Teve um dia desses que eu tentei descansar um pouco, digo, descansar a minha mente. Sentei no chão do quintal de casa e tentei fazer o que eu fiz numa tarde parecida, de céu parcialmente ensolarado, que já faz uns dois ou três anos atrás: de ficar quieto, olhando para o mundo, meditando. Bem, meditar não é bem a palavra, mas algo próximo disso. Infelizmente, depois de, sei lá, um, dois minutos, pensamentos rápidos e lampejos de imaginação vieram à tona, caindo como cascata, como geralmente acontece, e borrando a minha tentativa vivenciar intimamente o mundo ao meu redor. E tem sido assim desde, nem sei quando. A psiquiatra até deu um nome para essa condição que eu tenho ou vivo, "maladaptative daydreaming" ou imaginação mal-adaptativa. Não sei se concordo totalmente com essa definição patológica. Sei que tem em comum com os transtornos mentais uma grande constância de expressão, que é difícil de ser controlada pelo portador. Por outro lado, eu devo muito a essa introspecção e imaginação significativas os textos que tenho produzido. Acho que transformei, pelo menos até agora, o que na minha infância foi o meu refúgio e na minha adolescência a minha prisão. Mas sinto que preciso me dedicar mais à interação com o mundo do que a mim mesmo, fazer da minha vida um pouco mais do que este monólogo que tem sido, se não posso acabar aprisionado novamente, afogado pelos meus próprios pensamentos. Cada dia ou momento oportuno, de ir desligando essa voz interna que fala baixa comigo para respirar, ver, tocar, sentir mais a minha única jornada de existência.
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