quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O diabo sou eu, mas eu sou um anjo...



O anjo é um idiota, sem querer ser,
apenas lhe dão este rótulo, e ele aceita sem se revoltar,
anjos são muito calmos e bondosos, 
mas vivemos em um planeta povoado por diabinhos,
ele é a presa ideal, fácil e fraca,
mas alguns anjos nascem menos celestiais,
seus cabelos são menos loiros, mesmo quando o sol bate direto na nuca,
seus olhos são menos azuis, menos como do mar do Caribe, e mais como os mares gelados do extremo sul,
esses anjos são caídos, nasceram sem ter asas, mas não se revoltam por isso,
ao invés de se conformarem com sua luz, querem tornar a todos como a si mesmos,
não se contentam com pouco, porque querem espalhar harmonia,
eles não querem ser a harmonia por si mesma, até porque não são tão bonzinhos assim,
em pouco tempo, seus olhos vívidos e grandes veem toda a maldade vindo pelo ar a sufocá-los,
eles se tornam peritos em capturar falsos profetas, e ao invés de rostos rosados e sorridentes, teremos semblantes sérios e astutos,
a metamorfose do anjo caído, que não encontrou a paz dentro de si, mas ainda tem luz suficiente para espalhar, e vontade irrequieta para transformar,
deixou de ser a lagarta apática que apenas contempla,
mas contemplar o que**
o anjo caído quer construir aquilo que não há,
ou destruir aquilo que fede demais, 
uma bela mariposa deslumbrante e enérgica, bate suas asas coloridas e translúcidas,
e lança olhares mordazes, o enfant terrible
que faz ''o mal'', mas que na verdade é o bem, e poucos podem entender,
carrega em suas costas estreitas, toda a responsabilidade do mundo, 
é xingado, mal compreendido, mas a força é maior, sua lava não tem direção, ainda que tenha um destino,
sábios são diabos aos olhos do estúpido, e anjos aos olhos de intelectos eleitos,
o diabo sou eu, mas eu sou um anjo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário