quarta-feira, 27 de julho de 2016

Será que eu ''sou psicopata''** ou que ao menos esteja dentro do jardim secreto dos ''anti-sociais'**

O epicentro semântico ou puramente/essencialmente descritivo da psicopatia se consiste na: incapacidade de ter empatia interpessoal geralmente relacionada com a desinibição moral, narcisismo e capacidade de manipulação ou astúcia/esperteza. Isso significa que muitas pessoas apresentarão ao menos um destes atributos. Alguns terão baixa empatia interpessoal, mas não serão narcisistas, manipuladores nem moralmente desinibidos. Outros serão "apenas" narcisistas. Mas apesar desta diversidade de (micro) epicentros, todo aquele que estiver dentro deste jardim de variedades sociopáticas, tenderá a ser acima da média em relação a esses outros atributos que estão correlacionados, isto é, o narcisista 'puro', por exemplo, ainda tenderá a ser mais manipulativo do que alguém com menor narcisismo. 

Bons em manipulação também costumam ser bons para compreender parte da realidade, em seu corpo, esqueleto, isto é, de modo operacional ou sistêmico. Por exemplo, uma pessoa comum pode atribuir a causa dos estados emocionais a eles mesmos enquanto que na verdade são expressões ou finalidades. Quando analisam o efeito como se também fosse a causa. Alguém que consegue analisar a emoção sob um ponto de vista não-emotivo pode vê-la sob um ângulo mais sistêmico e portanto mais próximo de sua origem, de sua primeva intencionalidade. Em outras palavras pode ver o processo e prever como que se expressará enquanto que muitos outros se concentrarão "involuntariamente" aos resultados ou produtos concluindo que ''a causa é o efeito''. O produto é analisado e o processo é desprezado. Mas se o processo for conhecido então se poderá de fato chegar à sua origem/causa e entender plenamente como que se dá o seu comportamento completo, do nascimento à finalidade. 

Quem manipula e de maneira mais coesa compreende melhor sobre o processo, além do próprio produto/efeito, pois pode prover modificações sobre o processo e portanto o próprio produto. 

É um tipo de técnica muito usada na política por meio da propaganda, mas também em tudo aquilo que se relaciona com a política como a "religião" e a cultura. 

O caráter cognitivo da psicopatia parece se consistir em parte essencial para a sabedoria pois também é de fundamental importância entender e mesmo de ter certa familiaridade com o mal, ao menos, a nível ideacional, para que se possa com isso prover o mais completo ou perfeccionista julgamento moral.  Eu tenho me visto desta maneira, enquanto um proto ou mesmo um pós psicopata, em termos cognitivos, por ser ou por acreditar que seja muito bom na arte da manipulação. No entanto eu não estou plenamente desprovido de intenção/motivação empática, o cerne fundamental que distingue psicopatas de não-psicopatas. Eu sou narcisista mas não ao ponto da megalomania inconscientemente percebida ou simplesmente não-percebida, ainda megalomaníaco eu tenho consciência crítica em relação a essas minhas tendências. Eu tenho maior desinibição moral em especial em relação à moralidade subjetiva, mas eu sou o completo oposto em relação à moralidade objetiva. 


A moralidade subjetiva se consiste no produto sócio-cultural da ignorância e estupidez impostas como norma-padrão para as pessoas comuns ou comumente medíocres. Por exemplo, eu posso olhar com desprezo para a devoção religiosa em relação aos seus símbolos, santos católicos ou Maomé. E isso pode ser interpretado por muitos como "coisa de psicopata". Um manifestante lgbt pode enfiar a estátua da "nossa senhora" no ânus que eu não irei achar esta atitude instantaneamente imoral porque pra mim não há qualquer simbolismo literal que o valha. Eu posso refletir e pensar no desrespeito em relação à crença cristã. No entanto como julgamento final eu posso e tenho concluído que rir deste tipo tão comum de imbecilidade humana, que é a de tomar a fantasia grosseira como verdade absoluta ou factual, mais do que uma possibilidade completamente correta de ser efetuada também se consiste muitas vezes numa necessidade. Rir de todos os ídolos. Aquilo que tem restado aos pensadores honestos e filosoficamente inteligentes. 

Eu também posso olhar para o valor que a mentira pode ter. Neste caso eu posso vê-la como um meio que, geralmente errado, pode ser funcional se a finalidade for correta. O problema nesses casos não é a mentira por si mesma mas os efeitos que pode resultar.

