segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Mesmo nos mínimos detalhes, não haveria qualquer razão racional para apoiar ou votar no Bolsonaro

 O cara incentivava as pessoas a não usar cinto de segurança, colocar cadeirinha de criança no carro, usar capacete se andassem de moto e ainda mandou retirar radares das rodovias... além dos absurdos criminosos em relação à pandemia de covid-19, desincentivando o uso de máscaras, o isolamento social, a tomar vacinas e ainda mandava seus seguidores irem nos hospitais para "investigar" se os doentes de covid não eram atores fingindo que estavam em estado crítico...


Mas 49% da população brasileira, a maioria nos estados mais ricos do país, votaram nele até o segundo turno, ontem, dia 30 de outubro de 2022.

Uma maioria de idiotas letrados que, agora, estão "de luto pelo país", mas nunca pelas vítimas do corona e do bozzo vírus...

APENAS pelos primeiros detalhes citados acima já é possível duvidar da sanidade mental e moral da pessoa que os incentiva, mas também dos que concordam com ela.

Sobre o problema da liberalização do porte de armas no Brasil

 Por que essa medida não irá diminuir a criminalidade??


1. Porque Brasil não é Suíça ou Finlândia 

Suíça e Finlândia são dois países onde o porte de arma para civis está liberado. Mas ambos têm populações pequenas, altamente escolarizadas, de maioria branca, com IDH alto, médias de QI de primeiro mundo (100 ou mais) e, portanto, índices muitos baixos de criminalidade, incluindo homicídios com arma de fogo, bem diferente do perfil e da situação do Brasil...

2. Porque boa parte dos crimes cometidos no Brasil são com armas de fogo

Por isso que não faz sentido combater um incêndio jogando álcool nele, certo?? 

3. Ao serem liberadas, "bandidos' também as comprarão ...

... tão ou mais que os "cidadãos de bem". Por isso, é improvável que a liberalização reduzirá os índices de criminalidade no "nosso' país de maneira sustentável ou a longo prazo.

3.1 Não haverá qualquer restrição séria de quem as comprará

Indivíduos mentalmente desequilibrados, incluindo aqueles com transtorno de personalidade anti social, terão livre acesso à compra de armas. E sabemos que, no Brasil, esses tipos abundam...

4. Quem mais sairá lucrando será a indústria de armamentos 

Já a população civil, como comentado acima, é muito provável que terá que lidar com um aumento na ocorrência de crimes com armas de fogo, especialmente a longo prazo.

5. O dever de garantir as seguranças pública e individual será transferido cada vez mais para o próprio cidadão

Mas não deveria ser papel do estado?? Deste jeito, acabaremos nos tornando policiais por conta própria?? 

Então, como começar a resolver o problema da criminalidade no Brasil?? 

Primeiro, é importante saber que, não é apenas a condição social de um indivíduo que faz com que ele se torne um criminoso, se a maioria dos mais pobres não comete crimes, como roubo e homicídio, e se existem muitos indivíduos das outras classes que os cometem. Nem mesmo a experiência de abusos durante a infância ou adolescência causam a propensão a comportamentos anti sociais, se muitos que passam por isso não acabam no mundo do crime. Porque características psicológicas, cognitivas e hormonais, de "nascença", também têm um papel até mais decisivo no comportamento humano do que o ambiente em que se cresce e/ou vive. 

Perceba que o perfil do "criminoso', e não apenas no Brasil, é predominantemente masculino. Que essa predominância independe de classe social, raça, localização geográfica ou nacionalidade...  

Porém, também existe uma correlação não-paralela ou interseccional com raça, já que as regiões com os índices mais altos de violência atualmente e em todo mundo têm em comum uma maior proporção de indivíduos negros ou de raça mista, tal como a maioria dos latino-americanos. É verdade que a desigualdade social e, portanto, a pobreza, contribuem para aumentar a criminalidade. Mas uma maior proporção de indivíduos que já apresentam disposição para comportamentos anti-sociais, mais uma média baixa de capacidade cognitiva (racional e emocional) também são fatores tão ou mais mais importantes, com base nos padrões que têm sido encontrados. Então, particularmente na América latina, temos justamente populações com esse perfil e um cenário social historicamente problemático que, em combinação, tem fomentado o aumento da violência. 

Como resultado, combater a pobreza e as desigualdades sociais é um passo inevitável se se almeja a diminuição da criminalidade. Mas não será suficiente. 

Outras medidas necessárias ou possíveis são:

A reforma do sistema penitenciário, separando presos por tipo e gravidade do crime e isolando os mais violentos ou perigosos dos outros presos, agilizando no julgamento dos casos, punindo com rigor crimes classificados como hediondos e acabando com privilégios para quem é rico ou tem ensino superior; 

O combate à presença de milicianos ou bandidos que se passam como "policiais" dentro da polícia;

Possivelmente a regularização da compra e do cultivo da maconha associado com o combate ao narcotráfico nas fronteiras e por outras vias (regularizando a "droga" mais popular e proibindo as mais pesadas, que também são as mais lucrativas);

Voltando à pobreza, um dos meios mais eficazes de combatê-la, junto a uma melhor distribuição de renda ou diminuição das diferenças salariais, garantia de direitos trabalhistas, etc, é o incentivo ao planejamento familiar, especialmente dos mais pobres, se as outras classes sociais já o praticam desde há um tempo. Assim, também focaria no perfil que mais se relaciona com a criminalidade urbana: homens pobres, negros e/ou pardos*;

* E sempre destacando que se trata de uma correlação e não de causalidade, que seria racismo atribuir a raça como causa para certos comportamentos.

Quanto à criminalidade em si, já sabemos das correlações interseccionais: em relação ao sexo e à raça, que a razão principal para o comportamento violento é mais intrínseca.

