sábado, 31 de dezembro de 2022

Um exemplo de contradição absurda da esquerda radical com uma pergunta: "por que depois de um ano inteiro, o canal Juice Media não fez nenhum vídeo sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia??"

 Existe um canal australiano no YouTube, Juice Media, autodeclarado de "esquerda radical", que eu acompanho há uns dois anos e que considero um dos melhores canais de política da plataforma, por mostrar de maneira bem humorada os podres desta área, primariamente no seu país natal, a Austrália. Só que, tem um grande "porém" aí, pois não fala nada sobre os podres de partidos, indivíduos ou ideias e posicionamentos de esquerda. O máximo de autocrítica que faz é em relação a partidos de centro-esquerda, geralmente os da terra do canguru ou dos EUA e de maneira muito superficial, como se progressistas estivessem certos sobre quase tudo. Portanto, por mais divertido e inteligente esse canal possa ser, ele tem um viés ideológico do tamanho de um elefante. Na verdade, nem teria como fazer um autocrítica mais honesta e profunda, pois se o fizesse, acabaria tendo que mudar de posicionamentos. E um exemplo cabal do porquê que o Juice Media segue religiosamente a cartilha de sua ideologia é por sua cobertura inexistente sobre o conflito na Ucrânia. 


Resumindo rapidamente, a Ucrânia foi invadida pela Rússia no final de fevereiro desse ano, por nenhuma razão racional ou justa; porque é isso que um país cretino como a Rússia sabe fazer. A Ucrânia apenas quer estreitar laços com países pelos quais acredita que poderá obter mais vantagens econômicas e políticas ao invés de permanecer um estado vassalo ao colosso arcaico russo. A priori, não há nenhum mal em querer progredir... Então, desde que a Rússia começou essa guerra absolutamente injusta, tal como a grande maioria das guerras, milhares de civis já foram assassinados, torturados ou retirados dos locais em que moravam e enviados para sei lá onde pelos russos, incluindo o abate, é claro, de muitos seres vivos não-humanos. Além dos milhões que tiveram que abandonar suas casas à procura de abrigo em outros países. Aliás, eu já lamento que homens ucranianos tenham que largar suas vidas pacatas para pegar em armas e lutar pela defesa de seu país. Uma verdadeira tragédia humanitária provocada por um psicopata maluco, sua gangue de demônios iguais a ele e pela passividade indiferente ou conivente e patológica de, pelo menos, metade do povo russo. Com certeza, essa guerra contra a Ucrânia foi o evento geopolítico mais importante do ano e também de grande relevância para a justiça social. Mas, por incrível que possa parecer, em um primeiro olhar, são muitos aqueles indivíduos que se intitulam de esquerda, a favor da justiça social, da paz e da solidariedade que estão do lado da Rússia, acreditando nas baboseiras inculcadas pela propaganda de seu governo, de que essa guerra é totalmente justificável porque o desejo da Ucrânia de fazer parte da OTAN e, talvez, da União Europeia é uma "afronta" ou ameaça existencial ao país vizinho ou, então, ainda pior, que a Rússia está apenas querendo limpar a Ucrânia dos neonazistas que tomaram o poder no país, incluindo o presidente ucraniano, judeu e neto de sobreviventes do holocausto (???)... justo a Rússia, governada por um psicopata fascista há décadas e com o maior contingente de neonazistas no mundo?? ... até pelo tamanho de sua população.

Isso faz algum sentido pra você?? 

Pois para muitos autodeclarados progressistas faz, mas especialmente porque eles são, acima de tudo, anti-EUA e, portanto, qualquer país que se declara uma "democracia popular" ou socialista, ou antagonista à hegemonia estadunidense, eles apoiam, não importa se for uma teocracia nojenta como o Irã, um país pseudo-socialista como a China ou uma ditadura claramente fascista como a Rússia. Basta ser anti-EUA que esses marxistas se silenciam quanto ao que de extremamente podre esses países estão fazendo, se pensam que: "o inimigo do meu inimigo é o meu amigo". Aqui, não estou querendo defender o capitalismo ou a hegemonia estadunidense, se sou muito crítico a ambos, perceptível por vários dos meus textos. Estou querendo demonstrar que, é totalmente possível ser crítico ao fascismo russo e ao fascismo capitalista com base nos EUA, ao mesmo tempo, sem precisar escolher e apenas seguindo, defendendo ou apoiando o que é objetivamente justo e o oposto para o que não é. Também compreendo a crítica sobre a hipocrisia, consciente ou não, de muitos ocidentais por apoiarem a Ucrânia nesse conflito, mas desprezando quando isso acontece com países não-europeus ainda mais se tiver dedo podre de potências do Ocidente. Mas nada disso justifica ficar do lado do fascista opressor, a Rússia (ou de uma teocracia iraniana, misógina e homofóbica), se de maneira declarada ou pelo silêncio velado. Como conclusão, a conivência desse canal, bem como de muitos da esquerda radical, à dor e à injustiça de milhões, se no Irã ou na Ucrânia, é criminosa e desprezível, e apenas nos mostra o quão baixo tem sido o nível intelectual e moral das esquerdas ocidentais, particularmente da dita marxista. 

Repercussão e reputação 

Para um canal com quase um milhão de seguidores, o completo desprezo a tais eventos apenas por razões políticas, em flagrante hipocrisia ao que supostamente se propõe, defender pela justiça social, repercute muito mal, especialmente fora das bolhas de esquerda onde "a unanimidade não é burra", dando contínuo material para ser usado pelas direitas para que as mesmas generalizem progressistas como ignorantes, ingênuos, contraditórios e/ou hipócritas. E com essa repercussão, bem mais problemática do que seus criadores imaginam, vem a reputação igualmente negativa em que se passa a associar a ideologia progressista a tudo aquilo que tem sido produzido e inculcado em nome dela e não no que se propõe, essencialmente, se basta seguir o rastro de injustiças ou mentiras impostas como verdade ou justiça para se agir como um verdadeiro progressista.

Mais uma volta em torno do sol

E mais uma guerra foi deflagrada 

E mais vidas foram assassinadas

E mais vitórias e derrotas declaradas

Se por uma falsa democracia ou por ditaduras sanguinárias

E Jesus não voltou 

E Deus continuou sem existir

E homo sapiens continuaram agindo como macacos loucos 

E muitos continuaram sem desistir

E outros encontraram ou buscaram pelo seu fim

E poucos com muito continuaram a rir

Dos muitos com pouco
Mais um ano que passou

Rápido para quem chegou até aqui 

Demorado para quem perdeu tudo

Mais uma noite e os fogos se preparam para subir 

Roupas brancas ou douradas

Promessas e esperanças para um futuro que não existe 

O presente é uma taça com sidra barata a partir das 0 hora, celebrando um novo ano que há de vir

Aos mitos que caem e sobem

Às verdades que respiram antes de serem silenciadas

A todos que sonham ganhar a "mega da virada"

Foi apenas mais uma volta em torno sol 

Eu lhes garanto 

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Sobre o panteísmo secular (mundo das "celebridades") e a parassimpatia

 Aqueles indivíduos alçados à condição de "celebridades" são como "divindades" da mitologia secular?? 


