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sábado, 7 de novembro de 2020

A esquerda e a narrativa "a culpa é (apenas) dos algoritmos"

 O que tem provocado a onda de  ultradireita, especialmente nessa última década (de 2010)??


Será a imigração em massa (principalmente para os países de maioria "branca"), defendida em uníssono por partidos e personalidades progressistas (e por razões vagas e inconsistentes)??


Não.


Será a imposição autoritária do politicamente correto (de esquerda) sem direito à tentativas verdadeiras de diálogos, concessões, conciliações e esclarecimentos??


Não.


Será a incapacidade das esquerdas de aprenderem com os seus erros, por exemplo, parando de apoiar ditaduras "socialistas" ou "anti-ocidentais"  mesmo se dizendo a favor da democracia??


Não, não. (E continua...)


A culpa é (apenas) dos algoritmos, dizem...


Mas, por acaso, você sabe como é que funcionam??


Se ainda não, sugiro fazer um simples experimento: vá ao YouTube, procure por vídeos do seu interesse e preste atenção quando começarem a aparecer recomendações de vídeos similares ao que você tem assistido.


É isso...


A lógica das redes sociais é a lógica pragmática do Mercado em que, o que é mais popular também passa a ser mais recomendado, mas especialmente se você o procurar. O conteúdo que você busca e assiste no YouTube vai acumulando no seu histórico, personalizando a sua caixa de entrada com novas recomendações de acordo com o seu gosto. E isso também acontece no Facebook e no Instagram, claro. Não há nada de misterioso ou conspiratório aí, não mais do que o desejo desavergonhado por lucros por parte dos seus ''CEOs'' ("novidades" do capitalismo). Eles também têm culpa por tolerarem discursos legítimos de ódio e disseminação de fake news. Mas isso não está intrinsecamente ligado às suas Inteligências artificiais porque estão programadas apenas para encontrar padrões lógicos de consumo.


Então, por que será que os canais de política  mais populares no YouTube são os de direita??


(Peguei apenas um aplicativo como exemplo, mas nos outros têm ocorrido as mesmas tendências)


Primeiramente, porque direitistas chegaram primeiro por lá, se aproveitando da liberdade que essa plataforma oferece a quem se habilita a usá-la não apenas como usuário mas também como produtor de "conteúdo'. E ainda acabaram surfando na onda de inclusão digital que ocorreu durante a década de "2010" em que mais pessoas, das classes sociais basais e de mais idade, começaram a usar a internet como fonte permanente de entretenimento, socialização e informação.


No mesmo período, progressistas liberais se ludibriavam pelo sucesso estrondoso e, ao mesmo tempo, artificial e irregular das pautas identitárias no mundo ocidental enquanto que os marxistas permaneciam continuamente esperançosos sobre uma tal "revolução proletária e espontânea à espreita no horizonte", ambos desprezando o potencial de alcance e influência política do YouTube e de "youtubers", e também a crescente insatisfação popular quanto à política "mainstream" e consequente articulação do outro lado que foi ganhando corpo no subsolo do mundo digital.


Segundo, porque ativistas e influenciadores de direita dizem aquilo que muita gente quer ouvir e que não estavam encontrando em sites de notícias e redes sociais mais populares e/ou prestigiados.


Terceiro que, parte daquilo que eles dizem não é apenas o que muitos querem ouvir mas, também, porque apresenta níveis variados de veracidade, lógica e importância, ao contrário da caricatura que a maioria dos progressistas têm feito deles (e vice-versa). Alguns são fatos de grande relevância que acadêmicos e ativistas progressistas têm manipulado ou distorcido [conscientes ou não disso]. Por exemplo, a negação das diferenças predominantemente biológicas de comportamento (em média) entre homens e mulheres. Pois se tivessem o mínimo de autocrítica talvez percebessem à tempo o que têm feito de errado. Só que o oposto tem acontecido porque parece que preferem inventar ou apoiar certas teorias conspiratórias, tal como a "do algoritmo", e assim escaparem de um "doloroso" autoexame de consciência que, inevitavelmente, lhes forçaria a reconhecer pontos ponderados e verdadeiros e usados como retórica pelo outro lado do espectro político/ideológico.


As esquerdas têm se colocado como antagonistas praticamente absolutas a todos os valores do senso comum e esperam continuar populares a partir disso.


As esquerdas dizem apoiar ciência e democracia mas, com frequência, se enveredam em pseudo-conhecimentos e defendem sociedades claramente autoritárias... e esperam ou acreditam que, os que estão fora de suas bolhas (com frequência em outras bolhas, diga-se), não irão perceber ou que irão concordar acriticamente com os seus posicionamentos...         


Praticamente todas as políticas progressistas têm sido construídas a partir de um profundo desprezo por qualquer posicionamento do outro lado/conservador (diga-se... e a recíproca tem sido predominantemente verdadeira), tal como um reflexo contrário em que tudo ou quase tudo o que pensam ou apoiam as direitas está absolutamente errado e portanto o cert

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