... E consequente proposta de solução
Superficialmente falando, tornar público um manifesto de revolta contra eventos ou situações de injustiça ou crueldade não pode ser imediatamente considerado sinalização de virtude ou lacração, isto é, um ato de narcisismo, de querer aparecer como mais virtuoso que os outros, simplesmente porque não é possível deduzir com certeza sobre a intenção ou o caráter de quem o faz, apenas se já tiver como base um acúmulo de evidências que corroboram para a tese acusatória. Pois as diferenças entre uma exposição de opinião moral ou política e uma sinalização de virtude são demasiado sutis para serem facilmente reconhecidas. Primeiro, é preciso problematizar o próprio termo de sinalização de virtude, muito vago para ser usado como marcador específico de comportamentos, especialmente de comportamento moralizados. Além disso, uma demonstração pública de indignação sobre eventos ou situações de crueldade (que também pode se dar a um grupo mais íntimo de pessoas), ainda mais se for por algo que legitimamente mereça essa reação, inevitavelmente sinaliza um estado primário e temporário de "virtude", mesmo se não for intencional, e até poderia ser substituído por outros termos como "sinalização de empatia", "de consciência" ou "de conhecimento".
Mas, então, o ideal seria que nunca nos indignássemos publicamente???
A resposta parece óbvia.
Segundo que, aqueles, de direita, que acusam outros, de esquerda, de sinalização de virtude, também costumam se engajar com frequência nesse comportamento, especialmente os que estão mais ativos em certos ativismos políticos, geralmente em redes sociais. No final das contas, mesmo a lacração ainda é, a priori, uma mera exposição de opinião moral ou política tal como qualquer outra forma de manifestação. Então, parece conclusivo que se trata de um termo que causa mais confusão por causa de sua opacidade do que de servir para definições específicas. E terceiro, se não é sempre possível identificar a intencionalidade de uma exposição de opinião moral ou política, é perfeitamente possível analisar a qualidade factual e moral do seu conteúdo, e é por aí que se pode finalmente diferenciar uma possível lacração (ou um moralismo de direita) de um manifesto primariamente legítimo. Interessante destacar que, mensagens de "lacração" costumam se basear em pensamentos curtos e falaciosos que expressam interpretações ideologicamente enviesadas "de esquerda" sobre eventos, situações... De qualquer maneira, enquanto não for possível identificar um padrão consistente da intenção de uma pessoa que está expondo sua opinião moral ou política, novamente, é possível analisar o seu conteúdo, inclusive se está ideologicamente enviesado, se existem discursos ou narrativas que são típicos de um lado ou grupo político-ideológico. Mas ainda haveria como manter o termo "sinalização de virtude" como sinônimo de lacração, desde que fosse especificado, particularmente por essa sugestão: sinalização narcisista e/ou intencional de virtude e com base em um conteúdo falacioso.Outro porém é que, a priori, mesmo um viés ideológico não é de todo condenável, até porque existem pontos de vista mais ponderados ou factualmente precisos que são adotados por grupos político-ideológicos específicos. Portanto, o mais importante em uma exposição de opinião moral ou política, além da intenção daquele que o faz, também é a qualidade intelectual do conteúdo de sua mensagem ou manifesto.
... And consequent solution proposal
Is protesting against the cruel killing of Palestinians by the Israeli army always a sign of narcissism and hypocrisy?
Superficially speaking, making public a manifesto of revolt against events or situations of injustice or cruelty cannot immediately be considered virtue signaling , that is, an act of narcissism, of wanting to appear as more virtuous than others, simply because it is not It is possible to deduce with certainty about the intention or character of the person who does it, only if it is already based on an accumulation of evidence that corroborates the accusatory thesis. For the differences between an exposition of moral or political opinion and virtue signaling are too subtle to be easily recognized. First, we need to problematize the term virtue signaling itself, which is too vague to be used as a specific marker of behaviors, especially moralized behaviors. Furthermore, a public display of indignation over cruel events or situations (which can also occur towards a more intimate group of people), especially if it is over something that legitimately deserves this reaction, inevitably signals a primary and temporary state of " virtue", even if it is not intentional, and could even be replaced by other terms such as "signaling of empathy", "of conscience" or "of knowledge".
But then, ideally, we would never be publicly outraged???
The answer seems obvious.
Second, those on the right who accuse others on the left of virtue signaling also tend to frequently engage in this behavior, especially those who are more active in certain political activisms, usually on social media. In the end, even virtue signaling is still, a priori, a mere exhibition of moral or political opinion just like any other form of expression. So, it seems conclusive that it is a term that causes more confusion because of its opacity than because it serves for specific definitions. And third, if it is not always possible to identify the intentionality of a statement of moral or political opinion, it is perfectly possible to analyze the factual and moral quality of its content, and it is through this that one can finally differentiate a possible virtue signaling (or a right-wing moralism) of a primarily legitimate manifesto. It is interesting to highlight that virtue signaling messages are usually based on short and fallacious thoughts that express ideologically biased "left-wing" interpretations of events, situations... In any case, as long as it is not possible to identify a consistent pattern of a person's intention who is exposing his moral or political opinion, again, it is possible to analyze its content, including whether it is ideologically biased, whether there are speeches or narratives that are typical of a political-ideological side or group. But there would still be a way to keep the term "virtue signaling", as long as it was specified, particularly by this suggestion: narcissistic and/or intentional virtue signaling and based on fallacious content.Another point is that, a priori, even an ideological bias is not entirely reprehensible, especially because there are more considered or factually precise points of view that are adopted by specific political-ideological groups. Therefore, the most important thing in an exposition of moral or political opinion, in addition to the intention of the person who makes it, is also the intellectual quality of the content of his message or manifesto.
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