São eles que alcançaram o "Olimpo" da riqueza e/ou da popularidade em um mundo de desigualdades exorbitantes e injustas. Que são tratados como absolutamente superiores aos outros, reles mortais, como os maiores merecedores de admiração e privilégios (mesmo se por razões escusas ou cronicamente insuficientes). E quando morrem "deixam legados" e se tornam "imortais"... arrastando simpatia, homenagens e lamentos de milhões, com os quais nunca conversaram ou conviveram pessoalmente, enquanto continuamente se maltratam ou pouco se importam com os que estão por perto...  pois também por culpa desta narrativa (ou doutrinação) que internalizaram, que valida e naturaliza esse universo obscuro de sujeitos extremamente privilegiados, que enfatiza nossas diferenças mais superficiais e nos aliena quanto ao que temos de mais comum e decisivo, a essência, de sermos uma mesma vida, frágil e momentânea, primariamente merecedores de respeito e cuidado, independente se somos famosos ou anônimos... 

Uma lista de efeitos colaterais

1. Criticar "erros" de gramática ou ortografia durante um debate em ambiente virtual, ainda mais sem qualquer necessidade lógica que justifique, nunca é um argumento;


II. A ciência não se limita às universidades e/ou à busca pelo conhecimento, por também ser estritamente necessária na produção e prática de conhecimentos técnicos, do artesanato (intersecção com as artes), como o crochê, à tecnologia, como a internet...


A ciência não é o conhecimento em si mas o meio ou a técnica para buscá-lo ou produzi-lo;  


2+1. A "culpa' pelo subdesenvolvimento socioeconômico de países, como os da África subsaariana,...


... não é apenas do colonialismo de países atualmente desenvolvidos, como as metrópoles coloniais de outrora da Europa Ocidental, mas também e, principalmente, de suas próprias "elites" corruptas e de suas populações com, em média, baixo potencial cognitivo...


Na verdade, é prejudicial aos mesmos culpar apenas seus antigos "colonizadores".


Por isso que, não adianta tentar reparar os males causados pelo colonialismo mandando dinheiro para os países mais pobres, se muito provavelmente será usado pelas "elites" locais em prol de si mesmas;


2+1+1: Europeus colonizaram parcialmente as Américas, especialmente a do norte, significativamente a Oceania, mas não colonizaram a África* e a Ásia, pois não as povoaram com os seus "efetivos". 


* apenas algumas áreas.


Colonização não é o mesmo que ocupação;


IIII. Crente: "A quem os ateus chamam em um momento de desespero??" (Implicitamente, ele mesmo responde: "eu sempre peço ajuda a Deus") 


Eu, ateu: "Só uma criança chamaria pelo pai em um momento desses"; 


5. Sobre crenças terrenas e metafísicas e a megalomania em comum:


A crença megalomaníaca de se acreditar que é "o filho do criador do universo e que viverá para sempre, isto é, que é invencível" e a humildade de considerar como verdades muito prováveis a inexistência de um "criador" (humano??) do "mundo" e a finitude da vida.


A mesma megalomania de se acreditar que, aqueles que "pertencem' a uma classe social mais baixa são absolutamente "inferiores" aos das outras classes e a humildade de considerar como uma verdade simples e indiscutível a igualdade, em essência, de todos os seres humanos e vivos, de aceitar que é essencialmente igual, mesmo às espécies mais microscópicas e/ou primitivas;


VI. As pessoas não ajudam os outros por causa de alguma crença em seres imaginários, como Deus, mas porque reconhecem, se mais ou menos conscientes, ou se momentaneamente, a igualdade essencial de todo ser humano (e que se estende a todo ser vivo). 


A maioria dos autodeclarados religiosos, pra variar, nada fazem para ajudar o próximo. Pior, se ainda votam em políticos que dificultam suas vidas e as dos outros;


VI,1: O especismo nosso de cada dia:


"Tragédia acontecendo em qualquer lugar do mundo: uma tsunami, uma enxurrada, uma nevasca..."


Grande preocupação com vidas humanas e pouca ou nenhuma com vidas não-humanas;


-1+8. Um problema da polarização ideológica também é o dualismo induzido de extremos: 


Ser ou não ser, 


Ser 8 ou 80,


Ser bom (a ponto de ser um trouxa) ou não ser (ou ser o mais egoísta e cruel possível)??


Ser totalmente "livre" ( no sentido de inconsequente e impulsivo) ou não ser (e ser muito obediente e autocontrolado)??


Escolher um extremo ou outro?? 


Eis a questão...;


2.3+2. A polarização ideológica é mais uma demonstração de que a maioria dos seres humanos é fácil e até profundamente doutrinável;


3+3+3. Hitler foi um amador em termos estratégicos. Pois se ele fosse mais racional, jamais teria perseguido minorias, como os judeus, pelo menos da maneira como fez.


Teria combatido indivíduos desagregadores (psicopatas, sociopatas e narcisistas) ao invés de colocar toda culpa em um só povo.


Teria fomentado respeito e admiração ao redor do mundo, além da Alemanha, e não apenas entre conservadores. Teria conquistado até seus opositores mais ferrenhos. Porque teria avançado com políticas "humanistas", ao invés de fazer o oposto. Até poderia fomentar a ideologia do "orgulho branco". Mas também reconheceria a importância das outras raças assim como os males cometidos ao longo da história por todos os grupos humanos, incluindo os brancos. Enfim, induziria uma ideologia racial baseada em conhecimento e empatia e não no ódio irracional.


Ao invés de uma ideologia de "raça superior", uma "política superior "...


Combateria, de fato, o capitalismo e outras tiranias de todos os tipos, inclusive as autodeclaradas socialistas.


Jamais teria iniciado uma guerra com a União Soviética. E se não tivesse escolha buscaria transformar em aliados todos os povos eslavos e, inclusive os não-eslavos, que viviam nos países ocupados, como os judeus, para ajudar os alemães a combater o "inimigo vermelho".


Jamais teria iniciado uma guerra no front ocidental, pois saberia que, para ter ampla vantagem e chance de vencer uma guerra, ainda mais em duas frentes, seu país deveria estar muito bem preparado, o que não era o caso. Mesmo assim, ele saberia que, apelar para um conflito bélico só seria inevitável quando todas as tentativas diplomáticas fossem exauridas. 


Hitler foi um excelente orador, mas por contrapartida, foi um artista e um intelectual medíocre e megalomaníaco... 


Os nazistas perderam a guerra que provocaram porque seu modo de pensar era extremamente ideológico ou excessivamente binário, que resultou em toda crueldade e hipocrisia envolvidas e amplamente praticadas;


3+3+3+0,1: Os nazistas não estavam totalmente errados sobre os judeus. Estavam/estão mais certos do que as narrativas pró-semitas, excessivamente simpáticas ao "povo escolhido", porque é mais factual que um povo qualquer, ou indivíduos do mesmo, tenha cometido e continue a cometer crueldades, do que, durante toda sua história, sempre ter sido inocente ou vítima, tal como pregam essas narrativas e que ainda acusam qualquer crítica aos judeus, como um povo, como antissemitismo...



X. Relativistas teóricos: 


"A verdade é relativa" ;


"A moralidade é relativa"


Os mesmos relativistas teóricos: 


"Vacinas salvam vidas!!! Anti-vacinas são uns mentirosos!!!" 


(A verdade é SEMPRE relativa??)


"Racismo é um crime imperdoável!!!" 


(A moralidade é SEMPRE relativa??)


Eleven: Eu acredito que sou bastante cético e contestador. 