Como resultado, seria necessário, idealmente falando, identificar de maneira precoce indivíduos que apresentam transtorno de personalidade anti social: sociopatas e psicopatas, isolando-os do convívio social, esterilizando-os, se a personalidade é predominantemente congênita, e castrando quimicamente os mais "selvagens" ou incontroláveis (que incluiria tipos como o defensor mais notório pela liberalização do porte de armas no Brasil, Jair Bolsonaro...)

Pois pode ser uma medida muito problemática para a maioria dos humanistas, mas é a medida "humanitária" mais realista que poderia ser aplicada, com o mínimo de sofrimento, especialmente aos que forem detectados cedo. Aliás, também parece bem óbvio que, depois que são encontrados padrões de certos comportamentos, se passe agir a partir desse conhecimento;

O problema estrutural do capitalismo

Além do combate a crimes explicitamente violentos, da corrupção política e de outros comportamentos irracionais, como a destruição do meio ambiente por lucros, a legislação brasileira também deveria colocar na sua lista de ilicitudes, ou aplicá-la pra valer, o desrespeito aos direitos trabalhistas ou a exploração de trabalhadores por empresários gananciosos. Enfim, de garantir um ambiente socioeconômico muito mais justo, até para impossibilitar a validade de certas "desculpas", muito usadas por progressistas, que justificam a crueldade com base em situação social.

Em outras palavras, a ganância capitalista também deveria ser combatida em sua raiz psicológica, primeiro, considerando-a como um comportamento anti social, aliás, exatamente o que é. 

Essa é a maneira mais realista e potencialmente eficiente de reduzir os índices de criminalidade, de maneira sustentável e a longo prazo, atacando todos os fatores intrínsecos e extrínsecos que a causam, ao invés de apelar para uma medida extremamente paliativa e preguiçosa, isso se podemos denominá-la assim se não tem nenhum potencial de ser bem sucedida nem de maneira remediativa...

Mais um exemplo de imbecilidade abjeta da tal "extrema direita": Sérvia e sua Putinofilia

 Imagine um país que tem uma língua e uma etnia eslavas, um governo populista de direita, que está cheio de indivíduos que se declaram como "brancos supremacistas" e que começaram a apoiar incondicionalmente a invasão russa à Ucrânia, tão eslava quanto, acreditando que vlad putin é um herói que está lutando contra o Ocidente e sua "degeneração moral", pela "família tradicional" e os "bons costumes"... matando vidas inocentes e destruindo cidades do país invadido por nenhuma razão remotamente racional... 


Pois percebam que nem mesmo a lógica arcaica de suposta "irmandade" por raça, geralmente defendida por neonazistas ou supremacistas, está sendo seguida pelo governo conservador da Sérvia e por uma importante parcela de sua população, se não estão se importando com os milhares de ucranianos brancos mortos...

sábado, 29 de outubro de 2022

Dois fatos sobre doutrinação ideológica

 1. Ninguém sofre "lavagem cerebral" sem que já esteja suscetível a isso, sem que existam fatores anteriores que tornem a doutrinação possível, tal como um baixo desenvolvimento de capacidades racionais;


2. É sempre um processo de auto-doutrinação, porque não precisa que aconteça em determinados ambientes, nem de outros indivíduos ou organizações, se podemos nos doutrinar ideologicamente dentro de casa e isolado dos outros...

3. A doutrinação não é apenas um condicionamento a certas ideias, ideais ou hábitos, porque também se caracteriza por extremo dogmatismo ou rigidez de pensamento e pela presença predominante ou central de distorções factuais. Se é possível estar convicto sobre muitas questões sem estar doutrinado, desde que sejam fatos e não mentiras.

Mais um "lindo" capítulo da direita na história humana

 I. A mesma "defesa' pela "família tradicional" e da "religião", o mesmo desprezo às minorias, os mesmos homens "fortes" e inescrupulosos no poder, as mesmas mentiras, o mesmo desprezo pela vida, o mesmo desejo por sangue de inocentes... 


Se chama Rússia de putin.


II. Você está horrorizado com a irracionalidade ou crueldade de vladimir putin?? 

Então... bolsonaro é idêntico a ele, psicológica e ideologicamente...

Sobre o conceito original do termo "elite" e sua deturpação em idiocracias*

 * Nas sociedades em que vivemos, governadas por uma maioria de idiotas morais. 


Elite é um termo que, originalmente, se refere a um grupo de "especialistas", de indivíduos que exercem funções consideradas importantes, se para certo nicho ou de alcance mais global, de uma elite de atletas à uma elite política. Mas elite também tem ou deveria ter um significado de qualidade da função exercida e não apenas da própria função/posição. Pois os atletas que estão no topo do ranking do esporte que praticam só alcançaram essa posição pelo mérito de apresentarem o melhor desempenho ou performance. Em contraste, não podemos afirmar que a elite política seja igualmente composta por indivíduos que se destacam na posição que ocupam, em um sentido meritocraticamente específico à sua função, se a maioria dos políticos estão longe de serem os melhores administradores da sociedade. Na verdade, é até possível de serem classificados como "especialistas" na nobre arte do parasitismo...

Vários outros grupos de elite também apresentam desempenho pífio perto do que deveriam ter em relação à função que exercem em termos de desempenho ideal. Por exemplo, as elites econômica e intelectual. A primeira por razões parecidas com as da elite política, de parasitismo (sempre visando à si mesmas e não a sociedade) do que de cooperação, e a segunda por ser marcada por uma maioria de pensadores excessivamente abstratos, que não faz jus à posição de "especialistas" do melhor raciocínio, como os mais perspicazes ou racionais. 

