinado porque era conservador, de direita, pró-Israel, anti-DEI (diversity, equity and inclusion), pró-"big business"... Em outras palavras, ele perdeu sua vida por causa de suas crenças. Mesmo que não concorde com muitas delas, ser tolerante significa justamente isso, de aceitar que existem divergências ideológicas. Por mais insensível e ignorante possa ser pra mim alguém defender Israel e não ficar ao lado do povo palestino, por exemplo, ainda assim, eu não posso impedir que esse posicionamento específico seja adotado por outras pessoas. Eu posso lamentar que o ser humano, em média, seja tão irregular em termos morais e racionais. Posso tentar convencer quem acredita nisso ou naquilo, mas não posso impedir ninguém de ter suas próprias crenças e de expressá-las publicamente.
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quarta-feira, 17 de setembro de 2025
Por que o assassinato de Charlie Kirk não é similar ao assassinato do CEO da UnitedHealthCare, Brian Thompson?
(Ainda que acredite que certos tipos de crenças ou posicionamentos, ou modos de se expressar, devam ser inibidos, que eu já comentei nesse texto "O único limite racionalmente aceitável da censura de opinião: a desumanização absoluta")
Eu apenas concordaria com o assassinato político de Charlie Kirk se eu fosse uma pessoa tomada por um fanatismo ideológico doentio e acreditasse que discordantes devem ser punidos, presos ou mesmo eliminados. Ainda que também acredite que, apesar de ser uma regra de civilidade a tolerância à divergência, existem contextos mais urgentes em que, no mínimo, medidas mais duras podem ser necessárias, ou quando os limites máximos de tolerância com base em critérios racionais: morais e intelectuais, estão sendo extrapolados.
Tirando algumas "teorias conspiratórias" que têm aparecido para explicar o que aconteceu nesse caso, a versão oficial da polícia é a de que o assassino de Charlie se trata de um jovem de 20 e poucos anos (Tyler Robinson) e que parecia se declarar como "de esquerda". Pois um caso relativamente parecido de assassinato por razões políticas ou ideológicas aconteceu nos EUA no ano passado, cometido também por um jovem, identificado como Luigi Mangioni, que tirou a vida do CEO da UnitedHealthCare, Brian Thompson. Mas essas semelhanças primárias acabam por aí mesmo, porque enquanto Michael Kirk era um ativista que fazia vídeos e palestras sobre as suas crenças, ideias e pensamentos, algumas bem sensatas, em consonância com críticas comuns e necessárias a certas políticas "progressistas", Brian Thompson comandava a negação sistemática de pagamento de determinados tratamentos médicos a milhares de segurados de sua empresa de plano de saúde, enquanto continuava aumentando seus lucros com o enxugamento desses "custos". Então, apesar do seu assassinato ter sido um crime bárbaro, é mais complexo condená-lo por completo, justamente por sua crueldade de negar o pagamento do tratamento de pessoas doentes por pura ganância. Os dois casos mostram o quão importante é o contexto para configurar o tipo e a gravidade do crime, porque quando a justiça é muito lenta para punir, com severidade, crimes graves que são cometidos, ou mesmo tolerante, especialmente se são cometidos por pessoas de "classe alta" e a partir de legalidades cruéis, típicas de sistemas que estão desenhados para favorecer interesses de "elite", como o capitalismo, certos atos de "justiça com as próprias mãos" acabam completando essas lacunas, fazendo o serviço que deveria ser do "sistema".
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