Não, não acho que seja um excesso de adjetivos porque não têm o mesmo significado, se o primeiro seria um tipo de contestador passivo e o segundo um tipo de cético ativo, a diferença entre duvidar e criticar;


Meia dúzia + meia dúzia =  "economismo"


O economismo é uma pseudociência/fraude relacionada à economia,  que se baseia em argumentos sofisticados para justificar o parasitismo social, isto é, para defender práticas econômicas equivocadas, geralmente de natureza capitalista, similar à qualquer pseudociência na área da medicina que promove tratamentos "alternativos' sem nenhuma eficácia cientificamente comprovada. Mas, a comparação mais adequada aqui seria com o movimento anti-vacinas porque, ao invés de ser tal como a homeopatia, que não faz bem ou mal, o economismo faz mal à sociedade por justificar e defender por modelos que são ecológica e socialmente problemáticos, mas "vendendo-os" como o melhor "tratamento";


(1)+(3) = A esquerda, especialmente a identitário-burguesa, prega a auto-indulgência aos seus grupos "super protegidos": minorias e maiorias historicamente "oprimidas' e/ou socialmente marginalizadas. Já a direita, especialmente a cultural, prega pela mesma auto-indulgência mas aos seus próprios grupos "super-protegidos": minorias e maiorias histórica e/ou socialmente empoderadas//opressoras...


28/2: Rapidinho sobre o ateu toddynho


a) Ele é mais anti-cristão que ateu


b) Ele é mais identitário que coerente;


QUINZE: A Jamaica se tornou um dos países mais violentos do mundo, diga-se, com índices altos de criminalidade organizada e que tem sido reportada oficialmente. Mas mesmo que essa situação seja o resultado de diversos fatores, é inevitável não pensar na possibilidade de que a população jamaicana apresente uma desproporção de indivíduos, especialmente do sexo masculino, com tendências intrínsecas ou biológicas para comportamentos anti-sociais, ou que tenha acontecido uma seleção positiva por esse tipo, a partir de uma fertilidade diferencial, tal como também parece acontecer nas periferias brasileiras, só que em escala nacional... Afinal, não faz sentido que apenas fatores externos que induzam tantos homens à violência e não ao diálogo;



4.4: Sobre a mitologia capitalista 


Geralmente, a definição de riqueza tende a ser arbitrária, porque acontece a partir da valoração de algo por um grupo específico com base em seus próprios valores ou crenças e não necessariamente pelo seu valor mais intrínseco. Pois se assim fosse, vida e água seriam nossas maiores riquezas. Aliás, na realidade mesmo, elas são.


Mas algumas definições são ainda mais arbitrárias que outras. O dinheiro, por exemplo. Já que, por ser um símbolo abstrato, seu valor pode ser inflado quase infinitamente, que em muito contribui para aumentar as desigualdades sociais a níveis ainda mais absurdos. 


Então, como conclusão bem realista, não existe 1, 100, 100.000, 1.000.000 e muito menos 1.000.000.000 de reais, dólares estadunidenses ou pesos argentinos... tudo não passa, grosseiramente falando, de uma fantasia que deveria ou poderia ter uma finalidade conclusivamente pragmática, de facilitar trocas financeiras superlativas. Mas serve especialmente para gerar desigualdades extremas de renda e patrimônio;


1(7): How "elite" (the best people for doing specific stuff) are: sportists, artists and politicians?? 


In a 0 to 10 scale


Sportists: 9,5; artists (currently and being generous): 5; politicians (being very generous): 3;


20, 19, ... : A vida complexa é como uma colônia variavelmente ambulante de vidas simples;


39 - 20: Ainda sobre a falácia de que "apenas o esforço nos estudos que basta para passar em provas de concurso ou no vestibular".


Basta estudar para as matérias que são solicitadas. Sim... Mas, geralmente, são muitas as matérias que são pedidas, sem haver uma maior precisão de quais delas que realmente cairão na prova. Pois esse procedimento habitual mostra que não basta apenas se esforçar nos estudos, se não tiver uma ótima capacidade de memorização, porque será inútil. E se fossem detalhadas quais matérias que cairiam, ainda seria possível argumentar que apenas ou principalmente o esforço empregado nos estudos que importa para passar numa prova, mesmo que fosse falacioso de qualquer modo;


Venti: Quando se fala que uma situação, fenômeno ou comportamento tem causa multifatorial, não significa que não existe uma hierarquia de influência ou importância entre os fatores envolvidos. Por exemplo, a pobreza. Pois, apesar de ser multifatorial, alguns fatores são mais relevantes que outros para explicá-la. De maneira geral, o nível de pobreza é o resultado de como que uma sociedade tem sido gerida, um problema coletivo e estrutural. Mas, características individuais intrínsecas, como a inteligência e o autocontrole, também são muito relevantes para explicar especialmente contextos específicos;


Ventuno (21): Nenhuma opinião é apenas uma opinião, pois diz mais sobre a pessoa que a expressa, o que pensa, acredita ou é, do que ser um pensamento distante de sua identidade e realidade...


Vinte e two: "em que besteira(s) você já acreditou por não estar criticamente atento??" 


Que santos choram, dinheiro tem sentimentos e bebês são como folhas de papel em branco.

"Por que canhotos ainda existem?"

 A seleção natural não seleciona apenas ou especialmente traços individuais, mas também espectros de probabilidades ou de diversidade fenotípica. Na verdade, nem o termo "selecionar" aqui deve ser tomado como a única ação ou mecanismo possível e que é responsável pela evolução das espécies. Até poderia pensar no termo "retenção natural"... Por isso que expressões fenotípicas minoritárias podem se manifestar e permanecer se manifestando de maneira constante ou estável ao longo do tempo. Porque os processos responsáveis pela transformação das espécies também são conservativos e acumulativos.

Escrever com a mão esquerda, direita ou ser ambidestro não são características primárias, mas reflexos de como que o cérebro está organizado. Essa relativa diversidade de possibilidades que também inclui dominância de membros inferiores, olhos… não que tenha sido mais intrinsecamente vantajosa, mas é a maneira que nossa espécie tem evoluído.

Então, existe uma possibilidade relativamente pequena de alguém nascer canhoto, como eu, pelo simples fato desta possibilidade existir, porque tem sido parte do arcabouço biológico de nossa espécie desde os seus primórdios e quase universalmente presente nas populações humanas. Na verdade, escrever com a mão esquerda até sugere ser uma expressão mais extrema de variação fenotípica da organização cerebral, se destros definitivamente não são todos idênticos ou muito parecidos nesse aspecto.

E mediante a provável/maior diversidade de organização/dominância cerebral percebida em outras espécies de mamíferos, a baixa diversidade humana sugere que, em algum momento, houve uma seleção para uma maioria de destros por necessidade de grande ''cooperação'' entre os seres humanos para sobreviver, de um enxugamento de variação.

Qualquer atribuição precipitada de causalidade é uma afirmação extraordinária...

 ... que precisa de evidências extraordinárias para comprovar sua veracidade. Em contraste,  qualquer atribuição de correlação é mais trivial... Pois é recomendado, primeiro, comprovar se há correlação antes de atribuir causalidade. 

Relato de uma suposta paranormalidade de minha vida

 Quanto mais eu quero uma coisa ou mais eu desejo me afastar, mais eu sou atraído para o que não quero e vice-versa. Basta desejar por algo que não está acontecendo e, então, quando eu desisto de esperar, esse algo se manifesta. Esse tem sido um padrão comum na minha vida, muito ingrato, mas que, pra mim, mesmo diante de todo o meu esforço racional, é difícil não notar, não pensar que possa ser real, que pode não ser apenas uma coincidência. 


Mas qual seria a explicação lógica para um fenômeno ilógico em que, supostamente, o pensamento de uma pessoa influenciaria nos acontecimentos de sua vida??

