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segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Algumas novas poesias, só para relembrar quando eu às postava aqui...

Na mente...

..dos outros seres vivos,
Não existe a consciência do vácuo,
Todos os poros estão cheios,
Almas e corpos, misturados,

Mais vida se é,
Quem desconhece a própria morte,
Tal como o fogo mais intenso,
Que nunca entenderia o frio forte,
É paradoxal pensar,
Que as mentes mais instintivas,
Vivam o infinito,
Sem saber que não o são,
E as mais autoconscientes,
Vivam o finito,
Na melancolia,
Que sempre limita a paixão..

Mais humana é a mente,
Mais mórbida,
A morte mais próxima,
A vida mais consciente,
Do que não é..

Na memória de um vazio,
Na ânsia de um suspiro final,
A consciência da própria morte é saber,
Que não se é tudo,
Que apesar de ser tudo, para si,
Não resiste o crer,
Mesmo o mais profundo,
Que não é suficiente,
E nunca será.

Mil poesias, mas eu só queria uma

Seguro na calda de um cometa,
Vezes um raio apenas,
Um risco branco no céu escuro,
Sonho com um novo poema,
E aposto nessas poucas palavras,
Todo o meu orgulho,
Mas eu só queria uma poesia,
Pra chamar de tudo,
Escorregadia,
A vontade de me repetir,
Só queria uma poesia,
Que não fosse apenas pecado,
Ou sarcasmo,
Que fosse perfeita,
Eleita,
Que resumisse e integrasse,
Tudo o que eu gostaria de dizer,
Tudo o que eu poderia dizer,
Nas tormentas do meu tumulto,
A alma diz chega,
Estou parindo demais,
Muitas nascem mortas,
Mas eu aposto em cada segundo,
Sou melancólico,
É a minha natureza mórbida,
Idealismo e luto, pela paz..

Super orgânico

Sou vírus
bactéria
flora
Destino
Desafio
Derrota
à minha espera
Eu espero a mim
para o fim
de uma conversa decisiva
de uma aposta
que eu não fiz
que eu apenas sou
vida

Bendita maldita

Briga
A vida
alucina
fascina
suicida
ida
que nunca
ninguém quis

Beijo de isca

É o amor do apaixonado
Sê presa
petisca o calor
aos olhos do fogo
Cortado
Em dobro ou mais
A dor da certeza
que sente amor
Na cor do torpor
De se esgotar
E encontrar a paz
E encher de novo
O desejo
de ser apenas beijo
E depois voar

Vó nação

Bisavó da minha mãe
Que eu nunca vi
Se saber fosse apenas viver
Eu teria pensado ser
O filho de Adão e Eva
Fruto de uma nação
De solo árido e tropical
Versejo nuvens de precipitação
Em um longo e breve recital
Longo para os meus olhos de sede
Breve para o tempo de infinitas vezes
Menos que um pingo de luz
Sou a entranha da entranha do espaço-tempo
Que sabe o que é o nada
Em si mesmo
Em sua alma
por dentro
Voltarei ao que não sou

Pássaro suicida

O pássaro não sabe o que é a morte
Se só sabe viver em suas asas
Somos o pássaro que vai ao seu encontro
Pois sabemos de sua existência
Em nossa desistência involuntária
E por tanto viver
Voamos alto
No alto da imaginação
Chegamos perto da lua
De noite ou de dia
E no frio mortal desta poesia
Desaparecemos no espaço sideral
No apagar da paixão

A lágrima cai

Como em um jogo de tetris
E completa o chão de andança
Com mais uma irrelevância ao universo
Psicótico ato segundo a imensidão
pra mim é tudo
Cai com ela todo o meu corpo
O meu espírito é uma esperança
O meu juízo, luto ou porto
A minha alma
Imensa crença
dor, pujança
Dói tanto
Que não sinto

Fracionamos a dor
Com as cores
Ou sabores
E acreditamos no paraíso

A poesia

Nunca mudou desde quando foi inventada
Como o prazer
O beijo
A essência da vida
Na origem, finalizada

O poeta frágil

Olha acima das cabeças
No céu o seu sufrágio
Vive acima, com as letras
O seu sonho abstrato
Mas o corpo fincado no chão
Ao arrasto
Os pés em cima, é a multidão
Em igualdade
Vive perto de quem não o vive
Perto do seu sentimento
Do seu pensamento livre
Sem regras
Que a natureza criou
Pois é a própria natureza
Encarnada
Sua alma é mais aberta
Se encontra no por
Todo dia é uma morte anunciada
Ele também sabe que todo sim é uma dor
De aceitar o que perderá
De se iludir, de acreditar
Mas não tem jeito
O poeta é frágil
Porque a vida é frágil
Porque tudo é tão rápido
E impossível

Segundo [segundo] a perspectiva

Do universo
Olhando pra mim
Sentindo-me
Em seu mapa colossal
Que parece não ter fim
Repara um pontinho de luz
Eu inteiro
Piscando um sim
Pra ele
Um segundo
Pra mim
Um longo beijo
De desejo
Profundo

As origens de tudo

Os olhos fechados
Os pensamentos mortos
A morte sem ser morte
O tudo
É a sua ausência
Inexistência
Os sentimentos de um sono pesado
Tão leves quanto o nada
Em que nada pesa

Quando

Eu olho pra alma
Eu durmo
Apago o meu espaço
E no tempo que não se sente
Eu sinto
Existindo como se não existisse
Enquanto eu sonho com as estrelas
Na escuridão do universo
Eu toco
A calma do nada
Do absoluto verso
Mudo

Não são os meus olhos

Que piscam
Mas a luz do sol que me invade
Com a sua sombra
Me enfeitiça
Me faz de verdade
O seu olhar me guia
E me distrai da saudade

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