terça-feira, 15 de agosto de 2023

O que dizem que é justo sobre os processos avaliativos e seletivos (novamente) e o que realmente é

 Corrida maluca 


A educação brasileira, mas também da maioria dos países oficialmente reconhecidos pela ONU, está baseada no sistema tradicional de ensino e que, por sua vez e, cruamente falando, se baseia na crença da tábula rasa, adaptada ao contexto escolar, de que a maioria dos seres humanos, desprezando os que já nascem com deficiências intelectuais evidentes, apresentam os mesmos potenciais de aprendizado e apenas se diferenciam, em termos de desempenho, pelo nível de esforço ou dedicação aos estudos. Por isso as avaliações iguais para todos os estudantes, as notas vermelhas, a recuperação e até a repetência... No entanto, as evidências legitimamente científicas sobre esse tópico nos mostram que apresentamos diferenças qualitativas e quantitativas de inteligência e que são predominantemente intrínsecas ou que não são superficiais, isto é, facilmente alteráveis. Como resultado, idealmente, o sistema de ensino não deveria comparar desempenho, pelo menos da maneira como tem feito, porque é basicamente o mesmo que comparar o desempenho de animais de espécies diferentes disputando uma mesma corrida. Mas, está consolidado a hegemonia dessa crença igualitarista e de que é a maneira mais justa de avaliação, tanto na educação quanto para o mercado de trabalho, que todos devem ter igualdade de condições e serem avaliados por seus desempenhos e não por quem são.

Mas, e se não apresentarmos as mesmas condições psicológicas e cognitivas??

Aí não é bem o "se", se nossa diversidade de intelectos e personalidades é uma realidade palpável, mesmo que muitos especialistas, na educação e em outras áreas relacionadas, não acreditem em sua existência. 

Pois o mais justo nesse contexto seria de avaliar por especificidade, porque igualaria por capacidade específica do que como tem sido avaliado, por conhecimentos gerais, especialmente em provas de concurso público e de admissão no ensino superior. Se somos ou inevitavelmente nos tornamos mais especializados em determinadas áreas do conhecimento ou da atividade humana e se toda profissão é uma especialização...

Portanto, o mais justo, nessa analogia com uma corrida maluca de animais de espécies diferentes é que os de mesma espécie compitam entre eles mesmos e, traduzindo para o sistema de seleção e avaliação na escola, mas mais especialmente no ensino superior e no mercado de trabalho, que as mesmas habilidades sejam comparadas entre os concorrentes, por exemplo, no caso de uma vaga para professor de história, que os conhecimentos em história, dos candidatos, sejam comparados e não seus conhecimentos gerais. 

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