Pode ser que, quando ficamos ansiosos por alguma coisa, o tempo parece demorar mais para passar e isso cria a impressão de que nossa ansiedade está tendo alguma influência. Também pode ser que a grande maioria daquilo que mais ansiamos faz parte dos nossos cotidianos e acontece com alguma frequência. Isso é especialmente verdadeiro no meu caso, justamente porque esses eventos me são familiares, cujas probabilidades são maiores de que aconteçam (de novo), e me cause essa impressão paranormal de que o meu pensamento tem um efeito oposto ao que desejo ou não desejo. 

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

"Respeito" ...

 Prega a menininha loira e "influencer" precoce, depois de ganhar um salário bem gordo por sua participação em uma propaganda de banco, que "guarda" o nosso dinheirinho suado com muito cuidado e respeito; a atriz veterana, elegante e progressista-caviar, do tipo que discursa sobre desigualdade social em suas viagens a Paris; a funkeira, rykah e ostentadora, "representante" da periferia e um apresentador (500 mil de salário pelo seu programa "educativo" todo sábado à tarde) com o seu filho autista...


Eles pedem por R-E-S-P-E-I-T-O...


"Ah, o amor venceu"

E também o auto-aumento de salários de "políticos"...

Nem uma notinha de repúdio, Lula??? 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Parábola filosófica do Show de Truman: os jogadores ou atores e os mais despertos

 Alienação versus filosofia


Show de Truman é um filme estadunidense de ficção dos anos 90 que se baseia em um "reality show" de sucesso global cujo seu maior protagonista, Truman Burbank (Jim Carrey), está totalmente inconsciente disso, pois nasceu e viveu toda sua vida na cidade fictícia de New Heaven, junto com um elenco de atores, incluindo seus próprios pais, esposa e amigos. Então, ao longo do tempo, Truman, já adulto, casado e socialmente ajustado, vai despertando para a realidade, percebendo que algo muito estranho acontece, especialmente pela ocorrência de supostas coincidências, desde a percepção de padrões bizarros de sincronização do trânsito até às suas tentativas de sair de New Heaven, sempre frustradas com incidentes aparecendo "do nada" (criados pelo programa para impedí-lo). Vai percebendo que o mundo em que vive é baseado em mentiras, seu casamento, a cidade onde vive desde que nasceu... 

Não é à toa que ele se chama Truman, uma diminuição de "true man" ou homem verdadeiro, se ele é o único do "reality show" que não é um ator fazendo um personagem, que é uma pessoa de verdade. 

Pois Show de Truman não é apenas um filme de crítica aos "reality shows" que, aliás, se tornaram febre a partir dos anos 2000, porque também pode ser usado como parábola filosófica ao que acontece na vida real e, diga-se, de maneira muito profunda: a própria cultura humana e, claro, incluindo a ideologia que lhe é praticamente um sinônimo. 

Mas como?? 

Bem, toda cultura, até por nunca ter existido uma cultura essencialmente baseada em conhecimentos, evidências concretas ou pensamento lógico-racional, mais se assemelha a esse reality show, à cidade fictícia de New Heaven e seu elenco de atores. Aliás, poderia ser considerada o "reality show" original, por se constituir como um perímetro delimitado de valores e crenças em que todos os que vivem dentro dele são doutrinados, desde a infância, tal como o Truman, a se comportar de acordo com esses valores e crenças, proibidos de questioná-los, tratando-os como a única realidade possível, e sendo vigiados por aqueles que os dominam. Então, inconscientemente, aderem aos papéis que lhes são impostos e, ao invés de viverem de acordo com suas próprias essências ou, pela essência de tudo, que é a verdade, vivem como atores de uma peça de teatro ou como peças de um jogo, como jogadores, adotando suas identidades forjadas com naturalidade, sem saberem, acreditando que não existe outra realidade. Só que não são todos que passam uma vida conformados ao que lhes é determinado como incontestável, porque existe uma minoria que, se por ter uma natureza mais contestadora e/ou por exclusão social, desperta aos poucos ou abruptamente, parcial ou significativamente, tal como Truman Burbank, às inconsistências da realidade (a sincronização de comportamentos ou comportamento de manada, por exemplo), da cultura ou ideologias às quais está submetida, saindo do seu mundo fictício de mitos e entrando no mundo da "hiperrealidade", meu conceito de "mundo real", de fatos ou verdades de todos os tipos e perspectivas. 

São poucos que se tornam "Truman" ou "essencialmente verdadeiros" (essencialistas), não apenas em termos de autenticidade de identidade mas também como buscadores e defensores absolutos da verdade objetiva e imparcial. São poucos os que percebem que culturas humanas e suas ideologias não passam de "reality shows", de imitações imperfeitas da realidade e que o mundo real "está lá fora". 

Mais uma compilância de achismos & achados

 A. Timidez não é "excesso de si mesmo"


É o oposto, dos outros em si mesmo, por ser uma preocupação excessiva em relação à opinião alheia...

É a paranoia que é um "excesso de si mesmo". 

Pois parece que existe um ponto de intersecção entre timidez e paranoia, quando o excesso de preocupação sobre a opinião alheia faz com que a pessoa também passe a acreditar que é mais importante aos outros do que realmente é...

E ressaltando que não é tudo que parece paranoia que é paranoia;

B. A timidez também pode ser o efeito colateral de uma autoconsciência mais desenvolvida;

C. Todo capitalista incorrigível ou orgulhoso é um mercenário porque trabalha apenas em troca de dinheiro... Na verdade, o próprio sistema capitalista nos impõe uma "ditadura do dinheiro"...

Então, não seria equivocado chamar o capitalismo de MERCENARISMO;

D. Uma das atitudes mais sutilmente asquerosas é aquela em que gente ''rica'' fala de deus e o quão justo e bondoso ''ele'' é;

E. O Brasil é um país em que agir como um deficiente intelectual é uma regra social importante...

O contrato social no Brasil se consiste em explorar ou ser explorado;

F. O único caminho para o talento criativo é a autenticidade...

Eu, como um pensador que escreve [não me considero um escritor], acredito que tenho me sobressaído em minhas análises sobre política, sociedade, comportamento...

Mas eu também gostaria de escrever mais reflexões pessoais e tenho percebido que o meu maior problema tem sido o de negar meu próprio jeito de pensar e escrever por um jeito que eu acho que deveria emular e que não tenho;

G. Entre os heterossexuais, há uma desproporção de sociopatas e psicopatas.

Entre as minorias sexuais, há uma desproporção de deprimidos e ansiosos. 

Já os psicóticos abundam em todos os grupos;

H. Sobre sabedoria e racionalidade 

O desenvolvimento da sabedoria acontece a partir de um acúmulo de conhecimentos, que contribui para um melhor julgamento.

Já o desenvolvimento da racionalidade acontece, primeiro, pela eliminação de uma carga ou acúmulo de preconceitos e fanatismos internalizados, para que, progressivamente, torne o pensamento mais imparcial e objetivo. 

Resumindo. Uma é definitivamente sobre acumulação (de conhecimentos). A outra é primariamente sobre eliminação (do acúmulo de preconceitos e fanatismos). 

Concluindo. A sabedoria não é possível de ser plenamente desenvolvida sem que a racionalidade também seja, por ser o nosso controle de qualidade de pensamentos e opiniões;

I. O termo ou, diagnóstico, mais correto para os que acreditam com muita convicção em afirmações extraordinárias sem evidências extraordinárias...

... tal como a crença religiosa, seria o de transtorno psicótico, do tipo delirante-irracional e histórico-culturalmente definido.

