Perfeito Idiota
Eu vivo com os meus pais
Não sei lidar com pessoas e seus ataques de estrelismo
Não sei lidar com esse mundo humano, de estupidez e parasitismo
Eu sobrevivo, dependo da benevolência dos meus parentes e amigos
Meus bolsos estão sempre cheios, de ar
Não sou príncipe, sou descendente de brancos pobres, de índios sobreviventes, de negros escravizados
Meu subconsciente é o meu elo perdido
Com a efemeridade de um presente inadiável
Não sou vagabundo, talvez um pouquinho questionável
Tenho poucas habilidades,
Meu maior talento é não ter talento pra me esconder da hiper-realidade
Da filosofia das veias, dos ventos das saudades
Tenho insights, alarmes falsos
De que depressão não é melancolia
Que é uma tristeza de existência, de amor fulminante à vida
Com uma pedra de rins que dói como poesia
Que eu sou assim e que também é patologia
Se o meu cérebro age deste jeito
Se vasculha os porões do meu tempo
Se lembro das boas vidas que já não tenho
Com doçura e respeito
A suave tortura, de pensar nas lembranças simples, de quem não mais vive
Não sou epiléptico,
É o nervosismo, que é a minha doença
Minha densidade de pensamentos e expectativas
Sou o corpo do Espírito aberto
Sou/estou minha essência
É por isso que eu sou um perfeito idiota
Literal e metafórico
Descrição ou poético
Realismo ou sinestésico
Dois tipos de pensamentos
Ventos de memória
Da arte, hiperbólica
Da ciência, categórica
Da filosofia, estoica vitória da sensatez
Que equilibra e devora
Sou ateísta, de família católica
O mais novo de três
O literal venceu em mim
Mas o metafórico é o meu ganha pão
Que é o meu "ganha tempo"
Lutando todos os dias
contra esse profundo sentimento
Que diz não
Dividindo o sofrimento
Sem acreditar que eu vou voar ao firmamento
Evitando a alienação
Entre o olhar que apenas analisa, categoriza
E o olhar na missa, que crê na mais impossível utopia
De viver depois de morrer
De elevar-se à mais divina alegria
Se isso não é viver em poesia
Se isso não é escolher por sua covardia
O ateu existencialista
Não eleva o mundo com essa magia
Volta à sua essência
Se não à toda sabedoria
À sua realidade mais bela e viva
Além das cadeias dos conflitos da vida
Muito acima, ou muito adentro
Ao centro do centro
Da filosofia
Enquanto isso os mais artistas
Acreditam em sua ciência distorcida
Nas igrejas, nas pinturas, na música, nos templos, nas mesquitas
Os mais cientistas
Desprezam o divino de todos os dias
Como burgueses ou tecnicistas
Com seus corações frios em seus corpos quentes
Toda invenção é fictícia
Das palavras, dos livros nas mãos, da tecnologia
Nada é mais onipresente
Depois de tanto escrever eu gostaria
Apenas de dizer:
Ateísmo literal
Metafórica mitologia
Nenhum comentário:
Postar um comentário