quinta-feira, 2 de março de 2017

Eu vivo mais no presente (alegria, entusiasmo) e no passado (melancolia)

E percebam que não existe tal coisa, literalmente falando, que ''viver no futuro'', se apenas podemos viver no presente e o fazemos evidentemente, mas também podemos relembrar o passado e ''re-vivê-lo''. Nada mais sábio do que esta complementaridade entre o passado e o presente, que são os únicos responsáveis pelo futuro. Este equilíbrio entre o ''instinto do presente'', do agora, com todo o seu entusiasmo, com toda sua ''suspensão'' tanto das lembranças melancólicas quanto das ansiedades futurísticas, e a melancolia bela e fria de nossos passados acumulados, que apaga um pouco este fogo do instinto-presente, me parece se consistir na fórmula ideal para se produzir sabedoria, e não apenas em relação ao psicológico/emocional, mas também ao cognitivo, usando a criatividade que desbrava o presente e sonha com o seu futuro, e a experiência do passado-memória, se só podemos raciocinar com base, isso mesmo, com a base, naquilo que já temos em nossos domínios. Não se pode viver ou mesmo reviver de maneira simulada aquilo que não se tem, e portanto não se pode viver no futuro, apenas de ansiá-lo queimando rápido o fogo do presente. Ainda que necessária para a criatividade, a ansiedade vê-se menos instrumental para a sabedoria, que necessita tanto da alegria subconsciente do ''viver no/pelo presente'' quanto da sobre-consciência existencial da melancolia do ''relembrar o passado'', e é por nossos acúmulos que construímos as nossas identidades auto-conscientes. 

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