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

O problema do "fogo amigo" das esquerdas

Desde que Jair Bolsonaro, o desprezível, se tornou presidente do Brasil e Micheque, sua esposa, a primeira-dama, que muitos esquerdistas passaram a fazer piadas em redes sociais sobre a diferença de idade entre os dois, claro, visando enfatizar, além dessa diferença, também a volubilidade do atual mandatário por já estar em seu terceiro casamento, o oposto do que se espera de alguém que se diz a favor da "família tradicional".  


Mas mesmo se não foi intencional, com essas piadas, eles têm deixado a entender que o relacionamento entre pessoas com idades muito diferentes não pode ser genuinamente baseado em afeição ou amor, que só pode ser por interesse. Aqui, não é importante saber se isso é verdade ou não sobre esses dois e até duvido que seja, se tratando de sociopatas. O problema é que esse ataque, a priori, específico, acaba resvalando naqueles que se encontram na mesma situação que está sendo ridicularizada e que não têm nada a ver com os alvejados, neste caso, outros casais que também apresentam diferenças notórias de idade. Pois não bastasse fazerem piadas maldosas sobre esse fato, mesmo se o presidente e a primeira dama merecerem, também começaram a "xingá-la" de cuidadora de idoso, aumentando para dois o número de grupos gratuitamente ofendidos, até sugerindo que não se trata de uma profissão digna de respeito... 

Eu gosto de pensar que, ofender adversários políticos e, por esse nível tão baixo, é o que costuma sobrar para "perdedores", isto é, para aqueles que se encontram em desvantagem dentro de uma disputa ou jogo de poder, vezes resultado predominante de suas próprias ações. 

Esquerdistas também costumam praticar "fogo amigo" com base em orientação sexual, situação socioeconômica ou mental e aparência dos seus inimigos. Em outras palavras, costumam fazer insinuações ou observações claramente preconceituosas, como se tivessem cartão verde para isso apenas porque sempre se posicionaram contra preconceitos.

Mas será que não seria melhor se buscassem melhorar suas estratégias políticas ao invés de gastarem tempo proferindo ofensas preconceituosas aos seus adversários e que, por tabela, também ofendem grupos histórica e/ou socialmente marginalizados, até para que consigam derrotá-los onde realmente importa??

Também não seria melhor se buscassem adotar maneiras mais inteligentes e eficazes para ofender seus adversários?? Pois pela maneira com quem têm feito, além de acabarem ofendendo, sem querer, outros grupos e indivíduos, especialmente aqueles que mais sofrem discriminações injustas, parece que estão deixando transparecer seus próprios preconceitos não-trabalhados e, até então, escondidos contra os mesmos...

terça-feira, 25 de outubro de 2022

A diferença entre um direito básico e uma demanda intrusiva: exemplos LGBTs

 Com dois pares de exemplos


I. O casamento LGBT e a adoção de uma linguagem neutra 

O casamento entre pessoas do mesmo sexo compete apenas ou especialmente aos membros das "comunidades de indivíduos LGBT" e é um direito básico ou fundamental, de paridade com heterosexuais. Já a demanda pela adoção impositiva de uma linguagem neutra pretende alterar a linguagem usada por todos sem se limitar aos espaços dedicados a essas "comunidades". No entanto, é preciso primeiro pensar se realmente precisamos que essa mudança seja literalmente imposta a todos ou se não seria mais ponderado se fosse limitada àqueles que querem adotá-la, cabendo aos outros aprender a usá-la nas interações com trans e não-binários e, diga-se, sem adotar todas as propostas de alteração que, na minha franca opinião, são bem feias esteticamente... 


II. O direito de não ser discriminado por sua orientação sexual e de usar banheiro público de acordo com a sua identidade sexual


O primeiro é mais um exemplo de direito básico de igualdade de tratamento e o segundo de demanda intrusiva que visa a inclusão forçada de uma minoria em espaços restritos a uma população majoritária, porém, específica. Então, apesar de, a priori, concordar que não haveria problema em garantir legalmente que pessoas trans usem o banheiro público de sua preferência, também acho que isso poderia ou tem gerado conflitos e riscos, tais como de homens heterossexuais desequilibrados, vestidos com roupas femininas e com acesso aos banheiros destinados às mulheres para praticar abusos sexuais. No entanto, também é muito constrangedor e até perigoso para pessoas trans usarem banheiros do seu sexo de nascimento, mas não de identificação. Pois na minha opinião, a melhor maneira de resolver esse dilema é pelo estabelecimento de um terceiro banheiro público, unissex e, assim, garantir que trans não sejam discriminados, pelo menos dentro desses espaços, e nem que predadores sexuais do sexo masculino se aproveitem para se disfarçar de trans e atacar mulheres em seus banheiros. 

O ativismo LGBT, em média, tem tido grande dificuldade em diferenciar, em sua luta, direitos básicos ao seu público-alvo, de demandas intrusivas ou polêmicas que não se limitam ao mesmo. Então, como resultado, muitos, geralmente por influência da (extrema) direita, também os têm considerado de maneira maliciosa ou ignorante como categoricamente equivalentes. Mas está claro que não são e que é necessário fazer essa diferença até para se fazer justiça. 

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

A ilógica da "democracia de maioria" ...

 ...ou democracismo. 


Uma questão que é fundamental à fragilidade do sistema democrático. 


"E se 53% querem e 47% não querem??"