J. Entre o parasitismo e a cooperação individual...

.... existe uma zona de neutralidade em que não há ajuda direta e efetiva ao outro, mas também não há exploração do mesmo. O meu exemplo ou caso, por enquanto, como um filho na casa dos 30 anos que não trabalha e é sustentado pelos pais. Pois, apesar disso, eu não estou abusando deles financeiramente e, portanto, não sou um filho-parasita. Afinal, eu não dou mais gastos a eles do que já gastam por si mesmos, pelo menos de maneira excessiva. Além de existir a possibilidade de acabar me tornando cuidador deles na velhice se já se encontram no início da sétima década de vida;

K. Quando se fala sobre se é o meio ou a biologia que influencia o comportamento...

... na verdade, é sobre o meio ou NÓS mesmos.

L. Mais alto é o nível acadêmico, maior a tendência para: arrogância, vaidade e conformidade ideológica, especialmente nas ciências humanas, onde "panelinhas" são a regra...

M. Grupos oprimidos ou marginalizados, e mais desprezados pelas esquerdas:

Albinos africanos, apóstatas do mundo muçulmano, brancos em situação de discriminação, brancos pobres...

N. "Eu não sou chato. É você que é maluco" 

O. Não existe cultura sem genética

A genética ou a biologia equivale ao corpo e a cultura à roupa. 

P. "Conservadorismo é sobre natureza, biologia..."

Impedimento: feministas que não cortam seus pelos naturais...

Q. Uma das maiores diferenças entre o pseudo-intelectual e o verdadeiro é o quão vaidoso ou preocupado de se passar como "mais inteligente" (ou aparentar) ele está;

R. Sobre a superioridade predominante da qualidade sobre a quantidade

Tomar um sorvete delicioso versus tomar dez sorvetes com sabores medíocres... ; 

S. O ignorante sincero quer ter o direito de dizer o que quiser sem medir consequências. O sábio honesto quer ter o direito de dizer a verdade ou de defendê-la, medindo as consequências do quê e como dirá; 

T. Ninguém está totalmente errado, nem Adolf Hitler, Mao Tsé Tung, Stálin, Putin ou Kim Jon Un... mas o mais importante é estar predominantemente certo e é aí que, na política, tal tipo escasseia há muito tempo;

U. Sobre homens "fortes"

"Homens fortes" são, na verdade, um bando de covardes que gostam de "atuar" como mais masculinos 'ou' viris. Para mim, esse termo é involuntariamente satírico, inclusive para quem o usa. 

Existem homens realmente "fortes" além da força física: no caráter, na inteligência, na coragem, e sim na compaixão e na empatia também, por que não?? 

Força é um termo abstrato e multidimensional.

V. A maioria das competições com poucos vencedores é arbitrária 

X. Determinismo não é totalitarismo

Por exemplo, o determinismo biológico que, de acordo com o meu argumento pseudo-paradoxal, é o mais provável de ser verdade, por ser sempre a biologia de um organismo que determina sua evolução e suas reações ao meio e não necessariamente ou apenas o meio. Determinar no sentido de "dar a resposta final". Mas isso não significa que o meio não tem nenhuma importância, só que será, de qualquer maneira, mais secundária do que primária. 

Determinismo não é exatamente o mesmo que "destinismo", de algo estar absolutamente destinado a acontecer, ou "inflexismo", de algo que nunca pode alterar sua forma ou expressão, mas desde que seja determinado ou limitado de acordo com o seu fator mais decisivo.  

W. Autoconfiança é literalmente...

... Não se preocupar ou muito pouco com a opinião alheia e estar sempre se sentindo auto-suficiente em termos qualitativos, sem se comparar com frequência. 

Y. Outro problema de se comparar testes de QI com balança de peso...

... é o de comparar um teste, que é uma estimativa sobre algo, com uma mensuração verdadeira. Se quando eu estou em cima de uma balança, eu não estou testando o meu peso e sim pesando uma dimensão dele.


Z. A atemporalidade do mais racional ou da racionalidade

Não importa onde ou quando, se agora ou na época do Império Romano, se há um século ou há um milênio, porque desde a emergência da autoconsciência humana que os indivíduos mais autoconscientes e, portanto, mais racionais, ao terem desenvolvido o pensamento crítico, têm feito as mesmas observações e chegado à respostas muito parecidas, sobre justiça, existência, moralidade...

Novamente, a minha visão heterodoxa sobre a moralidade

 Recapitulando o que já escrevi em outros textos...


I. A moralidade não é apenas uma invenção humana, pois todas as espécies também têm seus próprios sistemas morais análogos, do que percebem como certo, negociável e errado para elas, sempre baseadas em seus contextos adaptativos. Portanto, é possível afirmar que a moralidade é universal. 

II. A moralidade humana apresenta dois modelos de sistemas de crenças, o que têm predominado, mais subjetivo e arcaico, que se centraliza em interpretações antropocêntricas da realidade, como a religião (que eu já comentei que também tem uma origem universal ou comum à todas as espécies, o "auto-centrismo"), e o modelo mais objetivo, preciso e justo, baseado em evidências científicas ou pensamento lógico-racional.

III. A moralidade não é absolutamente mensurável, ainda que, especificamente, até seja possível pensar em uma forma de mensurar, por exemplo, o montante de dor ou prazer infligido a um ou mais indivíduos. Mas é perfeitamente comparável, que também é um tipo de medida, particularmente em relação ao nível de necessidade ou imprescindibilidade, e de verdade, ou justiça, de crenças e práticas consequentes.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Um triste padrão observado na grande maioria das organizações sociais humanas: o domínio de idiotas morais

 Idiotas morais: sociopatas, psicopatas, narcisistas..., costumam ser competitivos e gananciosos, sedentos por poder e controle. Já os indivíduos mais empáticos são o oposto, menos competitivos e interessados em ter poder ou controlar. Isso, em partes, reflete diferenças quanto ao nível de domesticação comportamental, em que os mais empáticos estão, em média, mais dóceis, em contraste a psicopatas e sociopatas. Como resultado, existe um padrão muito recorrente e triste de predomínio de idiotas morais no topo das organizações sociais humanas: religiosas, político-ideológicas, culturais, econômicas...


Não é que altruísmo, compaixão e empatia sejam reflexos absolutos de domesticação se o que mais a define é a obediência a comandos. Ainda existe uma correlação entre docilidade ou incapacidade de oferecer perigo e domesticação. Mas também existem muitos indivíduos humanos socialmente conformistas que não são mais empáticos, talvez, a maioria deles. Pois o que mais define a domesticação humana também é a incapacidade de desafiar autoridades, mesmo em pensamento.

Entre os mais empáticos também têm os mais racionais, igualmente propensos a não se interessar em competir por controle ou poder e a apresentar baixo risco de oferecer perigo, ainda que sejam muito bons em pensamento crítico. Então, novamente, temos um predomínio dos mais interessados ou adaptados a essas regras implícitas de dominação e subordinação dentro de organizações sociais humanas. 

Mas não "apenas" isso...

Porque os mais interessados em poder ou controle, que são os idiotas morais, também são mais propensos ao pioneirismo no estabelecimento dessas organizações bem como de se organizarem em torno de objetivos (escusos) em comum, enquanto que, os mais empáticos, e também os mais racionais, estão menos propensos a se organizarem de maneira objetiva. Vezes, idiotas morais se reconhecem e se ajudam sem precisar de maiores apresentações, reconhecendo-se por intuição. 

Sobre o problema do anacronismo histórico

 Mais uma vez...


O que é mais importante, a palavra ou o que ela representa?? 

O conservadorismo só surgiu quando o seu conceito foi estabelecido no início do século XIX?? A misoginia só começou a existir quando essa palavra foi inventada??? 

