Pois refletem deficiências ou incapacidades crônicas, atreladas ao pensamento mais avançado que o ser humano pode alcançar, que é o pensamento racional: reflexivo, autocrítico, autoconsciente, objetivo, imparcial, ponderado... Que mais nos capacita quanto ao potencial de melhorarmos nossa compreensão verdadeira sobre o mundo... Pois refletem instintos emotivos projetados na linguagem, em que os mesmos assumem a forma de palavras e conceitos e emulam a inteligência humana, escondendo sua natureza muito mais simples e vestigial: um atavismo da mente, tal como se um animal de outra espécie adquirisse a capacidade de aprender nossa linguagem complexa só que a usasse apenas para reforçar seus ímpetos instintivos. Nesse caso, no mundo real, tratando-se do próprio humano, um descompasso muito comum e pouco compreendido, frequentemente considerado como um fenômeno exclusivo do social ou da cultura e não ou principalmente como um fenômeno cognitivo e evolutivo, de algo mais profundo que não nos acomete igualmente se isso também depende das predisposições que apresentamos, em que alguns, ou muitos, mostram-se mais suscetíveis que outros. Portanto, mais irredutível é o indivíduo quanto às suas crenças pessoais, especialmente as que são categoricamente irracionais, mais guiado ou dominado pelos seus instintos emotivos, ele está. Se não haveria razão lógica de acreditar em desvarios que podem ser até facilmente refutados ou ao menos severamente problematizados, da crença pela fé na vida eterna e na existência divina à crença secular na igualdade humana absoluta, por exemplo. Se a única razão lógica, que eu tenho encontrado, para explicar esse suporte à crenças irracionais, é o benefício pessoal aparente ou sentido de fazê-lo, mas também por refletir uma auto projeção de expectativas e traços de personalidade da própria pessoa, de algo que ela acredita como um reflexo dela mesma, como um estado inebriante de autoconfiança excessiva, que leva a um estado menos sóbrio. Por isso ser tão caro a uma pessoa acometida por esse delírio de grandeza, criticar, testar e/ou abdicar mesmo de suas crenças mais irracionais, se para ela seria semelhante a mutilar seu próprio corpo, de cortar e jogar fora seus próprios pedaços de esperança, sonhos, motivação de vida e senso de realidade, mesmo se falsificado, e abrir espaço para fatos ou verdades que não gostaria de ter em sua mente como parte de seu sistema pessoal de crenças, que não comungam com o seu jeito de ser e pensar.
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