Eu já comentei sobre o problema da definição de povo dentro do conceito de democracia e que esse equívoco, que é o de considerá-lo como sinônimo de maioria, praticamente transforma o ideal democrático em uma distopia que chamei de democracismo, em que opiniões majoritárias passam a ser consideradas como as mais certas, independente da qualidade objetiva, isto é, do nível de verdade e ponderação das mesmas. Pois se é irracional qualificar uma opinião por sua popularidade e não por sua qualidade intrínseca, mesmo se pensarmos por esta lógica de que a opinião da maioria é soberana, a própria definição de maioria já é arbitrária ou, pelo menos, mais complexa de como tem sido adotada, especialmente em "democracias' ocidentais, afinal, existe uma grande diferença entre 53% da população ser a favor ou votar em X e se for 83%, porque no primeiro cenário, mesmo que, matematicamente falando, possa ser considerado maioria, em termos mais realistas se traduziria em um quase empate técnico. Então, além da crença de que a opinião da maioria deva prevalecer, a democracia moderna, tal como tem sido pensada, também parece que se baseia na crença de que a matemática pode servir para julgar situações humanas por supostamente não apresentar grandes irregularidades ou ser absolutamente exata. Mas sua aplicação em nossos contextos políticos mais se assemelha a tentar sair de um labirinto traçando uma trajetória em linha reta, desprezando nuances e acima de tudo, as verdades do que está em jogo. 

O povo governado pelos seus melhores representantes

Além da democracia moderna se basear na falácia do democracismo, de "sabedoria das massas", ainda tem constituído sua classe governante, ou elite político-econômica, de políticos oportunistas ou demagogos e de empresários gananciosos, em outras palavras, os piores representantes do povo, de uma maioria de sujeitos que só pensam em poder ou dinheiro, que estão muito aquém do ofício de governar com justiça e inteligência. É por isso que podemos classificar as sociedades humanas  desde os primórdios da civilização, como idiocracias, porque ao invés dos mais sábios, têm sido governadas principalmente por idiotas morais, isto é, por sujeitos irracionais. 

Então, se a maioria não tem sempre razão, o ideal seria de buscarmos por aqueles que mais têm, isto é, pelos que mais desenvolveram suas capacidades racionais para que nos governem e sem ter a necessidade de excluir outras vozes, a partir de uma governança horizontal em que "todos' possam participar da democracia, mas sempre priorizando pela qualidade de ideias, propostas... do que por sua popularidade.

Então, novamente, a democracia ideal não deve ser fundamentalmente o governo DO povo, mas PARA o povo, isto é, a priori para todos os indivíduos e grupos que coabitam ou compartilham um mesmo espaço politicamente delimitado, principiando pelo conceito mais correto de povo, que não é o mesmo que maioria. Porém, para que "todos" possam ser atendidos e sem que suas demandas se sobreponham às dos outros, é preciso que o governo seja composto pelos membros do povo que são mais sensatos ou ponderados para que consigam tomar as decisões mais sábias ou justas. E afirmo que tais indivíduos não são comuns, se a maioria dos seres humanos apresenta níveis muito moderados de capacidade racional. Por isso, a priori, não importa se "50 a 80% da população aprova x ou y" e sim qual posicionamento que está mais certo, que se baseia na verdade ou conhecimento e, portanto, na justiça.  

ChernoRio

Devemos ao estado e à cidade do Rio de Janeiro, nas últimas três décadas: a popularização do funk carioca; a influência midiática e cultural da rede Globo; a proliferação de "igrejas" evangélicas e da extrema direita bolsonarista pelo país. 

O primeiro que, graças à rede Globo, com sede no Rio, se tornou um dos gêneros musicais mais populares e que, também graças à mesma, tem popularizado outro gênero de qualidade ainda mais duvidosa, o sertanejo urbano; 

A própria rede Globo que, além de uma programação alienante (similar às de outras emissoras), ideologicamente marcada por identitarismo esquerdo-burguês e neoliberalismo, também tem deformado a diversidade das identidades brasileiras, reduzindo-as a uma cultura comercial de baixa qualidade, condenando à extinção a alta cultura nacional, vide a ausência predominante de novos intérpretes e compositores à altura de Elis Regina, Adoniran Barbosa e Caetano Veloso, principalmente nas mais novas gerações;


O protestantismo pentecostal ou, charlatanismo em nome de deus, que tem suas raízes na cidade do Rio e que, de lá, foi se alastrando de maneira epidêmica por todo o Brasil, a partir de "missionários" de sotaque fluminense. 

E a extrema direita bolsonarista que também surgiu na tal "cidade maravilhosa" e converteu o estado em um de seus gados eleitorais mais fortes... 

Mas o que esperar de um estado que consegue a façanha de ser pior que a média brasileira em termos de disfuncionalidade, ainda mais violento e corrupto??? 

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

O problema mais básico da psicologia...

 .. enquanto ciência, tem sido a incapacidade de muitos pesquisadores da área em conseguir distinguir correlação de causalidade, isto é, de dominar um dos métodos mais elementares da prática científica, particularmente aos padrões de comportamento que encontram, se estão sempre atribuindo causalidade ao que na verdade parece ser mais uma correlação. Exemplos abundam: criação recebida dos pais como causa para crença ou descrença religiosa e também para outros traços, como a capacidade cognitiva; suposta causalidade entre ter filhos e se tornar mais ideologicamente conservador, entre jogar jogos de video game violentos e se tornar um "serial killer", etc... 


Pois enquanto esse problema não começar a ser combatido, a psicologia continuará no limite entre ser uma ciência e uma pseudo ciência...

Psicólogos acadêmicos, primeiro, precisam entender de uma vez por todas que a psicologia não deve ser um meio para servir aos seus interesses pessoais ou ideológicos. E segundo, a partir dessa conscientização primária, esperar que aprendam a analisar o que pesquisam de maneira racional, imparcial e objetiva, visando os fatos. Por exemplo, de não caírem na tentação de afirmar causalidade antes de ter plena certeza de que não se trata de uma correlação. 