Claro que não!! 

O conservadorismo, especialmente sob a forma de patriarcado tradicional, heteronormativo e classista, existe desde os primórdios da civilização. Em termos ainda mais essenciais, o conservadorismo é qualquer ideologia ou cultura que, de maneira mais sistemática ou localizada, impõe algum tipo de exclusão injusta ou opressão a grupos e, portanto, indivíduos. 

Injustiça ou prática da mentira e conservadorismo são quase sinônimos. 

Já a misoginia, como um pensamento em que toda mulher é considerada inferior, intelectual e moralmente, e indigna de gozar de direitos iguais ou similares aos dos homens, também existe desde há muito tempo. 

Esse tipo de anacronismo não é histórico e sim semântico, mas nem por isso mais importante. 

Portanto, não há anacronismo histórico em falar sobre misoginia ou conservadorismo, os exemplos usados, em relação a períodos anteriores à invenção oficial dos seus conceitos. 

Além de justificar práticas claramente cruéis e/ou baseadas em ignorância, essa maneira de aplicar o anacronismo histórico ainda apaga da história a existência de indivíduos e grupos que eram contrários às tais práticas, especialmente se não lhes fosse permitido expressar. 

É literalmente o mesmo que contar apenas a versão dos "vencedores" ou opressores. 

Pois imagine se um historiador, 200 anos no futuro, resolvesse analisar os valores dominantes em nossa era capitalista ou, então, sociedades autoritárias, como a Arábia Saudita de hoje em dia, ainda mais se tivessem predominado narrativas e discursos dos que detêm o poder político e econômico atualmente?? 

Um exemplo em que ocorre um verdadeiro anacronismo histórico é o uso do termo capitalismo para se referir a sistemas socioeconômicos da antiguidade, ainda que existam semelhanças importantes entre eles. Porque mesmo apresentando semelhanças, sistemas anteriores, como o feudalismo  e o mercantilismo, não eram centralizados no capital e as "elites" dominantes ainda não eram de burgueses .

Honestidade é artigo raro no Brasil??

 Se parece existir uma grande proporção de brasileiros que, logo na primeira oportunidade, não pensa duas vezes em "passar a perna no outro"; porque o problema da corrupção não se limita à nossa classe política, se essa mentalidade de pensar apenas em si mesmo, de falta de empatia e respeito (simpatia) pelo outro, está enraizada em nosso povo, e sem desprezar o papel do sistema capitalista que nos incentiva a sermos mais egoístas do que geralmente somos. 


Pois essa incapacidade praticamente intrínseca de tantos brasileiros de pensar no outro e/ou no coletivo, começando por sua "elite" político-econômica, pode ser uma das principais razões para o subdesenvolvimento do país...

O cerne da corrupção política...

 ... é políticos votando para aumentarem os próprios salários... que já são bem altos.


Aliás, é eles terem esse privilégio extremamente injusto. 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Lições do filme "Midsommar" sobre doutrinação e cultura

 Pequeno texto recheado de "spoilers"


O filme de terror Midsommar, do diretor Ari Aster, um dos mais aclamados de 2019, buscou mostrar que é possível um filme do gênero causar medo à luz do dia, sem ter a escuridão da noite como elemento catalisador. Sua história se centraliza na situação delicada da protagonista, Dani, que acabou de perder de forma trágica seus pais e sua irmã, e acaba sendo convidada, sem querer, para uma viagem à Suécia com o namorado e amigos dele, vacilante de continuar seu relacionamento com ela. Mas, ao invés da capital, Estocolmo, eles seguem em direção a uma comunidade alternativa no interior do país em que, durante uma de suas cerimônias mais importantes, demonstra tratar-se de um culto macabro que pratica sacrifícios humanos, incluindo visitantes. 

Mas o mais interessante do filme, para mim, é que mostra como funciona um culto, especialmente pelo uso de chantagem emocional: de rituais de socialização que visam reforçar o elo coletivo e o recrutamento de pessoas em situação de vulnerabilidade, por exemplo, as que se encontram em um estado de solidão ou tristeza profunda, como a protagonista. O filme também mostra como o fanatismo ideológico, induzido por técnicas constantes de condicionamento social, dessensibilizam indivíduos, especialmente os mais suscetíveis, manipulando-os a aceitar práticas cruéis como "parte da cultura". 

Também é revelador a cena final em que, um dos jovens membros da comunidade, condicionado a se sacrificar com outros homens dentro de uma igreja de madeira, especialmente construída para ser queimada junto com os escolhidos para morrer, desperta de seu transe e começa a gritar de desespero quando as chamas passam a queimar o seu corpo. Pois essa cena em particular se refere ao despertar, vezes tardio, de indivíduos ideologicamente doutrinados. 

Então, a conclusão que eu cheguei após assistir esse filme é que aquela comunidade fictícia não representa apenas cultos praticados em comunidades isoladas e pequenas, mas também qualquer cultura ou ideologia humanas, atuais e extintas, porque todas apresentam características idênticas aos cultos, principalmente a doutrinação por mitos, ou por pensamento mágico, e a normalização cultural ou dessensibilização de práticas de crueldade...

Sobre cultura, adestramento e filosofia

 Antes de seres humanos aplicarem técnicas de adestramento em animais de outras espécies, como os cachorros, eles já as aplicavam entre si. Essas técnicas só foram transferidas do lido humano para o animal. Por isso não é equivocado concluir que toda doutrinação ideológica, ou cultural, se consiste em uma espécie de "adestramento humano": o mesmo mecanismo de repetição associativa entre comandos específicos e gratificações. 


Existem duas maneiras de doutrinar: associando o comando a uma recompensa positiva ou a uma punição em caso de desobediência.

Um exemplo quase universal de doutrinação é a religião, em que são inculcados comandos ou dogmas*, afirmações fechadas para reflexão ou crítica, tal como a existência de deus e da vida eterna, a partir dessas duas formas de doutrinação: pelo medo da punição por desobediência ou negação da fé e por gratificação, pela sensação de bem estar emocional que a crença religiosa costuma causar à maioria das pessoas.

* Dogma não é apenas uma verdade incontestável, mas que é considerada como tal por um grupo, como uma afirmação de verdade não-verificada que não pode ser testada, pela crença de que seja absolutamente verdadeira. Verdades incontestáveis existem, quando são verificadas e confirmadas de maneira conclusiva, assim como afirmações que são consideradas como tal, mas que muito provavelmente não são.

Interessante que o mecanismo de doutrinação é similar ao do aprendizado genuíno, de aquisição de conhecimentos, porque também acontece por repetição ou memorização e ainda costuma vir acompanhado por uma sensação de bem estar, espacialmente quando existe facilidade cognitiva para aprender e o conhecimento faz parte do grupo de interesses especiais do indivíduo, o que pode explicar por que a maioria dos seres humanos parece ser tão facilmente doutrinável, afinal, pode ser que seja muito comum a confusão entre crenças ou comandos internalizados e conhecimentos legítimos.

Já a filosofia, em sua prática literal, é basicamente um processo de (auto)reflexão sobre esses comandos ideológicos ou culturais. É tal como se um cachorro adestrado parasse de responder aos comandos pelos quais foi ensinado a obedecer e reconhecesse seu adestramento pelo que é. Também equivale ao exemplo de um ser humano que foi doutrinado a acreditar em deus ou, (auto)adestrado a internalizar essa crença como uma verdade absoluta, mas que, então, passa a questioná-la.

