quinta-feira, 28 de julho de 2016

''Comportamentos evolutivamente novos'' e racionalidade

Satoshi Kanazawa, o psicólogo japonês que criou a teoria da inteligência vinculada a ''comportamentos evolutivamente novos'', deduziu que, ''os mais inteligentes'', via testes cognitivos, seriam mais propensos a se engajarem nestes tais comportamentos. No entanto, alcoolismo, homossexualidade ou esquerdismo, não parecem com comportamentos ADAPTATIVOS e nem evolutivamente novos, ainda que o esquerdismo possa ser entendido como ''novo'', na verdade se constitui na manifestação cultural de ''credulidade e estupidez'',  mas resultados de pré disposições comportamentais  que tendem a acompanhar com maior frequência as massas cognitivas que se encontram mais para o lado ''direito da curva de sino'', isto é, aqueles ''com'' ''qis maiores''. 

Eu já comentei, não sei onde, que é complicado definir como ''novo'' qualquer comportamento, até mesmo por causa das constantes transformações ambientais, que exigem novas estratégias, e que apenas transformações significativas, por exemplo, se o ser humano começasse a voar, ou em relação à comportamentos exclusivos da espécie, como o pensamento abstrato avançado, que poderiam receber, de maneira relativa (voar para o ser humano) ou absoluta (pensamento abstrato avançado), esta denominação.

''A inteligência é a capacidade de se adaptar''

Em termos puramente cognitivos, os ''mais inteligentes'', ou de acordo com critérios psicométricos,  estão mesmo mais adaptados às atividades tecnocráticas, das sociedades modernas. 

No entanto, o comportamento não é apenas a capacidade cognitiva. Eu também tenho questionado quanto ao fato de que as sociedades modernas parecem que foram feitas para selecionar os mais cognitivamente inteligentes e que portanto, não existe muita necessidade de esforço adaptativo para se adaptar porque o mais provável que eles se conformarão às suas vagas separadas.


A racionalidade complexa e/ou reflexível é quintessencialmente um comportamento evolutivamente novo, fortemente restrito à humanidade e provida de grandes vantagens tanto para o indivíduo que a tem quanto para o grupo a que este indivíduo pertence, se acessada.

Esta se consiste no verdadeiro comportamento evolutivamente novo, que não é apenas ''recreativo'.

Existe a racionalidade primária/instintiva que encontra-se dispersa por outras espécies em especial àquelas que estão mais próximas ao ser humano. Qualquer tipo de comportamento entre os animais não-humanos que expressar altruísmo, por exemplo, já pode ser compreendido como racionalidade primária. No final, podemos denominar esta tal racionalidade primária de lógica bio-específica, presente em toda forma de vida, que se consiste no uso logicamente coerente das características biológicas de cada espécie, via ''instinto'' ou pensar/agir que melhor define resumidamente no que se consiste a principal técnica psico-cognitiva de todas as formas de vida terrestre. E o ser humano é quintessencialmente o tipo híbrido lógica--racionalidade. A lógica bio-específica, que é destituída pela emoção ou melhor, que é amoral, e a racionalidade, ou a lógica já constituída ou completada pela emoção (e pelo instinto). 

A inteligência humana é complexa porque está relacionada com esses dois mundos, o instinto e a docilidade, e seu espectro intermediário. É diversa porque se manifesta de muitas maneiras, isto é, exibindo epicentros psico-cognitivos variados. É contextual porque assim como acontece com todas as estratégias evolutivas encontra-se parcial a predominantemente confinada ao seu melhor meio de sobrevivência. E o principal, por causa da própria condição individualmente recombinante de cada ser humano + a sua autoconsciência mais desenvolvida.

Existe uma linha lógica de evolução que encontra-se parcialmente independente desta diversificação psico-cognitiva proporcionada por diferentes pressões seletivas (culturais) entre os seres humanos, ainda que a agregue, por ser tão essencial, subjacente a toda complexidade humana.

Esta linha origina-se pelo próprio comportamento das outras formas de vida enquanto ou como lógica, como foi dito acima. Isto é, tudo aquilo que funciona, que dá certo, sem maiores considerações morais ou extra-lógicas (racionais) sobrevive como estratégia evolutiva em todas as formas de vida. A própria vida é lógica. A existência é lógica. O completo oposto da lógica é o caos absoluto. Para que a vida pudesse prosperar em solo terráqueo foi necessário que muitas lógicas se sobrepusessem umas sob a outras como por exemplo a existência do sol, a localização perfeita do planeta terra no sistema solar, o surgimento da Lua, enfim, uma combinação de eventos extraordinários que por fim produziram as condições ideais para que o nosso planeta pudesse estar preparado para sustentar vida complexa. 

Chegando ao ser humano. A linha lógica do comportamento que simplesmente define a existência por si mesma e que sustenta as vidas se estende à humanidade e adquire extra-características, produzindo a racionalidade. A racionalidade é a expansão contínua da lógica que se principia desde a própria existência, que além de ser sustentável também é re-sustentável. A lógica tende a prender-se aos seus modelos bem sucedidos e a desgasta-los, muitas vezes por falta de racionalidade e posterior sabedoria, isto é, a constante melhoria. Isto é, entra em um processo de inércia e se perde na disputa que trava contra si mesma para continuar a existir.  


A lógica pode ser vista, como eu comentei, como uma espécie de racionalidade incompleta. A lógica ''usa'' a vida individual como cobaia de sua experimentação natural que algumas gostam de chamar de "design inteligente". Metaforicamente falando, é como se um ''cientista maluco' abusando de suas cobaias em experimentos extremamente anti-éticos. 

A sabedoria por outro lado pensa a partir de um ponto de vista individual mas não egoísta enquanto que a lógica tende a pensar de maneira inversa, sob um ponto de vista coletivo (o que é bom para o grupo) e ao mesmo tempo egoísta. A lógica resolve problemas sem pensar se esta resolução não irá provocar novos problemas. É oportunista e remediativa.

 A sabedoria que se consiste na evolução da racionalidade, isto é, a racionalidade prática e pura em seu conceito, se antecede sobre os problemas buscando evita-los. A lógica se consiste na pura resolução de problemas. A lógica raramente tem mais do que dois planos. A lógica é reativa/remediativa aos problemas, uma resposta natural aos mesmos enquanto que a sabedoria principiando pela racionalidade é preventiva. A racionalidade já começa a se soltar deste mundo de improviso pragmático que se consiste a lógica renegando a seleção natural involuntária, ao sabor das intempéries ambientais, de escolher pelo que funciona "no momento", ou de ser forçado a isso porque a lógica primária é incompetente para prevê-los antes que se sucedam. A sabedoria já se consiste na maximização do pensamento lógico, em que pensa-se crítica e holisticamente. A criatividade encontra-se subjacente aos três processos. 

Partindo desta análise holística, transcendental, filosófica e psico-cognitiva, chegamos finalmente à conclusão de que os seres humanos mais inteligentes, não são os mais geniais em termos meramente práticos, bem representado pelo estereótipo do cientista "maluco" e suas experimentações draconianas e potencialmente revolucionárias, mas aqueles que conseguem ou que nasceram com um sistema corpo-mente que simplesmente transcendeu a própria humanidade e todos os seus becos sem saída, que ao contrário de uma megalomania criativa se mostra a partir de uma humildade realista da racionalidade, quiçá sabedoria. O início e a finalidade do pensamento humano é a filosofia.


Em termos mentais, a melhor mente de todas continuará sendo a sábia, a mais ''evoluída'', a partir de uma perspectiva ideal, ainda que muitas outras também serão de grande valia. Mas por ter uma autoconsciência mais portentosa e adequada, mostra-se comportamentalmente nova e ''superior'' e por razões tolas, por ser a melhor combinação entre o realismo natural e a fantasia cultural humana, como sempre revelando a sua natureza transcendental híbrida.

''Leitura da mente''

Por que, ou quando, não existe diálogo... 