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

"O capitalismo é meritocrático"

 Umas semanas atrás, uma atriz brasileira ganhou 200 mil apenas pela "venda" do nome do filho que está esperando aos 50 e tantos de idade. Enquanto isso, milhões de pessoas trabalham duro para cooperar com a mesma sociedade que lhes paga muitíssimo menos e que jamais receberão essa quantia mesmo se trabalhassem por 100 anos.


Esse exemplo deprimente de anti-meritocracia não é exceção, mas a regra no sistema capitalista já que, quanto maior a conta bancária, menor a contribuição bruta ou direta que o indivíduo presta à sociedade em que vive, mais do que delega a si mesmo, se estendendo para além do mundo das artes e dos esportes, também para políticos, empresários e "profissionais' de ocupações consideradas de prestígio... Mas por quem?? Quem foi que decidiu que um médico tem que ganhar muito mais que um professor ou qualquer outro trabalhador que se encontra em uma posição abaixo na hierarquia??? E mesmo se o artista ou esportista fosse muito talentoso, qual é a razão para que um jogador de futebol ou ator famoso ganhe valores astronomicamente maiores que o restante da população?? 

O capitalismo parece ser basicamente uma espécie de feudalismo burguês em que, ao invés de "nobres" e "clero" como classes privilegiadas, que detêm poder e riquezas apenas para si próprias, temos, além das "sanguessugas azuis" remanescentes,  "empresários", "bilionários", "políticos", "artistas" e "esportistas", particularmente os mais famosos, como  "nobreza" e "clero" "modernos" tais como os existiam na Europa Medieval.

Pois não há absolutamente nada de sistemática ou verdadeiramente meritocrático no sistema capitalista. 

Crônicas do Telebosta 2000: vacinas matam!!

 "Tudo invenção da ONU comunista pra transformar o seu filho em autista e gay!! Pra te deixar estéril!!! Vacinas também matam!! Não te contaram que todas têm efeitos colaterais gravíssimos?? Liberdade é escolher o que quiser fazer de sua vida... e dos seus filhos (e dos filhos dos outros), claro...


É mentira que a vacina erradicou a varíola depois de uma campanha mundial de vacinação em massa no final dos anos 70. Tudo lorota pra te convencer a tomar esse veneno!!

!Pensem por conta própria!

Minha tia que falou no grupo da família que vacina não é obra de Deus, porque quando a criança morre... de uma doença infecciosa... é porque foi o destino dela ter ido mais cedo pro céu virar anjo"

A "direita" trava uma guerra milenar contra a racionalidade

 Com impérios, monarquias, feudalismos, escravidão, guerras, mitologias, genocídios, exploração, opressão... Séculos e mais séculos agindo como um vírus que perturba, enlouquece, adoece, envenena, corrompe, engana, mata, destrói..


Qual será o próximo presente da "direita" para nós, uma terceira guerra mundial???

Crônicas do Telebosta 2000: o fascismo (também) é de esquerda!

 "Se o nazismo é de esquerda, então, o fascismo também, né???


Por isso que, se você adora Mussolini, Itália fascista, defende os valores tradicionais, a religião e a pátria, você é comunista, esquerdista (pró LGBT, direitos das mulheres...) !! Um fascista pró direitos humanos e eco socialista!! 

Porque a direita me ensinou que fascismo e nazismo, POR SEREM IDEOLOGIAS COLETIVISTAS como o socialismo, SÓ PODEM ser de esquerda ... .... 

sábado, 15 de outubro de 2022

Crônicas do Telebosta 2000: o nazismo é de esquerda

 Fraulein Ariana Braun, ex Maria Cristina da Silva, pintou seus cabelos com tinta loiro-puta, colocou lentes de contato azuis, comprou versões resumidas de Mein Kempf e O Manifesto Comunista, uma blusa vermelha com rosto do Che Guevara, passou a adorar Adolf Hitler e Josef Stálin.. ser a favor da justiça social e do racismo, da igualdade, da solidariedade e do genocídio, contra o preconceito e a favor do ódio contra judeus, negros, LGBTs e comunistas... contra a exploração econômica dos mais pobres e a favor da "eugenia" de deficientes físicos e mentais... enfim, se tornou uma legítima esquerdista-nazista!! 


Parabéns, Ariana!!

O paradoxo da irracionalidade (ou da loucura)

 É de que indivíduos com transtornos mentais, mas muito conscientes disso, são mais sãos do que aqueles que não têm a mínima ideia do quão irracionais (ou delirantes) estão, especialmente se suas crenças erráticas são aceitas como variações normais ou aceitáveis de pensamento pela sociedade em que vivem. Basicamente, um indivíduo portador de esquizofrenia, que tem consciência de seu transtorno, mesmo se não tem controle dos sintomas, ainda pode ser considerado mais são ou lúcido que um indivíduo que está profundamente condicionado a acreditar que suas crenças são sempre baseadas em fatos ou verdades, especialmente quando não estão, quando são delírios. Porque mesmo que veja alucinações e tenha pensamentos delirantes, ele pelo menos sabe que tem um transtorno. 

Um ótimo teste de racionalidade: a autocrítica

 Costumamos ser muito bons para criticar os outros, especialmente aqueles com os quais apresentamos discordâncias ideológicas, morais e/ou políticas... Porém, quanto à capacidade de autocrítica, eu acredito que apenas uma minoria que é tão boa nisso quanto à de críticar discordantes. Não apenas de autocrítica pessoal, mas também quanto às ideologias ou grupos ideológicos aos quais se associam, isto é, suas próprias crenças...


Pois se são muitos os que dominam com maestria a arte de criticar inimigos ou discordantes, parece que são poucos os que são tão bons nisso, mas consigo mesmos e com amigos ou concordantes. Não apenas no sentido de pensamento crítico, mas também de pensamento imparcial e, portanto, mais justo. 