Por fim, existem seres humanos que são menos suscetíveis à doutrinação ideológica (ou adestramento), que são os mais instintivos, geralmente os tipos mais anti sociais. E os que são capazes de desprogramar comandos internalizados e atualizar suas crenças, inclusive a qualidade das mesmas, que são os mais intelectualmente reflexivos, mais aptos à prática filosófica. 

Falsos sinônimos que precisam ser expostos: economia/capitalismo e escola/sistema tradicional de ensino

 Economia/capitalismo


O capitalismo, um sistema (socio)econômico que se organiza em torno do acúmulo de capital e do direito inalienável à propriedade privada, é o sistema mais dominante de nossa era. Mas nem por isso pode ser considerado um sinônimo de economia, tal como muitos acreditam ou pregam, por esta ser um conceito básico, relacionado às atividades que organizam e sustentam ou promovem a subsistência de uma comunidade ou sociedade. Pois, precisamos entender que, por mais enraizado possa estar o sistema capitalista, ele deve ser diferenciado da economia, até como maneira de se buscar por métodos alternativos à sua ortodoxia, especialmente os que possam contribuir para, ao menos, diminuir as enormes irregularidades sociais que tradicionalmente causa.

Para efeito de comparação, enquanto a economia pode se basear, por exemplo, em um modelo (ideal) de planejamento de longo prazo que beneficie a população como um todo, inclusive dentro de um contexto de hegemonia capitalista, o capitalismo, principalmente em seu estado mais natural ou selvagem, é quase certo que impossibilita o estabelecimento desse modelo sócio-econômico, se suas estruturas estão construídas justamente para funcionar como uma cadeia de relações parasitárias, em que as classes "superiores' na hierarquia social exploram, com salários baixos e jornadas exaustivas de trabalho, a mão de obra das que se posicionam "abaixo" delas; a curto prazo ou em busca de lucros, e sem qualquer regulação quanto à distribuição das riquezas produzidas...

Escola/sistema tradicional de ensino

A grande maioria das escolas em todo mundo têm sido baseadas no sistema tradicional de ensino, um modelo antigo e pseudocientifíco de educação que enfatiza excessivamente a memorização (vulgo, decoreba) e tacitamente despreza a existência da realidade da diversidade psico-cognitiva entre os seres humanos. Então, por ainda ser tão predominante, é costume considerar a escola e esse sistema de ensino como sinônimos. Mas mais do que um mero costume, é um equívoco fazê-lo, já que existem sistemas ou modelos alternativos sem falar sobre os que ainda poderão ser inventados. E também porque a escola é um termo básico que se refere a um espaço dedicado à educação, geralmente de menores, em idade de desenvolvimento, enquanto o sistema tradicional de ensino, apesar de ser o modelo mais adotado, ainda é um modelo especificamente definido. 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Como seria um sistema ideal, racional ou científico, de ensino??

 O sistema tradicional de ensino é um modelo antigo e pseudocientífico de escola que tem prevalecido em todo mundo. É pseudocientífico porque se estrutura pela crença na tábula rasa, de que, excluindo portadores de deficiências cognitivas, nós, seres humanos, nascemos com os mesmos potenciais para aprender e que nos diferimos em desempenho acadêmico na escola e na educação superior apenas pelo nível de esforço que empregamos nos estudos, mais aspectos do meio que nos favorecem ou nos desfavorecem. Em outras palavras, esse sistema despreza a existência de uma diversidade psico-cognitiva mais natural, de comportamento e inteligência, entre indivíduos humanos. Pois um modelo ideal de ensino, isto é, científico ou racional, se principiaria justamente pela percepção e aceitação desta realidade tão básica e relevante à sua área de atuação, passando, então, a construir métodos de avaliação mais individualizados em que, em cada período letivo, os estudantes seriam avaliados de acordo com os seus perfis psicológicos e cognitivos, e sem ter que eliminar a possibilidade de também compará-los entre si, mas sem mais concluir que suas capacidades só possam ser estimadas por essa perspectiva comparativa. Afinal, se é possível perceber padrões específicos de desenvolvimento e funcionamento cerebral em seres humanos já nos seus primeiros dez anos de existência, também é possível planejar abordagens de avaliação e ensino correspondentes a cada constituição individual. 


Alguns poderiam argumentar quanto à onerosidade de se avaliar individualmente. Mas apesar de ser uma mudança inevitável ao se buscar por um modelo realmente científico de ensino, os estudantes poderiam ser categorizados em subgrupos já que também é factual que uma diversidade de indivíduos produza uma diversidade de tipos, por semelhanças e diferenças entre eles. Outra alternativa para facilitar a vida do professor e de outros profissionais da área seria pela constituição das classes de acordo com as categorias percebidas no(s) primeiro(s) ano(s) de escola. Essas categorias poderiam ser baseadas nos níveis de capacidades cognitivas gerais, de capacidade criativa percebida, de tipo de capacidade, se mais para as exatas ou humanas...

Testes cognitivos, de personalidade e vocacionais também seriam administrados,  pelo menos, umas três vezes durante a vida escolar de cada estudante. Logo nos primeiros anos, esses testes seriam aplicados até para começar a construção de um perfil individualizado. Então, todos os resultados: de desempenho acadêmico, desses testes "extras", além das observações sobre comportamento e inteligência, que visam ser imparciais e objetivas, seriam registrados no boletim do estudante que, poderia servir como um currículo primário para ajudá-lo em seu caminho profissional, especialmente se a escola for diretamente vinculada ao mercado de trabalho e à educação superior. Isso, inclusive, poderia pôr um fim nos métodos de avaliação tradicionais, por exemplo, provas de concurso e de vestibular, se o resultado de uma prova não vale mais que um perfil construído de dez anos de avaliações e observações.

Todos os estudantes, a priori,  seriam incentivados a dar o seu melhor no que conseguem se sobressair, o que também inclui outros tipos de atividades, como o esporte. No entanto, aqueles em que se nota altas capacidades seriam ser avaliados separadamente e incentivados a desenvolvê-las. Em outras palavras, ao contrário do sistema tradicional que despreza os interesses especiais que muitos estudantes apresentam, estes seriam validados e acompanhados de perto.

De acordo com a percepção do comportamento do estudante, diferentes abordagens seriam adotadas. Se mais tímido, trabalhos de apresentação na frente da sala, por exemplo, não seriam obrigatórios a ele, ainda que poderia ser incentivado a se expressar mais perante os colegas de classe. E se forem percebidos padrões de comportamentos anti sociais ou excessivamente antagonistas à autoridade do professor, e por razões irracionais, o estudante seria a priori, isolado dos outros que apresentam o mesmo perfil,distribuídos em classes diferentes, como medida preventiva quanto à possíveis turbulências organizadas e protagonizadas em grupo dentro de sala de aula. 

Para ser bem sincero, o ideal seria que os estudantes em que se percebe uma frequência de comportamentos cruéis fossem encaminhados para uma avaliação psiquiatra séria. E como não há qualquer tratamento disponível do transtorno de personalidade anti social, dependendo da gravidade de suas ações ou do diagnóstico, deveriam ser isolados do convívio social, no mínimo...

(Sempre quando entro nesse tópico, é inevitável frisar que, na minha opinião e, com base no que acho mais lógico de se fazer, a partir do conhecimento que temos, a medida mais adequada, de prevenção, nesses casos seria de, além do isolamento forçado de todos os indivíduos anti sociais identificados, independente da classe social, também a esterilização, inclusive a possibilidade de castração química dos mais rebeldes, por mais polêmica possa parecer especialmente aos olhos de humanistas). 

"Psicopatas podem se tornar artistas?"