A maioria pensa que tem bola de cristal pois pensa que é capaz de adivinhar pensamentos e intenções dos outros. Criou-se inclusive um termo na psicologia chamado ''leitura da mente''. Dizem que aqueles que são autistas ou que apresentam mais traços comportamentais do espectro do autismo são mais propensos a apresentarem déficits nesta capacidade que é fundamental nas relações sociais humanas. No entanto o termo em si parece muito vago pois quando observamos de maneira mais profunda as relações inter-pessoais daqueles que não apresentam qualquer desvio comportamental em direção ao espectro autista, concluímos que o único adjetivo que encontra-se difícil de se ser utilizado para defini-las é justamente aquele que é derivativo da palavra ''perfeição''. As pessoas que não são autistas apresentam muitos déficits em suas capacidades emocionais e em especial quando são relacionadas com o meio social. Só que por se consistirem na maioria e por seus déficits não olharem tão significativos, a priore, como no caso de muitos autistas ou afins, então foi estabelecido a ideia de que tal realidade pudesse não só ser tolerada mas também transformada no ''comportamento ideal'', e quando algo não vem à tona, muitos sequer o perceberão. Parece verossímil que o autista médio seja menos habilidoso em sua perspicácia não-verbal intencional, isto é, na tarefa de encontrar a intenção emocional certa das pessoas com as quais estão interagindo. Mas que este achado possa ser então reverberado para outros casos, eu já acho que se consista em uma decisão precoce. 

Eu já comentei que talvez estejamos confundindo os termos envolvidos e que quando a maioria dos especialistas em autismo ou psicólogos avulsos dizem que eles, em média, são menos empáticos, eu acho que o termo mais adequado seja o simpático. Eu já falei, verborragicamente, como era até então o meu costume, sobre as diferenças marcantes entre simpatia e empatia. A simpatia se consiste em uma espécie de empatia superficial, que mostra-se mais característica na expressão comportamental do que na ação em si, como por exemplo, sorrir ao invés de fazer algo que possa ser conclusivamente definido como ''empático'', e que pode ser facilmente traduzido como ''bondade''. Pelo que parece a maioria dos autistas não são simpáticos, porque a simpatia se consiste em uma resposta predominantemente não-verbal e emocionalmente benigna que encontra-se constante ou usual nas relações sociais dos neurotípicos. Um exemplo mundano mas muito necessário. Quando recebemos visitas em casa tendemos a recebe-las, oferecemos algo para comer ou beber, nos polimos ao máximo, nos forçando a um nível de educação que na maioria dos casos não se consiste em sua normalidade cotidiana. De maneira falsa ou sincera, nos prostramos a esboçar interesse em relação às visitas e àquilo que pretendem dizer ou conversar. Os chamados ''neurotípicos'' tendem a agir assim. Pelo que parece os autistas e afilhados, em média, ou não sabem como agir mas tentam de alguma maneira, ou não ligam pra essas regras sociais. 

Eu internalizei finalmente a metáfora de Schoppenhauer, vivenciado-a de modo não muito convidativo em meu dia a dia, porque pode-se dizer que eu seja como um ''estranho no ninho'', por ser muito diferente em comportamento e/ou motivações intrínsecas, em relação aos meus pais e irmãos. Eu sou como um estranho da rua ou conhecido distante que resolveu morar por definitivo na casa ''dessas pessoas'' e que por causa das diferenças de temperamento, comportamento e cultura neurológica tenho colhido mais atritos do que alegrias nessas relações.

Observando de perto o comportamento social de minha família eu cheguei a algumas conclusões. Primeiro, as pessoas interagem de maneira hierárquica e quanto mais dominante for o indivíduo mais ''respeitado'' ou ''temido'' ele será. E nossos pais tendem ou podem agir desta maneira, sendo mais comedidos com os seus filhos mais dominantes em personalidade e mais severos com os seus filhos menos dominantes. Em outras palavras, tal como a força da água que ao não encontrar resistência, invade certa área, o mesmo é provável que acontecerá dentro das relações humanas, a física básica explicando o comportamento em especial dos seres humanos comuns, que tendem a ser naturalmente subconscientes de suas próprias ações, tomando-as como perfeitas para cada micro-ocasião em que participam, isto é, confiando no instinto do que perguntando à razão ou ''segunda consciência'' o que acha*

Segundo, as pessoas tendem a produzir resumos grosseiros em relação ao conhecimento que constroem sobre si mesmas (intrapessoal) e sobre os demais (interpessoal), mesmo quando for  sobre os próprios filhos ou pais. Como resultado diálogos racionais não costumam ser lugar-comum provavelmente na maioria dos lares humanos.

Terceiro que as pessoas tendem por lógica intuitiva a se sentirem mais confortáveis, naturais e sociáveis quando estão perto de seus semelhantes em comportamento, motivações intrínsecas e personalidade. Deve ser por isso que nossos amigos tendem a ser geneticamente semelhantes a nós, como tem sido mostrado em alguns estudos recentes. E este achado pode nos ajudar também a entender um pouco sobre a relação quase sempre complicada entre autistas e afins em relação aos neurotípicos.


O autista ou similar é sempre o culpado...


Também pode ser comum dentro das famílias, como tem sido comum na minha, que o perpetrador de algum conflito, geralmente, seja desprezado pelas autoridades familiares, isto é, os pais, em relação à vítima que por sua vez se torna a culpada. 

O seu irmão implica, você reage e leva a culpa, injustamente. 

Tal como acontece em macro-conflitos sociais recentes em que os perpetradores, na maioria das vezes de criminosos ou de culpados principais pela situação, são tidos como vítimas enquanto que aqueles que na verdade são as verdadeiras vítimas, são culpabilizados. 

Neste caso, o autista ao vivenciar uma realidade de constante e extremo criticismo em relação a cada particularidade do seu comportamento, e muitas vezes, constituído por uma hiper-sensibilidade quanto à críticas, caminhará para se tornar mais e mais fechado dentro do seu mundo interior rico, reação que talvez a maioria dos seres humanos desenvolvessem se fossem colocados na mesma situação. No entanto a maioria dos seres humanos são neurotípicos, portanto, as chances de que sejam constantemente hostilizados ou criticados na mesma intensidade com que muitos se não a maioria dos outliers costumam ser, serão bem menores. O contrário é o mais comum, pois a maioria dos neurotípicos tenderão a se refugiar dentro do ''sombreiro da normalidade'', emulando ou mesmo acusando os outros de ser ou de pensar de modo divergente.

A capacidade de ler nas entrelinhas as intenções alheias existe mas é muito superficial para a maioria. Pelo que parece o autista médio e similares tende a sobrepor o seu mundo interior evidenciado por sua ''cultura neurológica'' (motivações intrínsecas, gostos pessoais, tipo de rotina, etc) sobre as regras sociais subjetivas de etiqueta enquanto que o neurotípico médio é ou se torna facilmente capaz de camuflar a sua personalidade em relação a essas regras emulando-as dentro de um limite amplo de ''aceitabilidade''. 

Talvez a principal razão para a falta de adaptação social de autistas e similares seja justamente por serem tão honestos e sinceros enquanto que as sociedades em que vivem predominam mentiras ou conclusões precipitadas tomadas enquanto verdades absolutas. 


Autistas e similares são elementos sociais diretos


A ''subjetividade'' que praticamente caracteriza as relações sociais neurotípicas bem que poderia ser substituída pela palavra ''falsidade''.  Eu também gosto do termo ''confusão''. Autistas e similares tendem a ser diretos nas relações sociais e deste modo podem ser também mais profundos nas mesmas, da mesma maneira que costumam ser em relação aos seus interesses de maior estima.

O típico jogo social humano é como um jogo de xadrez, de estratégia, de blefe, de flertes, de manipulação psicológica...

O jogo social de tipos mais virtuosos, como uma proporção possivelmente alta de autistas e similares, se consiste na objetividade em que fins raramente justificarão os meios, pois a finalidade e os meios para se chegar a ela serão progressivamente coerentes ou honestos que em outras palavras poderá ser entendido como ''meios e finalidades são os mesmos''. 

Portanto as pessoas neurotípicas, em média, conhecem mal a si mesmas, mal as outras pessoas e como resultado as suas ''leituras da mente'' serão artificiais e muitas vezes relacionadas com o acato das convenções sociais do que de respeitar e buscar um melhor entendimento de si mesmas assim como também das outras pessoas, que eu já comentei longinquamente, sobre as diferenças entre empatia parcial e empatia total.