Eu posso ver valor em quase tudo. O problema sempre é a estupidez. Quando algo está sendo feito de modo equivocado, conflituoso, o valor ou se perde ou se definha. 

O psicopata consegue compreender  fraquezas e forças alheias, assim como as de si mesmo, e o seu cérebro ainda é capaz de lhe prover as melhores cartas para jogar de acordo com a sua estratégia mental do momento. Ao entender melhor as pessoas do que elas mesmas poderiam, o psicopata, em especial o de alto funcionamento, se torna capaz de antever aos gostos ou predileções de cada um. Em outras palavras, aquilo que a maioria das pessoas deveriam ser naturalmente atentas ou capazes de prover e pra si mesmas, o autoconhecimento, o psicopata ''faz'' por elas. Uma outra possibilidade complementar de explicação quanto a esta situação pode se dar pelo fato da psicopatia resultar no desligamento constante de atribuições neurológicas que se expressam com base no julgamento moral e que geralmente serão falhas a operacionalmente insuficientes para uma boa parcela dos seres humanos. Esta anormalidade da mente psicopática então parece abrir outras janelas de compreensão ou análise do comportamento que alguns estudos tem sugerido tende a ser feita de modo predominantemente lógico pelo psicopata, e emocional pelo empata, isto é, ao analisar uma situação que envolve emoções, o mesmo tende a fazê-la de modo lógico. Enquanto que, é o que parece, para a maioria dos seres humanos, existe ao mesmo tempo uma fronteira que delimita e separa emoção de razão, se misturam equivocadamente, em especial para o raciocínio que não for totalmente voltado para o autoconhecimento, ''comprovando'' a minha ideia de que o ser humano médio seja ''mentalmente estrábico'', e situação diferente parece acontecer, em especial com psicopatas e sábios. Emoção e razão, para os dois, me parece que estarão usualmente conectadas, a priore ou a nível ideacional, mas que vão se tornando progressivamente separadas a partir do momento em que serão acessadas para a produção do raciocínio, do pensar. No caso do psicopata, existe a quase inexistência de emoções genuínas, estas que o acusariam de ter alta empatia afetiva, restando para si apenas a lógica. O psicopata então, faz tudo aquilo que a maioria dos seres humanos também tendem a fazer só que parcialmente, e cada subgrupo ao seu nível de proximidade proporcional em relação ao comportamento típico do psicopata: extremamente egoísta, impulsivo/calculista e moralmente desafiador. No caso do sábio, por causa da necessidade de se conhecer muito bem a bondade e maldade, parece ser preciso este ''mergulho'' ou ''incursões'' dentro do submundo emocional da psicopatia, como eu já falei, não basta saber apenas sobre o epicentro da bondade (capital), também é importante conhecer os seus limites (fronteiras). Apenas deste modo que de fato conheceremos a bondade, ao conhecermos a maldade, da mesma maneira que, dualisticamente falando, não existe (o conhecimento da) sombra sem (o conhecimento da) luz.

O psicopata parece ser provido de elevada inteligência emocional (empatia cognitiva*), operacional ou puramente cognitiva, justamente por ser pouco emotivo, ele pode, ao invés de ser escravizado por sua emotividade, que é quase inexistente, usar esta potencial fraqueza que é comum aos outros, pra si mesmo, em seu próprio benefício. Observa-se mais uma vez o hiato que costuma existir entre o ser e o fazer. Uma maior inteligência emocional (puramente) cognitiva sem empatia afetiva, tende a ter como resultado se não a psicopatia algum outro tipo de ''desordem' mental de natureza moral. O que no entanto é bem notável é a desconexão entre o potencial e a realização no mundo literal, das ações.


O psicopata neste sentido encontra-se quase que totalmente desprovido de ''consciência estética'', por ser incapaz de compreender o valor da beleza/harmonia/simetria em todos os seus poros. Ele é capaz de percebe-la e mesmo de busca-la em sua superfície mas sem toda completude emocional que é necessária para torná-lo sábio, que ou aquele que, ao contrário do psicopata, encontra-se totalmente embebido pela consciência estética. 

