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quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Possíveis mitos populares sobre a inteligência emocional

 Possíveis...


1. É o mesmo que adaptação social 

São vários os fatores que contribuem para a adaptação social de um indivíduo. A inteligência emocional é apenas um deles, que pode ser decisivo ou não. Outros fatores muito relevantes são: o cognitivo, o econômico, o circunstancial (o racial, o político)...

A maioria dos indivíduos mais bem sucedidos não são os mais emocionalmente inteligentes. Inclusive, parece muito conveniente para a elite burguesa acreditar que seu "sucesso" se deva, supostamente, à sua inteligência emocional superior. Até parece com uma narrativa de "meritocracia" para justificar seus privilégios injustos...

2. É o mesmo que extroversão 

Extroversão é uma motivação intrínseca para interagir socialmente. Não é o mesmo que inteligência emocional. Já a introversão é uma forte preferência para estar sozinho ou ser mais seletivo nas relações sociais. Não é o mesmo que ser emocionalmente deficiente. Introvertidos e extrovertidos têm forças e fraquezas emocionais distintas. Em média, extrovertidos são mais simpáticos e autoconfiantes, mas também mais propensos a agir de maneira cruel, irresponsável e/ou irracional. Os introvertidos, por sua vez, têm maior dificuldade para interagir, especialmente com extrovertidos, mas, em compensação tendem a ser mais humildes e educados com os outros. De qualquer maneira, a maioria dos mais emocionalmente inteligentes deve ser de ambivertidos.

O contexto importa...

O ideal seria focar a análise nas capacidades emocionais do indivíduo do que nos seus níveis de adaptação social, porque existem aqueles que já apresentam grande compatibilidade de personalidade com os ambientes em que cresceram e/ou vivem, e que pode ser confundida com uma maior inteligência emocional.

3. É o mesmo que ser altruísta 

Ainda que a empatia seja um elemento básico da inteligência emocional, ela também é instrumental para a detecção de indivíduos tóxicos, situações perigosas e/ou para a autodefesa.

4. Não pode ser avaliada de maneira objetiva 

A inteligência emocional, assim como a própria inteligência, é uma capacidade de perceber, compreender e adaptar-se à perspectivas ou realidades, só que de natureza emotiva.

Por exemplo, um indivíduo que está praticando "bullying" falha em compreender que está agindo por impulso, isto é, o seu próprio estado emotivo, mesmo que negue, e também o estado de quem ele está maltratando. Por ser um ato de extremo egocentrismo, o indivíduo que o pratica não é plenamente capaz de perceber o impacto negativo que está causando ao outro, que só seria possível pela empatia, de se colocar em sua perspectiva ou realidade.

Nesse sentido, a inteligência emocional é similar aos comportamentos lógicos que praticamos no cotidiano, por exemplo, quando começa a chover forte, com queda de raios, relâmpagos e trovões, e procuramos por um abrigo para não ficarmos no meio da chuva, enfim, de identificar a realidade de certa situação e, a priori, buscar agir de acordo ou da melhor maneira possível. Pois nos momentos de interação interpessoal também precisamos identificar as realidades (contextual, individuais) com as quais estamos lidando, incluindo as nossas, em nossos comportamentos, e agir a partir dessas percepções. Se faz sentido buscar por refúgio para não se expor à chuva, não faz nenhum sentido atacar alguém sem causa realmente justificável (reagir reciprocamente à provocações; depois de sofrer ameaças contundentes ou perceber um indivíduo agindo de maneira cruel com outros), além de fazê-lo de maneira impulsiva, sem controle de si mesmo. Seria como procurar refúgio por causa de um céu nublado. Ainda se poderia apelar para o caráter "recreativo" do "bullying" para o abusador. Mas seria exatamente o mesmo que justificar o estupro, por também ser um ato em que não há consentimento de umas partes envolvidas. Independente disso, a principal finalidade da inteligência humana é a busca pela verdade objetiva e, portanto, da compreensão, não o prazer sádico.

5. É o mesmo que saúde mental 

Ter um transtorno mental não impede que se consiga desenvolver uma boa inteligência emocional, apesar dos desafios extras que esse cenário acarreta, e que ainda pode ser paradoxalmente vantajoso, dependendo da severidade do caso, porque impele ao indivíduo afetado uma maior vigilância sobre si mesmo.

5.1 Promove um grande bem estar subjetivo 

A inteligência emocional, em níveis moderados, é um dos fatores que ajudam a promover o bem estar subjetivo. No entanto, em seus níveis mais desenvolvidos, o aumento da empatia e da sensibilidade resulta numa maior absorção do sofrimento alheio, diminuindo essa sensação de bem estar, ainda que continue a ser um fator de proteção contra transtornos mentais, como a depressão e a ansiedade. 

É por isso que os mais emocionalmente inteligentes tendem a preferir pela esquerda no espectro político-ideológico, isto é, a defender por pautas progressistas ou ser a favor da justiça social.

5.2 É o mesmo que ser muito controlado e calmo

Ainda mais em ambientes, situações e/ou com indivíduos moralmente problemáticos, os mais emocionalmente inteligentes tendem a acumular uma maior carga de estresse ao longo do tempo, com a diferença de serem mais hábeis em lidar com esse ônus.

Apenas imagine se você fosse muito inteligente em matemática e estivesse cercado de pessoas que estão sempre cometendo erros crassos do conhecimento que você mais sabe e preza?? Como que você acabaria ficando a longo prazo?? 

O contexto, novamente, importa.

5.3 É o mesmo que ser infalível nas relações sociais

O mais emocionalmente inteligente não é aquele que nunca comete erros de conduta mas o que está sempre aprendendo com eles. A inteligência emocional não é um traço ou um tipo de personalidade mas uma capacidade de compreendê-la e aprender a lidar com ela.

6. Não tem relação com a inteligência cognitiva  

Tem grande influência no autoconhecimento, que também tem grande impacto na capacidade do indivíduo de compreender a realidade e de executar tarefas. Pois aquele com baixa inteligência emocional tende a distorcer suas capacidades, geralmente acreditando que sabe mais do que realmente sabe ou é capaz de saber, extrapolando seu engano em suas abordagens intelectuais. Como resultado, ele está mais propenso a teimar especialmente quanto aos seus raciocínios falaciosos e às suas crenças moralmente contraditórias. 

Concluindo: a inteligência emocional não é exatamente o mesmo que inteligência social...

Nem muito Paulina Martins e nem muito Paola Bracho!! 

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