O modus operandi social neurotípico aparece como o ideal mas tudo indica que está anos-luz longe desta realidade. Norma não é ideal, é norma e nada mais.


Imaginação e tendências psicóticas



A minha imaginação é fértil mas não é de alta resolução, porque eu não consigo visualizar um cenário inteiro, por exemplo. Melhor pra mim** 

Pois se ela fosse muito boa o meu cérebro poderia entrar em parafuso e acreditar que as fantasias que crio na minha cabeça fossem parte da realidade exterior que percebe. Seria um prelúdio à psicose, com certeza. 

Eu não consigo visualizar um cenário inteiro, apenas ou especialmente as personagens principais, e meio borradas, ou que se formatam em cores meio opacas. O movimento ou comportamento dessas criações imaginárias é outro problema. Percebi algumas vezes  que eu consigo criá-los, mas apenas quando a mente encontra-se mais calma ou menos obsessiva com esta tarefa ou quando o faço de olhos fechados. Peçam-me para imaginar e compilar raças de cachorros e eu o farei só que sem ser em alta resolução e de modo potencialmente aleatório. No entanto eu sou bem fantasioso e muitas vezes o meu ímpeto para visitar o meu mundo paralelo tende a ser instintivo, tamanha a sede pelo conforto de me sentir como a um Deus, controlando, regulando, compondo ou destruindo este meu e somente meu mundo cavernoso. Este mundo paralelo encontra-se relacionado com os meus ''interesses obsessivos'' ou ''predominantes'' e em parte servem para atenuar o meu narcisismo.

O tempo de duração de minha imaginação também é pequeno e aparece em flashes em especial quando é feito de olhos abertos. Será que é igual pra todo mundo ou será que algumas pessoas conseguem imaginar por mais tempo, com maior resolução e com mais movimentos continuados entre ''uma cena e outra''**

Esta incapacidade de visualizar em tempo contínuo, em boa resolução pode explicar em partes o porquê de não ser um exímio desenhista. 


As cores da minha imaginação não são totalmente desbotadas, mas também não são muito realistas. E isso pode ser bom porque me faz seguro aqui neste mundo, já bem complicado, e evita que naufrague em uma outra loucura, em uma realidade inexistente que o meu cérebro cria, com personagens, cenários, histórias. Acho que as cores de fora influenciam na composição das cores de dentro de minha imaginação. Eu me pergunto se uma imaginação muito desenvolvida, e não apenas constante, possa ter efeitos deletérios para os seres humanos que nasceram assim... nomeadamente tendências psicóticas.

Eu já consegui imaginar uma cena ''inteira'', isto é, a composição completa de um movimento, mais especificamente em relação à execução de uma rotina de barras assimétricas na ginástica artística. Percebo que quando me esforço em demasia não consigo produzir grandes ''clipes''. É com base numa fluidez espiritual, isto é, calmo e agitado ao mesmo tempo que me faz construir cenas mais interessantes e criativas. 

Com os olhos fechados, obviamente que consigo prover uma melhor resolução, mas ainda sem o realismo que alguns podem prover de modo mais desenvolvido.

Portanto, apesar de hiperatividade, a minha imaginação não é como um televisor moderno, de alta resolução, realista, e talvez esta intuitiva/fácil diferenciação entre o imaginado e o genuinamente percebido (visto) contribui de certa maneira para não apresentar tendências psicóticas mais arraigadas.


O medo e o interesse/atração pelo desconhecido + psicose


Eu tenho certo interesse por ''atividades paranormais'' e que também resulta em uma certa fobia em especial sobre ''fantasmas''. Não existem provas contundentes sobre esses fenômenos mas o meu cérebro parece se sentir atraído por este tema. Quase sempre depois que vejo algum vídeo sobre o assunto eu me torno mais arredio, mais sobrecarregado, preocupado com o meu redor, se pode aparecer algum sinal, por exemplo um vulto. Então o meu lado mais racional ou ao menos mais tranquilizador, me convence que ''não existe tal coisa'' e com isso eu consigo dormir tranquilamente. Mas por mais que ''eu saiba'' que praticamente não existem evidências sobre a existência de ''fantasmas ou espíritos'', o meu cérebro, que é agnóstico de carteirinha, prefere deixar este assunto em aberto e com isso produz em mim um sentimento de incerteza, ''existe ou não existe*''. A incerteza é um convite à imaginação/especulação visual-ideacional recreativa. Em relação àquilo que o meu cérebro tem certeza eu não tenho qualquer preocupação, por exemplo, ao ver um vídeo sobre Jesus Cristo e logo depois ficar com medo de dar de cara com ELE no corredor de casa. 


quarta-feira, 27 de julho de 2016

Será que eu ''sou psicopata''** ou que ao menos esteja dentro do jardim secreto dos ''anti-sociais'**

O epicentro semântico ou puramente/essencialmente descritivo da psicopatia se consiste na: incapacidade de ter empatia interpessoal geralmente relacionada com a desinibição moral, narcisismo e capacidade de manipulação ou astúcia/esperteza. Isso significa que muitas pessoas apresentarão ao menos um destes atributos. Alguns terão baixa empatia interpessoal, mas não serão narcisistas, manipuladores nem moralmente desinibidos. Outros serão "apenas" narcisistas. Mas apesar desta diversidade de (micro) epicentros, todo aquele que estiver dentro deste jardim de variedades sociopáticas, tenderá a ser acima da média em relação a esses outros atributos que estão correlacionados, isto é, o narcisista 'puro', por exemplo, ainda tenderá a ser mais manipulativo do que alguém com menor narcisismo. 

Bons em manipulação também costumam ser bons para compreender parte da realidade, em seu corpo, esqueleto, isto é, de modo operacional ou sistêmico. Por exemplo, uma pessoa comum pode atribuir a causa dos estados emocionais a eles mesmos enquanto que na verdade são expressões ou finalidades. Quando analisam o efeito como se também fosse a causa. Alguém que consegue analisar a emoção sob um ponto de vista não-emotivo pode vê-la sob um ângulo mais sistêmico e portanto mais próximo de sua origem, de sua primeva intencionalidade. Em outras palavras pode ver o processo e prever como que se expressará enquanto que muitos outros se concentrarão "involuntariamente" aos resultados ou produtos concluindo que ''a causa é o efeito''. O produto é analisado e o processo é desprezado. Mas se o processo for conhecido então se poderá de fato chegar à sua origem/causa e entender plenamente como que se dá o seu comportamento completo, do nascimento à finalidade. 

Quem manipula e de maneira mais coesa compreende melhor sobre o processo, além do próprio produto/efeito, pois pode prover modificações sobre o processo e portanto o próprio produto. 

É um tipo de técnica muito usada na política por meio da propaganda, mas também em tudo aquilo que se relaciona com a política como a "religião" e a cultura. 

O caráter cognitivo da psicopatia parece se consistir em parte essencial para a sabedoria pois também é de fundamental importância entender e mesmo de ter certa familiaridade com o mal, ao menos, a nível ideacional, para que se possa com isso prover o mais completo ou perfeccionista julgamento moral.  Eu tenho me visto desta maneira, enquanto um proto ou mesmo um pós psicopata, em termos cognitivos, por ser ou por acreditar que seja muito bom na arte da manipulação. No entanto eu não estou plenamente desprovido de intenção/motivação empática, o cerne fundamental que distingue psicopatas de não-psicopatas. Eu sou narcisista mas não ao ponto da megalomania inconscientemente percebida ou simplesmente não-percebida, ainda megalomaníaco eu tenho consciência crítica em relação a essas minhas tendências. Eu tenho maior desinibição moral em especial em relação à moralidade subjetiva, mas eu sou o completo oposto em relação à moralidade objetiva. 


