A praça, que pouco fui
Sempre vivi dentro de mim
Menin a praça
Faltou definir-me
Sempre inconstante
E cá estou firme
Emoção mas sou contido
Derramo a exclamar vida
Me interrogo
E na ação, versos vivos
Sentidos e tatos
Respirar é a essência
Indecente ritual
Ruelas em minhas lembranças
Vivo-as,
Choro pelo passado
Olho e um bocado
Um pouco mais pra viver
Eu queria me esconder
Mas a morte nos persegue
E uma hora revelarei meu esconderijo
como todos, serei apenas mais um entregue
O momento mais íntimo
É o último suspirar
É triste este esperar
Mil eu confesso
A zero estarei
Agora uma contagem regressiva
Mais é menos
Um menin eu sempre serei
Incompleto
Meu destino é me procurar
E me acharei
Deserto
Apenas o vento, d'areia e eu
Ao relento de um, e ser
A menin o meu destino,
força duma criança teimosa,
que teima em ser inocente,
mas que aprendeu a arder, argilosa,
pimenta, que queima até minha língua,
o veneno que sempre volta contra mim,
engraçado tropeçador,
que rosna e chora depois,
que ri das próprias bobagens,
mas que é sério,
como a um pai zeloso,
não quer que outros riam de si,
eles não tem direitos sobre minhas fraquezas,
tem coragem,
mas é tão pouca,
sabe usá-la,
mas ainda é pouca,
não basta, pois só fala,
age pouco,
nasceu paralisado,
reflete tanto
que se perde nestes reflexos
na praça, singela e pequena,
escondida nestas montanhas serenas,
travestidas de morros,
que pouco aproveitou,
aproveita o quintal,
já brincou muito de se esconder entre as roupas,
naquele sol quase tropical,
neste vestígio de massa polar,
não sabe se é um clima ou outro,
à praça que sempre evitei,
prefiro as beiradas, as ruas vazias e calmas,
a periferia despopulada,
as flores perfumadas, que crescem selvagens,
breves displicências,
sempre breve esta vida, esta ardência leve,
quase imperceptível,
é fogo que queima,
é o meu, o seu, o nosso partir
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