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terça-feira, 27 de setembro de 2022

Foram tantas vezes

 Que eu olhei pra essas mesmas árvores, que eu desprezei essas mesmas paisagens tão bonitas do céu, que eu não prestei atenção na natureza existindo ao meu redor, distraído pela tela do meu celular; que eu subi o mesmo morro, caminhei na mesma trilha e pensei que o futuro seria completamente diferente do que se tornou. 


Já se foram viagens, eventos, situações, amizades e, enquanto tudo passa, tudo é carregado, eu tento parar o tempo com o meu olhar e olhar tudo acontecendo, e pensar, mais uma vez, como será daqui pra frente, como tem sido e o que já não é...

Foram e continuarão a ser tantas essas vezes de fazer as mesmas coisas mas ser tudo tão diferente e único. 

A melhor maneira de saber se está (ideologicamente) doutrinado...

 ... é a de buscar perceber se está negando algum fato que parece óbvio demais para ser negado.


Exemplos: negação da existência e da relevância das raças humanas (mais típico de indivíduos que se declaram de esquerda) e da plausibilidade do ateísmo, isto é, da inexistência de deus/vida eterna (mais típico de indivíduos que se declaram de direita).

Se parece evidente que as raças humanas existem e que suas diferenças médias não são totalmente superficiais, facilmente erradicáveis. E que não existe nenhuma evidência, sequer padrões ou fatos existentes, que possam corroborar indiretamente para a possibilidade da existência de deus/vida eterna. 

Uma atitude que é universalmente repugnante: o pretensionismo

 O ato de acreditar que se é ou se tornou "algo", mas sem ter sido bem sucedido nesse intento, de corresponder ao que se diz ser. 


O pseudo intelectual, o falso moralista, o artista de mercado e, também, o de ideologia, enfim, todos aqueles que passam a agir de maneira pretensiosa, especialmente, os que mais se aprofundam nesse engano.

Sobre o totalitarismo

 Não são apenas as doutrinas ou ideologias que pregam o ódio, a mentira e/ou a exploração que são totalitárias,  mas qualquer doutrina que prega por uma perspectiva muito purista ou intolerante com discordâncias e exceções, incluindo até aquelas que têm como seus valores ou ideais, a solidariedade e a compaixão. Pois mesmo a prática de boas ações ainda pode ser extremista ou causar problemas, especialmente quando são generalizadas, sem distinguir os que merecem dos que não merecem.


Um exemplo de totalitarismo complexo, o veganismo

O Veganismo pode ser considerado primariamente totalitário, por ser uma doutrina que prega pela adoção de um dieta muito restrita bem como de outras mudanças de hábitos sempre com o intuito de minimizar o impacto do consumo individual no bem estar das outras espécies, especialmente as que têm sido usadas na "confecção" de produtos ao ser humano. Mas, a partir do momento em que há alguma compensação de modo que garanta a preservação da saúde dos que aderem à sua prática, então, sua natureza ainda totalitária pode ser menos potencialmente prejudicial. Já a pauta antiespecista, de onde deriva o veganismo, de busca pela eliminação possível de práticas ou tratamentos cruéis às outras espécies, mas sem pregar pela eliminação absoluta, claramente não é totalitária.

Por isso é conclusivo que totalitarismos não são sempre explícita ou diretamente problemáticos em termos morais, especialmente os tipos complexos que se baseiam em ideais nobres. 

De novo sobre o conceito de liberdade econômica

 Esse conceito consiste na falácia de se pensar que questões econômicas e sociais não estão entrelaçadas, como se uma não influenciasse ou dependesse da outra. Por isso que a liberdade econômica não pode se resumir à facilidade para empreender, mas também a tudo aquilo que está relacionado aos termos em destaque: liberdade individual e economia, incluindo um custo de vida baixo ou sustentável, um salário digno, um emprego estável e com direitos respeitados, para que possamos ter, de fato, ou literalmente, liberdade econômica.