 Pergunta do Quora. Minha resposta. 

Existe uma desproporção de artistas narcisistas. Nem todo narcisista é um psicopata, mas o narcisismo é considerado um traço dentro do espectro de personalidade anti social. Portanto, existe uma correlação positiva entre psicopatia e narcisismo. Psicopatas """"não-violentos""" aquele tipo que não vai sair matando por aí, mas que está longe de ser a criatura mais honesta e altruísta, devem ser comuns em um meio em que a vaidade não é apenas uma característica comum mas também uma "habilidade". Acredito que existam menos sociopatas, tipos anti sociais mais sinceros, que são ou se tornam artistas, porque é preciso, mesmo que superficialmente, vender uma imagem de simpatia ao público.

Sobre cultura impositiva e "teorias" de gênero

 Cultura impositiva, intermediária e natural


Muitos pesquisadores acadêmicos e intelectuais, particularmente os que estão especializados nos campos da sexualidade e de gênero, acreditam que as diferenças comportamentais entre homens e mulheres (cisgêneros) são consequências exclusivas de doutrinação cultural à qual são, ou somos, submetidos desde os primeiros anos de vida, tal como a imposição de que meninos devem gostar de jogar bola ou brincar com carrinhos, e meninas de brincar com bonecas. 

É fato que não são todos os meninos que gostam de brincar de bola ou carrinho e nem todas as meninas que gostam de brincar de boneca. Porém, parece que, na maioria das vezes, existe uma correspondência entre perfil psicológico, cognitivo e/ou hormonal e tipo culturalmente preferido de brincadeira ou estímulo, bem como com outras preferências ao longo da vida. Isso significa que, diferente do que esses acadêmicos e intelectuais tendem a pensar, não é tudo sobre papéis tradicionais de gênero que é culturalmente impositivo. Portanto, o que temos aqui seria mais como uma cultura intermediária em termos de naturalidade. 

Nem a "teoria" de gênero que eles acreditam, em que essa correspondência mais natural e comum é tratada como produto de doutrinação, e nem a "teoria" que os mais conservadores acreditam, em que é uma discordância variavelmente minoritária aos papéis tradicionais que é desnaturalizada.

Apesar disso, eu sou totalmente a favor que não seja imposto às crianças (e também aos adultos) como devem brincar ou, como devem ser, já que apesar de existirem essas tendências majoritárias, também existe uma pluralidade natural de comportamento, a nível individual, dos seres humanos, que deve ser respeitada. 

Sobre a "islamofobia'

 Por acaso, acusar o islamismo de ser uma religião que prega e pratica misoginia, homofobia, especismo, anticapacitismo, é islamofobia?? 


Afirmar que não gostaria de conviver com uma comunidade islâmica, geralmente cheia de extremistas ou fundamentalistas, é islamofóbico??

É islamofóbico dizer que a islamofobia é um preconceito mais racional do que irracional, que não é igual à homofobia?? 

É islamofóbico dizer que a imigração em massa de muçulmanos para a Europa e para qualquer outra região quase sempre causa mais conflitos, por falta de integração ou respeito aos valores locais por parte de muitos deles, do que o oposto?? E que o ideal seria evitá-la ou contê-la?? 

É islamofóbico dizer que o islã se expandiu historicamente pela espada: por guerra e genocídio?? Que, de acordo com o seu histórico, não é uma "religião da paz"??

É islamofóbico dizer que extremistas mulçumanos e cristãos são iguais?? Mas que, por causa de uma maior secularização, os cristãos são, em média, menos radicais e dogmáticos que a maioria muçulmana?? 

É islamofóbico defender por apóstatas do islã e cristãos perseguidos que vivem em países de maioria cristã??  

É possível defender pela causa palestina e ainda assim não fechar os olhos para todos os problemas dessa religião ou que são causados por ela?? 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

A grosso modo, o sistema tradicional de ensino ou "escola" se baseia em uma pseudociência

 Porque está estruturado a partir da crença na tábula rasa, de determinismo absoluto do meio sobre a inteligência e o comportamento humanos, pregando que, excetuando portadores de deficiências cognitivas, todo ser humano nasce com o mesmo potencial de aprendizado e que as diferenças percebidas de desempenho acadêmico são resultantes do nível de esforço empregado em combinação com condições ambientais específicas. 


No entanto, não é difícil perceber padrões que, indiretamente, corroborem para a confirmação da influência até predominante dos genes no comportamento humano. Alguns dos mais importantes são: as semelhanças predominantes de personalidade e inteligência entre filhos adotados e seus pais biológicos do que em relação aos seus pais adotivos; o mesmo predomínio de semelhanças entre irmãos gêmeos idênticos; a percepção de variação individual de desempenho acadêmico e de comportamento em um mesmo ambiente, escolar ou familiar e de estabilidade dos mesmos durante toda vida...

sábado, 10 de dezembro de 2022

Sobre moderação e ponderação: agnosticismo e ateísmo novamente

 A ponderação é uma via geralmente segura ao pensamento e ao julgamento lógico-racional ou imparcial-objetivo, pois consiste no ato de pensar: analisar, refletir e julgar com profundidade ou conhecimento. 


A ponderação tende a resultar em uma opinião mais moderada. 

Pois o ateísmo, a descrença em deus/vida eterna, é uma opinião definitivamente ponderada, em considerável contraste ao seu oposto que é a crença religiosa, por basear-se justamente em uma análise profunda, objetiva, imparcial, cautelosa e completa sobre as possibilidades tomadas como verdades absolutas pela religião. 

No entanto, é comum de se considerar o agnosticismo como mais moderado, também no sentido de mais sensato e coerente, que o ateísmo. Porém, o mesmo parece ser mais como uma conclusão precipitadamente moderada do que com base numa ponderação legítima, pois despreza as diferenças notórias de lógica e sensatez entre a crença e a descrença religiosa, entre acreditar em afirmações extraordinárias sem evidências extraordinárias e nem sequer uma base lógica que possa corroborar indiretamente para a sua possibilidade de existência e de ser muito cauteloso e cético sobre as mesmas. 

De novo sobre ser neutro ''ou'' imparcial 

O agnosticismo parece que consiste em um posicionamento neutro ou um anti-posicionamento já que decreta a crença e a descrença em deus/eternidade como igualmente possíveis, daí a escolha por não tomar um lado. Mas mesmo que se pudesse afirmar que deus/vida eterna fosse minimamente factual (com base no que temos: nada, não é possível), ainda não seria possível afirmar que a crença e a descrença nisso sejam equivalentes em possibilidade. Por comparação, em relação à possibilidade de existência de vidas extraterrestres, é possível tomar um posicionamento, diga-se, verdadeiramente agnóstico. 

O ateísmo, por sua vez, consiste em um posicionamento imparcial pois busca analisar as afirmações extraordinárias das crenças religiosas de maneira objetiva, testando seus níveis de factualidade, em oposição às mesmas, que são extremamente parciais. A imparcialidade é uma tomada de posicionamento, diferente da neutralidade que é um anti posicionamento, que tem como objetivo a verdade objetiva ou a melhor compreensão que se pode ter e com consequências práticas, de julgamento. 

Como conclusão, o agnosticismo aparenta ser mais moderado que o ateísmo. Mas só aparenta. Se seria o mesmo dizer que diminuir bombardeios indiscriminados a uma cidade por razões supérfluas é mais moderado que cessar-fogo. Na verdade, o agnosticismo é uma radicalismo intrínseco, uma precipitação de raciocínio e julgamento, e a moderação não pode ser considerada sem que seja avaliado o contexto.