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terça-feira, 28 de março de 2023

A saudade

 É o desejo de viver o que já foi vivido 

De voltar naqueles momentos 
sempre que quisesse

E de perceber que é impossível 
Inacessível
Apenas a sensação do passado
Que nos aquece

São fragmentos de lembranças
de um mundo perdido 
Que nunca mais voltará 
Nem com sacrifícios ou preces

E junto à tristeza 
A alegria do indivíduo
E junto à alegria
É a impotência que prevalece

Porque a saudade é o sentimento do inatingível
Do inconcebível
É um breve descanso do incansável ritmo do Tempo 
que nunca nos esquece

Déficit de atenção??

 Ou uma questão de perspectiva??


Joãozinho não consegue prestar atenção na aula. Mas não porque ele não consegue se concentrar com nada. É que ele não consegue se concentrar ao que os outros pedem para ele prestar atenção. Na verdade, ele já dedica sua atenção aos seus próprios interesses, tal como os games, por exemplo. Então, ele não teria exatamente um déficit absoluto de atenção, mas um déficit parcial, de atenção extrinsecamente motivada...


II. Uma não, duas...

Pedro não consegue sempre prestar atenção a apenas um objeto ou objetivo, porque está sempre prestando atenção ao que acontece de imediato em seu espaço momentâneo de existência. Pois quando ele tenta se concentrar para 'estudar" ou, memorizar um conjunto de informações, é comum que acabe prestando atenção também aos estímulos sonoros e visuais que estão se manifestando perto dele. Então, Pedro não teria exatamente um déficit significativo ou absoluto de atenção, mas um déficit de atenção unifocal. Na verdade, ele parece ser demasiado atento... 

A diferença entre estudar//aprender e memorizar

 Para aprender é preciso estudar, ainda que também se possa aprender ou compreender algo, até a um certo nível, por observação ou análise imparcial e objetiva, sem chegar a ter acesso a um conteúdo específico.  


É verdade que a memorização é necessária e inevitável nos estudos. Mas memorizar é um meio para um fim, que é aprender. Memorizar por memorizar é o mesmo que "decoreba". O verdadeiro aprender não exige uma memorização "perfeita", de cada palavra ou fórmula, mas de um maior ou melhor entendimento sobre o que foi "estudado". Portanto, como conclusão, é possível afirmar que, estudar é o mesmo que se expor a certo "conhecimento' buscando, acima de tudo, compreendê-lo para, então, fixá-lo na mente. Ainda há de ressaltar que, não é sempre que um melhor entendimento leva à fixação, pois para que isso aconteça também é muito importante que exista pelo menos algum interesse genuíno sobre o tópico.

domingo, 26 de março de 2023

Breve diário de um melancólico

Eu acordei para mais um dia
para mais uma redundância de rotinas

Eu vou ao banheiro e escovo os dentes
Enquanto eu almoço, minha mãe agradece pelo prato de comida

Eu ando pela casa, pelas ruas e esquinas
da cidade pequena em que vivo, que amo e odeio tanto
Cheia de lembranças que só existem na minha mente

Eu percebo além da ação
Eu percebo um vazio depois de cada momento 
Que é o tempo 

Eu não tenho armadura, roupa espacial ou uma grande ilusão
Mesmo que continue a cultivar algumas daninhas
dentro da minha cabeça

É o tempo
Que passa como dias ensolarados, nublados, de perdas, constante, e ganhos, momentâneos

Eu não sou um rato que corre atrás de um queijo
Eu sou mais um obcecado pelo espelho
Pela única vida que eu tenho
 
Eu tento agradecer por todos os dias em que ainda estou aqui
Eu tento criar rituais e os seguir
Mas eu deveria esquecer do sofrimento
Da estupidez humana

Eu não consigo flutuar como as nuvens brancas 
Eu gostaria de estar em paz com a existência
Mas pesa muito nas minhas costas
E eu nem tenho nomes para disfarçar 

Eu sei que não caminho com o tempo
Eu sou arrastado

São muitos os que se enganam 
Conheço poucos que não estão programados
Que despertam

Eu sei mais do que posso aguentar
E eu continuo aguentando 
Por egoísmo, por amor próprio

Eu pensei em escrever um diário
mas todos os dias são iguais para um melancólico 

Um momento qualquer

 Eu vi aquela formiguinha no chão do quarto, vivendo em seu pequeno mundo, enquanto eu fazia uma prancha abdominal. Não sei se pisei nela depois, sem querer, tal como um pé gigante de Buda, em mais uma manhã úmida de verão. As nuvens baixas impediram o vislumbre do universo. De noite, a verdade será revelada, como sempre. Com ou sem estrelas. Sem o sonho azul dos dias. 


Os meus ouvidos, no momento em que escrevo, escutam Starálfur, lindíssima música de Sigur Rós, tão cálida e vinda de tão fria Islândia. As dimensões se confundem com os pensamentos. As realidades se tocam e se misturam. A minha gatinha idosa dorme ao lado em seu sono de beleza. Que durma tranquilamente. Um desejo para todos, mesmo para os inimigos da paz, que durmam muito, aliás ...

O "apelão" dos games é o mesmo dos debates

 Apelão é um termo dos games que não sei se continua em uso frequente mas que eu e meus irmãos usávamos bastante quando jogávamos vídeo games nos anos 90. Esse termo se refere àquele jogador que tem o costume de adotar a mesma estratégia de, especialmente se for em um jogo de luta, usar o mesmo poder para ganhar, ao invés de usar todos os golpes e poderes possíveis, visando vencer rápido e também por geralmente não ser muito hábil no jogo. Eu fui um jogador apelão de quando jogava games de luta, particularmente o Mortal Kombat e o Street Fighter. E acredito que se voltar a jogar usarei a mesma estratégia. 


Mas eu percebi que esse termo também pode ser usado no campo dos debates intelectuais, já que existem pessoas que "apelam" de maneira parecida, jogando "sujo", geralmente usando as mesmas falácias, tal como a da autoridade. Outra maneira de ser desleal em um debate, no sentido de ser um apelão, é pela tática de sempre mandar links de estudos ou trabalhos acadêmicos ao invés de também debater usando as próprias palavras, de mostrar o que realmente entende do assunto. Já, nesse caso, eu acredito que não sou tão apelão assim tal como eu sou nos games de luta.

O problema das narrativas normativas

 "Infância saudável é brincar na rua, ter (muitos) amigos, agir como uma criança normal ...'' 


Esse é um exemplo de uma narrativa normativa que visa impor uma norma ou padrão do que se considera como o mais certo, específico ao contexto da infância. No entanto, não existe exatamente um modelo de infância "saudável" porque, desprezando situações de abuso sistemático, tendemos a apresentar histórias diferentes desta época de nossas vidas que não são ou foram necessariamente "patológicas". Além disso, essa imposição de perspectiva ainda pode inculcar uma visão traumática ou excessivamente negativa do passado para os que não tiveram uma infância "típica", como eu, por exemplo.