sábado, 10 de dezembro de 2022

Sobre moderação e ponderação: agnosticismo e ateísmo novamente

 A ponderação é uma via geralmente segura ao pensamento e ao julgamento lógico-racional ou imparcial-objetivo, pois consiste no ato de pensar: analisar, refletir e julgar com profundidade ou conhecimento. 


A ponderação tende a resultar em uma opinião mais moderada. 

Pois o ateísmo, a descrença em deus/vida eterna, é uma opinião definitivamente ponderada, em considerável contraste ao seu oposto que é a crença religiosa, por basear-se justamente em uma análise profunda, objetiva, imparcial, cautelosa e completa sobre as possibilidades tomadas como verdades absolutas pela religião. 

No entanto, é comum de se considerar o agnosticismo como mais moderado, também no sentido de mais sensato e coerente, que o ateísmo. Porém, o mesmo parece ser mais como uma conclusão precipitadamente moderada do que com base numa ponderação legítima, pois despreza as diferenças notórias de lógica e sensatez entre a crença e a descrença religiosa, entre acreditar em afirmações extraordinárias sem evidências extraordinárias e nem sequer uma base lógica que possa corroborar indiretamente para a sua possibilidade de existência e de ser muito cauteloso e cético sobre as mesmas. 

De novo sobre ser neutro ''ou'' imparcial 

O agnosticismo parece que consiste em um posicionamento neutro ou um anti-posicionamento já que decreta a crença e a descrença em deus/eternidade como igualmente possíveis, daí a escolha por não tomar um lado. Mas mesmo que se pudesse afirmar que deus/vida eterna fosse minimamente factual (com base no que temos: nada, não é possível), ainda não seria possível afirmar que a crença e a descrença nisso sejam equivalentes em possibilidade. Por comparação, em relação à possibilidade de existência de vidas extraterrestres, é possível tomar um posicionamento, diga-se, verdadeiramente agnóstico. 

O ateísmo, por sua vez, consiste em um posicionamento imparcial pois busca analisar as afirmações extraordinárias das crenças religiosas de maneira objetiva, testando seus níveis de factualidade, em oposição às mesmas, que são extremamente parciais. A imparcialidade é uma tomada de posicionamento, diferente da neutralidade que é um anti posicionamento, que tem como objetivo a verdade objetiva ou a melhor compreensão que se pode ter e com consequências práticas, de julgamento. 

Como conclusão, o agnosticismo aparenta ser mais moderado que o ateísmo. Mas só aparenta. Se seria o mesmo dizer que diminuir bombardeios indiscriminados a uma cidade por razões supérfluas é mais moderado que cessar-fogo. Na verdade, o agnosticismo é uma radicalismo intrínseco, uma precipitação de raciocínio e julgamento, e a moderação não pode ser considerada sem que seja avaliado o contexto. 

Um comentário:

  1. Cada um é livre para ter a crença religiosa ou que quiser. Ou a falta dela (no caso de céticos como ateus, agnósticos e deístas entre outros), a liberdade religiosa é algo que deve ser preservado e mantido pelo estado, para cada um ter a liberdade de culto e crença que lhe caber melhor, sem prejudicar a terceiros.

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