Talvez o ideal seria de chamá-lo de liberdade socioeconômica e, assim, pelo menos conceitualmente, começarmos a combater essa falácia desde à sua raiz. 

Exemplos de relativismo histórico-moral de esquerda; de pseudo revisionismo histórico de direita e sua melhor análise (filosófica)

 Relativismo histórico-moral de esquerda:


A escravidão perpetrada por brancos europeus contra negros africanos foi uma crueldade abjeta. 

Mas ....... 

A escravidão praticada entre povos da África subsaariana ou por qualquer outro grupo não-branco era "histórica'' e até ''moralmente justificável", no sentido de, MENOS PIOR, porque (supostamente) não era racismo...

Na verdade, até mesmo a prática de sacrifícios humanos por povos pré-colombianos nas Américas, por exemplo, era "justificável", porque era "cultural" ou normalizada naquelas culturas... 

Hoje em dia, certas "práticas" cruéis ou autoritárias também são consideradas "culturais" e, portanto, mais aceitáveis ou moralmente justificáveis... Por exemplo, a obrigação do uso de véu para as mulheres muçulmanas...

Conclusão: só não é opressivo, autoritário, injusto e/ou cruel se não estiver sendo praticado por "homens brancos"...

Pseudo revisionismo histórico de direita:

Brancos europeus escravizaram negros africanos, mas os negros africanos também se escravizavam, sem falar dos "árabes" muçulmanos, que escravizaram muitos africanos, tanto ou mais que os brancos europeus.

Então......

A prática de escravidão era moralmente justificada, já que era "normal" naquela época...

Conclusão: brancos europeus, em termos histórico-coletivos, estão perdoados por sua crueldade, afinal, os negros africanos também eram cruéis entre si, assim como os "árabes" muçulmanos eram com eles... 

A melhor análise (filosófica):

Não importa se uma prática de escravidão foi ou está sendo praticada por brancos ou por qualquer outro grupo étnico-racial, porque a injustiça, o sofrimento e a crueldade são os mesmos.

Claro que isso também serve para práticas análogas, tal como a exploração econômica das classes basais ou trabalhadoras pelas elites burguesas. 

Até pela irracionalidade da prática, por ser baseada em falácias, por exemplo, de ser o único método que é eficaz na submissão de um povo ou grupo, como se fosse impossível estabelecer uma relação de autoridade por meios menos cruéis ou até opostos à sua brutalidade característica. 

Porque "árabes" muçulmanos escravizavam negros africanos assim como eles faziam consigo mesmos, isso não significa que, então, a escravidão dos africanos pelos europeus era moralmente justificável, afinal, uma ação não se torna racionalmente justa (benigna//ponderada, necessária ou inevitável) apenas porque "todos" ou muitos a praticam. Esse, com certeza, é o caso da escravidão. 

domingo, 18 de setembro de 2022

O problema estratégico da baixa tolerância das esquerdas em tolerar um maior espectro de opiniões e sua principal razão

Estratégias ideológico-idealista e pragmático-realista



"Esperar que a montanha venha até você ou ir até à montanha??"


Pois as esquerdas em todo mundo ocidental têm adotado a mesma estratégia ideológico-idealista, que se consiste na tentativa de convencimento ou atração pela demonstração de persistência, convicção e/ou resiliência de crença em ideias, ideais e/ou pontos de vista que estão sendo defendidos, mas que também tende a resultar na teimosia e arrogância de se acreditar que estão sempre certos e, como consequência, de se tornarem bem pouco tolerantes com qualquer divergência de opiniões, mesmo se forem opiniões que favoreçam o lado progressista, se direta ou indiretamente...


Por esse tipo de estratégia, espera-se que os outros se convençam quanto à força de seus argumentos, ideias e ideais, sem se importar com o que eles pensam ou de onde estão vindo, enfim, sem "lugar de fala" pra forasteiros, apenas "de escuta"...


