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segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Ideologia versus sabedoria


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Ideologia versus sabedoria

A metáfora do cobertor

Está uma noite fria e você se prepara para dormir. Pega um cobertor qualquer, se cobre, mas percebe que os pés ficaram pra fora. Puxa pra baixo, e então, desprotege o pescoço e os ombros. O cobertor é curto demais para o seu corpo. Acontece... 

Eu não sei quanto a vocês, mas eu tenho a impressão que toda ideologia se parece com um cobertor curto cobrindo um corpo maior.. Se não tira de um lado, irá tirar de outro. Em cada ênfase numa coisa, extrapola ou falta n'outra. Querem ver pra crer??

O estoicismo, comum a tantas ideologias conservadoras [dos elos perdidos, oops]. 

O hedonismo, comum a tantas ideologias progressistas.. 

O pacifismo, que exagera a dose em sua ênfase pela paz. A ''doutrina espartana'', que vai pelo caminho oposto, exagerando sua paixão pela guerra.

É o ateísmo típico, que despreza a verdadeira religião [que se consiste no âmago da filosofia] e acaba promovendo o niilismo.

Ou então é a crença mitológica, que coloca sua fantasia ou ''necessidade de acreditar para viver'' muito à frente da sanidade mental. 

Também podemos perceber esses desequilíbrios nas culturas nacionais.

A cultura japonesa, que exagera na disciplina, obediência e ordem;
A cultura brasileira, em que a ''zoeira never ends'';
A cultura americana, em que dinheiro e ''ser um winner'' é tudo e mais um pouco;
A cultura francesa, que exagera em sua apreciação estética, caindo na ilusão de usá-la como esnobismo frívolo. E assim por diante... 

Todas as ideologias têm em comum se definirem como as únicas capazes de revelar a verdade [absoluta] ou o modo mais ideal de existir. Mas, estão todas essencialmente erradas, pois sempre acabam exagerando no ponto.

A ideologia é a significação ou justificativa da cultura, do porquê de se constituir deste ou daquele jeito. A cultura, por sua, vez, é a organização ritualística e simbólica ou, pela linguagem/artes, da adaptação ou, do vínculo de sobrevivência do ser humano ao seu ambiente. 

Portanto, mesmo que não seja sua intenção original, a ideologia sempre acaba enfatizando mais um lado do que o outro [ o seu oposto], e, com isso, deixando os pés ou o pescoço desprotegidos. 

A sabedoria, por essa metáfora,  é o cobertor que cobre todo o corpo... de conhecimentos, especialmente os mais básicos [os mais importantes], e ainda sobrando... É o fim de todas essas falsas dicotomias.
 
Do pacífico também saber se defender,
Do estoicista também saber curtir a vida...

Enfim, de todos eles deixando de serem pacifistas, estoicistas... e se tornando sábios ou racionais..

Esses conflitos ideológicos tem como causa principal justamente o atrito entre os níveis de consciência hiper-realista em relação aos níveis surrealista e realista. 

Quem sabe que a vida é uma só, geralmente, quer viver a sua, da maneira mais confortável e prazerosa possível...

Quem acredita que viverá pra sempre no além, é mais propenso a ter uma vida de obediência e abnegação.

Quem só se preocupa com a própria vida, e portanto, despreza a igualdade universal que une a todos, é muito mais provável que aja de maneira egoísta ou cruel.

Juntar o útil ao agradável, o necessário ao verdadeiro, esta que é a principal função da sabedoria, enquanto que as ideologias tendem a separar os dois, por muitas formas ou distorções. 

O que as ideologias dividem, a sabedoria une.

As ideologias são como as projeções cartográficas de Peters e de Mercators, ambas versões distorcidas do mapa-múndi. E a sabedoria, por sua vez, é  como as dimensões precisamente corretas do nosso planeta, as verdades, e nada mais que todas as verdades, especialmente as mais básicas/existenciais.
 
Contextualizando para as escolas públicas brasileiras...

Um outro exemplo, bem atual e até potencialmente problemático, é a sanha do desgoverno bananeiro, neste ano desastroso e triste de 2019 DC, com o seu projeto de militarização das escolas.
 
Como não haveria de ser diferente, eu discordo com veemência desse atropelo. Mas, concordo que as escolas públicas do ''nostro'' país estão bem avacalhadas, com muito indisciplina, professores quase reféns dos alunos... Concordo que, décadas atrás, os estudantes tinham mais respeito pelos professores..
 
Duas ideologias disputam a hegemonia, isto é, dois extremismos. A ideologia "espartana", militarista, e a "ateniense", mais progressista. Em ambas, excessos são enfatizados, e que seriam complementares se estivessem em cooperação.

Hoje, o estudante, o jovem, não é mais ''propriedade de deus e da pátria'', sem mais sofrer a uniformização de sua personalidade e apanhar de palmatória.  Por outro lado, o que funcionava no ambiente escolar daqueles tempos, também foi cortado pra fora pela pedagogia progressista, que estimula o diálogo e o respeito entre professores e estudantes. Ideologias progressistas são sempre idealistas, mas, frequentemente, tratam as ideologias anteriores à elas [conservadoras], com extremo desdém, como se tivessem feito tudo errado..

Né bem assim não, bem!!

É perfeitamente possível impor certa disciplina, com direito a níveis variados de castigos, correspondentes,  sem sacrificar as conquistas progressistas que favorecem o estudante, o jovem, mas que têm sacrificado os professores.


Sabedoria é equilíbrio 

Pense no corpo humano. Não há máquina mais perfeita que ele. Claro, tem uma variação de tipos, inclusive no seu funcionamento,  mas, ele é um exemplar,  quando funciona direitinho, dentro de uma diversidade de direitinhos... quanto à onipresença do equilíbrio na constituição da realidade em que existimos.

Pense no tempo... Lógico e portanto gradual. Nenhum segundo passa na frente do outro.

Pense no nosso planeta, perfeitinho, agora, para nos abrigar.

O equilíbrio está em tudo, mesmo nas ideologias desequilibradas da espécie humana. Mesmo o desequilíbrio, não significa que o equilíbrio não esteja presente, só está menos expressivo. 

O destino da vida é imitar o universo, ser o espelho de sua consciência, e, portanto, de sua verdade onipresente, de seu DEUS verdadeiro, o equilíbrio...

Como conclusão, podemos dizer que a sabedoria ou a racionalidade, não é uma particularidade evolutiva da espécie humana [diga-se, ainda num tortuoso processo histórico de aceitação e predominação], pois sua ponderação, no pensar e nos atos, em busca da essência da verdade e de sua justiça, recíproca e proporcional, expressa a ''partícula de deus'', o onipresente equilíbrio.

O equilíbrio é aquilo que toda forma de vida busca para sobreviver. O ser humano é o único capaz de superar a superficialidade perceptiva de seu modo adaptativo, e principiar sua vivência pela essência de toda existência, o equilíbrio, em sua expressão original, a ponderação, sem já ter sido submetida a um contexto e portanto, limitada.

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