''O filósofo é aquele que faz perguntas, não o que responde. Ele existe para confundir e não para esclarecer'

 Frase dita pela maioria dos autodeclarados filósofos, claro, um determinismo vago e potencialmente errático de ''ofício'' para muitos dos que se dizem amantes da sabedoria.


Mas eu acho que o filósofo, além de ser aquele que faz perguntas, que confunde, no sentido de problematizar, também deve ser aquele que esclarece. Aliás, que é o mais importante, de esclarecer ou iluminar, a partir do momento em que, seguramente, percebe que pode fazê-lo.

É uma frase linda, mas que parece limitar a filosofia ou o filósofo, especialmente o que realmente busca pela sabedoria, a um papel menor do que lhe cabe em termos de potencial. 

Sobre vírus e grandes fortunas

 Pois são exatamente como infecções de vírus que invadem organismos sociais e se replicam dentro deles, se não poderiam ser geradas sem que fossem infectando outras células ou fontes indiretas de renda, que não são produtos de trabalho ou esforço bruto dos seus detentores. 

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

O embate ideológico entre o relativismo pragmático-existencialista e o determinismo ritualístico-tradicionalista

 O que o apoio à participação de atletas trans em competições com atletas cis e à relativização qualitativa das artes têm em comum?? 


Além de serem expressões político-ideológicas de esquerda ou progressistas também representam uma perspectiva mais pragmático-existencialista, em que o mais importante é a realização ou satisfação individual quanto a um determinado objetivo, de preferência, moralmente válido, mesmo que burle as regras vigentes da atividade que se pratica para se alcançar esse objetivo, de mostrar que não passa de uma convenção cultural e que, portanto, pode ser criticada e até alterada.  

Já a rejeição à possibilidade de que atletas trans sejam inseridos nas competições esportivas oficiais e da relativização das artes, além de serem posicionamentos político-ideológicos tipicamente de direita, também representam uma perspectiva mais ritualístico-tradicionalista em que o mais importante é o respeito ao rito ou às regras que foram determinadas, mesmo se forem excludentes. 

Essa é a diferença entre acreditar que uma "peça de teatro", por ser uma construção social ou imitação da realidade, possa sofrer alterações. E de acreditar que o rito deva ser respeitado, enfatizando mais no "teatro" do que em sua própria essência, de ser uma imitação da realidade...


Mas... 

Os que se posicionam contrariamente à inserção de atletas trans em competições esportivas oficiais e à relativização das artes também estão tão certos em seus posicionamentos quanto os que se posicionam favoravelmente, porque apontam para as injustiças de se igualar uma obra de arte que exigiu talento e esforço à outra que teve pouca ou nenhuma elaboração e de colocar indivíduos de sexos opostos para competir uns com os outros, que podem apresentar vantagens biológicas. Já os que são favoráveis argumentam corretamente que a cultura humana é essencialmente uma convenção e, portanto, é totalmente possível fazer alterações/acomodações visando a inclusão de grupos historicamente marginalizados. E em relação à relativização das artes, acreditam que não existe razão lógica para delimitá-la com rigidez, se sua essência é a auto expressão e não a forma com que se apresenta. 

Nesses dois exemplos, por mais que os conservadores sejam caracteristicamente mais propensos a enfatizar a aparência ou o teatro do que a essência, o que o "teatro" realmente se consiste, estão um pouco mais certos, especialmente por fazerem justiça com aqueles que, de fato, mais se dedicam ao mundo das artes e/ou dos esportes.

Um paradoxo 

Se os conservadores são mais propensos a levar a sério ritos ou convenções culturais do que progressistas, então, por que eles também tendem a tratar as artes como mero entretenimento??

Veja, por exemplo, os fãs conservadores dos Cavaleiros do Zodíaco e do Pink Floyd que tratam essas obras artísticas apenas como entretenimento, pois tendem a desprezar completamente as mensagens ou ensinamentos que passam, respectivamente, sabedoria e amizade no primeiro e justiça social no segundo. Porque abundam aficionados por Cavaleiros do Zodíaco em comunidades de redes sociais, dedicadas à obra, que estão sempre fazendo comentários racistas e/ou homofóbicos, especialmente se tratando de um anime que retratou as diversidades sexual e racial por vários de seus personagens. E também abundam (ex) fãs do Pink Floyd que escutam ou escutavam as músicas da banda inglesa sem ter a curiosidade de entender seu conteúdo explicitamente anti-fascista.

A explicação pode estar justamente no fato de que, o modus operandi da maioria dos conservadores é de desprezar a essência pela aparência, daí a ideia de que as artes, até mais do que os esportes, serem consideradas por eles apenas como meios de entretenimento, desprezando que também são, em essência, meios de auto expressão, inclusive para reflexões filosóficas, tal como a educação crítica sobre os problemas humanos. De que estão mais preocupados com a estética e/ou com a capacidade de entretenimento dos produtos culturais que consomem do que com os seus próprios conteúdos, principalmente se forem mais reflexivos ou críticos. Como conclusão, parece que, segundo muitos deles, as artes têm que ser formais e agradáveis aos seus gostos para serem consideradas genuinamente artísticas. 

domingo, 9 de outubro de 2022

O "geracionismo" é uma nova astrologia??

 Eu nasci no final dos anos 80, fui uma criança anos 90 e um adolescente anos 2000. Minha memória está impregnada com produtos culturais desses períodos, que mais me marcaram: programas de TV, músicas... e com lembranças mais pessoais: de momentos, pessoas, seres, especialmente os que já se foram... Eu expresso preferências culturais dessas épocas; marcas temporais de uma geração. Mas eu não acredito que minha personalidade foi completamente moldada por experiências vividas nas minhas primeiras décadas de existência. No entanto, são muitos os que acreditam que cada geração apresenta um tipo de personalidade, produto de suas vivências em determinado período e tempo. Mas, será que todo "millennial" é igual, ou será que, exatamente como acontece com a astrologia, aqueles que mais se identificam com características ou comportamentos considerados de sua geração, equivalente aos signos do zodíaco, tomam-nas como partes elementares de suas personalidades, criando, assim, uma bolha de coincidência e concordância?? 