A moralidade subjetiva se consiste no produto sócio-cultural da ignorância e estupidez impostas como norma-padrão para as pessoas comuns ou comumente medíocres. Por exemplo, eu posso olhar com desprezo para a devoção religiosa em relação aos seus símbolos, santos católicos ou Maomé. E isso pode ser interpretado por muitos como "coisa de psicopata". Um manifestante lgbt pode enfiar a estátua da "nossa senhora" no ânus que eu não irei achar esta atitude instantaneamente imoral porque pra mim não há qualquer simbolismo literal que o valha. Eu posso refletir e pensar no desrespeito em relação à crença cristã. No entanto como julgamento final eu posso e tenho concluído que rir deste tipo tão comum de imbecilidade humana, que é a de tomar a fantasia grosseira como verdade absoluta ou factual, mais do que uma possibilidade completamente correta de ser efetuada também se consiste muitas vezes numa necessidade. Rir de todos os ídolos. Aquilo que tem restado aos pensadores honestos e filosoficamente inteligentes. 

Eu também posso olhar para o valor que a mentira pode ter. Neste caso eu posso vê-la como um meio que, geralmente errado, pode ser funcional se a finalidade for correta. O problema nesses casos não é a mentira por si mesma mas os efeitos que pode resultar.

Eu posso ver valor em quase tudo. O problema sempre é a estupidez. Quando algo está sendo feito de modo equivocado, conflituoso, o valor ou se perde ou se definha. 

O psicopata consegue compreender  fraquezas e forças alheias, assim como as de si mesmo, e o seu cérebro ainda é capaz de lhe prover as melhores cartas para jogar de acordo com a sua estratégia mental do momento. Ao entender melhor as pessoas do que elas mesmas poderiam, o psicopata, em especial o de alto funcionamento, se torna capaz de antever aos gostos ou predileções de cada um. Em outras palavras, aquilo que a maioria das pessoas deveriam ser naturalmente atentas ou capazes de prover e pra si mesmas, o autoconhecimento, o psicopata ''faz'' por elas. Uma outra possibilidade complementar de explicação quanto a esta situação pode se dar pelo fato da psicopatia resultar no desligamento constante de atribuições neurológicas que se expressam com base no julgamento moral e que geralmente serão falhas a operacionalmente insuficientes para uma boa parcela dos seres humanos. Esta anormalidade da mente psicopática então parece abrir outras janelas de compreensão ou análise do comportamento que alguns estudos tem sugerido tende a ser feita de modo predominantemente lógico pelo psicopata, e emocional pelo empata, isto é, ao analisar uma situação que envolve emoções, o mesmo tende a fazê-la de modo lógico. Enquanto que, é o que parece, para a maioria dos seres humanos, existe ao mesmo tempo uma fronteira que delimita e separa emoção de razão, se misturam equivocadamente, em especial para o raciocínio que não for totalmente voltado para o autoconhecimento, ''comprovando'' a minha ideia de que o ser humano médio seja ''mentalmente estrábico'', e situação diferente parece acontecer, em especial com psicopatas e sábios. Emoção e razão, para os dois, me parece que estarão usualmente conectadas, a priore ou a nível ideacional, mas que vão se tornando progressivamente separadas a partir do momento em que serão acessadas para a produção do raciocínio, do pensar. No caso do psicopata, existe a quase inexistência de emoções genuínas, estas que o acusariam de ter alta empatia afetiva, restando para si apenas a lógica. O psicopata então, faz tudo aquilo que a maioria dos seres humanos também tendem a fazer só que parcialmente, e cada subgrupo ao seu nível de proximidade proporcional em relação ao comportamento típico do psicopata: extremamente egoísta, impulsivo/calculista e moralmente desafiador. No caso do sábio, por causa da necessidade de se conhecer muito bem a bondade e maldade, parece ser preciso este ''mergulho'' ou ''incursões'' dentro do submundo emocional da psicopatia, como eu já falei, não basta saber apenas sobre o epicentro da bondade (capital), também é importante conhecer os seus limites (fronteiras). Apenas deste modo que de fato conheceremos a bondade, ao conhecermos a maldade, da mesma maneira que, dualisticamente falando, não existe (o conhecimento da) sombra sem (o conhecimento da) luz.

O psicopata parece ser provido de elevada inteligência emocional (empatia cognitiva*), operacional ou puramente cognitiva, justamente por ser pouco emotivo, ele pode, ao invés de ser escravizado por sua emotividade, que é quase inexistente, usar esta potencial fraqueza que é comum aos outros, pra si mesmo, em seu próprio benefício. Observa-se mais uma vez o hiato que costuma existir entre o ser e o fazer. Uma maior inteligência emocional (puramente) cognitiva sem empatia afetiva, tende a ter como resultado se não a psicopatia algum outro tipo de ''desordem' mental de natureza moral. O que no entanto é bem notável é a desconexão entre o potencial e a realização no mundo literal, das ações.


O psicopata neste sentido encontra-se quase que totalmente desprovido de ''consciência estética'', por ser incapaz de compreender o valor da beleza/harmonia/simetria em todos os seus poros. Ele é capaz de percebe-la e mesmo de busca-la em sua superfície mas sem toda completude emocional que é necessária para torná-lo sábio, que ou aquele que, ao contrário do psicopata, encontra-se totalmente embebido pela consciência estética. 

Interpretar analiticamente a realidade social humana é meio passo para se agir de modo calculado e muitas vezes buscando pela própria vantagem gritantemente egoísta. A moralidade sentida funciona como um freio para as nossas ações e sem esses limites agiremos sem refletir ou mesmo refletindo, como eu acredito que muitos psicopatas fazem, sem chegar a uma conclusão moral ardentemente contundente e influente, que resultaria no repelimento de ações histrionicamente egoístas.

Mesmo a minha estratégia filosófica que parece impossível por agora não esta e nunca esteve totalmente rendida pelas paixões que a emoção nos avassala. Mesmo a minha purificação moral tem um quê narcisista, uma maneira de mostrar-me, primeiramente pra mim mesmo de modo superior aos outros. Mesmo a razão e a busca incessante por seu aperfeiçoamento, característica comum a pensadores profundos, também tem doses pouco homeopáticas de narcisismo. 


Minha desinibição moral se consiste em um convite para a adaptação que no entanto encontra forte resistência por parte do meu próprio narcisismo. Mesmo tudo aquilo que tenho escrito sobre sabedoria tem um quê de autobiográfico. E mesmo a minha humildade invariavelmente revelada também é produto de uma reinterpretação do meu narcisismo. Uma mistura útil e agradável. Me agrada fazer o bem e ainda é útil para acalentar o meu narcisismo. No entanto novamente esta tendência pode ser universal e eu sou apenas honesto demais para admiti-la.

Eu sou melancólico e que, a modo apropriado, em específico pra este texto, pode ser transladado para quase-depressivo. Eu combino um olhar profundamente realista extraído de minha melancolia juntamente com um olhar de matiz psico-cognitiva "psicopática", isto é, moralmente desinibida, a Priore, e manipulativa. 

Defino-me como um pós psicopata, que reconhece as vantagens desta desordem, que tem consciência de si mesma, branda porém característica. Eu vejo o psicopata como um dos tipos mais realistas de seres humanos, ao contrário de muitas ideias dentro da psicologia que visam atenuar ou mesmo desmerecer esta verdade, dolorosa mas genuína.

Talvez em mim a jovem razão que para a maioria permanece presa em seu calabouço frontal assistindo as artimanhas de sua madrasta mais velha, encontra-se a ponto de libertar-se por seu caminho dourado em direção ao solo de pedra e medievalidades.

Eu vejo-me como um pós-parasita que evoluiu para o mutualismo e que vê nesta estratégia de vida o valor da sabedoria, em especial dentro de organizações sociais ou pluri-individuais. Enquanto que a maioria dos psicopatas de alto funcionamento são como típicos parasitas e os mais primários são como predadores. Pequeno, frágil, porém perspicaz e conselheiro. Eis o sábio.





Eu sou dois pequenos olhos do universo e outros lares

As estrelas brilham em mim
dentro há vida
eu sou uma nação e as represento
eu sou o reflexo de uma noite estrelada
de uma sorte contida
eu brilho contrastes e paixões
eu luto contra o luto
eu sou feliz
sou dois pequenos e faiscantes olhares
eu sou o universo que sente a si mesmo
e isto é a vida
eu sou a lógica da existência
eu sou a luta em vão contra o caos


Cala o verso,
no silêncio de se escutar,
em seio nu, de se deitar,
na preguiça, braços a navegar,
um corpo só,
calando em pontos finais,
na angústia, em seu disfarce,
em suas palavras,
e paladares...

