domingo, 18 de setembro de 2016

O papel essencial do trabalho afetivo/existencial

Muitas pessoas gostam de pensar que ''o amor cura tudo'' e claro tendem a confundir correlação com causalidade. Na verdade mudanças genuínas só podem acontecer se o ser em questão de fato internalizar de maneira prioritária/auto-autoritária que esta ou aquela mudança é de suma importância para o seu bem estar, mesmo que no final a dita cuja não tenha qualquer efeito perfeccionístico. A arte do convencimento na verdade regride às origens do comportamento, a cognição, a parte mecânica do ser vivo. Os sentimentos estão a priore sob domínio cognitivo, isto é, para que possam se expressar existe a necessidade de que a cognição seja acionada primeiro. Recentemente eu escrevi um texto, este texto, propondo novas divisões para a minha triarquia dos sociotipos: trabalhador, manipulador e observador. Eu propus que os mesmos podem ser individualmente divididos em: afetivo e cognitivo, e enfatizei o trabalhador. Concluí que o ''trabalhador afetivo'' seria mais propenso a se enganar acreditando que o seu trabalho seja útil, porque o pensamento basal do sociotipo trabalhador seria justamente o senso de utilidade, isto é, o pensamento que permeia, que determina a maioria de suas ações. A ideia de utilidade no entanto não se resume apenas na criação e replicação material, mas também emocional e eu diria mais existencial. O papel do trabalho afetivo portanto é de uma extrema necessidade justamente porque nos comunica de maneira mais profunda com as prioridades mais fundamentais da vida, a partir do alcance perceptivo ''humano', que encontrar-se-ão aglomeradas dentro do domínio da sabedoria, o mais portentoso e ao mesmo tempo simples de todos os ideais humanos.

Cuidar de uma pessoa doente, idosa ou de qualquer outro ser vivo, demonstrar real conexão/compaixão, é tão ou mais necessário, diferentemente primordial, que construir uma casa ou produzir vacinas.

A profunda consciência existencial que podemos sentir, seja pela tristeza, pela saudade ou pela alegria, é onde a mais pura manifestação do sentido-de-viver, se fará atuante, existente, sentida.


O resgate ao vitalismo e o conceito puro de trabalho


É por meio de ''trabalhos ou ações afetivas'' que podemos nos resgatar de uma progressiva e perigosa atomização existencial enfatizada no ''mundo do trabalho'', situação que tem acometido uma importante parcela da população humana, em especial nas sociedades mais tecnologicamente direcionadas.

A ''regressão'' ao núcleo existencial que se consiste no vitalismo, a ênfase existencialmente positiva na vida, é com certeza uma das prioridades filosóficas mais imperiosas e não apenas para filósofos e pedantes-a-filósofos-porém-honestos--e-potencialmente-humildes.

A ideia de trabalho obviamente que não se consiste apenas naquilo que fazemos em nossos ramos de especialização laboral mas em tudo aquilo que fazemos e talvez pudesse ser considerado como parte essencial do comportamento. Todo esforço, bem ou mal direcionado, é um trabalho e portanto, partindo deste princípio conceitual, somos todos trabalhadores, o que nos diferenciará é o quão dedicados ao suposto ''trabalho cooperativo'' ou coletivo nós nos encontraremos. 

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