quarta-feira, 29 de junho de 2022

(De novo) sobre moralidade e sua objetividade

 A moralidade não é apenas relativa, porque não é apenas um conjunto de crenças, práticas e comportamentos seguidos dentro de um espaço ou tempo específicos, mas também o quão realmente alinhados à verdade e/ou à justiça estão. 


Por exemplo, uma comunidade que, baseada em sua "religião" ou cultura, determina que suas mulheres não podem exercer as mesmas profissões que seus homens, inclusive algumas muito importantes, tal como a de governante, por serem consideradas incapazes ou inferiores aos mesmos. E uma outra em que as mulheres têm esse direito garantido, por não serem consideradas menos capazes. Nesta comparação, a segunda comunidade está mais moralmente certa do que a primeira, porque, a priori, capacidades individuais não são absolutamente determinadas pelo sexo da pessoa. Por isso que, não há razão para proibir as mulheres de poderem exercer os mesmos cargos que os homens, desde que sejam competentes, obviamente. 

A moralidade também é o nível de compreensão factual e consequencial, refletida como crenças e práticas, a partir do quão imprescindíveis, necessárias ou facultativas à sobrevivência estão. 

Por exemplo, a escravidão. Neste caso, é importante saber se não existe nenhuma outra alternativa ou se, para subjugar uma população, é sempre preciso maltratá-la. Pois não é difícil perceber que, a partir de uma abordagem mais racional, é perfeitamente possível atender esse objetivo, de subjugá-la, sem que seja necessário tratá-la da pior maneira possível, que pode ser muito mais vantajoso fazer o oposto, transformando-a em uma aliada, bem alimentada e conformada, no sentido de se estar genuinamente satisfeita com a autoridade do grupo dominante, do que alimentar o seu ódio, predispondo-a à vontade de se revoltar. Como conclusão, além de não ser a melhor abordagem, a escravidão também se baseia em uma série de mentiras, até para que possa ser "justificada", tal como a de que todos os indivíduos de uma raça X, por serem absolutamente inferiores, devem ser tratados "de acordo" com a sua suposta condição de inferioridade absoluta. Por isso, é conclusivo que o nível de moralidade da escravidão, especialmente em um contexto humano, seja um dos mais baixos, se não é imprescindível, necessário ou inevitável, quer seja para a organização e o controle social e/ou para sobrevivência, nem tampouco racional.

Escravizar, em seu sentido mais puro, de maltratar para controlar, não é justificável ou inevitável nem mesmo no lido com as outras espécies de animais e pelas mesmas razões, ainda mais se tratando de espécies domesticadas, e se não há razão para tentar estabelecer tais relações, de maior proximidade, com espécies muito selvagens.

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