Na ousadia de continuar,
na luta e no sonho, põe-se a mirar,
Na sanha que faz sentido,
vai todo quente ao topo,
se esquece que foi sem querer,
sem saber,
sem de fato saber que valeria apena
foi-se e assim vão as vidas


Na persiana da vida
eu espreito as estrelas
confronto o céu nu de verdades
brilho perguntas pelos ares
penso no amanhã, no antes,
mas só existe o agora
e nesta lógica
busco a razão
porque busco a mim mesmo
a me encontrar sem lembrares
que a lembrança é um vento bom
que ser feliz e triste é apenas melancolia
acalma o coração
que o sol brilhará de manhã
e mais um dia, mais uma página virá
e na força da vida
que sempre prepara 
e na dispersão, em que-se despede 
o melancólico, quase parando o tempo em seu triste olhar
alegre pela beleza, a se contentar
todos estão à luta,
correndo, atrasados,
distraídos, ocupados,
todos querem o topo,
e você já chegou lá
e não há nada demais,
nada daquilo que acreditam ter
não tem um baú dourado 
não tem o paraíso
apenas se entender
que o paraíso só pode ser você




Os broncos nacionalistas são como aqueles alertas de incêndio que acendem automaticamente ao primeiro sinal de fogo...

... só que com defeito.

Acendem, mas não soltam qualquer barulho, de início.

Os ''broncos nacionalistas' tendem a ser mais instintivamente inteligentes e funcionam, novamente, como os sentinelas que cuidam da segurança de fortificações, castelos ou fronteiras. 

Mas achei mais divertido e auto-explicativo o uso desta metáfora visto que de fato eles se parecem com '''sinalizadores de incêndio'', destes que encontramos em prédios modernos. E então em qualquer sinal de incêndio eles acendem.... só que não tocam nem funcionam como deveriam esguichando água para conter o fogo.

As outras pessoas os vêem mas não os escutam. Então eles começam a fazer barulho, finalmente...

Mas o mecanismo de esguichamento da água para conter o fogo não funciona.


E no final, os crápulas que estão no governo até convencem essas outras pessoas a desligarem os sinalizadores, por perturbarem o ambiente.

Então os mais ricos colocam as suas máscaras contra a fumaça tóxica que vai contaminando todo o prédio. Alguns tentam abrir as janelas pra dispersarem a fumaça...


terça-feira, 26 de julho de 2016

Ser inteligente ( sábio especialmente) é ser sortudo...

O que é lembrar**

Agora pouco me lembrei de um texto que li, diga-se, superficialmente, de um blogueiro da comunidade HBD, faz uns anos já, em que ele elencava sobre os possíveis ''qi'' dos políticos russos. Eu lembrei mais especificamente daquilo que disse sobre o possível qi médio ''de'' agitadores esquerdistas, de se situar em torno de ''115''. E usei esta lembrança para comentar em um blogue.

 Como que aconteceu este processo de 

- ler algo

- e uma lembrança perfeitamente encaixável vir à minha cabeça, emergir* como se alguém tivesse me dado às mãos o ''documento'' correto**

Lembramos apenas aquilo que guardamos e quanto maior a memória possivelmente mais coisas poderemos nos recordar.

Mas também tem a funcionalidade ou melhor a eficácia da memorização. Memorizar ''isso'' pra quê* quando usá-lo* 

Por isso que ''nascer inteligente'' antevem ao ''ser inteligente'' e se consiste em uma clássica condição de sorte, do que de conquista pessoal... 

internalizamos, absorvemos a memória ambiental e nosso cérebro parece trabalhar ''sozinho'' fazendo o trabalho de priorizar de acordo com as nossas necessidades/motivações intrínsecas e como um bom funcionário, nos dá as informações absorvidas no momento correto e quanto mais sábio, mais eficaz será este funcionário.

Se continuamos submergidos em um mundo intuitivo, e eu necessariamente não sei como seria um mundo sem a intuição dominando os nossos pensamentos,  então nascer com a melhor ou especialmente com ''a mais sábia'' das intuições divergentes (criatividade) e convergentes (inteligência) em algumas perspectivas holisticamente importantes, se consiste em um presente ''de'' Deus para alguns de nós, tal como se diz em inglês, ''gifted'', presenteado. Em especial um mundo que conspira contra o indivíduo como o mundo sofisticadamente psicótico do ser humano.

Eu devo tentar nos próximos anos alguma tentativa de desenvolver OU apenas tornar constante o meu pensamento reflexivo, e é provável que não seja muito bem sucedido nesta tarefa.

O pensamento sempre antecede a ação e muitas vezes agimos, literalmente falando, ''sem re-pensar'', sem refletir, e mesmo quando refletimos, quando falamos com nós mesmos, nos criticando, nos questionando, ainda é possível que não consigamos parar a ação. Isso já aconteceu comigo algumas vezes. E quando o  fazemos, isto é, conseguimos conter a erupção da ação sendo consumada, parar no meio do caminho, não é incomum que nos tornemos irritados por causa disso.

''Cortar o barato, a expectativa, a consumação do ato'' se consiste em uma revolução no ato de agir, no ato em si.

A ignorância em sua imparável fluidez egocêntrica e que muitas vezes será disfarçada pela ''máscara da sanidade/normalidade'' de fato é uma ''bênção'' para muitos que a tem em níveis alarmantes, estes que estão em um estado constante de transe, ''hype'', absoluta e absurdamente convencidos, como se tivessem se tornado ''deuses'', imparáveis, incontroláveis e claro, teimosos em sua estupidez, como deuses gregos, diabolicamente híbridos entre o fogo da razão e do instinto.

Portanto eu faço pouco ou quase nada, ao menos eu não vejo as minhas próprias ações sendo pensadas e tomadas, nós não vemos, e no meu caso, eu acredito ter uma certa eficácia para prover os melhores argumentos com as informações mais pertinentes,

isso merece um aumento de salário para o meu cérebro, porque ''eu mesmo'', não fiz nada, sou um explorador, mas também sou dependente do seu humor, ''eu'', o eu-mente''.

talvez o meu funcionário possa ser a minha mulher, ou mesmo, o meu parceiro, e seja não apenas inteligente mas também cheio de vontades. 

lasquei-me, no final, tudo se lasca, diria um suicida.

Bom em fisionomia** O que isso pode significar**

Faces me excitam e me transtornam. Eu as persigo nas ruas, mas geralmente viram de lado quando me veem caminhando em suas direções. E quando sou eu que estou fugindo, são elas que se viram em minha direção. Não, eu não sou (completamente) psicótico. Eu não estou fantasiando, eu sei quando alguém olha direto nos meus olhos, porque eu estou sempre olhando pra eles. Eu sou bom para comparar essas faces e encontrar similaridades. Muitos devem ser assim também, bons para detectar padrões de similaridades, diferenças, perturbações ou simetrias biologicamente desejáveis, isto é, bons em fisionomia. O meu mundo é assim, parece que o que mais lhe define é o seu caráter sempre intermediário, sempre híbrido entre duas correntes geralmente opostas. Cada extremo puxa mais e mais para o seu próprio lado. O frio quer ser mais frio, a ponto de congelar instantaneamente. O calor quer mais a si mesmo, e continua desejando, que o sol engula todo o sistema que lhe prega obediência e saia vencedor de sua própria derrota. 

Faces me causam medo, ansiedade, curiosidade, interesse e me atraem para ver o que há além de suas superfícies. As pessoas me interessam e me assustam. Eu quero ver mas não quero, quero apenas entender e sou direcionado para este lado social, ainda que, um rabugento anti-social.

domingo, 24 de julho de 2016

As perspectivas existenciais humanas são mais heterogêneas do que das outras espécies... e uma nova recomendação pedante para a ideia de ''hereditariedade''....