Interpretar analiticamente a realidade social humana é meio passo para se agir de modo calculado e muitas vezes buscando pela própria vantagem gritantemente egoísta. A moralidade sentida funciona como um freio para as nossas ações e sem esses limites agiremos sem refletir ou mesmo refletindo, como eu acredito que muitos psicopatas fazem, sem chegar a uma conclusão moral ardentemente contundente e influente, que resultaria no repelimento de ações histrionicamente egoístas.

Mesmo a minha estratégia filosófica que parece impossível por agora não esta e nunca esteve totalmente rendida pelas paixões que a emoção nos avassala. Mesmo a minha purificação moral tem um quê narcisista, uma maneira de mostrar-me, primeiramente pra mim mesmo de modo superior aos outros. Mesmo a razão e a busca incessante por seu aperfeiçoamento, característica comum a pensadores profundos, também tem doses pouco homeopáticas de narcisismo. 


Minha desinibição moral se consiste em um convite para a adaptação que no entanto encontra forte resistência por parte do meu próprio narcisismo. Mesmo tudo aquilo que tenho escrito sobre sabedoria tem um quê de autobiográfico. E mesmo a minha humildade invariavelmente revelada também é produto de uma reinterpretação do meu narcisismo. Uma mistura útil e agradável. Me agrada fazer o bem e ainda é útil para acalentar o meu narcisismo. No entanto novamente esta tendência pode ser universal e eu sou apenas honesto demais para admiti-la.

Eu sou melancólico e que, a modo apropriado, em específico pra este texto, pode ser transladado para quase-depressivo. Eu combino um olhar profundamente realista extraído de minha melancolia juntamente com um olhar de matiz psico-cognitiva "psicopática", isto é, moralmente desinibida, a Priore, e manipulativa. 

Defino-me como um pós psicopata, que reconhece as vantagens desta desordem, que tem consciência de si mesma, branda porém característica. Eu vejo o psicopata como um dos tipos mais realistas de seres humanos, ao contrário de muitas ideias dentro da psicologia que visam atenuar ou mesmo desmerecer esta verdade, dolorosa mas genuína.

Talvez em mim a jovem razão que para a maioria permanece presa em seu calabouço frontal assistindo as artimanhas de sua madrasta mais velha, encontra-se a ponto de libertar-se por seu caminho dourado em direção ao solo de pedra e medievalidades.

Eu vejo-me como um pós-parasita que evoluiu para o mutualismo e que vê nesta estratégia de vida o valor da sabedoria, em especial dentro de organizações sociais ou pluri-individuais. Enquanto que a maioria dos psicopatas de alto funcionamento são como típicos parasitas e os mais primários são como predadores. Pequeno, frágil, porém perspicaz e conselheiro. Eis o sábio.





Um comentário:

  1. Tirando a parte da nossa capacidade de entender a realidade como ela é, de ter a compreensão de que se eu fizer isso, acontece isso, e de saber como os humanos normais funcionam, não sobra muita similaridade com psicopatas, que são extremamente inferiores e previsíveis do meu ponto de vista pessoal. Além disso, me refiro aqui apenas a um grupo extremamente pequeno e específico de psicopatas que possuem essa capacidade. A maioria provavelmente não possui. Essa capacidade de enxergar a realidade de uma maneira mais crua, provavelmente se deve a um hipofuncionamento do sistema límbico, e não por uso excessivo de lógica. Uma vez que se a lógica fosse bem desenvolvida, ele chegaria a conclusão de que matar, enganar ou causar dano a outrém não é algo correto. Psicopatas não são tão bons em lógica quanto se supõe, são mais próximos de animais não-humanos, dependentes e guiados pela química cerebral. Dessa forma, essa coincidência seria apenas fenótipica, mas não genótipica. Ou seja, os sintomas seriam semelhantes mas por causas totalmente diferentes. Outro fator extremamente importante e que é extremamente diferente de nós, é que em alguns tipos de psicopatas, o sistema de recompensa é ativado pelo sofrimento alheio. Há liberação de dopamina quando matam suas vítimas (Caso de Serial Killers), ou quando enganam, roubam ou causam danos em outros (Restante dos Psicopatas). Existem também outras categorias, principalmente daqueles que não necessariamente sentem prazer ao causar dano a outrém, porém que se colocam sempre em primeiro lugar, a ponto de não se importar em causar danos a outros para conseguirem o que querem. Esse provavelmente é o tipo mais comum.

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