Precisão semântica e a confusão entre estética e pragmatismo conceitual
Verdade é o mesmo que conhecimento??
Sabedoria é o mesmo que racionalidade ou que razão??
Pois eu sou da opinião, e que não é apenas uma opinião intuitiva, de que sim, verdade e conhecimento são praticamente a mesma coisa, assim como sabedoria, racionalidade e razão. Mas, então, por que tantas palavras conceitualmente próximas??
Ora, por "mera' questão estética. Mais palavras, mesmo se forem extremamente parecidas em seus conceitos, menos repetitivo e enjoado ficam os textos que escrevemos.
Além do excesso de sinônimos, um problema consequente é a confusão entre estética e pragmatismo conceitual. A existência de palavras como alegria e felicidade, serve para dar mais beleza aos textos, mas não devemos perder muito tempo tentando procurar ou inventar diferenças entre elas, já que têm praticamente o mesmo significado. Geralmente são palavras com origens etimológicas e culturais distintas, adotadas por uma mesma língua. O ideal/correto é sabermos que são usadas justamente por razões estéticas. Essa situação é mais complicada quando os sinônimos são sobre significados essenciais para a nossa compreensão de mundo, tal como os exemplos que explicarei embaixo.
Explicando verdade/conhecimento e sabedoria//razão/racionalidade
A verdade tem sido definida como um fato determinado, por exemplo, "É verdade que eu não sou tão alto quanto você". Ou como uma interpretação subjetiva "A minha verdade não é melhor que a sua". Já o conhecimento tem sido definido como uma verdade construída a partir de fatos determinados, por exemplo, "O conhecimento da geografia se refere à interação do homem com a natureza". Mas, se pararmos para pensar, todo conhecimento é verdadeiro e toda verdade é conhecimento, no sentido de "conhecer", de "saber". Ao buscar pela essência conceitual da verdade, acabei por encontrar um contraste dela, mas com a realidade. A verdade como uma reflexão da realidade a partir da perspectiva de um ser vivo. E a realidade como sinônimo da própria existência, independente se a percebemos ou não. Por isso que penso ser mais eficiente pararmos de tratá-los como se fossem conceitos absolutamente diferenciados.
O mesmo para as outras três. Se ser racional, dotado de razão ou sábio é praticamente a mesma qualidade. O problema são as atribuições indevidas. Se sabedoria é a busca pelo conhecimento, muitos a definem restritamente como "bondade", e ainda do tipo "fazer o bem, sem olhar a quem", isto é, de praticar o altruísmo sem ter conhecimento para quem o está praticando... contraditório, se a sabedoria é sempre sobre buscar pela verdade.
Se racionalidade é a capacidade de pensar reflexivamente.. em busca do conhecimento, muitos a definem como frieza analítica, criando uma dicotomia absoluta e falaciosa entre sentimento e fato, como se os sentimentos não expressassem verdades, diga-se, mais subjetivas. Mesmo se a sabedoria é definida como bondade incondicional, ou a racionalidade como frieza analítica, todos concordam que o sábio e que o racional sempre buscam pela verdade.. ou conhecimento. A diferença é que o altruísta pensa que a verdade só pode ser encontrada pela sensibilidade de seus bons sentimentos, enquanto que o egoísta vai pelo caminho oposto, em que a frieza na análise levaria ao saber purificado de atribuições subjetivas, supostamente condenando-as (na verdade não o faz porque sobrepõe sua natureza egoísta sobre sua percepção de mundo). O primeiro aborda a realidade apenas pela análise moral, em primeira pessoa, em que é inevitável a empatia de se colocar no lugar do outro, e o segundo apenas pela análise factual, distante e também secretamente hipócrita (blefe do relativista moral). Ambos incompletos e, portanto, equivocados. No mais, pela compreensão dos conhecimentos ou verdades existenciais (que são os mais importantes), o altruísmo se torna definitivamente preferível ainda que, continuando ser necessário saber "para quem".