O ser humano parece ser a forma de vida que é a  mais individualmente variada ou heterogênea. Enquanto que a maioria das outras formas de vida tendem a produzir indivíduos homogêneos, mas que não são necessariamente de clones, a humanidade parece ser a que mais produz individualidade singular, isto é, na constituição de organismos individualizados. Mais do que herdeiros, nós somos mutantes ou recombinantes geneticamente equilibráveis de nossos antepassados. Como resultado, as nossas auto-percepções de tempo/nossa mente e de nossos respectivos lugares no mundo/espaço que desembocam em nossos caminhos de vida adquirem uma paleta que mesmo a nível individual será muito mais diversificada do que em relação aos dos demais animais, e sem qualquer tentativa de ''antropo-supremacia'', é apenas uma observação possivelmente correta e óbvia. Ao ''herdarmos metade dos genes de nossos pais e mães'', nos tornamos ou somos recombinantes e não apenas clones ou replicações discretas dos mesmos.

Isso também pode ajudar a explicar a baixa herdabilidade de alguns 'traços' como o canhotismo e a homossexualidade bem como também a natureza tanto da herdabilidade quanto da hereditariedade, de maneira possivelmente mais precisa ou honesta em relação ao que realmente é, transferência intergeneracional complexa de caracteres/genes resultando na recombinação individual dos mesmos. O indivíduo humano não é apenas indivíduo por ser um organismo numericamente singular, mas também por ser um organismo organicamente singular.

Não herdamos os genes de nossos pais, apenas ou especialmente, mas 

a copulação de nossos pais nos produziu, isto é, produziu nossas singularidades orgânicas e complexas, tipicamente humanas. Tal realidade será menos saliente para as outras espécies e novamente, sem qualquer intencionalidade supremacista.

Analogia sobre a facilidade humana para aprender a falar uma língua e a de aprender a ler, escrever, expandir o vocabulário e entender o significado das palavras

O ser humano parece que foi moldado para o rápido aprendizado da linguagem visto que a menor exposição à mesma, em especial nos primeiros anos de infância, tende a resultar em seu aprendizado praticamente a nível instintivo. Da mesma maneira que somos geralmente velozes para aprender uma língua durante os primeiros anos de vida, também somos, porém mais diversamente assimétricos e portanto menos universalmente homogêneos, para aprender capacidades mais específicas da mente humana. Existe a ideia de que a criança aprende rápido por ter um cérebro mais criativo. No entanto, um cérebro mais plástico (e ainda em formação) necessariamente não quer indicar ou resultar em criatividade. Eu já me questionei se isso é verdade em um texto que fiz sobre o assunto. Por exemplo. O caso mais famoso de "criança feral", da Ucrânia. Atualmente, a até então menina que agia como um cachorro por (supostamente) só ter convivido com cachorros durante os seus primeiros anos de vida, parece ter aprendido muito bem a linguagem humana já adulta. Parece "hardware" a nossa capacidade para aprender uma língua mas especialmente se for a nossa primeira língua ou "materna". Em compensação parece mais difícil para o ser humano médio aprender mais de uma ou duas línguas. O cérebro infantil, provavelmente por ser muito mais plástico, torna a possibilidade de aprendizado veloz muito mais viável. Ao longo do tempo esta plasticidade que pode resultar na criatividade vai se ossificando tornando o cenário infantil bem mais difícil de se prolongar por "toda" vida, em especial para os não-poliglotas. 

Claro que esta realidade parece se encaixar perfeitamente com a 'minha' ideia da ''metáfora dos elásticos, da corrida com obstáculos...'' enfim, todas as minhas tentativas de explicar essas diferenças. Isto é, se há ''mais espaço no cérebro'' para aprender mais de uma língua então o indivíduo, em especial aquele que tiver este tipo de cérebro, quando exposto (minimamente falando, isto é, sem grande necessidade de incentivos constantes ou intensos para esta tarefa) à possibilidade de aumentar o seu número de línguas aprendidas, o fará sem grande dificuldade. Isso quer indicar que o seu ''elástico'' ou potencial--facilidade para continuar neste caminho, isto é, superar com facilidade os obstáculos, será muito maior. Talvez nenhum ''aprendizado'' se sustentará por toda uma vida se não estiver diretamente/intrinsecamente relacionado com as suas potencialidades/facilidades individuais. 

O cérebro adulto do ser humano médio carregado de aprendizados tende a se tornar progressivamente menos plástico e portanto menos apto para aprender novas torrentes de habilidades ou técnicas.

 Também parece existir a noção popular que o aprendizado do vocabulário encontra-se bem mais influenciado por circunstâncias ambientais do que por exemplo o aprendizado da matemática. Pode ser parcialmente verdade mas eu tenho a impressão que esta é uma noção superficial e que portanto tenha mais nuances do que a sua conclusão.

Da mesma maneira que o aprendizado da linguagem especialmente da primeira linguagem parece ser "hardware" entre boa parte dos seres humanos o potencial para aprender a verbaliza-la por meio da escrita também parece ser " parcialmente hardware" mas menos universal e portanto mais assimétrico/desigual do que a primeira. Isto é,  o potencial para o aprendizado do vocabulário precisa da exposição mínima do mesmo para que possa ser ao menos conhecido. A partir desta primeira etapa, nas escolas, as crianças humanas apresentarão diferentes níveis ou facilidades para aprende-lo,  desenvolve-lo, de um nível simples para um nível complexo. Um cérebro zero-bala, fresco, sem qualquer memória ambiental (e 100% preenchido por ''memória genética/genotípica''). Podemos nos comparar aos carros e os carros recém saídos da fábrica seriam como as crianças recém nascidas. Assim como cada carro já apresenta as suas próprias características de fabricação o mesmo acontecerá com qualquer criatura orgânica. Nascemos com um modelo de possibilidades cravado em nossos genes, em nosso código genético. E claro que o ambiente terá um papel, porque não existe vida sem cenário. 

O desgaste da vida ou  o envelhecer também é se "contaminar" de "memórias ambientais" ou lembranças. Assim como acontece com os carros que ''nascem'' zero-quilômetro e ao longo do tempo vão se acumulando de ''memória ambiental''.


A memória ambiental e em como que a gerenciamos define os nossos comportamentos, e essas ''memórias'' funcionam como gatilhos para as ações que delas se originam.

Eu não concordo que a inteligência verbal seja menos genética que a inteligência não-verbal, porque na verdade esta primeira também é um tipo de inteligência não-verbal. A inteligência verbal esconde ou omite aquilo que de fato é. As palavras são como roupas para o corpo, e se é o corpo aquilo que veste, então as palavras não podem ser o fim em si mesmas, mas o corpo, o fim e também o começo, que em um mundo honesto ou apenas analiticamente honesto serão os mesmos. 

As palavras representam categorias de tudo aquilo que existe, enfim de tudo. A priore aquele que compreende melhor as palavras seria um conhecedor mais afiado do mundo, mas isto tem sido provado parcialmente inconclusivo visto que existe uma grande proporção de pessoas verbalmente inteligentes que ao invés de atenderem à expectativa desta lógica proposta, em que as palavras vestem a realidade, que lhe dão simbologia associativa entendível, fixam uma ideia por meio da comunhão da palavra ou símbolo com a existência de algo que está sendo observado e aceito como existente, caminham para o caminho oposto. Em um mundo povoado por humanos, outra população se fará numerosa e complementar ao número de humanos, e será a de distrações. O mundo humano tomou a sua própria confusão voluntária, em especial para compreender o mundo abstrato, enquanto ''subjetividade'' ou ''complexidade'', mas que na plena verdade factual/física se consiste na continuidade da concretude, só que agora por meio daquilo que o mundo concreto emana ou expressa (abstrações), ao invés de apenas a observação e compreensão factual instantânea via percepção sensorial + interpretação da mente (verdade objetiva).

Para entender a realidade do comportamento humano e de sua natureza transcendentalmente híbrida, há de se focar no espectro instinto-domesticação, que simplesmente define o ser humano em suas muitas pluralidades comportamentais. Os mais instintivos, que já nascem cientes de si, de suas identidades, tendem a compreender o mundo sob o mesmo ponto de vista que é operacionalmente similar a idêntico a de outras formas de vida que não foram domesticadas e portanto tendem a agirem de acordo. Entender pelo instinto também é entender o mundo natural por si mesmo, melhor do que o domesticado, humano ou não. No entanto, a compreensão apenas instintiva ainda será altamente tendenciosa, ainda que o ser humano tenha se desenvolvido a ponto de ser entendido como ''nascido para compreender de modo inicialmente equilibrado a verdade objetiva ou realidade imediata/sensorialmente direta, por si mesma''.

