sábado, 16 de julho de 2016

Aprender é o aprofundar e não o decorar

O único aprender é o se aprofundar e geralmente de maneira específica

A maioria das pessoas tendem a confundir o verdadeiro significado do aprendizado com o conceito/significado genérico ou popular do mesmo, que é a memorização, pura e fundamentalmente, e que na verdade  se consiste logicamente na memorização de um sistema de operacionalidade (fórmulas matemáticas por exemplo) ou diretamente, por exemplo, decorando a tabuada. 


Apreender técnicas é parte importante do verdadeiro aprendizado. No entanto além de memorizar as técnicas também é importante entende-las em seus respectivos todos, as suas origens, quem as produziu, com que razão ou proposta, pra quê serve e pra quê não serve, como que pode ser desenvolvida, se exibe falhas não-percebidas dentro de seu sistema de operacionalidade, se servem pra si, isto é, se lhe nutre empatia, se acha que consegue aprender além do básico, etc...

O verdadeiro aprender começa pela análise sucinta, constante, teimosa porém objetiva e racional dos próprios preconceitos cognitivos, aculturados, no caso dos preconceitos morais, e tecnicizados, no caso dos preconceitos puramente cognitivos. Ao invés de nos sobrepormos à realidade filtrando-a e transformando-a em uma versão que nos faça mais felizes, o hábito universalmente comum da humanidade, nós precisamos ou deveríamos comparar, ''testar' pra ver se os preconceitos cognitivos ou impressões diretamente emanadas de nossas ''formas'' ou mentes de fato se consistem em princípios lógicos (potencialmente racionais) e portanto inicialmente corretos da parte da realidade que estiver sendo analisada/escrutinada. Em outras palavras, para aprender, primeiramente, é preciso aprender sobre si mesmo, se qualquer aprendizado (ou melhor apreensões ou apreendizados) começa inegociavelmente por nós mesmos, obviamente. Se conseguir domesticar a si mesmo, o seu ''eu-primeira pessoa'', e prostrar-se com maior frequência enquanto um ''eu-segunda pessoa/segunda opinião'', então começará de fato a aprender, independente da magnitude do aprendizado, pois mais vale uma pequena compreensão na mão do que um grande equívoco voando.


Aprender é um processo bastante custoso, primeiro deve-se ter a sorte de entender ''imediatamente'', isto é, de ter a compreensão factual direta/inicial ou preconceito pessoal inicialmente correto, por exemplo, aceitar subconscientemente ou via ''impressões pré-conceituais'' que as raças humanas existem, ao contrário da moda pseudo-intelectual de agora que se consiste na negação de suas existências por meio de teorias excessivamente sofisticadas e portanto irrealistas, que eu já destrinchei parcial porém profundamente por meio da metáfora do conto de fadas ''A Nova Roupa do Imperador''. Ou de aceitar que a ''religião'' não pode decidir sozinha sobre a moralidade objetiva. A partir deste primeiro passo para a autoconsciência, o seu caminho se transformará em uma luta de cabo de guerra, entre você e você mesmo, entre você, enquanto um animal totalmente influenciado por seu ego instintual/vital, e você 2.0, enquanto a segunda consciência que se consiste a inteligência humana, ou que também pode ser semanticamente entendido como potencial para a sabedoria.

As nossas bases interpretativas começam em nós mesmos, em nossos próprios preconceitos cognitivos. Entre os animais não-humanos, os seus preconceitos cognitivos são literalmente os seus modos de viver e portanto eles ''terminam por aí'' em termos de auto-análise. Nós temos uma certa capacidade de desenvolver consciência em relação às suas existências (de nossos preconceitos cognitivos) e de tentar transcendê-los/superá-los ou ''aprender'', se necessário. Infelizmente este processo parece ser consideravelmente falho para a grande maioria dos seres humanos.

A sabedoria mais do que o acerto progressivo, mais se parece com a fuga constante dos erros, que como eu sempre gosto de alertar, são sempre prolíficos.

Então é possível concluir que todas as nossas percepções se principiam de modo tendencioso, porque tendemos a filtrar aquilo que estamos vendo, transformando a realidade bruta em uma realidade apaziguada, tal como no caso análogo da filtração da água, do seu estado natural (mais poluída ou naturalmente suja) para um estado apto para o consumo humano. Filtramos, limpamos a nossa realidade, para que possa estar apta para ser consumida por nós. Os padrões de fora vão sendo triturados até se adequarem aos nossos próprios padrões, ''de dentro''. O sábio é aquele que ao perceber as suas próprias tendências, começa a lutar contra elas, com o intuito de desenvolver julgamentos muito mais completos, isto é, analisando os seus próprios preconceitos negativos (rejeição) bem como também as suas facilidades ou preconceitos positivos (aceitação). O sábio é o uso exponencialmente perfeccionista da chamada ''segunda consciência'', 'o segundo eu' que analisa os pensamentos e as ações do 'primeiro eu'. O sábio decanta pacientemente as peças que compõe certa realidade e sempre em busca dos melhores julgamentos.


A relação entre aprendizado e preconceito cognitivo parece ser bastante significativa visto que o segundo funciona como um mediador do primeiro, isto é, se o preconceito cognitivo for positivo, então haverá uma maior facilidade de internalização ou aprofundamento e posterior desenvolvimento, claro, dependendo das características psico-cognitivas gerais, como uma maior capacidade criativa ideacional bem como também da própria natureza do ''pré-conceito cognitivo'', se é potencialmente lógico, moderado ou ilógico. Se o preconceito cognitivo for negativo (lógico ou ilógico) então será muito mais difícil de ser compreendido primeiramente porque já será difícil de se aceita-lo. Portanto, da mesma maneira que apresentamos preconceitos, positivos ou negativos, de natureza puramente cognitiva como rejeitar ou aceitar/gostar de matemática, o mesmo acontecerá em relação aos aspectos psicológicos, que geralmente notado em relação à questões ''ideológicas'', políticas ou ''culturais''.

Precisamos definitivamente nos livrar deste mito popular quanto à transferência direta e universal de conhecimento, de preferência aqueles que sejam de fato ''conhecimentos'' (matéria prima para a compreensão factual), em seu sentido mais semanticamente literal/correto, porque na verdade, não existe esta direta relação, isto é, ''pensamos, entendemos, logo sabemos''.

 Somos como esponjas e absorvemos as informações das quais ''mais apreciamos'', mas isso não se traduzirá forçosamente em ''se tornar um melhor conhecedor'' sobre um certo assunto, se o conhecimento humano, além de muito grande e diversificado, também é ''infinito'' ou sem prazo de validade em relação à sua expansão, especialmente por causa da presença da tecnologia como grande ajuda nesta tarefa e se ''continuamos'' a represar grandes frações de ''pseudo-conhecimentos'', ainda que possam nos ajudar em termos emocionais, para nos desviar da ''depressão existencial'', o lugar-comum para os hiper-realistas melancólicos.

O aprendizado mais puro parece ser mais concreto a partir da matemática e é a partir dela que também devemos focar no  ''esqueleto'', na ''espinha dorsal'' ou nas estruturas que fortificam, que se baseiam os sistemas de operacionalidade, em especial de elementos de natureza abstrata, e não apenas em relação aos números, mas também nas outras nuances da realidade ou existência.

Como sempre apenas a sabedoria que pode prover o melhor de todos os aprendizados por se consistir na combinação perfeita entre razão e emoção.



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