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sábado, 4 de maio de 2024

Um paradoxo da mente nostálgica/A paradox of the nostalgic mind

 Ou de algumas mentes mais nostálgicas, como a minha, é o paradoxo de ser mais seletiva quanto a eventos do passado que são preservados como lembranças, no sentido de sobreviverem apenas ou especialmente os mais interessantes ou alegres, também no sentido de estabelecer uma relação afetiva apenas com esses eventos vividos e não com aqueles, menos positivos, que se tornam memórias; uma tendência anti-traumática que contribui para pintar o passado com cores mais generosas do que realmente foi. E, então, essa mesma tendência que previne ou mitiga o risco de internalizar eventos negativos profundamente e, portanto, de gerar traumas, também aumenta a intensidade e a frequência de um sentimento de nostalgia ao mostrar um passado aparentemente desprovido de grandes tensões e conflitos, como se tudo o que o indivíduo já passou fosse um "mar de rosas", o que contribui para torná-lo mais melancólico (falo isso por experiência própria) e que, por fim,  aumenta o risco de que possa desenvolver quadros de depressão. Em suma, a nostalgia é um sentimento positivo e, às vezes, exageradamente positivo sobre o passado, que inibe o estabelecimento predominante de relações traumáticas a eventos específicos que já foram vivenciados. Mas esse mesmo sentimento que acaba agindo como uma imunidade ao trauma, pode tornar o indivíduo mais nostálgico excessivamente apegado ao seu passado e isso o levar a quadros psicopatológicos, especialmente a depressão.


Or for some more nostalgic minds, like mine, it is the paradox of being more selective regarding past events that are preserved as memories, in the sense that only or especially the most interesting or joyful ones survive, also in the sense of establishing an affective relationship only with these lived events and not with those, less positive, that become memories; an anti-traumatic tendency that contributes to painting the past in more generous colors than it really was. And then, this same tendency that prevents or mitigates the risk of deeply internalizing negative events and, therefore, generating trauma, also increases the intensity and frequency of a feeling of nostalgia by showing a past apparently devoid of great tensions and conflicts, as if everything the individual has ever been through was a "bed of roses", which contributes to making them more melancholic (I speak this from experience) and which, ultimately, increases the risk that they may develop depression. In short, nostalgia is a positive and sometimes exaggeratedly positive feeling about the past, which inhibits the predominant establishment of traumatic relationships with specific events that have already been experienced. But this same feeling, which ends up acting as an immunity to trauma, can make the individual more nostalgic, excessively attached to their past and this can lead to psychopathological conditions, especially depression.

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