A redução do instinto também significa a redução da auto-consciência irreflexiva ou intuitiva, isto é, sem grande ou mesmo qualquer reflexão quanto a si mesmo e no entanto de ainda ter um autoconhecimento ''primitivo'' (primário), sobre quem é. Por um lado abre espaço para o aprendizado de novas técnicas/realidades assim como também para o contestamento da realidade ''natural'', isto é, para a reflexão. Por outro lado reduz o reconhecimento intuitivo ou não-verbal da realidade ''natural'', concreta ou da (continuidade da) verdade objetiva. A domesticação parece que corta a evolução da percepção humana que em condições normais evoluiria ou caminharia para a ''zona habitável da sabedoria''. A redução do instinto reduz também o auto-centrismo (e egoísmo) e nos ajuda a entender aquilo que somos só que de maneira impessoal, por exemplo, a de que apesar de sermos nós, o ''eu'' se consiste em uma construção de si mesmo, e não necessariamente em uma coisa absolutamente integrada, se é pouco provável que tal coisa exista, e se de fato toda coisa que aparenta integridade física nada mais é do que um sistema, uma construção, com suas partes inter-ligadas. O ''eu'' absoluto é impossível assim como também um ''livre arbítrio'', o seu completo oposto. No entanto, a domesticação nos torna menos cognitivamente espertos/socialmente não-verbais e mais naturalmente servis. Criticamos, questionamos, enquanto domesticados humanos, em especial do tipo ''outsider'', mas sem a sabedoria, este tipo de padrão de comportamento/expressão se torna incompleto.

Como eu propus em um texto anterior, o sábio seria justamente aquele que combina perfeitamente instinto (calculismo lógico) com domesticação (docilidade/emoção). 

O aumento da capacidade de aprendizado, isto é, de apreender algo além de si mesmo, enquanto o ''eu instintivo'' ou simplesmente instinto, tende a se relacionar com maiores capacidades cognitivas como a verbal. Isso pode nos ajudar a entender o porquê de tantos verbalmente inteligentes não serem, de acordo com a lógica acima, conhecedores natos do corpo ou realidade que as roupas ou palavras vestem. Eles sabem mais das ''roupas'' do que de anatomia, ;)

O sábio é justamente aquele que melhor pode compreender a realidade humana, em especial, em toda sua base plural de camadas categóricas, do instinto não-verbal à própria realidade das invenções simbólicas humanas como as palavras. O sábio é aquele que consegue prover esta união dos dois mundos que a humanidade encontra-se dispersada. O tamanho do vocabulário nem sempre significará o seu entendimento prático, isto é, ver nas palavras que estão sendo usadas com utilidade vital, por meio de seus significados mais puros e portanto corretos, e usando-os como peças para o entendimento e harmonização ou maximização da construção de um mundo objetivamente perfeita, que mais se relaciona com o instinto e com a emoção, a aplicação decisiva e absolutamente correta da filosofia na vida humana. Novamente, esta parte que está um pouco fora do assunto principal do texto contribui enquanto uma continuidade do texto sobre instinto, inteligência e domesticação.

O instintivo sabe apenas de sua verdade biológica, de maneira literal, desde quando nasce e cresce integrado, coeso à esta sua alienação natural. O domesticado, em específico o humano mas também os muitos tipos de outsiders, podem entender a verdade além da biológica, ainda que a maioria deles não o fará de modo precisamente sábio, ao se verem mais abertos para novas ideias, do que o instintivo, inclusive àquelas de tom mais filosófico e portanto holisticamente profundo. E o sábio, novamente, se consiste nesta perspectiva intermediária altamente vantajosa, uma espécie de vigor híbrido perceptivo entre as duas ''espécies'' transcendentalmente opostas.

Como eu já devo ter falado antes neste e no velho blogue do ''santoculto'', a inteligência verbal, ou melhor, a capacidade técnica de ler, escrever, desenvolver o vocabulário e compreender o significado das palavras, esconde a verdadeira natureza deste tipo de cognição que também é obviamente ''não-verbal'', e se relaciona à compreensão sensorial e percepção/interpretação mental, humanamente equilibrada, da verdade objetiva, em sua base, em suma, na compreensão da realidade, e a continuidade desta compreensão do mundo físico, em direção ao mundo abstrato ou  expressões/ondas vibratórias que emanam da concretude plural (quantitativa ou matemática) ou qualitativa.


sábado, 23 de julho de 2016

Problemas emocionais e proporção cultural-demográfica de similaridades comportamentais

A solidão pode e geralmente aumenta o estresse humano. Quanto maior for o número de pessoas que são comportamentalmente parecidas com o ser humano maior será a sua ''antropofilia local'', o sentimento de pertencimento àquele lugar, cultura/comportamento, de conforto por compartilhar os mesmos códigos ''morais''. 

Quando vamos percebendo progressivamente que temos poucas pessoas para confiar totalmente, isto é, estabelecer uma relação profunda de amizade, vamos nos tornando menos abertos, mais desconfiados e que dependendo da pessoa pode levar à níveis altos de paranoia. A proporção de pessoas que não se parecem com nós em termos de comportamento parece mediar, eu não diria exatamente a essência de nossas personalidades que pouco muda, mas em nossas ''personalidades sociais'' ou ''interpessoais'', a maneira com que nos apresentamos aos demais, bem como também as nossas abordagens inter-pessoais/sociais constantes em que quanto mais solitário, maior será o estresse psicológico, e quanto mais ''popular'', menor será.

Portanto nós temos as nossas características comportamentais inatas, as nossas disposições comportamentais e cognitivas e  também temos o ''ambiente'' em que estamos e suas características demográfico-psicológicas, que são muito relevantes pra nós, porque revelará a quantidade de amigos, pessoas a quem confiar, mercado de ''acasalamento'', etc... 

Maior é a alienação, maior será a vulnerabilidade para forjar uma personalidade social distinta em relação à verdadeira, à personalidade essencial.

Sabemos que introversão necessariamente não quer indicar timidez. Eu sou introvertido e processo uma carga maior de informações ambientais do que a grande maioria dos extrovertidos, creio eu. 

Mas viver em um ambiente onde a esmagadora maioria das pessoas são mais para extroversão, aumenta o meu estresse e o lado potencialmente patológico da introversão como a paranoia e a fobia social se torna mais provável de se manifestar.

Intuitivamente sabemos quando somos aceitos ou não. E ao nos sentirmos instintivamente ameaçados, os nossos cérebros irão se adaptar a este estado de estresse emocional constante, de maneira apropriada à situação. 

Mesmo que consigamos forjar ''personalidades sociais'' bem sucedidas, é muito difícil ser ou fingir ser aquilo que não é. 

Novamente, características comportamentais inatas contribuem para influenciar nas respostas reativas a esta realidade hostil ou que encontra-se abaixo do ótimo individual de harmonia inter-pessoal ou social.

Eu acredito que sem tanta hostilidade ou ao menos sem um leve porém constante e triunfante desprezo (e a recíproca tende a ser verdadeira), muitas pessoas que padecem de transtornos psicológicos exacerbados por este tipo de ambiente, seriam muito mais relaxadas e felizes se a realidade quanto à similaridade proporcional-comportamental fosse oposta.

Portanto, como conclusão deste breve texto, a solidão pode sim ter efeitos aditivos negativos à saúde mental humana, se somos uma das espécies mais sociais, então precisamos da companhia de amigos ou ao menos de pessoas iguais a nós em especial em comportamento para que possamos relaxar e deixar a fluidez da ignorância nos levar, ou não, dependendo do tipo de pessoa, de sua capacidade perceptiva, crítica e reflexiva.

Não estou retirando a genética como fator importante, pois de fato nascemos com pré-disposições, mas o ambiente também pode e geralmente terá um impacto, em especial naqueles que estão mais inatamente e ambientalmente vulneráveis, como eu por exemplo, isto é, ao exibir um combo de maior reatividade emotiva + um ambiente que, ao invés de balancear esta tendência, funciona como um fator aditivo para este caminho.

