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domingo, 9 de janeiro de 2022

"A filosofia se tornou obsoleta; foi substituída pela ciência"

Depende do que você considera como filosofia. Se você acha que se resume a citar nomes e obras de filósofos, especialmente os gregos, de falar mais sobre teoria do que prática, de fazer mais perguntas do que respondê-las, de inventar novos termos com importância variavelmente limitada, ou de escrever textos indecifráveis, então, sim, a filosofia está ficando ou já se tornou obsoleta.


Mas a filosofia, além de ser a mãe da ciência, também permanece influente e relevante ao seu lado, atuando como a sua própria consciência, especialista no lido das questões morais, como as desigualdades sociais, que estão presentes em toda discussão humana. Se a sabedoria que busca e zela não é apenas a do conhecimento, no sentido de saber, mas também no de julgar, de fazer o melhor julgamento possível a partir da verdade.


Pois não pense que cientistas conseguiriam plenamente substituir filósofos para lidar com questões morais, se é perceptível que a mente requisitada pela ciência, mais detalhista, não é a mesma que está mais apta para atender às necessidades práticas da filosofia (uma mente mais holística). 


Por exemplo, o debate sobre o aquecimento global, em que a sua argumentação tem base totalmente filosófica: desde a crítica ao papel central do sistema capitalista na destruição massificada do meio ambiente; da necessidade de se preservar a biodiversidade, visando construir uma relação sustentável com a natureza, até ao existencialismo de se expandir o ciclo de empatia às demais espécies, cabendo à ciência a produção de dados matemáticos sobre o aquecimento global, de tecnologias e estratégias de manejo sustentáveis e de cenários possíveis sobre o que pode acontecer. 

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