quarta-feira, 9 de novembro de 2022

A lógica do capitalismo não é uma lógica divina, natural ou universal

 A lógica do capitalismo é a mesma do parasitismo, porque sua estrutura mais básica consiste numa relação em que, especialmente para os que alcançam ou estão no topo da hierarquia social, a recompensa ou, o quanto que retiram da sociedade, vale muito mais que a contribuição bruta à mesma ou, o quanto que depositam, no sentido de contribuir ou ajudar, enquanto que o padrão oposto é determinado para os que estão em suas bases, pois não são recompensados de acordo com o que realmente valem suas contribuições. 


Veja o exemplo mais absurdo, atualmente, do bilionário Elon Musk, cuja fortuna foi avaliada em 200 bilhões de dólares americanos em 2022. Pois para que sua contribuição à sociedade ou sociedades em que vive fosse minimamente justa ou parcialmente equivalente à sua recompensa, o que tira delas para si, ele deveria direcionar até metade do seu patrimônio para causas sociais diversas, sem esperar nenhum retorno ou lucro, e mesmo assim ainda estaria longe de alcançar esse objetivo. Então, além de sua contribuição não valer, sob nenhuma hipótese, esses valores exorbitantes de renda e patrimônio que tem recebido e acumulado, em sua maioria como lucros de investimentos, ainda não busca compensar reinvestindo pelo menos parte de sua grande fortuna em algo que realmente contribua com as sociedades pelas quais tem enriquecido, sem esperar qualquer retorno e não apenas de investir em seus delírios de grandeza visando lucros ainda maiores (muito pelo contrário pois, além disso, também tem se aliado com aqueles que não se importam com as desigualdades sociais ou que não têm nenhum peso na consciência enquanto "mestres" de um sistema estruturalmente parasitário, como o capitalismo). 

Não existe lógica natural ou universal em estabelecer o valor de uma contribuição a partir de um símbolo abstrato, como o capital ou o dinheiro, ao invés de determiná-lo pelo valor da contribuição em si. Pois se a sociedade em que vivemos fosse baseada numa lógica não-parasitária, só para começar, seria impossível a existência de ultra e super ricos, até mesmo de milionários modestos, com patrimônio de "1 a 10 milhões" de capital acumulado OU pelo menos eles seriam obrigados a compensar.

A conclusão mais realista e dura sobre o sistema capitalista é que se trata de um mundo falso baseado em fantasias, como o dinheiro, que "funciona", mas especialmente para os que vencem seu jogo de mentiras, enganos e egoísmo. 

Um comentário:

  1. E porque ele deveria recompensar a "sociedade" (Grupo de outros humanos)? Onde está escrito isso? Se tiver escrito, quem escreveu? E se ele achar que para a existência dele ficar completa, ele deve ter esses delírios de grandeza? Deveria ele abdicar de algo que lhe satisfaz em prol de algo que não lhe satisfaz apenas porque "socialmente" alguns humanos consideram que lhes dar dinheiro é algo bom?

    "Pois se a sociedade em que vivemos fosse baseada numa lógica não-parasitária, só para começar, seria impossível a existência de ultra e super ricos, até mesmo de milionários modestos, com patrimônio de "1 a 10 milhões" de capital acumulado OU pelo menos eles seriam obrigados a compensar."

    Porque seria impossível a existência de ultra ricos em uma sociedade baseada em lógica não-parasitária? Teriam todas as pessoas, ainda que orientadas por um raciocínio lógico, as mesmas aptidões intelectuais e criativas? Pensariam todas de forma igual? Porque seriam obrigados a compensar? Quem os obrigaria? Dado que todos os humanos aparecem nesse planeta da mesma forma, quem seria o iluminado que teria o poder para obrigar alguém a fazer algo? De onde viria essa fonte de poder? E se ele se recusasse a compensar?

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