sábado, 4 de fevereiro de 2017
A melhor maneira de se analisar o nível de inteligência interpessoal se dá pelo nosso comportamento na intimidade porque somos de fato nós mesmos apenas ou especialmente a partir deste nível de interação
Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibrHBWbq0TEJ8UZ-TTbJAR55y0MNCNcW5dkRy2FSckgefxUQBXfJmVZQjZDncX5GCDkGIi6EpjGgOazLWIhG_NiDh03JXrihohIA6XufLBaEHrvv5bcNQmNlYx2R7d2nLZR11ogsnMRzE/s1600/porco-espinho1.jpg
Quanto mais próximos estamos uns dos outros mais autênticos estaremos ou nos encontraremos em relação a nós mesmos de maneira que só é possível saber o que os outros realmente são [de maneira mais aprofundada] em termos de temperamento, personalidade (intrínseca) e gostos pessoais a partir do momento em que nos tornamos mais íntimos porque tendemos a construir ''personas públicas'' que quase sempre se mostram positivas, diga-se, socialmente positivas, escondendo os defeitos debaixo do tapete. Eu até poderia concluir que a maioria dos seres humanos invariavelmente acabam criando propagandas enganosas de si próprios, super-idealizadas, para conviver superficialmente bem com os demais bem como também para encontrar parceiros ou parceiras. Se mentimos sem perceber quando estamos interagindo com as outras pessoas, mas não o fazemos na intimidade, onde vamos nos tornando mais e mais como a nós mesmos, sem máscaras ou personas públicas, então a melhor maneira de se mensurar a inteligência interpessoal, principiando por sua essência, será justamente a partir deste nível de interação interpessoal mais profundo, em que de fato temos de lidar com as outras pessoas, de entendê-las, ou não...
A capacidade de perceber e de entender detalhes de operacionalidade ou de comportamento das outras pessoas, basicamente a ''inteligência'' interpessoal, mostra-se, assim como também em quase todos os outros tipos de capacidades humanas, bem distribuída a nível basal e isso pode ser traduzido para este contexto da seguinte maneira: a maioria é capaz de perceber os padrões mais agudos ou salientes da personalidade, do temperamento, enfim, das tendências psicológicas e cognitivas, de si mesmos (intrapessoal) bem como também das outras pessoas. No entanto, isso tende a se dar apenas a nível basal ou superficial. Por exemplo, é mais fácil de reconhecer se uma pessoa é mais ou menos cognitivamente inteligente, pois basta observar as suas aptidões verbais, matemáticas ou espaciais, a maneira com que fala, o que sabe, etc... Na maioria das vezes as pessoas tendem a identificar ou a associar maiores aptidões verbais à uma maior inteligência [geral] porque é aquilo que é mais fácil de ser identificado. No entanto é mais difícil identificar superdotação e criatividade, como bem foi mostrado nesta pesquisa ao menos entre os professores, e ainda pensemos se eles, que estão sempre interagindo, observando outros seres humanos, já demonstram relativa dificuldade para identificar características psico-cognitivas que tendem a ser menos evidentes especialmente em crianças e jovens, então qual será o nível de precisão das pessoas ''comuns' nessas tarefas*!
Como você interage ou é com os seus familiares mais próximos*
As pessoas, não sei estimar qual que seria a proporção mais correta, tendem a tratar os seus amigos ''de rua'' muito melhor do que os seus parentes mais próximos, eu já falei sobre isso e até comentei sobre a minha própria situação em que essa realidade encontra-se latente. Ainda que saber lidar com as pessoas de fora também se consista em uma demonstração de ''inteligência'' interpessoal, é fato que interagimos com maior frequência e profundidade ou intimidade com os nossos parentes de sangue, com as nossas famílias diretas e sabemos que é na intimidade que ''nos revelamos'', que mostramos quem realmente nós somos. Em ambientes macro-sociais: escolas, no ambiente de trabalho, em ambientes de recreação como os clubes, etc, existem algumas regras de ouro de comportamento interpessoal, por exemplo, educação superficial com os ''parceiros'' (vulgo: parças) e tendência à malcriações com os ''divergentes'' (vulgo: pessoas que são muito distintas de certo ciclo social, por exemplo, um amante da música clássica & violinista em contato com um grupo de skatistas). E dentro desta dinâmica o que está totalmente subjacente é o grau de conformidade ao grupo, mais específico (também conhecido como ''tribo urbana'') ou mais geral, como no caso da conformidade social que é constantemente inculcada pela mídia e que costuma ter uma abrangência e influência muito mais generalizada, afetando a maioria dos subgrupos sociais que os seres humanos tem criado, especialmente nos ambientes urbanos.
Portanto a empatia cognitiva e a empatia afetiva são evidentemente de vital importância para a ''inteligência'' interpessoal, porque a primeira se consiste no reconhecimento de padrões de comportamento enquanto que a segunda se consiste na escolha [mais apropriada] de resposta comportamental, na primeira nós observamos o comportamento alheio e o nosso só que de maneira despersonalizada, enquanto que na segunda somos nós que nos tornamos o agente da ação, na primeira vemos como que os outros se comportam, na segunda nós nos comportamos, e como consequência, nos tornamos os alvos preferenciais de observação dos outros. A priore a interpessoalidade também depende da intrapessoalidade, porque afinal de contas, somos ''nós'' quem estamos interagindo com os outros, e não entidades despersonalizadas, e portanto, nossos níveis de autoconhecimento também se chocam com os nossos níveis do ''outro-conhecimento'' assim como também com os seus próprios níveis de auto-conhecimento, dinâmica social extremamente comum e essencial, diga-se.
Costumamos analisar habilidades ou níveis de habilidades a nível basal, em que a maioria das pessoas dentro de uma certa população serão capazes de chegar, e tendemos a ser menos capazes na análise precisa dos níveis mais elevados, em que apenas uma minoria será capaz de alcançar. O mesmo acontece com a inteligência interpessoal em que apenas nos níveis mais altos e/ou característicos de intimidade que se poderá analisar complementarmente os níveis mais elevados ou desenvolvidos de ''inteligência'' interpessoal, porque, novamente, estaremos analisando a nós mesmos, que somos mais autênticos na intimidade, e em interação com as outras pessoas que também mostram-se mais reais, de maneira mais profunda e/ou intimista. E mais, porque enquanto que para a maioria das pessoas, especialmente as neurotípicas e extrovertidas, parece fácil lidar com os outros a partir de um macro-nível superficial de interação, o mesmo claramente não acontecerá quando estiverem lidando a nível mais íntimo. Intimidade também significa menor quantidade de pessoas para conviver, para lidar. Elementar que a ''inteligência'' interpessoal também é caracteristicamente presente em situações ou em interações densamente povoadas, mas geralmente quando estamos perto de muita gente tendemos, novamente, a nos minimizar, e exaltando os nossos pontos fortes, mesmo os mais equivocados, até mesmo por não conhecermos profundamente essas pessoas, que cotidianamente temos de lidar em nossos ambientes macro-sociais, de trabalho, no clube, no shopping, etc, mostramos nossas forças, quase que como se quiséssemos mostrar os dentes afiados, só que com a aparência de serem simpáticos.
A velha e eficiente dicotomia quantidade versus qualidade novamente faz-se presente se de fato só começamos a conhecer algo de maneira mais profunda e precisa se o fizermos de maneira mais especializada/ em menor quantidade. É na intimidade, e não apenas em relação às pessoas, que poderemos conhecer de maneira mais profunda certo assunto. Portanto sem mais delongas apesar de haver evidentemente uma ''inteligência'' interpessoal especializada no lido com muitas pessoas ao mesmo tempo ou com assídua frequência, que tem sido popularmente entendida como ''inteligência social'' ou ''emocional'', vagamente falando, é justamente quando temos de lidar com as pessoas, sendo nós mesmos, sem máscaras ou personas públicas minimizadas, e de maneira mais especializada, em sua maioria com os familiares, que de fato se poderá ''mensurar'', ou melhor, analisar o nível de ''inteligência'' ou habilidades interpessoais e eu já comentei algumas vezes sobre o quão comum tendem a ser as idealizações superficiais ou equivocadas dos pais em relação aos seus próprios filhos. Este é apenas um exemplo de uma tendência que parece que é generalizada entre os seres humanos. Talvez se tivéssemos maior inteligência interpessoal a metáfora dos porcos espinhos do filósofo alemão Arthur Schoppenhauer não fizesse sentido, mas faz, e muito!!
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