quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Sobre valores (morais) ocidentais e universais

 Quando o talibã retomou o poder no Afeganistão, no ano passado, enquanto a maioria das pessoas lamentou o ocorrido, especialmente as que se dizem a favor da justiça social, da empatia e da solidariedade, um grupo composto por esquerdistas radicais, que prega pelos mesmos valores, comemorou esse evento denominando-o como "uma vitória contra o colonialismo ocidental", porque acreditam que nenhum país tem o direito de interferir nos assuntos domésticos do outro, especialmente se forem EUA e seus aliados. 


Engraçado que, se for a Rússia ou outro país antagonista aos interesses estadunidenses que estiver interferindo, eles não acham ruim... E também que, se o país em que vivem se transformasse em uma ditadura fascista, é quase certo que pediriam ajuda de fora...

Hipocrisias e contradições à parte, apesar de ser muito incoerente para alguém que se diz a favor da justiça social, comemorar que um regime terrorista, como o talibã, tenha voltado ao poder no Afeganistão, só porque representa o fim da influência estadunidense ou ocidental na região, ao menos está de acordo com o princípio que segue, de "respeito à soberania",  especialmente dos países subdesenvolvidos. Só que, para toda regra existem exceções. E, neste caso, a exceção seria sempre que um governo ou cultura estivesse realmente oprimindo indivíduos com base em sua raça, religião, sexualidade, etc; que, idealmente, incluísse qualquer forma de abuso ou agressão irracional contra a integridade humana e, também, contra animais não-humanos.

Por isso, é importante que compreendamos as diferenças de uma intervenção estrangeira por motivação política ou econômica, por exemplo, a invasão do Iraque pelos EUA, e uma que visa, de fato, combater injustiças, infelizmente menos comum que a primeira. Também vale ressaltar a complexidade dos contextos. Novamente o caso das invasões estadunidenses ao Iraque em que, apesar de terem sido motivadas pelo controle de suas reservas de petróleo e causado um número elevado de casualidades entre a população civil, pelo menos ajudaram a libertar o povo curdo da opressão da ditadura de Saddam Hussein. 

Pois denominar como "valores ocidentais": solidariedade, empatia e respeito... por minorias, por exemplo, é um equívoco que tem sido maliciosamente endossado por ditadores psicopatas, como vladimir putin, se está claro que se tratam de "valores universais", passíveis de serem defendidos por qualquer povo ou cultura. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário