Ele, masculino
Ela, que mais me acalma
Duas palavras e um mito
O espírito seria.. o que não é a alma?
Espírito santo, canônico
Alma tal como poesia
Ele tal como poema
O ventre doce
O amor-guia
Direto da fonte
Sem teorema
A alma parece mais entregue
Tal como chama
Ele tal como auréola
Ela tal como fogo
Ele tal como hóstia
A alma parece ter um rosto
A fantasia mais sóbria
Escolho a mãe, mulher
Palavra tão linda, de pura fé
Espírito ou fantasma?!
Mais do que metáfora
A mitologia do além
A alma existe em vida
Porque nós existimos
Codinome consciência
Emoção da clausura
Exclusiva carência
Corrente e ferida
A alma é o ser vivendo
Mais profundamente
Na altura dos pensamentos mais plenos
A consciência é o viver do corpo
Em contato com a realidade
A alma é o consciente em seu todo
Em contato consigo, com a sua única idade
No único tempo, o presente-mais-que-perfeito, imperdível
De inquebrável lealdade
Outsider
Algumas gotas de álcool no sangue
No oceano da insanidade humana
No berço de um bem nascido
Pulsante
Corrompeu o seu destino
Lhe tirou a ignorância
Prometida
O fez mais incompleto
Cheio de tristeza e ânsia
Intenso e direto
Só sabe ser a essência da vida
O desejo de ser todo o seu ser
É o mestiço que transcende a partida
Encruzilhada de caminhos
Certezas de afetos, o ego ausente
Descobriu o elefante branco
Sozinho
Um olhar azul e distante
No meio da metade
Antes que vissem
Se viu iniciante
Não cabe em um mundo
Nem no outro
Não é brasileiro, nem de Togo
Cheio de filosofia
Vazio de mitologia
Conversa com os minutos e os seus sopros
Cada frase é uma interrogação
Cada pensar de lamentação, é um muro no soco
Cada dia um susto
Em seu deslumbre
Se assusta com a beleza
Não cabe nos trâmites sociais
Seus olhares são como flechas
Vindas do cume
Pensa com outra cabeça
Os ventos da vida são vendavais
Mais mortal e realista impossível
Terminal anarquista invisível
O seu evoluir é na revolução
Como o reflexo contrário do espelho
Ele, que é aquele do outro lado
Paralelo aluno da solidão
Sente, ouve o mundo aprofundado
Ressoa mais que todo mundo
Vezes sequer os entende
Vezes é o que vê primeiro
Pioneiro da revelação
O seu diálogo com o divino é constante
Não é apenas quando encena na missa
Ou quando vira em direção à Meca
Ou quando medita ao mantra budista
Está sempre impregnado em seu respirar
Sua ao calor da própria vela
Não vive em sua solidão
Ele é ela
Mesmo se fôssemos o seu clone
Se veria apenas como único homem
Outsider
Amigo das sombras
Irmão dos vultos
Gomorra ou Sodoma
É o touro morto de Pamplona
Está entre a sabedoria, a loucura e a melancolia
O mais indivíduo, em seu próprio tumulto
Talvez seja um pouco das três temidas
Temível e fraco moribundo
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