domingo, 9 de outubro de 2016

Pináculos da vida

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Vida sua, vida minha
Vida nua e cristalina,
Em seu pináculo
No plural de seus cadarços,
Em sua corrosão natural 
Em seu tempo 
A passar bem aqui dentro 
Ou ali, noutro homem 
Noutra mulher 
O espaço a mirar 
Como o céu vibrando n'água
E a vida a passar 
Sem se despedir
Se despindo 
E nua, a morte a corrompendo 
A vida é prostituta
Reluta mas no final se vende 
E seu corpo é devorado 
Na mais vil e esperada orgia
Luta por sua pureza 
Que na infância parecia 
eterna, a velhice a muito desbotou
Chora o botão em lótus
Se abre para o véu de estrelas 
Revelando a velha escuridão
Verdade nela
No sol, tem apenas a ilusão
O calor é um conforto 
A frieza é o todo 
Pequena e brilhante 
A ver tudo 
E como antes 
Perder tudo 
Perder-se na solidão 
Real 
Ou na distração 
Frugal
No ápice da vil alegria 
Que derrete e some
Nos deixa 
E nos deixamos 
À beira 
Sempre à beira 
à beira dos morangos 
Do sabor
Que é a vida
A dessaborear, 

a deixar de sentir
A deixar de ser

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