Eu acredito firmemente por agora que se tivesse muitos amigos verdadeiros ou mesmo que apenas vivesse em um ambiente cultural e comportamental que espelhasse ao menos metade das minhas predileções pessoais tanto para a cultura quanto para o comportamento e subsequente constância nas interações inter-pessoais, eu não teria desenvolvido fobia social nem paranoia, por razões que parecem óbvias. Eu acredito também que isso não significa que neste tipo de situação todo mundo reagiria igual, que portanto haveria uma variação de resposta acumulativa e que como eu já falei antes, apenas em ambientes/circunstâncias ou situações extremas que haverá uma maior tendência para homogeneidade nas respostas reativas individuais.





sexta-feira, 22 de julho de 2016

Quanto mais longe do instinto mais ingênuo?? E a perspectiva existencial perfeita do sábio, a zona habitável pra ''vida inteligente''

O ser humano é o animal menos instintivo de todos. Mas entre nós alguns ainda serão menos instintivos do que os outros. Um padrão recorrente. Em qualquer eleição para presidente ou plebiscito "os mais [ cognitivamente ] inteligentes" tendem a votar de maneira equivocada em especial a partir de uma perspectiva instintiva enquanto que o oposto tende a ocorrer entre os "menos [ cognitivamente ] inteligentes". O voto pela saída do Reino Unido na União Europeia é um exemplo desta realidade. Também é provável esperarmos que uma grande proporção de americanos "mais [ cognitivamente ] inteligentes" votem no candidato democrata para presidente ainda que tais tendências pareçam variar de país para país. 

Escolhas politicas estupidas parecem ser lugar comum para uma grande proporção de pessoas que exigem "maiores capacidades cognitivas". E essas escolhas tendem a se correlacionar significativamente com abordagens instintivas.  Por exemplo, ser a favor ou contra a imigração em massa pode revelar o quão "instintivamente inteligente" você está

O instinto e a intuição são formas habituais do pensamento humano e predominantemente dominantes entre as outras espécies. O instinto é veloz e eficiente mas são justamente as suas qualidades que podem ser problemáticas em especial em ambientes em constante transformação. 

Comportamentos herdados são instintivos por excelência e revelam o modo de vida/estratégia de sobrevivência das espécies. O ser humano exibe em média menor influência instintiva em seu comportamento quando comparado com outras espécies ainda que permaneça forte e atuante de qualquer maneira. Alguns seres humanos são ainda menos instintivos que os outros. O aumento do pensamento reflexivo parece se relacionar com uma redução do instinto. Outro fator potencialmente correlativo e desvantajoso é que a redução do instinto pode tornar o ser, humano ou não, mais vulnerável à técnicas de hipnose se o mesmo também define as nossas personalidades.

Maior livre arbítrio = menor senso de identidade, mais demorado será a construção desta identidade, mais vulnerável  será este processo e maiores serão as chances de formar seres humanos manipuláveis. 

Por outro lado os seres humanos mais instintivos tenderão a apresentar um senso excessivo de identidade, a partir de uma perspectiva humana, uma autoconfiança excessiva perto do nível de uma megalomania. 

Pelo que parece o melhor caminho por agora para o pleno entendimento da realidade da identidade do indivíduo se dá a partir do meio deste espectro entre o livre arbítrio e o instinto. No entanto um livre arbítrio, por agora inexistente, sugere uma maior domesticação, e mais, sem ter uma proposta lógica, visto que não viveremos pra sempre e talvez a possibilidade de transcender as nossas identidades pareça excessivo, sem razão nem propósito. O cérebro perde a plasticidade e o suposto maior arbítrio dos mais domesticados, livres de doses maiores de instinto que os faria menos plásticos em seus comportamentos, como não tem utilidade lógica, os transforma em seres manipuláveis, por serem desprovidos de sensos mais protuberantes de si mesmos ou autoconfiança. 

O sábio novamente por se localizar no meio deste espectro se embebe tanto da necessidade fundamental de se saber quem é quanto pela possibilidade de contestar a si mesmo, isto é, unindo duas abordagens espectralmente opostas, tendo consciência e confidência instintiva sobre si mesmo, mas ao mesmo tempo desconfiando, se julgando, ou a reflexão.


Tal acontece com o planeta Terra que encontra-se em uma zona habitável de nosso sistema solar, além de outras características únicas, o mesmo acontece com o sábio que se encontra em uma zona habitável para a real vida inteligente, em um sentido constante, imediato e portanto exponencialmente dominante, de se tentar ser de fato inteligente a todo momento, aquilo que os humanos tendem a tratar como ''o pecado da perfeição comportamental''. 

A domesticação por reduzir o instinto pode aumentar a reflexão, mas não a um nível da sabedoria, pois funciona mais como um ''não-instinto'' do que como uma sabedoria, que como eu já falei antes, também é constituída pelo mesmo.

Observando os cachorros mais mansos, percebemos que a falta de instinto nos torna altamente vulneráveis ao ataque alheio, exatamente como ''presas fáceis'' porque com isso deixamos de 

nos entender
desconfiar das outras pessoas

até mesmo por causa de uma provável redução do pensamento intuitivo não-criativo, isto é, o modo de pensar habitual de todas as formas de vida, incluindo a humana.

Certas impressões ou preconceitos cognitivos estão apenas certos ainda que potencialmente conflitivos justamente por se consistirem em técnicas de abordagem ideacional e comportamental pragmáticas, lógicas, solucionadoras de problemas praticamente homicidas, que não pensam em nuances, mas de maneira eficaz em generalizações espectralmente corretas ou por aproximação/impressão.

Caímos no velho espectro do predador e da presa. 

Portanto como conclusão deste texto, muitos dos mais cognitivamente inteligentes, também parecem ser mais domesticados, isto é, destituídos de uma maior capacidade instintiva, resultando na ingenuidade, em especial, para lidarem com as outras pessoas. Tal como raças caninas muito domesticadas estes tipos de humanos parecem ser muito vulneráveis tanto para a domesticação cultural, se já exibem um déficit instintivo, quanto para o abuso de outras pessoas. 

O sábio comunga com as duas psicologias, do predador e da presa, e por isso que é perfeito para a função de administrador das sociedades humanas, para entender o comportamento e prover as soluções que de fato serão as mais racionais.

Presas tem pouca intuição sobre a intenção alheia por serem menos não-verbais. Predadores por outro lado serão muito fortemente não-verbais, denotando grandes habilidades de manipulação/caça. 

No entanto, a psicologia da presa relaciona-se muito com a sabedoria por mostrar o quão grande pode ser o valor do amor em um mundo brutalmente misterioso como é o nosso.

Bessarabia é sábia e uma rapa...

Em terra estrangeira
Sem o canto do sabiá
N'aldeia, no tempo parado 
À fogueira o calor se dissipa 
E no escuro da alma 
O frio grita 
Nas sensações sem fronteiras 
Na fronteira das sensações vive a loucura 
Sem lugares apropriados
As emoções se misturam
De uma nação 
Que agora Moldávia
Jaz o encontro o borbulhar de algos 
De perguntas em seus colares
Ciganas bailam e afrontam 
O silencio da Lua
Contemplam desnudas
Num não lugar, numa ponte corcunda
As pedras falam 
Cantores abundam
Cantam felizes as dores da vida 
A Bessarabia é sábia
Por mais não ser 
Como aos sábios 
Que também deixaram de crer
Veem seus egos de antemão

São zonas habitáveis da razão
n'aqui, n'acolá
bailam sofrido este mundo de partir


Estrelas, a casca do primeiro ovo dourado


O ovo primevo,
dourado e uno,
brilhante, nascido da inércia,
que cansou de ser preguiça,
transtornou-se, e num dia de fúria,
quebrou-se, em gema, clara e cascas,
colonizou nadas supremos,
e as estrelas, pequeninos ovos,
e as galáxias, cores da primeira febre,
a pincelarem um novo quadro,
forças que brotaram misteriosas,
pequenas faíscas que incendeiam toda floresta,
o nada que nada nunca foi,
a nano-vibração que de uma breve gota,
gotejou demais, até cair como chuva 
e chorou em minha face
o martírio de ser vida
e de saber muito que esta ida
é nas escuras
o maior risco de todos
que é viver