E se todas as regras da cultura japonesa (incluindo até mesmo o aprendizado do idioma) começassem a ser impostas aos brasileiros que estão nascendo agora, desde os seus primeiros anos de vida???
Eles se tornariam "culturalmente japoneses"??
Dependendo de quais brasileiros estamos falando, é provável que haveria uma mudança cultural variável. E, de maneira geral, também é provável que ocorreriam mudanças não-significativas. Portanto, sim, o meio influencia o comportamento humano. Mas essa influência não é absoluta e nem predominante. Primeiro que, para que haja uma reação de aderência à certa pressão social ou do meio, é sempre preciso que exista uma predisposição, de modo que, é seguro afirmar que nenhum comportamento é possível sem uma possibilidade ou potencial (biológico) subjacente. Segundo que, a geração de brasileiros que fosse submetida a essa experimento é pouco provável que passaria a replicar os comportamentos típicos dos japoneses, ou da cultura original, se tratando de duas populações distintas, cognitiva e psicologicamente. Então, mesmo se as bases culturais fossem as mesmas, as características médias e mais intrínsecas das duas populações contribuiriam para alterar o resultado final, no sentido de que os brasileiros "culturalmente niponizados" não se tornariam cópias exatas dos nipônicos originais e, ainda se tratando de populações tão distintas, outro tipo de cultura, mais intermediária, mas também mais possivelmente próxima à cultura brasileira do que à japonesa, surgiria... Mas não é isso que muitas pessoas pensam, já que acreditam justamente no determinismo da cultura ou do meio (um terraplanismo do comportamento) e não da biologia, de que, se certa população receber certa educação, ela, em sua maioria, se comportará plenamente de acordo, acreditando que as diferenças entre um japonês médio e um brasileiro médio são apenas culturais e não que sejam reflexos de suas disposições comportamentais mais intrínsecas e também que, da mesma maneira que brasileiros podem ser plenamente educados como japoneses, o oposto também seria possível, um outro tipo de terraplanismo do comportamento, da plasticidade adaptativa indefinida ou infinita do ser humano, como se os nossos limites psicológicos e cognitivos fossem completamente alteráveis ou superáveis.
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