Pois eu acho que me identifico bastante com as preferências culturais e características psicológicas, consideradas da minha geração, mas, nem por isso minha identidade pessoal foi totalmente moldada por um espaço/tempo particular, se, pelo que percebo, a maioria das pessoas de mesma faixa etária não apresentam o mesmo tipo de personalidade ou preferências. 

É totalmente verdade que compartilhamos memórias culturais de nossas épocas. Por exemplo, eu sei que muitos se não a maioria dos "millennial" brasileiros se lembram do Mundo de Beakman e que vários deles, na casa dos 30 anos, passaram até a cultuar esse programa divertidamente educativo dos anos 90 (voltei a ver uns episódios recentemente). Nem por isso, todo "millennial" brasileiro, por ser da mesma geração, tem a mesma personalidade ou predileções.

Por isso, resolvi chamar essa crença de que nossas características psicológicas e cognitivas são moldadas principalmente pelo período em que nascemos e crescemos de "geracionismo".  

Novamente sobre padrões de votos no Brasil e uma pergunta: será que, em média, brancos não sabem votar??

 Não apenas aqui...


Se não fosse pelos votos do Nordeste, a maioria dos eleitores das regiões mais desenvolvidas e com melhor nível educacional do Brasil, Sul, Sudeste e Centro-oeste, teriam praticamente reeleito no primeiro turno um dos piores presidentes da história quase democrática de nosso país, Jair Bolsonaro, nessas eleições de 2 de outubro de 2022, mesmo depois de quatro anos de um mandato pífio e asqueroso. E esse show [de horrores] da democracia brasileira não parou por aí, porque a extrema direita avançou muito no senado, com vários de seus candidatos sendo eleitos, diga-se, em sua maioria de sujeitos com propostas quase sempre estúpidas ou cruéis e que só pensam em poder e/ou dinheiro, claro, graças a muitos eleitores dessas mesmas regiões.

Então, você já imagina o perfil deles, né?? 

Brancos, cristãos, conservadores, de classe média e alta e sim, com bom nível de escolaridade (não, não estou desprezando os eleitores evangélicos, só enfatizando o outro tipo de bolsonarista). 

Bem, aí cabe perguntar o que está acontecendo, se esse perfil, de brancos de classe média e alta, tem a média de QI mais alta*, não era lógico de se esperar que, maior a média de QI, maior a capacidade cognitiva e, também, racional?? 

* Segundo alguns poucos estudos sobre QI realizados no país e, também, com base no que tem sido encontrado lá fora, de correlação do mesmo com: desempenho escolar e acadêmico, raça, classe social...

Primeiro que, a maioria dos bolsonaristas mais escolarizados não tem formação nas ciências humanas, se são desproporcionalmente de médicos, advogados, dentistas, engenheiros...

Isso implica que, não adianta apenas ter um bom nível educacional se também é preciso saber em qual área que se especializou. Pois em termos de conhecimento político, nenhuma outra área é mais relevante que as ciências humanas.

Segundo que, sim, há décadas que as esquerdas têm demonizado brancos, cristãos e de classe média em seus discursos e práticas. Portanto, uma boa parte dessa culpa é delas mesmas. 

Terceiro e o mais importante que, apesar das esquerdas terem contribuído para fomentar uma grande animosidade neste grupo, a priori, é perfeitamente possível analisar candidatos ou políticos de maneira imparcial e objetiva. Mas desde que o indivíduo esteja suficientemente sensato para votar com consciência, e é aí que podemos perceber uma desproporção de brancos, especialmente os que também são cristãos, conservadores e de classe média e alta, apresentando um nível sofrível de capacidade racional, votando com base em suas preferências político-ideológicas do que analisando o histórico e a qualidade das propostas dos candidatos...

Pois está parecendo que uma larga fração de autodeclarados brancos, descendentes de europeus, simplesmente não têm um nível suficiente de capacidade racional para analisar a política, isto é, as sociedades dos países em que vivem, de maneira imparcial, objetiva ou justa, de se aterem primeiramente aos fatos antes de se posicionarem política e ideologicamente. 

Não que os outros grupos raciais sejam muito melhores nesse quesito, apenas que, o mito de que "a raça branca é a mais racional" não se sustenta com base nessas evidências de comportamento irracional coletivo. E, não. Brancos, nem mesmo os de classe média alta, se beneficiam mais com a maioria das políticas defendidas e/ou impostas pela extrema direita, especialmente no Brasil. Por exemplo, a liberalização do porte de armas que, muito improvavelmente, irá diminuir os índices de criminalidade, que pode até aumentá-los, forçando-os a gastar mais dinheiro com segurança pessoal.

Portanto, a lição que podemos tirar, não apenas dos padrões de votos nas eleições brasileiras, é a de nunca julgar a capacidade racional de uma pessoa com base em: raça, classe social e até nível de escolaridade, mas sempre por suas crenças e comportamentos.

Parafraseando a mãe do Forrest Gump:

"Stupid, stupid does" 

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Esquerdistas ou direitistas, qual grupo que é o mais irracional??

Imagine que você é teletransportado para uma sociedade onde predomina a prática da escravidão, exatamente como acontecia no Brasil colonial; que, então, passa a testemunhar seres humanos sendo tratados com brutalidade e desrespeito apenas porque pertencem a uma certa raça ou etnia; e que, em contraste, também testemunha pessoas sendo tratadas de maneira excessivamente respeitosa pelos outros apenas por causa de sua classe social, mesmo se passam boa parte do seu tempo no ócio ou até pior se são justamente elas que controlam, mantêm e mais se beneficiam desse sistema cruel.  


