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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Sobre a prevalência da irracionalidade humana/On the prevalence of human irrationality

 Por sermos uma espécie social, nós, seres humanos, somos mais cognitivamente especializados e, portanto, mais intelectualmente dependentes uns dos outros. Metaforicamente, isso significa que somos como células de um organismo, especializadas em uma gama mais limitada de funções que, idealmente, refletem nossas capacidades ou inclinações mais "naturais' (desprezando a ocorrência frequente de alocação relativa de especialização dentro das organizações sociais humanas). Como resultado, produz-se um organismo social inteligente "às custas" da inteligência dos indivíduos que o compõem, como é comum de se perceber em outras espécies sociais, como as formigas. No entanto, existem dois tipos raros de indivíduos humanos que fogem parcialmente a essa regra: são eles os mais intelectualmente dotados, especialmente os que caem em uma categoria de polímata, e os mais racionais. O primeiro, por ser o mais cognitivamente generalista, capaz de aprender uma gama mais ampla de conhecimentos e, portanto, um tipo mais científico, refletindo o que a ciência também se consiste, em uma generalização da especialização, tal como a defini nesse texto "Ciência, Filosofia e mais uma diferença" (porque tudo o que a ciência "toca" se torna um domínio específico do conhecimento). Já o segundo, por ser ou se tornar um especialista na capacidade de raciocinar e, portanto, de julgar (inclusive sobre a sua própria capacidade) seria um tipo mais filosófico, se uma aptidão em filosofia, diga-se, em sua prática verdadeira ou mais condizente com o seu conceito, se expressa como uma especialização na generalização, também com base no mesmo texto destacado, justamente pela onipresença do julgamento/por estarmos a todo momento julgando nossas ações e pensamentos, bem como dos outros, o certo ou o errado, justo ou injusto, verdadeiro ou falso, ou neutro...


Portanto, uma das prováveis razões para a prevalência da irracionalidade (diga-se, unicamente**) em nossa espécie é por sermos, em média, mais cognitivamente especializados, também incluindo ou influenciando na capacidade de raciocínio (de analisar informações), além da de aprendizado (de apreender informações), enquanto que, uma racionalidade mais desenvolvida requer uma maior capacidade de julgamento (de generalização do raciocínio), isto é, de pensar e julgar corretamente¹ sobre uma ampla gama de tópicos, desde os mais básicos até aos mais complexos, inclusive e especialmente sobre a própria capacidade de julgá-los, em que a percepção da própria inaptidão ou incapacidade pode ser mais adequado do que o oposto, quando se percebe específica e precisamente incapaz, tal como eu comentei em outros textos (por exemplo, nesse: "A maneira equivocada como definimos estupidez e o autoconhecimento": resumo, 'saber que não sabe não é estupidez, mas um autoconhecimento sobre as próprias limitações...')

* Apesar de também sermos a espécie mais cognitivamente generalista, especialmente por causa da cultura, mas "apenas' se nos compararmos com as outras espécies.

¹ "Julgar corretamente", ou racionalmente, com base em evidências e/ou ponderação de raciocínio. 

** Com base no meu pensamento escrito em outros textos, de que apenas o ser humano pode ser irracional por também ser o único animal que pode ser racional, oriundo da lógica de que, só é possível estar deficiente em uma determinada capacidade se outros indivíduos da espécie ou população ao qual pertence apresentarem um potencial variável e verdadeiro para desenvolvê-la ou de, ao menos, expressá-la. Também baseado no pensamento de que animais não-humanos não podem ser irracionais, se a irracionalidade é um tipo de estupidez, discordante dos comportamentos adaptativos altamente lógicos e eficientes, mesmo das espécies mais simples.

On the prevalence of human irrationality

Because we are a social species, we, humans, are more cognitively specialized and therefore more intellectually dependent on each other. Metaphorically, this means that we are like cells in an organism, specialized in a more limited range of functions that ideally reflect our more 'natural' capabilities or inclinations (neglecting the frequent occurrence of relative allocation of specialization within human social organizations). As a result, an intelligent social organism is produced "at the expense" of the intelligence of the individuals that compose it, as is common to see in other social species, such as ants. However, there are two rare types of human individuals that partially escape to this rule: they are the most intellectually gifted, especially those who fall into a polymath category, and the most rational. The first, as it is the most cognitively generalist, capable of learning a wider range of knowledge and, therefore, a more scientific type, reflecting what science also consists of, in a generalization of specialization, as I defined it in this text " Science, Philosophy and one more difference" (because everything that science "touches" becomes a specific domain of knowledge). The second, by being or becoming a specialist in the ability to reason and, therefore, to judge (including about one's own ability) would be a more philosophical type, if an aptitude in philosophy, that is, in its true practice or more consistent with its concept, it is expressed as a specialization in generalization, also based on the same highlighted text, precisely because of the omnipresence of judgment/because we are constantly judging our actions and thoughts, as well as those of others, right or wrong , fair or unfair, true or false, or neutral...


Therefore, one of the probable reasons for the prevalence of irrationality (solely**) in our species is because we are, on average, more cognitively specialized, also including or influencing the ability to reason (to analyze information), in addition to of learning (to learn/apprehend information), while a more developed rationality requires a greater capacity for judgment (to generalize reasoning), that is, to think and judge correctly¹ on a wide range of topics, from the most basic to the most complexes, including and especially about one's own ability to judge them, in which the perception of one's own ineptitude or incapacity may be more appropriate than the opposite, when one perceives oneself specifically and precisely incapable, as I have commented in other texts (e.g. , in this: "The mistaken way we define stupidity and self-knowledge": summary, 'knowing that you don't know is not stupidity, but self-knowledge about your own limitations...')

* Although we are also the most cognitively generalist species, especially because of culture, but "only" if we compare ourselves to other species.

¹ "Judge correctly", or rationally, based on evidence and/or weighted reasoning.

** Based on my thoughts written in other texts, that only humans can be irrational because they are also the only animals that can be rational, arising from the logic that it is only possible to be deficient in a certain capacity if other individuals of the species or population to which it belongs presents a variable and true potential to develop it or, at least, express it. Also based on the thought that non-human animals cannot be irrational, if irrationality is a type of stupidity, discordant with the highly logical and efficient adaptive behaviors of even the simplest species.


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