Já a estratégia pragmático-realista consiste exatamente no oposto, de também considerar o que os outros estão pensando, de analisar seus  pontos de vista de maneira imparcial, inclusive os que estão muito dissonantes aos seus, de estar aberto a aceitar que possam estar mais certos sobre alguns ou mesmo muitos dos seus pontos de vista, de poder ampliar sua tolerância com opiniões divergentes, e se adaptar a eles, de ir até eles, do que esperar que venham até você. Por essa estratégia, é possível até adotar opiniões ou posicionamentos outrora de outros grupos e convertê-los às suas crenças ideológicas, de ir ocupando esses espaços ao invés de se entrincheirar nos seus. Aqui, esses termos são variações dos que cunhei em um outro texto similar: estratégias ou táticas de trincheira e de ataque frontal. Pois se ambas, direitas e esquerdas, usam mais a primeira, está claro que as esquerdas têm se enveredado bem mais nela, mediante sua crescente imobilização quanto à possibilidade de aceitarem novas ideias e tolerarem discordâncias não-absolutas, enfim, de considerarem pontos de vista fora de seus perímetros originais.


Um exemplo altamente polarizado e polemizado: políticas de imigração


As esquerdas tendem a defender por um mundo sem fronteiras, especialmente em relação aos países capitalisticamente desenvolvidos, pois acreditam que "todos" têm o direito de ir e vir, ainda mais se forem refugiados ou imigrantes vindos de países pobres; que é civilizado, no sentido de empático, um país rico ser generoso com os "pobres do mundo", até como maneira de compensar seu provável passado de colonialismo e/ou contínua expropriação de riquezas naturais dos países subdesenvolvidos para desenvolver suas indústrias e empresas.


As direitas defendem por um mundo, tal como ele sempre foi, dividido politicamente por fronteiras e que, são os países, especialmente suas populações nativas, que devem ter a autonomia de decidir como querem organizar suas políticas de imigração...


Neste sentido, por mais nobre possa ser o posicionamento das esquerdas, as direitas estão com mais razão, principalmente porque não adianta, por exemplo, a Europa receber alguns milhões de africanos, se a maioria deles continuarão na África, vivendo em condições precárias, além do risco de que sobrecarreguem os estados europeus e piorem a capacidade dos mesmos de absorver imigrantes. Por isso, o ideal seria de permitir alguma imigração, mas investir no desenvolvimento socioeconômico e ecologicamente sustentável dos países mais pobres, até como maneira de estancar seus fluxos de emigração que, inclusive, costumam prejudicá-los, ainda mais quando são os mais tecnicamente qualificados que estão os deixando. Percebam que um posicionamento anti imigração ou mais moderado sobre o tópico, originalmente de direita, pode ser adotado por progressistas e, de certa maneira, convertidos aos seus ideais.


Esse é um exemplo importante já que é o que mais tem ajudado no avanço da extrema direita, principalmente na Europa. Mas, enquanto as esquerdas não desenvolverem uma precisa e constante autocrítica, aliada à humildade de reconhecerem quando não estão mais certas, continuarão "batendo perna" com os seus ideais e, diga-se, afogando nas ondas de ultra-conservadorismo que prometem continuar invadindo as "regiões costeiras" de muitos países em que elas têm conseguido avanços anteriores... se a estratégia mais logicamente inteligente é a de ampliar o máximo possível a tolerância por opiniões e posicionamentos, sem ter que sacrificar os seus ideais mais caros, de ir ocupando espaços ao invés de se cercar em trincheiras, deixando que outros cantos sejam ocupados por seus oponentes e que estes ganhem mais apoiadores, isso quando ou se as esquerdas já não estão devorando a si mesmas com suas polícias implacáveis de pensamento, algo que parece estar acontecendo, vide o caso das rusgas entre muitas feministas radicais e o ativismo trans.



Em suma, as esquerdas parecem preferir afundar pelos seus ideais do que "dar o braço a torcer" e reconhecerem no que não estão certas, moral e/ou intelectualmente. O que mais tem ajudado a (extrema) direita é o ego inflado de muitos esquerdistas, especialmente de suas elites intelectual e política.