Agora, eu lhe pergunto o que você está vendo?? Como você chamaria isso?? 


Bem, se você for uma pessoa minimamente sensata, você chegará à básica conclusão de que se trata de uma sociedade muito disfuncional porque, enquanto os que mais trabalham para sustentá-la são tratados da pior maneira possível, os que menos contribuem diretamente são os mais privilegiados e prestigiados.


Agora, se você for uma pessoa que não tem o "sagrado" hábito de pensar: refletir, analisar e criticar o que está vendo, é possível que tome essa realidade como intransponível, inevitável e até justa, que internalize discursos e narrativas criados para justificar esse estado de coisas.


Portanto, temos aí dois tipos de pessoas: uma que pensa sobre o mundo, inclusive com pensamento crítico, e outra que o aceita e se conforma, não importando o quão disfuncional possa estar, como se fosse uma realidade absoluta e/ou também que se posiciona contrariamente às tentativas de melhorá-lo. E mais, porque, formas análogas de sistemas escravagistas continuam vigentes, tal como o capitalismo, em que também existe uma minoria que detém boa parte das riquezas produzidas, enquanto a maioria, que produz essas riquezas, é explorada por essa minoria, ao ser recompensada com muito menos do que vale sua contribuição.


Conclusão 


Está claro que o primeiro tipo, de esquerda ou progressista, é o mais racional ou o menos irracional e, sem fazer vista grossa para os muitos equívocos de racionalidade que também costumam ser especificamente cometidos por esquerdistas, por exemplo, a crença na tábula rasa.


Um extra: a crença religiosa 


Pois apesar de direitistas e esquerdistas serem, ambos, mais propensos a preferir acreditar no que lhes faz se sentir bem, se factual ou não, do que encarar toda verdade com maturidade, os direitistas, em sua maioria, além desta alienação ao que acontece de moralmente errado, no sentido de irracional, também adotam crenças religiosas e, com pouca moderação, que são exemplos clássicos de afirmações extraordinárias sem evidências extraordinárias: na existência de deus ou deuses e de um mundo metafísico, de que a vida (apenas a humana?) continua mesmo depois da morte; nas narrativas mitológicas sobre Jesus, Maomé...


Então, por essa perspectiva, os esquerdistas, como um grupo composto proporcionalmente por mais ateus, agnósticos e religiosos moderados do que os direitistas, também apresentam posicionamentos mais sensatos, se não existe qualquer evidência, nem mesmo uma base lógica ou plausível que suporte a existência de deus e da vida eterna.


*E são muitos os que se declaram "filhos de deus" que desprezam completamente o que suas religiões pregam de mais importante e sensato, o amor e o respeito ao próximo. 


segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Por que o mundo das celebridades é um reflexo da essência podre do sistema capitalista??

De maneira geral, as "celebridades" são um grupo de indivíduos privilegiados que desfrutam de um grande reconhecimento público, na maioria das vezes injusto ou exagerado e, também, de salários muito altos se comparados com os do restante da população. Se elas, em sua maioria, não se tornam famosas por terem algum talento excepcional, expressado a partir de uma obra artística de grande valor, particularmente no caso dos artistas famosos, mas que também vale para qualquer outro tipo de celebridade. E se seus salários, geralmente exorbitantes, também não fazem jus à contribuição que dão à sociedade.

Em outras palavras, a gratificação que recebem excede significativamente a contribuição que delegam.

Mas não pensem que as "celebridades" são as únicas que enriquecem injustamente e, associado a uma valorização exagerada de suas figuras e contribuições, porque todos aqueles que exercem alguma profissão considerada de "elite": empresários, políticos, juízes, médicos (ainda mais os que atendem no setor privado).. também tendem a retirar muito mais da sociedade do que contribuir...

Pois além de enriquecimento e reconhecimento injustos, parece que a maioria das "celebridades" também tendem a ser pouco generosas com causas sociais...

Na verdade, nenhum ser humano, independente do quão talentoso ou prestativo possa ser à sociedade, merece ser recompensado com um salário que está muito acima da média ou acumular uma grande fortuna, porque além disso e se configura numa relação de parasitismo. Se a ideia de que se pode acumular uma grande fortuna com base apenas no trabalho é completamente irrealista.

O mesmo no caso da pobreza, se nenhum ser humano, a priori, merece receber um salário que está muito aquém do seu custo de vista, bem como por sua contribuição bruta, que o faça viver precariamente...

sábado, 1 de outubro de 2022

Realismo pessoal-adaptativo e realismo holístico-evolutivo

 Dois tipos de perspectivas existenciais, aqui categoricamente generalizados.


O primeiro é mais comum de ser adotado por pessoas que se declaram de direita no espectro político-ideológico e se consiste na ênfase em uma perspectiva pessoal de conformidade adaptativa a um contexto vigente, de aceitar o mundo como ele é ou está, buscando adaptar-se às suas circunstâncias sem idealizar um mundo melhor ou diferente, de chegar a considerar uma realidade imposta como absoluta, no sentido de inevitável ou incontornável, mas também no sentido de justa. Já o segundo é mais comum de ser adotado por pessoas que se declaram de esquerda e se caracteriza pela ênfase em uma perspectiva alteritária e holística de inconformidade a contextos impostos, particularmente aos que são avaliados como arbitrários, injustos e/ou falaciosos, partindo de uma análise crítica ou não-conformativa, de não normalizar atitudes, leis, senso comum... que estejam baseados em mentiras ou injustiças, de se avaliar contextos sem se limitar à própria perspectiva.