quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Os poetas, nós manipulamos as palavras, e as palavras nos manipulam, pela loucura

Nós os poetas
manipulamos as palavras
e as palavras no manipulam
pela loucura
oramos
pelo bem viver
lutamos
nos distraímos 
enebriados pela beleza
libertos por compromissos
contemplamos
somos mais humanos
quando paramos
e concordamos
que ser é a única verdade que conhecemos
que ser é essencial
é a primeira necessidade
é uma necessidade fisiológica
e somos os que mais são
mesmo na insanidade de nossos sonhos
sonhamos com os olhos abertos
ludibriamos em busca de um conforto
que a verdade é fria do lado de fora
não há o calor da estufa
não há calefação ou algo que dura
não há tradição
apenas a si mesmos
nus e em contato direto
o frio gela a alma
e corremos para o calor da vida
e a vivemos mais do que nunca
mais do que a todos
do que multidões inteiras
temos todas elas, bem aqui
dentro de nós
nós os poetas
manipulamos as palavras
e as palavras nos manipulam
pela loucura
pela doce e amiga loucura



O ser humano bruto se entrega sem saber
 

Na fluidez, de sua normalidade 
Por ter pouco a perder
Por saber pouco de sua escondida riqueza
Se entrega ingênuo e culpado
Um tolo atrapalhado 
Nas garras do estado, 

que diz representá-lo
Disfarçado de democrático 
No regime do diabo 
O demônio que é prático
 Ávido por almas confusas
O ser humano bruto
Se abusa sem saber 
Acata sem porquês

Vive pobre e apático
A sua alegria não reluz
não brilha
N'alvorada da vida
se entrega sem saber
que poderia resistir
que poderia virar o jogo
desiste sem ter nem tentado
aceita de bom grado
e como gado bovino
segue a sombra do mestre
cabisbaixo, com o olhar desviado
deixa ser joguete
deixa ser manipulado
na verdade, não deixa
nem sabe que deixa


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